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CAPÍTULO SEIS

|Alicia A. Sanders|

Eu conheci Marcelo em uma tarde de terça-feira, na Biblioteca Central, enquanto eu procurava "O Velho e o Mar" por entre as estantes enormes e os corredores estreitos. Ele estava voltando da seção dos clássicos e segurava em uma das mãos uma edição de "A Tulipa Negra"  e veio até mim me confundindo como uma das bibliotecárias. Se sua pele não fosse tão escura talvez eu até conseguisse enxergar o vermelho-vergonha em suas bochechas quando eu disse para ele que não era funcionária do lugar.

Eu que chamei ele para sair. Ele era a coisa mais fofa e encantadora que eu já tinha conhecido no mundo.

E agora tinha o transformado em um daqueles caras que batem na porta das ex-namorada bêbados aos tropeços.

Céus, eu era um monstro.

— Desculpe a demora. - Marcelo falou, enquanto arrastava a cadeira em minha frente para se sentar.

Agora, olhando bem para ele, eu me perguntava o que aconteceu com o cara lindo e charmoso que eu encontrei naquela biblioteca. Marcelo estava um caco, com bolsas roxas abaixo dos olhos levemente vermelhos, os cabelos, que estavam começando a crescer o bastante para formar um blackpower pequeno estava amassado, sua boca estava ressecada e sua blusa social estava amarrotada. O sorriso que me conquistou quando eu o vi pela primeira vez não estava mais em seu rosto.

— Tudo bem. - sorrio tranquilizadora, ou ao menos tento, eu nunca fui muito conhecida por tranquilizar as pessoas, ou ser acolhedora, ou apreensiva. Pensando bem, eu era uma pessoa bem difícil. — Muita ressaca? - péssimo jeito de começar uma conversa com seu ex, Alicia.

Marcelo rio e uma onda de alívio percorreu meu corpo. Ele estava rindo, era um bom sinal não é?

— Nada que uma ou duas aspirinas não resolvam. - ele deu de ombros. — Eu queria me desculpar por ontem, Alicia. - ele não tem mais o sorriso no rosto, estava sério, com seus olhos castanhos me encarando sem desviar.

— Tá tudo bem. - respondo, porque estava mesmo tudo bem, no fim, foi até legal ele ter aparecido em meu apartamento, assim eu pude me livrar do jantar que estava rolando lá em casa com o engomadinho que não deveria, mas tomou conta de todos os meus pensamentos durante toda a madrugada.

— Não, não tá tudo bem. Eu não deveria ter aparecido bêbado em sua casa, Alicia. O que eu fiz foi vergonhoso e eu sinto muito por isso.

— Olha, Marcelo. Tá tudo bem. Você não é o primeiro namorado que aparece bêbado na porta da namorada depois de uma discussão, e não será o último. Tá tudo bem. Juro. - ele parece não acreditar muito no que eu disse, mas mesmo assim, assente com a cabeça. — Eu que preciso pedir desculpas.

Respiro fundo, consertando minha postura como se milhares de pregos tivessem repentinamente aparecido em minha cadeira.

— Não. Alicia, eu que sou o errado da história. - levanto a palma da minha mão em um claro sinal para ele parar.

— Eu errei com você, Marcelo. - ele faz menção de falar alguma coisa mas eu continuo antes de ele conseguir. — E preciso que você faça silêncio para poder me entender.

Ele assente em silêncio, estava claramente tenso, suas costas eretas e o modo como seus dedos pareciam inquietos em cima da mesa de madeira não deixavam dúvida.

— Antes de me envolver com você eu deveria ter deixado algumas coisas claras. Como o fato de ser uma jornalista caloura lutando por um lugar fixo na coluna criminal do jornal onde trabalha como colunista de fofoca e entretenimento. - continuo.

— Eu sei disso, você me contou quando começamos a namorar. - ele me interrompeu.

— Mas eu esqueci de te falar que isso implicava em outras coisas, como por exemplo o fato de eu fazer qualquer coisa pelo meu trabalho. Ele sempre vai ser a minha prioridade. Consegue entender?

Não, ele não conseguia. Ele me olhava com a testa franzida e os olhos receosos, era como se não quisesse acreditar no que eu estava querendo dizer. Eu me sentia um verdadeiro monstro.

— Eu entendo perfeitamente isso. Seu trabalho é importante para você e juro que a partir de agora vou respeitar isso.

