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URANO

Luis Francisco desperta nu de cabeça para baixo. Há uma figura, ao qual não consegue identificar, que está escondida nas sombras.

Ele está amordaçado, seu corpo preso, move-se feito um pêndulo.

Luís escuta a cadeira se afastar... Na verdade foi empurrada para trás, caindo no escuro.

— Você deve está se perguntando o que lhe aconteceu.

Luís, ao ouvir a voz do homem nas sombras, começa a ter flashbacks dele sentado olhando para o monitor, editando um filme pornô, chamado: "Trifoda asiática", quando escutou barulhos de cenários quebrando, gritos e no fim a escuridão que se abateu sobre ele.

O homem sai da sombra.

Luís Francisco, arregala os olhos. Na sua frente, há um homem aparentando sessenta anos, cabelos longos e grisalhos amarrados para trás. Levemente barrigudo.

Ele está vestindo uma camisa preta, e com calça de mesma cor. Na sua mão, há uma faca banhada com sangue.

Drake pega outra cadeira, vai arrastando-a até perto dele e senta-se na sua frente. Tira uma foto do seu bolso e a limpa com a palma da mão.

— Luís, — Drake tira a mordaça. — Meu nome é Viktor Drake, você deve ter notado que meu sotaque é diferente.

— Eu não quero morrer. — Súplica o homem começando a chorar.

— Isso vai depender de você. Recomeçando... essa moça da foto, é minha filha e desejaria saber quem foram os seus assassinos.

— Olha moço... Eu vou continuar com os olhos fechados. Não se preocupe, que não vou te identificar. Prometo ficar calado. — Luís está falando descontrolado. Seus dentes se batem enquanto fala.

— Rua Aníbal Teixeira, número duzentos e cinquenta e cinco.

Luís sente seu sangue paralisar de medo. O homem acabou de falar seu endereço. Mas, não abre os olhos.

— Por que você está fazendo isso comigo?

— Preciso de respostas, e não me faça ir atrás da sua família, entenda que não tenho nada a perder. — A frieza na voz de Drake, faz o homem urinar-se. — Luís, você não está me escutando, ou não está me dando crédito... Vou começar do início.

— Eu não quero morrer! — Grita o homem ainda com os olhos fechados.

— Meu nome é Viktor Drake e preciso dos nomes das pessoas que mataram minha filha durante as filmagens de um Snuff Film.

— E-eu não sei do que você está falando!

— Luís... Resposta errada.

O homem levanta-se e vai na sala ao lado. Depois ele volta arrastando um corpo decapitado.

— Se você não abrir os olhos, eu vou arrancar suas pálpebras bem devagar. — Drake segura a boca de Luís, a amassando.

Luís grita ao ver o corpo sem cabeça.

— Por favor, eu sou um pai de família!

— Luís, acredite, isso pouco importa... Agora, me poupe da sua hipocrisia. O Túlio, foi mais honesto, quando o perguntei sobre a pornografia infantil que acontece aqui.

Drake chuta Túlio, o dono do corpo decapitado, para baixo do homem pendurado.

— Eu só preciso de um nome, e deixo você livre. — Drake vira-se para o defunto e fala: — Túlio, seu amigo não está colaborando... Que pena, você não acha?

— Eu só sei o primeiro nome dele. — Grita Luís. — Carlos Frederico. O nome dele é esse: Carlos Frederico. Os outros eu so sei os codinomes!

— Codinomes?— Drake aproxima-se do homem pendurado de cabeça para baixo, o parando de pendular.

— Sim. O líder é Sol, outro é Urano... Nomes de planetas. — O editor de filmagens chora feito criança, enquanto fala.

— Luís, e como saberei se você não está mentindo?

— Eu juro por Deus que...

— Jure por mim! Jure pelo meu nome, mas deixe o Altíssimo fora da sua boca imunda, seu monte de merda! — Drake o segura pelo pescoço, o puxando para próximo da sua face, Luís pode então ver a imensidão negra, que o esperava, saindo dos olhos do velho. — Você acha que não sei que você trabalhou na edição com a morte da minha filha? O sangue fala, o que a mente recusa a dizer!

