🌈II. Quando o desejo bate na porta.
Jeongguk estava irado.
A definição de puto se aplicava perfeitamente ao que sentia no momento. Girou a droga da chave não só uma, mas três vez na ignição com a esperança que aquela preula de moto revivesse, mas nada de o motor retornar. Suas esperanças, que já eram quase nulas, escorregaram para o poço de vez.
Estava perdido.
Todo o fundinho de fé que tinha de que poderia chegar até ao casamento a tempo havia se esvaído em frações de segundos como água escorrendo entre os dedos. Odiava aquela lata velha na mesma proporção que a amava. Lata velha essa que não era tão velha, contudo, de tanto que dava piti e problema, parecia mais ter sido apanhada de um tipo de cemitério de motos velhas ao invés de uma concessionária.
— Poxa, Lucie, você me decepciona tanto, cara! — Grunhiu para a motocicleta de cor preta, descendo de seu assento para bufar mais uma vez à medida que levava a mão até o seu cabelo, no pico do desespero.
Para piorar, aquela gravata vermelha ridícula terminaria de o sufocar junto ao seu desgosto.
Porque Lucie era assim, só o deixava na mão, — Sim, Lucie era o carinhoso apelido que deu a sua humilde moto. Ele a tratava como uma namorada, embora ao menos gostasse da ideia de ter uma, afinal, Jeongguk era muito bem resolvido com a sua homossexualidade. Lucie era a sua exceção. Então, diante o mau humor implacável da moto que não queria o levar a lugar nenhum, dessa vez, não tinha para onde correr, a bateria tinha morrido na estrada quase que deserta e nem sinal de uma oficina ou posto de gasolina por perto havia.
Uma luz se acendeu na sua mente como uma lâmpada da inteligência em desenhos animados, entretanto rapidamente fez questão de se apagar quando o moreno passou a tatear seus bolsos a procura do seu querido celular e não o achou.
Caralho, só pode ser karma, era a única explicação! Pensou. E se saísse vivo de uma estrada escura e deserta, Jeon acreditaria ser um milagre.
E o pior era que tinha um compromisso aquela hora, quer dizer, ele tinha um casamento para ir, — que não era seu, Graças a G-Deus —, mas fazia questão de comparecer porque era o casamento da sua amiga do curso de dança que faziam juntos na universidade ano passado, e ele tinha a prometido presença. A verdade é não gostava de “eventos” como esses, o dava agonia só de se imaginar no lugar do noivo da mulher, porém, cara, ele tinha prometido, e Jeon Jeongguk não descumpre promessas.
Mas bom, nesse fatídico dia, Jeon não teve nenhuma outra opção viável para poder comparecer ao casório. Ficou bastante desolado, — nem tanto —, mas fez questão de afogar tudo com boas doses de soju. Sei que vocês devem estarem se perguntando como Jeongguk arranjou álcool numa estrada deserta, mas o que vocês não sabem é que: Se Jeongguk não vai até a pinga, a pinga vem até ele via Jackson Wang. E ele não sabia que pacto com o capeta Jackson tinha feito para o encontrar ali no meio do nada, no entanto estava passando a acreditar que seu chefe barra amigo de cachaça era o próprio Lúcifer transformado em dono da boate onde trabalhava. Ele era um dissimulado dirigindo até o centro de Seul para encher suas caras de álcool até que, possivelmente, entrassem em coma alcoólico.
— Ai meu G-Dragon purpurinado! — Jeon ouviu o grito bastante hétero de Jackson sobressair a música que explodia em seu tímpano, o arrancando do modo inerte que nem sabia ter se colocado, e arregalou os olhos. No estado que se encontrava, praticamente tudo o tirava de órbita. E seu chefe era assim; escandaloso e duplamente empolgado vinte e quatro horas por dia.
Se encontravam ali naquela boate tão familiar para si como se era de praxe. Aquele lugar era a segunda casa do Jeon e era comum o ver por ali até mesmo nos seus dias de folga. E já havia passado tempo o bastante para chegarem ao nível de passar vergonha na pista de dança rebolando como loucos e beijando bocas alheias pertencentes a rostos dos quais nem viam. Estavam enlouquecidos e isso não era nada fora do comum.
— Para de gritar, idiota! — Rebateu o mais novo, meio grogue, tomado pelo susto do grito potente daquele qual possuía as bochechas avermelhadas e os olhos esbugalhados. A intimidade deles fora construída em pouco tempo. Era como se o santo de ambos tivesse batido no exato momento que se conheceram. Wang e Jeon tinham a mesma vibe de espírito, então não havia formalidades entre eles mesmo que a relação estivesse dividida entre chefe e funcionário.
— É aquele seu docinho de cocô! — Jackson apontou dessa vez para um ponto atrás do moreno e, embora não desejasse reconhecer a pessoa para quem o outro empregou esse apelido há uma semana atrás, Jeongguk interrompeu qualquer linha de raciocínio que ainda obrigava ter e paralisou. — O seu loiro gostoso estar aqui novamente. — Riu, animado até demais.
Jackson ultrapassava o nível de viadagem imposto pela comunidade hetéro.
— Do que você está falando? — Fingiu demência e sabia o porquê. Estava se negando a virar e confirmar que o carinha que secretamente passou a pensar depois de ter beijado se encontrava bem atrás de si. Afinal, o moreno não queria lembrar dos dias de humilhação ao ter sido pego duro por seus amigos por causa do fatídico cliente, este que Jeon ficou sabendo que iria se casar. Estava tentando se convencer que não dava a mínima, porque ele não dava! Seria ridículo se Jeon estivesse vidrado numa pessoa que apenas beijou uma vez e era nisso que acreditava. — Eu não ligo.