— Não, Marcelo. Você ainda não entendeu. Eu cometi um erro me envolvendo com você! - respiro fundo, baixando a voz que nem tinha percebido ter aumentado o tom. — Olha. Eu gosto de você, gostei de você desde que te vi naquela biblioteca. Mas eu não deveria ter me envolvido com você sabendo que nesse momento da minha vida um relacionamento não seria a minha prioridade. Para você ter uma ideia, nem eu mesma estou em primeiro lugar nas prioridades da minha vida no momento.

— Eu... Por que você não vai direto ao ponto?

— Acho que nós devemos terminar. - respondo, como ele pede.

Marcelo solta um som inaudível e coça a cabeça com força. 

— Eu esperava que você falasse isso mas mesmo assim ouvir você falar dói. 

A cara de cachorro sem dono que o negro tem no rosto faz meu coração apertar de culpa e remorso. Ele era um cara legal. Caramba, ele me levou chocolate e sorvete toda vez que eu estava de tpm, esse cara não é um homem, é um anjo. E eu estou partindo o seu coração.

Eu sou um monstro.

— Marcelo, eu... - paro de falar quando ele me interrompe, levantando da cadeira e saindo da cafeteria dando as costas para mim.

Justo. Nada mais justo. Mas ainda não posso deixar esse fim entreaberto, e também não posso deixa-lo ir embora me odiando.

— Marcelo, espera. - tento chamar, inutilmente. 

Pego minha mochila surrada que estava jogada ao pé da mesa e saio da cafeteria praticamente correndo para alcança-lo, o que era difícil porque mesmo correndo eu não conseguia alcança-lo com facilidade. Marcelo era alto e com pernas muito maiores do que as minhas. Um passo dele eram três passos meus. Quando finalmente consegui chegar perto, estava ofegante e tive que segura-lo pelo braço - forte e definido.

— Olha, Alicia, eu já entendi, okay. Pode ir embora agora. 

— Não, eu não vou embora. Não quero que pense que você não significou nada para mim, Marcelo. Eu gosto de você e é por gostar de você que eu estou terminando. 

— Alicia... - ele olha para os lados, estamos parados no meio da calçada um quarteirão de distância de onde estávamos anteriormente.

— Não. Me deixa falar. Trabalhar na coluna criminal é o meu maior sonho, é o meu objetivo de vida. Minha prioridade desde que decidi fazer jornalismo. Eu vou fazer coisa para conseguir isso. E por isso, sempre ficará em primeiro plano em relação a tudo. E eu sei que você gosta de mim e sei o quão seria cruel continuar com esse relacionamento quando eu sei que não vou dar tudo de mim para fazê-lo funcionar. Me desculpa, Marcelo. - ele me olha nos olhos, e posso sentir o quanto eu o magoei. Ele desvia o olhar para qualquer outro ponto pela rua, suspira cansado e morde o lábio inferior tentando tirar a pele ressecada do local.

— Tudo bem. Eu preciso ir agora. - ele tira o braço do alcance de minha mão e esbarra em meu ombro antes de me deixar sozinha, de novo.

— Marcelo! - o chamo antes ele sumir do meu campo de vista de novo e ele para de andar, não se vira para mim, mas as costas e os ombros tensos mostram que está prestando atenção. — Não me odeia, tá? 

Ele não responde, só vai embora dali.

Parabéns, Alicia. Mais um para sua coleção.

[💔]

Foram poucas as pessoas com quem mantive contato após a formatura, seja no ensino médio ou, pior ainda, na faculdade. Devo admitir que nunca fui uma pessoa muito sociável ou com muitos amigos, por isso, tirando Teresa, a única pessoa com quem mantive a amizade fora Ric. Era impossível até mesmo pensar na possibilidade de cortar laços com Richard O'Neil em algum momento de minha vida. 

Eu o conheci assim que comecei o ensino médio, ele era novato na escola e eu e Teresa fomos nos apresentar e tentar fazer amizade com ele. No começo ele foi super fechado, metido a tímido e com piadas extremamente sem graça. Com o tempo apenas as piadas permaneceram. Eu o considerava meu melhor amigo e se um dia algo de ruim acontecesse comigo e eu não pudesse ligar para Teresa, ele seria a minha primeira opção. Mesmo assim, tendo toda essa consideração por ele e sua amizade, eu não estava nenhum pouco afim de ir para a sua festa de aniversário que começaria em poucas horas.

— Ric vai ficar bastante chateado com você. - Teresa anunciou, em sua tentativa de me convencer.

Estávamos em seu quarto, que, ao contrário dos dias normais, estava uma verdadeira bagunça, como se um furacão tivesse passado por aqui. Teresa estava em frente ao seu guarda-roupa aberto, apesar de quase todas as suas roupas já estarem no chão após serem jogadas e desprezadas por ela, mesmo que ela não tenha olhado mais de cinco segundos para qualquer peça de roupa que agora estava servindo de cama para Selina, nossa gata.