O produtor caga-se. Drake enfia a faca na perna esquerda de Luís.

— Homem, entenda que não estou aqui para negociar com sua vida, a verdade é simples... Você vai viver ou não. Seu merda, eu não tenho mais nada a perder! — Drake grita sobre os choros desesperados de Luís.

— Não! Por favor não! Ele as trouxe aqui... Elas chegaram dopadas. Eu não sabia o que iria acontecer. — Os catarros saem lavando o rosto redondo do careca.

— Continue. — A voz de Drake está gutural, ainda mais maléfica.

— Eu não sei como ele as recrutou... Só sei que chegaram aqui e depois foram levadas para outro local.

— E onde você entra nessa história?

— Eu... — Luís aumenta os fluidos nasais com o pranto. — Só fiz ajudar... Carregando-as para dentro do carro, e depois como você ja sabe, editei a filmagem.

— E você não imaginou o que aconteceria a elas?

Luís balança a cabeça negativamente.

Drake aproxima seu nariz dele, o cheirando.

— Você fede a mentira!

— Não! Eu estou falando a verdade! O nome dele é Carlos Frederico.

— Isso é verdade... Estou falando, sobre você, ter somente carregado o corpo da minha filha para dentro do carro.

— Por favor... Não! — O olhar de Drake no homem, demonstra sua sentença. — Eu falei o que você queria! Não me mate!

— Obrigado Luís, e, é exatamente por isso que sua morte vai ser rápida.

O delegado Charles, chega ao local, ainda em tempo de ver, um de seus subordinados sair da produtora e vomitar na calçada.

Ele entra e não acredita no que vê!

Na recepção da produtora há três corpos mutilados, pendurados no teto pelo pescoço.

Se, o corpo humano tem seis litros de sangue, o chão deve está com os dezoito litros o decorando.

— Delegado, — Clovis, lembrou que pode falar. — O que o senhor acha que aconteceu aqui?

— Não sei. — Charles, olha para os corpos pálidos, depois ele entra numa porta à esquerda, onde estavam os cenários: Cama, sofá, algemas, cadeiras e vários outros equipamentos.

São quatro paredes: Na primeira, há duas caixas toráxicas, humanas, pregadas lado a lado.

Na segunda, os quatro braços, na terceira, as quatro pernas e por último as duas cabeças, também pregadas... Elas estão sem os olhos.

— Delegado, o que tudo isso significa?

— A morte! As pessoas que estiveram aqui, deixaram uma mensagem.

— Delegado Charles, — Grita um perito, saindo de uma outra sala, que está a direita da recepção. — Poderia vir até aqui?

— Se, dissesse não, adiantaria? — Há um corpo sem cabeça no chão, e outro pendurado com a boca dilacerada.

— Puta que pariu! Que porra do caralho aconteceu aqui? — Charles olha as paredes em sua volta banhadas de sangue. — Vocês sabem onde está a cabeça desse aqui?

O perito aponta para o corpo pendurado, e foi aí que o delegado percebeu, a cabeça misturada ao intestino... Ele não havia notado, por que tudo era vermelho.

Tudo era sangue.

— Há mais uma coisa delegado. — Charles o olha, como se não fosse suficiente tudo o que ele já presenciou. — O homem filmou tudo.

— Por que ele faria isso? — Pergunta Clovis nauseado.

— Ele quer mostrar qual foi o pecado deles, e qual será o castigo. — A voz do delegado revela um assombro mortal.

— Então, delegado... que Deus nos ajude, por que para as pessoas que ele vai atrás... Teremos que encomendar mais saco preto.

— Mais uma coisa, — Charles olha para a cabeça do defunto pendurado, a de Luís. — O que aconteceu com a boca daquele ali?

— Foi arracanda fora por uma mordida. — Clovis, coloca a mão na sua boca, quando terminou a explicação.

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