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CAPÍTULO QUINZE

|Rafael H. Carter|

Eu me apaixonei por Alicia muito antes de falar com ela naquele terraço do Colégio onde estudamos no ensino médio. Me apaixonei tão rápido que cheguei a pensar que ela era uma bruxa e que tinha me enfeitiçado.

Estava passando pelo pátio a procura da sala do diretor quando a vi sentada com os amigos na grama verde do pátio. Na verdade eu tinha visto primeiro o Ric, a única pessoa que eu conhecia por ali, mas meus olhos se desviaram rápido demais para o que tinha ao lado dele e eu juro, nunca tinha visto alguém tão bonita quanto ela.

O dia estava ensolarado, a primavera de Chicago sempre me proporcionando as melhores paisagens, e os raios de sol que batiam nela a faziam reluzir como uma fada encantada e hipnotizante.

Seus olhos azuis claros brilhavam como duas estrelas e me lembravam, mesmo ao longe, a prata derretida que ficava linda na íris dela. Sua pele era branca e leitosa e dava a impressão de ser a coisa mais macia do mundo. Seus cabelos negros e lisos emoldurando seu rosto de porcelana faziam um contraste perfeito. E seus lábios quase imploravam para grudarem nos meus, pelo menos em meus sonhos.

Ela era perfeita. Como um anjo perdido naquele mundo de pecadores terríveis e, céus, eu queria tanto pecar com ela.

Não tive coragem de me aproximar naquele dia, e nem no segundo, na verdade se eu não tivesse me perdido e acabado no terraço talvez eu nunca falasse com ela. E nunca virasse amigo dela. E nunca teria a beijado. E nunca teria sido seu namorado. E nunca teria partido seu coração.

Olhando por esse lado, talvez eu nunca devesse ter me perdido aquele dia.

- O que você fez, Rafael? - Teresa esbravejou em minha frente, como se fosse explodir a qualquer momento, eu não duvidava que isso poderia acontecer.

Parti o coração dela um dia antes de nossa formatura do ensino médio. Lembro de cada detalhe desse dia, principalmente do olhar que ela me lançou quando terminei com ela.

Claro, eu tinha meus motivos. Que na época eram completamente coerentes e até hoje considero assim. Entretanto não mudou o fato que eu tinha a machucado. Seus olhos, que em um ambiente sem luz me lembravam dois topázios, me encaravam cheios de lágrimas e eu podia ver, qualquer um podia ver, seu coração se partindo em milhões de pedaços através deles.

Eu me odiei nesse dia. Me odeio desde então. Porque, ao contrário do que ela pode pensar, eu não terminei com ela porque não a amava. Eu terminei com ela porque a amava demais. Nosso relacionamento a partir daquele ponto ficaria difícil, talvez não tivéssemos a mesma sorte de continuarmos juntos após o Colégio, como alguns casais reais e muitos casais de filmes.

Tínhamos 90% de chance de não durarmos e nos machucarmos no processo. Nos odiarmos.

E a perspectiva de chegar a odiá-la me devastava. Eu preferia viver com Alicia me odiando do que viver não amando ela.

Essa era a maldita verdade.

A maldita verdade que eu nunca tive a chance de dizer, porque Alicia nunca me deixou contar. Porque ela saiu correndo e saiu da minha vida por completo após eu dizer aquelas cinco palavras.

"Eu acho que devemos terminar."

- Não fiz nada. - respondo, repetindo a mesma coisa que disse a Ric quando ele me perguntou.

Fazia duas semanas desde o dia em que tínhamos nos beijado. Duas semanas que eu não a via.

Alicia tinha conseguido ficar longe de mim durante duas semanas, o que de certa forma não me surpreendia, ela já tinha feito isso antes. Claro que dessa vez ela não se lembrava de mim, eu era só um vizinho para ela. Um vizinho que tinha a beijado em um terraço. Nada além disso. Ela podia muito bem culpar a tequila por ter me beijado, enquanto que eu... Bem, eu tinha a beijado porque tenho um fraco bem forte pelos seus lábios e queria saber se estavam diferentes.

Nove anos e continuavam perfeitos.

Malditamente perfeitos.

Ainda eram macios e aveludados, ainda eram doces e tranquilizantes, ainda eram perfeitos.

- Você tem que ter feito alguma coisa! Você só pode ter feito alguma coisa.

Teresa estava furiosa, me fuzilando com aqueles olhos azuis críticos e cruéis. Fazia quase uma hora que ela estava assim, andando de um lado para o outro em minha sala, como se a qualquer momento um buraco se abrisse sobre seus pés, de tão forte é cada passo que dá.

