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CAROL & TYLER

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Londres, Inglaterra

Janeiro de 2020

Carol nunca tinha visto neve antes. Sempre fora uma vontade desde que era criança – sentir a textura, o frio, o cidade coberta pelo branco ofuscante; sobretudo no Natal. A oportunidade surgiu no ano seguinte, logo depois que Tyler teve que ir embora.

A mãe e o padrasto da moça resolveram que seria uma boa experiência para ela. Inicialmente, Carol ficou extasiada quando pensou na possibilidade de ver Tyler novamente. A despedida, após quinze dias juntos, fora dura para ambos. Carol não percebeu o quanto estava apaixonada até vê-lo desaparecer pela sala de espera dos voos internacionais. Aquilo doeu como se ele estivesse indo embora para sempre.

A mãe notou que a relação de ambos havia passado da amizade há tempos. Percebeu também o semblante triste de Tyler e os olhos marejados da filha ao se despedirem. Pensaram, então, na possibilidade de Carol passar algum tempo na Inglaterra – como um pequeno intercâmbio. Depois da euforia de Carol ao saber daquilo, veio a preocupação. Sua família não podia ter tantas despesas; e uma viagem internacional era custosa.

- Não se preocupe com isso – disse a mãe de Carol. – É o seu presente de Natal.

Duas semanas depois da partida de Tyler, Carol já fazia as malas. Estava nervosa – era a primeira vez que viajaria sozinha e fora do país – mas a vontade de ver Tyler e conhecer um lugar novo foi maior que o medo. Não houve motivos para se preocupar, entretanto: a viagem fora tranquila e até divertida.

Logo quando chegou ao Heathrow Airport e pegou as malas, avistou Tyler do outro lado da sala. As vestes invernais deixavam-no ainda mais charmoso. Em suas mãos, ele tinha um buquê de pequenas flores rosa-claro. Seu coração disparou de imediato e ela apressou os passos até ele, abraçando-o fortemente. Ele tinha o mesmo cheiro de shampoo e canela que da primeira vez que o abraçou.

- Senti falta da minha namorada. – ele disse sem soltá-la.

- Namorada? – ela falou com a boca em seu cachecol.

Tyler se afastou e deu um sorriso. Apertou o nariz dela carinhosamente.

- Aqui na Inglaterra, chamamos de girlfriend.

- Idiot – Carol murmurou, segurando um sorriso.

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Londres ainda estava toda enfeitada, para a alegria dos turistas – e de Carol. Ela parecia encantada com toda aquela neve, o que Tyler achava um tanto engraçado. Para quem passara a vida inteira naquele lugar, a nevasca podia ser tediosa. A animação da garota diante à novidade contagiou-o. O rapaz então convidou-a para um passeio ao final da tarde, e, trajados dos pés à cabeça, eles observaram as árvores sem folhas cobertas de neve e luzinhas azuis. Carol apertou levemente a mão de Tyler enquanto caminhavam até o parque. Crianças com gorros e grossas jaquetas corriam pela neve, agitadas. Enormes anjos, estrelas e ramos de folhas feitos de luzes foram postos em grandes estruturas de ferro pelo jardim. Um arco brilhante cobria a trilha que levava até a gigante árvore de Natal, também cheia de luzes coloridas.

- É como se eu tivesse passando um segundo Natal – Carol disse parada frente à árvore, a mão entrelaçada na dele. Tyler olhou para ela.

- Bem, ainda podemos fingir ser vinte e quatro de dezembro – ele disse. – Podemos repetir tudo o que aconteceu.

Carol olhou para ele com uma sobrancelha levantada.

- Como repetiremos a ceia? – perguntou.

- Eu não estava falando da ceia – Tyler deu um sorrisinho involuntário.

Carol encarou-o, tirando uma mecha de cabelo de seu olho. E então, puxou-o pela cintura e o beijou, fazendo o rapaz se desequilibrar por um momento. Tyler a envolveu nos braços e correspondeu, sentindo o agora familiar cheiro do perfume da garota.

Carol e Tyler sentiram um floco de neve cair em seus narizes. Mas, dessa vez, eles não se afastaram.

F I M.