Certo, a gata não era nossa, era do vizinho de cima, mas Selina, oficialmente conhecida como Lua, vivia tanto tempo em nosso apartamento que eu e Teresa a adotamos também. Claro, mandamos uma carta para o dono verdadeiro dela, mesmo que eu acredite que gatos não possuem donos, avisando que se ele não encontrasse a sua Lua, ela estaria, muito provavelmente, sendo Selina em nossa casa e que ele estava livre para procurar por ela por aqui.

Ele nunca procurou.

— Ric possui a memória de um peixe, vai ficar chateado comigo hoje e amanhã já estará me mandando "Bom dia" ás seis da manhã com uma figurinha dele com os dois polegares para cima e um sorriso de pasta de dente. - respondo, deitada na cama cheia de travesseiros da minha amiga e desviando de um vestido de lantejoulas que Teresa fez voar. — Você precisa de ajuda aí? - pergunto, mesmo sabendo qual seria a resposta. Teresa odiava pedir ajuda ou receber ajuda, principalmente a minha, quando o assunto era roupas ou moda em geral, ela sempre dizia que ninguém era melhor do que ela para escolher uma roupa com base em sua personalidade.

Ela meneou a cabeça em negação a minha pergunta enquanto pescava um vestido vermelho de um dos seus cabides lotados de roupas que ela havia deixado em cima do baú. — Amo essa figurinha dele, já mandei até no grupo da família.

— Eu também! Minha vó me perguntou qual era o canal do youtube dele porque tinha certeza que ele era um youtuber. - conto, rindo só de me lembrar sobre como minha vó estava convicta que Ric era na verdade um youtuber que ela tinha visto em um anúncio do Youtube um dia.

— Mas, voltando ao foco da conversa... - reviro os olhos para sua pausa insinuativa e resolvo que se eu encarar o teto branco vai ser mais fácil resistir a insistência de minha melhor amiga. — Você vai mesmo negar bebida de graça?

— Não faço questão. - dou de ombros, mesmo deitada, fingindo indiferença para o argumento dela. Sinto seu olhar me queimar e não preciso olhar para saber que ela estava me encarando com aquele típico olhar de quem diz "eu te conheço, Alicia Sanders, você não recusa nada que for de graça."

O pior, é que ela estava certa. O problema de ser amiga de uma pessoa por tanto tempo é que ela te conhecia bem o suficiente para saber quando você está fingindo e quando você está falando a verdade.

— Por que você não quer ir? - ela indaga, deixando de lado as roupas para se sentar ao meu lado na cama, pulando o monte de roupa onde Selina tinha deitado para chegar até seu destino.

Me aproximo dela para deitar minha cabeça em seu colo e a encaro suspirando.

— Não estou no clima para festas hoje.

— E está no clima para quê? 

Sorrio. — Para brigadeiro e originais Netflix.

— Pois fique você sabendo que eu não vou deixar você perder uma festa para ficar assistindo Netflix. - ela dá um peteleco no meio de minha testa e se levanta fazendo minha cabeça cair no colchão macio.

Sento na cama passando a mão onde ela bateu como se isso fosse diminuir a dor e a fuzilo com o olhar. Não que tivesse adiantado alguma coisa. Teresa apenas riu e voltou a jogar suas roupas no chão.

— Você não manda em mim. - rebato e cruzo os braços mesmo tendo noção de que isso só vai me fazer parecer uma criança contrariada.

— Não. Mas você nunca me diz não e não vai ser agora que irá dizer. O fato aqui é que você sabe, tanto quanto eu, que no fim da discussão você vai se arrumar para festa do Ric de qualquer jeito. 

Mas que mulher convencida! Ela estava certa, claro. Mas a audácia dela em falar com tanta convicção me ofende.

— Pois sinto te informar que você está errada. Eu não vou sair desse apartamento hoje. Vou ficar em casa, comer pipoca, pedir uma pizza e assistir Netflix até sentir raiva das protagonistas.

— Claro. Claro que sim. - ela responde, irônica e eu bufo me levantando de sua cama e caminhando para fora de seu quarto a passos pesados. 

— E só para você saber, o vestido que você está procurando está embaixo de Selina. - tenho o vislumbre de Teresa ficando com o rosto vermelho por eu ter a ajudado antes de eu bater sua porta com força e ir para o meu quarto.



[💔]


Vamos fingir que hoje é quinta para eu não ficar culpada por ter esquecido de postar no dia certo?

Boa quinta para vocês <3

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