Teresa não gostava de mim. Pensei que tivesse mudado isso naquele jantar, mas a verdade é que Teresa me odeia. Parece prestes a me enforcar e costuma me encarar como se eu fosse a causa de todo o mal do mundo.

- Por que tem tanta certeza que eu fiz alguma coisa?

Por que não podia passar por sua cabeça que eu sou inocente?

- Porque a última vez que vi Alicia desse jeito foi quando você terminou com ela.

Teresa 1 × 0 Rafael.

Deixei meus ombros caírem em desistência antecipada de qualquer discussão que pudesse ocorrer entre nós.

- Eu não fiz nada tá legal? Juro. Dessa vez não fiz nada. Já te disse tudo. A última vez que vi Alicia foi em frente a casa de meu cliente. Disse tudo o que falamos e já entramos em acordo sobre nossa breve desavença não ser o motivo para ela nos ignorar.

- Então por que ela está assim? - Teresa se deixa cair no sofá, olhando para frente como se fosse abrir um buraco em minha impecável parede cinza.

- Talvez você esteja vendo coisas.

O olhar que Teresa me lançou seria facilmente capaz de assustar o Lúcifer.

- Vendo coisas? Alicia não sai mais do quarto se não for para trabalhar ou ir ao banheiro. Não janta mais comigo e nem está mais assistindo nada na Netflix. Ela está calada demais. Quieta demais. E me ignorando completamente. Eu não estou vendo coisas.

- Bem, então talvez você fez algo errado. Parou para pensar nisso? - Estava claro e definido, mais uma palavra que eu dissesse contra Teresa, ela me estrangularia. Rapidamente. - Mas, se você tem tanta certeza que eu sou o culpado, tudo bem, vou fazer alguma coisa a respeito.

Ou tentar.

- Espero que sim. - e com isso ela sai do meu apartamento, fazendo questão de bater a porta com força ao sair.

[❤]

Estava no terraço fazia mais de duas horas. O céu já tinha escurecido e o vento frio começado a dar as caras mas eu tinha vindo preparado. Vestia um suéter azul marinho velho por cima de uma camiseta surrada, calça de moletom e meias que não combinavam em nada com meus chinelos.

Não tinha uma explicação lógica para ter tanta certeza que Alicia aparecia por ali em algum momento e provavelmente, muito provavelmente, eu esteja completamente equivocado com a ideia de Alicia ainda se esconder em um terraço quando as coisas não iam bem para ela, como fazia anos atrás, quando ainda olhava para mim e me reconhecia. O problema era que eu não queria sair dali e declarar desistência ou derrota, Teresa me mataria se soubesse que desisti tão fácil. Além do mais, algo dentro de mim insistia que ela viria.

Então acreditei naquela parte irritante de mim que repetia toda a hora que ela viria e fiquei naquele terraço até o relógio declarar que já era meia noite e eu já ter reconhecido todas as constelações visíveis no céu.

- O que faz aqui? - a voz rouca e estranha de Alicia me fez desviar o olhar para porta, onde ela estava encolhida, me encarando como se eu fosse uma espécie de invasor nojento.

Uma pontada forte acertou meu coração com aquele olhar. Aquele olhar de nojo e repulsa. Com aquele olhar, soube que Teresa estava certa. Eu tinha sim, feito alguma coisa. Só me restava saber o que era.

Me levantei do chão, passando a mão na roupa para tirar a poeira enquanto eu a analisava dos pés a cabeça sem a menor discrição.

Alicia parecia muito mais pequena e indefesa do que normalmente parecia. Ela não era indefesa. Longe disso. Era a garota mais corajosa que eu já conhecera, a mais independente. Nunca indefesa. Isso era errado.

Ela estava vestida com um casaco moletom cinza da Universidade de Chicago que a engolia, me fazendo acreditar que três Alicias conseguiria estar ali dentro e ainda assim sobraria espaço, uma calça moletom parecida com a minha porém mais nova, e vermelha, e calçava suas pantufas do Batman que eu tinha visto outro dia.

Seus cabelos negros e lisos, estavam presos em um coque mal feito no topo na cabeça e algumas mechas já estavam soltas em sua nuca e na frente, batendo levemente em suas bochechas coradas pelo frio.

- O que faz aqui? - repetiu, e eu parei de encara-la como um estranho para poder me concentrar no que realmente importava, mesmo que as bolsas rochas abaixo de seus olhos tirassem minha atenção momentaneamente.

- Estava vendo as constelações. - apontei para o céu, como um completo idiota, me parabenizando por pelo menos não gaguejar. - E você? O que faz aqui?

Ousei dar um passo em sua direção mas quando ela recuou um passo em resposta imediata, estanquei onde estava. Congelado. Paralisado.

Ela recuou.

O que diabos eu tinha feito dessa vez?

