ALMA NEGRA
Drake chega em casa destruído, só ele sabe o tamanho da sua dor, que o consome por dentro, igual a fogo na palha seca.
Ele olha para si no espelho e grita! Suas veias saltam do pescoço.
A ira que o invade, pensando naqueles que tiraram a vida da pessoa que ele mais amou e que foi seu equilíbrio em todos seus fodidos anos de ancoragem.
Foi por Morgana que ele ficou abstêmio das matanças, e foi por ela que ele fez de cada dia o seu reinício.
Ele viu na oração da serenidade, uma saída para não cumprir seu propósito e buscou ser uma pessoa melhor.
Seus olhos estão com a cor vermelha sangue.
Drake olha suas mãos, tentando controlar sua raiva. Ele tem sede.
A sede de matança volta. A sede de ver o sangue dos que mataram Morgana em suas mãos e, encher suas vísceras com vida.
Ele cai de joelhos no assoalho imundo, as garrafas de Heineken rolam para o lado.
— Pai... eu prometi à mãe de Morgana, quando nos casamos, que nunca mais voltaria a matar. E por amor à ela, parei... Mudei de vida. — Suas palavras parecem tijolos sendo arremessados nos seus ouvidos e quebrando na sua cabeça. Drake é um homem de palavra, mas ele sabe que a promessa que fez à sua esposa, existem agora variáveis inexoráveis.
— Pai! Preciso de sua ajuda! — Drake, grita lutando contra seu interior. Ele está lutando contra o seu lado negro.
O silêncio que ele sabe que receberia, se confirma.
Através da escuridão, ele se enxerga pelo espelho, e uma imagem aterradora surge do silêncio do quarto.
Nas densas trevas do ambiente, ele vê o que estava ali o tempo todo:
A sua alma negra e sem vida.
Morta há vários anos.
Seu outro eu, sorrindo para ele, pergunta:
— Então, voltamos à vida? Estou novamente livre para fazer o que sempre fiz? — A alma morta de Drake pergunta-lhe através do espelho, com uma euforia vinda dos infernos.
E ele responde:
— Sim. Somos um de novo. Você está livre para cumprir o propósito para o qual fomos criados.
O homem decrépito, rabugento, infeliz e insano vai até à cama, não para dormir, mas, para ruminar sua vingança.
— Morgana, desça daí. Você vai cair! — Pede Drake, à sua filha com cinco anos.
— Não vou não pai! — A menina responde afoitamente, tentando subir numa árvore, sobre o sorriso discreto do pai.
— Menina, obedeça! — Ele imposta sua voz, quer fazê-la ter medo dele. Inútil.
— O que é obedecer? — Morgana, pergunta continuando a subir na árvore do quintal da casa deles.
— É você fazer o que estou pedindo.
— Mas, e senão quiser obedecer?— Morgana, quando precebe, já estava no chão, descida pelo seu pai.
— Então menina, eu vou contar histórias de terror, sobre monstros sanguinários. — Eles rolam pela grama, com Drake fazendo córcegas em Morgana.
— E o que são monstros sanguinários?
Drake, cai na gargalhada com tanta pergunta. A menina volta a perguntar:
— Papai, eu tenho avô e avó?
Ele para, como se estivesse puxando o freio de mão com violência.
— Não minha filha. Seus avós morreram há muito tempo atrás, quando seu pai ainda era uma criança, igual a você.
— E morreram de quê?
— Foram assassinados. — Drake, falou antes de pensar. Não havia ainda se acostumado com sua paternidade... Ele chama um palavrão baixinho.
— Eita, painho... Chamou um palavrão! — Morgana balança a mão, como quem diz: "Ui bichinho!"
— Eu posso. — Ele diz isso, torcendo para que Morgana pergunte o porquê dele poder.
— Por que o senhor pode?— Drake relaxa os músculos.
— Por que sou adulto, e pessoas adultas podem falar palavrão e crianças, não.
"Ufa", pensa Drake.
— Entendi... E quando vou ficar adulta? — Drake, olha para o relógio e levanta-se.
— Vamos, meu amor... Hora de tomar banho e jantar.
— Pai, — Drake, olha para trás, responde "oi" e a levanta da grama. — O que é ser assassinado?
Um passarinho bate no vidro do quarto, o trazendo para sua realidade. Ele não consegue dormir, descansar. Senta na cama, abraçando um travesseiro.
Seus pensamentos trazem Morgana aos treze anos.
— Menina! Não tenho o dia todo! — Drake está dentro do carro e grita para sua filha, que ainda não saiu de casa. — Porra, que demora... Até parece que vai se casar. — Reclama em alta voz.
Morgana sai correndo, fecha a porta e entra no carro.
— Menina, oito horas não são sete e cinquenta e nove ou oito e um.
— Profundo isso papai. — Morgana tira onda com o pai.
Drake, olha para ela com cara de poucos amigos.
— Por que seus olhos vivem mudando de cor? Quando está feliz, é um azul claro... Triste é marrom... Vermelho, igual está agora é com raiva?
— Sofro de uma doença genética, onde o sangue influencia diretamente as cores da minha pupila. E isso acontece, quando o hormônio serotonina é alterados pelo meu temperamento.
— Eu vou ter isso?
— Espero que não, é ruim você não ter como disfaçar o que está sentindo.
— Pai..
— Oi menina. — Drake começa a manobrar o carro da garagem, para levá-la à escola.
— O senhor dormiu bem?
— Sim, por que o interesse? — Ele, olha pelo retrovisor, vendo que a rua está liberada para ele sair. — Colocou o cinto de segurança?
— Eu não sou mais "BV"!— Morgana fala sem olhar para seu pai, está olhando para fora do carro.
— Ótimo... — Drake, responde sem entender o que ouviu. — Mas, o que isso seiginifica mesmo? — A pergunta é feita, com o pai parando no sinal fechado.
— Não sou mais "boca virgem"... Eu beijei na boca ontem!
Drake, olha de sulpetão à filha, sentada ao seu lado.
— Pai, — A menina assusta-se com os olhos dele. — Eles, assim, na cor preta significa o que?
Drake, aperta o travesseiro, igual apertou o volante naquele dia. Ele deita-se e observa o ventilador girar sobre sua cabeça. O delegado o deu uma pista, a produtora de vídeos porno. Ele vai começar por aí.
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