Foi preciso subir um pequeno morro de estrada de terra pra chegarmos, mas a casa era linda e a vista incrível.

Cumprimentei minha família e fui apresentada a novas pessoas que no minuto seguinte já não sabia mais o nome. Minha mãe pegou uma cerveja e se enturmou rapidinho me deixando sozinha.

Sento num canto na varanda cheia de gente e olho o celular, já que não tem nada melhor pra fazer vou ler fanfic. Na semana passada eu estava aficionada por Miraculous, por mais infantil que seja. Por isso, baixei várias fanfics do desenho, resolvo lê-las.

Leio os primeiros capítulos de uma, de outra, de todas e simplesmente nenhuma é boa.

Será que todas as fanfics de Miraculous são ruins ou eu é que sou azarada e só baixei as piores? Penso comigo mesma.

Já que não tem nenhuma boa, eu decido escrever minha própria fanfic de Miraculous. Abro um novo rascunho no Wattpad e começo.

Capítulo um.

Quando Ladybug encontra CatNoir na torre aquela hora da noite se assusta...

- Ladybug? Cat Noir? Você tem quantos anos, seis? - Alguém atrás de mim diz tão alto que quem se assusta sou eu.

- Tá assistindo desenho, priminha? Não sabia que você era tão bebê assim. - Juliana fala também alto. Acho que tá todo mundo meio surdo hoje porque não param de gritar.

O garoto atrás de mim chama a minha atenção.

- Qual seu nome? - Pergunta.

- Jen...

- Não vou dizer o nome dela, vou cantar. - Juliana interrompe, rindo. - O nome dela é Jennifer, encontrei ela no Tinder... - Ela canta e quase todo mundo acompanha, fico vermelha instantaneamente.

- Ah, não! Essa música não! - Reclamo e quase corro pra dentro da casa com meu pratinho de churrasco.

°○°○°○°○

Estou com a cabeça entre os braços na mesa e não consigo acreditar no que aconteceu.

- Ei. - Alguém me chama. - Desculpa pelo que aconteceu lá fora. Eu vi o que você tava escrevendo e falei sem pensar.

Encaro o garoto que começou essa confusão, cheia de rancor.

- Quem é você, afinal? - Pergunto grossa.

- Márcio, filho do Otávio.

- Quem raios é Otávio? - Ele ri e balança a cabeça.

- É aquele ali de bermuda amarela apanhando pra churrasqueira. Ah, e também é o dono da casa! - Fico vermelha e coloco a mão no rosto. Ele continua. - O cara que comprou esse churrasco que você tá comendo e que vai pagar a conta de água depois, porque ele é muito bonzinho e convidou um monte de estranhos pra casa quando era pra gente aproveitar as férias pra se divertir junto!

- Não sei se te serve de consolo mas eu não queria estar aqui. - Digo.

- Também não queria que você estivesse aqui.

Sorrio pra ele.

- Então estamos quites.

Ele senta do meu lado.

- Miraculous não é tão ruim, sabe, eu assisto às vezes com meu sobrinho de seis anos. Por isso achei que você tivesse essa idade. - Quase rio.

- Claro, mas você poderia ter perguntado minha idade num tom de voz normal, né?

- Podia, me desculpe por isso, era meu charme, queria chamar sua atenção. - Pisca.

- Você conseguiu, vou sempre querer saber aonde você está pra ficar o mais longe possível. - Começo a me levantar.

- Eu também escrevo fanfic, quer gritar isso?- Pergunta. - Do Naruto, quando tinha onze anos. Pode gritar.

- Ao contrário de certas pessoas eu não sou escandalosa. - Sorrio.

- Não fica de mal de mim, Jennifer que não é do Tinder.

- Vou pensar no seu caso, Márcio filho do Otávio.