Assunto: Sair do armário
Querido Theo de 16 anos,
Se lembra quando foi a primeira vez que falou em voz alta "Eu sou gay"? Se não, com certeza lembra a primeira vez que contou a alguém.
A primeira pessoa a saber, por incrível que pareça, não foi Maria, Leta, Catarina ou Rosa. Foi a Triz.
Eu me assumi em julho de 2017. O que fez eu me assumir para algumas pessoas?
Basicamente, me perguntaram a minha sexualidade. Eu não passo uma imagem muito hetero, sabe?
Na festa de 15 anos de Rosa, eu bebi um pouco. Talvez mais do que devesse. Eu com 14 anos tive minha primeira amnésia alcoólica.
No outro dia, eu lembrava de que eu dançava e rebolava a raba até o chão. Só que de um jeito feio e desengonçado, pois não sei dançar. Só isso já basta pra pensar "será que ele é?".
Outro fator, nunca beijei ninguém. A maioria dos meninos de 14 anos já perderam o BV. Eu não.
Existe quem pensa que eu e Leta temos algo por causa da proximidade. Mas tem quem pensa que sou gay. E essas pessoas estão certas. Já perguntaram Leta algumas vezes. E Larissa já me perguntou isso umas duas vezes.
Mas por que a Triz?
Bem, eu só conhecia e fiz amizade com Leta, Catarina e Maria há 5 meses. Então não sabia se seria uma reação boa da parte delas. Esse ano eu estava um pouco mais distante de Rosa. E me aproximei um pouco de Triz. E eu teria que falar na biblioteca durante o horário das aulas extras. E como Triz faz aula de arte, escolhi ela.
Escrevi um bilhete e dei para ela. Disse para ela não deixar ninguém ver. Kléber ficou tentando olhar, depois eu mostrei ele. No papel eu deixei uma indereta para eles falarem para Rosa e Claudineide.
Eu me aceitava melhor, mas ainda parecia difícil falar que sou gay. Então a primeira pessoa que falei com convicção essas três palavras foi Maria.
Acabou que com o tempo Leta desconfiou e me perguntou se eu era gay. E eu disse que sim. Depois disso, eu resolvi me assumir pra Maria. Foi quando falei EU SOU GAY pela primeira vez. No mês seguinte contei para Catarina.
Contar isso me fez sentir melhor. Além de ter tirado um peso das minhas costas, agora eu posso agir mais como eu mesmo com meus amigos que sabem que sou assumido.
Eu não sou afeminado, sou um gay mais padrãozinho. Mas basta eu beber para começar a dançar e a rebolar a raba. Ou pelo o menos tentar, já que eu não sei dançar. Sou um péssimo dançarino.
Mas sobre isso, não tenho muito o que falar. Acho que é mais importante o Theo de 15 anos falar sobre isso.
Mas o que posso adiantar é as coisas que passei na escola.
Como sempre, os Macho Alpha com os comentários homofobicos. Eles faziam bem raramente até, mas quando faziam... eles se superavam.
Abel até fez a burrice de falar exatamente essa frase:
"Eu não tenho problema com gay, gay é que tem problema".
E o ser falou na aula de um professor. E advinha? O professor era gay. Qualquer coisinha que ocorresse no resto da aula, o professor ficava bravo.
Teve uma hora em que Bernardo estava conversando e assim que o professor foi repreender, acabou exagerando e descontando toda a raiva no xingo que deu em Bernardo.
Com Amor,
Theo de 14 anos
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