Ela engoliu em seco antes de responder, sem me encarar diretamente. - Não consigo dormir.

Ela falou baixo, como se não quisesse que eu realmente escutasse, mas eu escutei e tentei não ir até ela imediatamente para perguntar o que eu fiz de errado.

Será que ela estava assim por causa do beijo?

- Muita coisa na mente? - sondo.

- Uma coisa específica. - ela ainda não olha para mim. Seus olhos topázios encaravam além de mim, o horizonte além daquele terraço.

- Quer conversar?

- Não com você.

É como um tapa na cara. Um tapa forte, ardido, barulhento. Não percebo quando encolho em resposta.

- Okay. - não sei bem o que dizer depois do golpe. Não sei se deveria dizer alguma coisa. - Vou deixar você... - engulo em seco antes de tentar de novo, com mais firmeza. - Vou deixar você pensar sozinha, então.

Caminho a passos largos, o mais rápido que posso, até a porta do terraço, fazendo questão de passar longe dela no caminho.

- Não! - ela pede, e eu paro. Porque, francamente, se ela me mandasse pular do prédio, eu pularia sorrindo. - Quer dizer... - ela limpa a garganta antes de voltar a falar. - Pode ficar se quiser. Não precisa sair por minha causa.

- Você quer que eu fique? - pergunto, me voltando para ela e tentando buscar seus olhos.

- Não. - ela responde e eu me viro para ir embora quando ela continua e eu paro. - Mas não quero que vá. Não quero... Não quero ficar sozinha.

- Eu posso chamar Teresa. - sugiro, voltando para ela novamente.

Olhe para mim. Olhe para mim. Vamos, por favor, olhe para mim.

- Se quisesse a companhia de Teresa, teria ficado em casa.

- Vocês duas brigaram? É por isso que está assim? - tento.

- Assim como? - sua testa se franzi enquanto ela olha para o chão.

Tenho vontade de me aproximar dela e desfazer cada uma das rugas que ela criou naquele momento.

- Triste.

- Não estou triste. - mente, descaradamente.

- Não precisa me dizer o porquê de estar assim. Só precisa, admitir. Meus pais sempre dizem que quando admitimos nossos sentimentos em voz alta nos sentimos melhor. Mais leves.

E era verdade. Dizer em voz alta tudo o que eu sentia era sempre a forma que eu tinha de descarregar meus sentimentos. Mas eu sabia o que Alicia achava disso. Sabia que era inútil falar isso para ela porque se ela ainda fosse a mesma Alicia de nove anos atrás, ela acharia que deixar as coisas na mente era uma ótima forma de fingir que as coisas não aconteciam. E Alicia sempre preferiu fingir que nada estava acontecendo do que lidar com a verdade, do que enfrentar a realidade.

Ela finalmente me encarou, olhou nos meus olhos e desviou de novo para o chão tão rápido que quase achei que fosse ilusão de minha mente.

Ela abriu a boca e esperei que falasse alguma coisa. Mas não falou. Desistiu. Tentou outras três vezes até sua voz finalmente sair.

- Eu... Eu não... sou o Batman.

Foi a minha vez de franzir a testa, confuso.

O que isso queria dizer?

O que eu deveria dizer? O que ela esperava que eu dissesse?

- Eu não sou o Batman. E você também não é. E eu... Eu não estou triste. Eu...

Ela para de falar e eu espero.

Meu coração bate forte em meu peito, tão rápido que sinto que ele vai sair pela minha boca.

Eu... Ela... Ela sabia quem eu era? É isso? O que ela estava tentando dizer? O que... O que era tudo aquilo?

Permaneço em silêncio enquanto ela continua.

- Eu não estou triste. Eu estou com raiva. Raiva da Teresa. Raiva do Ric. E raiva de você. Eu... - ela para, respira fundo antes de me olhar nos olhos e continuar. - Eu estou com raiva de você. Porque... Porque você está de volta. E me beijou. E é meu vizinho. E não me disse nada. Não... Não disse nada. Você. Você não disse nada. Por quê? Por que não disse nada?

E o olhar dela. Tão carregado de ódio e raiva e repulsa e agonia e mágoa. Eu quis morrer para não ter que ver mais ela me encarar assim.

Mais uma vez. Alicia Sanders me odiava.

E mais uma vez. Eu era um babaca.

Agora podia dizer a Teresa o que de fato tinha feito. Tinha seguido a droga de seu conselho e enganado a única pessoa no mundo que eu nunca deveria mentir.

Eu tinha estragado tudo de novo. Antes mesmo de ter alguma coisa para estragar dessa vez.

Eu tinha magoado a única garota que eu nunca deveria machucar. De novo.

[💔]

Se tiver algum erro, por favor, sinalizem.
Até semana que vem.

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