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Capítulo Único

Faz meia hora que estou parado no balcão da minha cozinha, olhando essa sacola de plástico reciclável – pelo menos é o que a propaganda impressa nele informa –, olhando o seu conteúdo sem saber o que fazer.

Encaro com ar duvidoso aquela superfície roxa brilhante. Levei um tempão para escolher aquelas mais brilhantes e sem rachaduras ou lesões. Desejava perfeição e agora, com elas dispostas em minha pia, não tinha certeza se a escolha fora assertiva.

Sentia que elas também me encaravam de volta da mesma forma. Querem saber? Serei bem sincero com vocês. Berinjelas nunca foram a minha primeira escolha quando o assunto é alimentação. Não tenho problemas em comer vegetais, longe disse, são ótimos acompanhamentos, temperos ou mesmo decoração. Agora, ser o prato principal... Pois é, daqui para a frente essas belas berinjelas roxas e reluzentes serão um dos alimentos essenciais para a minha existência.

Que palavra dramática, "existência", devem ter pensado. Eu também acho, mas sou dado a exageros e nessa altura de minha vida já não tenho como mudar, então, já de antemão, acostumem-se.

Deixe-me explicar porque raios berinjelas agora me são essenciais. Não andava me sentindo bem há alguns meses. Começou com dores de cabeça esporádicas, que evoluíram para uma enxaqueca persistente. Logo em seguida vieram as zonzeiras. Foi uma fase tensa. Tinha medo de desmaios e por conta disso tive de abandonar a direção e passar para o lado do passageiro. Não seria ruim, não fosse o fato de ter que pegar dois ônibus lotados para conseguir chegar ao meu trabalho. Era o que tinha no momento, já que os médicos não me davam um diagnóstico satisfatório. Diziam que era estresse. Talvez fosse mesmo. Sendo assim, tirei férias e tudo piorou. Vieram as náuseas, vômitos e diarreias. Em menos de um mês havia perdido mais de quinze quilos e veja, eu já era magro, fiquei quase pele e osso.

Acabei ficando internado e então veio o diagnóstico. Intolerância. Pense em uma palavra que te deixa transtornado e com ódio. Pensou? Pois é, a minha passou a ser "intolerância". Podia ser à lactose, né? Fácil de resolver. Podia ser ao que tá na modinha agora, o tal do glúten. Outra teta! Levaria de boa. O problema estava na junção de Intolerância + carne. Vermelha, para sermos mais específicos.

Pense em uma pessoa que ficou putaça! Podiam ter me tirado tudo, menos a porra da carne vermelha! É a minha fonte de vida. É a minha fonte de existência. Olha a palavrinha dramática aqui de novo, mas é a mais pura verdade.

Olhava para aquele médico e só pensava em arrebentar a sua fuça. Procurei outro, claro! Esse cara só podia estar louco. Depois de cinco médicos consultados e aquela vontade monstro de socar todos, tive de aceitar a minha sentença nessa droga de vida. Nada de carne vermelha.

E, por conta disso, estou aqui encarando essas porcarias de berinjelas.

Abri diversos links na internet sobre como prepará-las. E lá estava um que dizia que esses vegetais feitos daquela forma substituíam a carne. O lance era tentar.

Lavei-as. Cortei em rodelas e coloquei para cozinhar. Cozinhar seria um exagero, a instrução era clara, apenas um pré-cozimento de três minutos na água já fervida. Ou seja, um susto nas pobres e nada apetitosas berinjelas.

Água quente e não mais transparente sendo derramada ralo abaixo e berinjelas querendo ficar moles dentro do liquidificador. Enfim, vamos encurtar a conversa, porque isso aqui não é um canal de culinária. O lance é que elas no final ficam parecendo hambúrgueres.

De fato, quando ficaram prontas estavam muito bonitas. Daquelas dessas hamburguerias gourmet, cheias de frescura. Abri minha long neck da marca da minha cerveja favorita. Liguei a televisão, também no meu seriado favorito, e lá veio a primeira mordida.

Seria bom. Muito bom para dizer a verdade, se eu não fosse um carnívoro. Cara, não deu. Aquilo só fez aguçar ainda mais a minha vontade de ter aquelas fibras macias e o gosto de sangue descendo pela minha garganta.

Essa era a minha sentença. Ficar preso a berinjelas, couves-flores e brócolis pelo resto de minha vida? Se soubesse disso não teria deixado escapar a minha última grande refeição de carne fresquinha.

Tenho que confessar umas coisas aqui. Não é de qualquer tipo de carne que sentirei falta. Bovino, suíno, peixe e de aves. A carne da qual realmente sentirei falta, e que não sai da minha cabeça desde que os médicos disseram que não poderia mais ingerir, esse tipo de proteína é a humana.

Vou dar um tempo para vocês se recuperarem do choque. Afinal devem estar aí pensando: "Humana? É isso mesmo? Carne humana?"

Sim, caros amigos. Eu sou adepto do canibalismo. Não existe no mundo carne mais saborosa do que a da nossa raça.

Acredito que outros questionamentos passem pela mente de vocês, tipo "o cara é um psicopata, um serial killer estilo Hannibal".

Nem estou perto disso. Quem me dera ter o mesmo emprego que o dele e viver em uma casa como a da série de TV e ser um galã como o ator que o interpretou. Sou homem, mas sei reconhecer quando o outro cara é bonito.

Então, como tenho acesso à carne humana? Fácil. Eu trabalho no Instituto Médico Legal, mais conhecido como IML, e de lá faço a festa com as carnes frescas que chegam. É imprescindível isso. Conforme ia fazendo a autópsia, separava os pedaços que me interessavam e pronto, quase toda noite saía de lá com um banquete. E agora vou ter que ficar diante daqueles banquetes sem poder comer nadinha de nada.

Como o mundo é injusto.

Sete meses. Sete longos meses já se foram e eu ainda não me acostumei com o fato de não poder preencher meu paladar com essa iguaria enviada pelos Deuses, que é a carne humana. Mas está decidido. Não mais!

Vamos todos morrer um dia mesmo e eu escolho a forma como a morte me sorrirá: com a minha barriga cheia do meu alimento favorito. Tomei essa decisão assim que coloquei os olhos nas carnes fresquinhas dispostas em minha mesa de metal lustrado. São tão frescas que ainda não perderam todo o seu calor interno. É impossível não salivar diante delas.

Preparo meu material. Bisturi nas mãos. Corte em Y iniciado. De agora em diante é só festa. Um banquete será servido à meia-noite e irei me acabar de comer minha carne favorita. Humana! Um viva à carne humana!

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