Jeon Jeongguk não era desse tipo de cara. Não era de correr atrás, não era de pensar demais em seus clientes. Os verbos “gostar” e, muito menos, “amor” não existiam no seu vocabulário.
— Yah! Eu sei que você gostou de apertar aquele bundão! — O platinado acusou, já se pondo de pé para exercer sua finalidade: chamar atenção. — Eu e os outros garotos da turma ficaram louquinhos por ele, quanto mais você, que conseguiu beijar aquela boquinha gostosa, não iria ficar? — Suspendeu uma das sobrancelhas. — Ah, me poupe, viado, você ficou fitando ele pelo o resto daquela noite inteira como se estivesse no ponto para afogar o ganso nele. — Girou os olhos, caindo numa gargalhada logo após.
Aquilo totalmente não era verdade para Jeon! Uma tremenda calúnia!
— Agora vai lá e agarra o boy! — Simplesmente ordenou, surpreendendo o outro. Mas que abusado! — Vai logo que eu tô indo atrás de petiscos novos. — E com petiscos eles se referia aos garotos que trabalhavam para si, — que nem eram “petiscos novos”, já que o Wang tinha passado o rodo em todos dali várias vezes —, no entanto, logo ele virou aquela bunda dele e deu o fora entre cambaleios.
E, então, Jeon se tornou uma estátua. Sua mente estava dando pane e seu coração estava tamborizando em seus tímpanos em ritmo acelerado demais para que fosse considerado saudável. Mas, antes que deixasse as palavras de Jackson o tomar o juízo, se pôs de pé ligeiramente, puxando sua calça de couro para cima, rumando para o meio da pista de dança. Contudo parou no meio do caminho, tornando a usar da função de seus pulmões com mais afinco, passando a respirar com pesar.
O diabo loiro estava ali para si, parado de costas à medida que rebolava sensualmente sob o toque viciante da música que explodia nas caixas de som. Ele estava livre de qualquer um caçador que o quisesse pegar aquele momento e, inconscientemente, Jeon se aproximou, no entanto, antes que pudesse chegar até aquele que tanto perturbava sua mente com aquele rosto lindo e lábios fartos, um balde de água fria fora jogado em si quando uma garota tocou o ombro alheio e o suposto loiro do seus sonhos virou para ela, e ali não existia nenhuma bochecha saliente, nem tampouco o sorriso perfeito em conjunto com os lábios vermelhos grossos.
Droga, cada fibra do corpo do moreno morreu em decepção pela segunda vez na mesma noite. Era um bobo mesmo. Por isso fez questão de se dá o decreto de que não ficaria pensando naquele loiro. Não daria a posse de si mesmo para aquele que ficou grudado em sua cabeça como o próprio filho do capeta.
Claro, como havia acreditado naquele seu amigo que mal cérebro parecia ter? Jackson Wang não parecia medir as baboseiras que falava, mesmo estando bêbado ou não. Por que caiu naquela historinha de que o loiro da noite passada estava ali? Qualé, deveria ter pensado antes! Ninguém quer tomar dois porres seguidos.
Jeongguk apenas não entendia o porquê de pensar tanto naquele rapaz se nem ao menos o conhecia para se abalar. Não entendeu o que houve, mas assim que aceitou o dinheiro daquele amigo do pequeno e o olhou nos olhos, foi como se não houvesse mais volta. Caralho, que presença era essa que aquele loiro tinha e que continuava a se manifestar por cada sentido de Jeongguk?
Precisava esquecê-lo. Não deixaria sensações estranhas e repentinas atrapalharem seu trabalho, não mesmo. Seu trabalho era tudo pra si.
Naquele mesmo dia frustrado, já pela madrugada, Jeongguk pediu para que um de seus colegas o ajudasse a levar ele e Lucie para casa. Ele até conseguiu uma carona, mas preferiria andar de triciclo embaixo de uma tempestade do que aguentar as diversas loucuras que Yijeong dizia, sinceramente! Aquele cara era louco de pedra.
Além de ser caidinho pelo Jackson, fazia questão de ficar puxando o saco de Jeongguk, o endeusando por qualquer motivo. “Ah, mas aquela sua coreografia foi a melhor de todas!”, e “Ah, para não seja modesto, você é o deus daquilo tudo”. Tá, Jeongguk sabia que era bom no que fazia (muito bom), mas dá um tempo, aquilo já era barra forçada. O que Yijeong queria? Que Jeongguk conversasse com o patrão e pedisse um aumento pra ele? Sem pressa que com Jeon Jeongguk não tem essa, porra.
Depois de Yijeong demorar alguns longos minutos discursando sobre o quanto Jeongguk “mandava ver” na pista, o Jeon finalmente conseguiu retirar sua moto da parte traseira do carro, murmurando um muito obrigado para Yijeong, que não demorou muito para que saísse da frente da portaria do outro e tomasse seu rumo. Jeongguk agradeceu por ele ter ido embora.
Quando abriu a porta do apartamento, sentiu um peso enorme tomar conta de seu corpo. Ele nunca esteve tão cansado quanto estava naquele momento, pai do céu. E foi com um passo de cada vez que o Jeon havia conseguido deitar em sua cama. Parou e refletiu que aquele dia não tinha prestado para nada porque: 1) Sua nova moto estava com defeito; 2) Havia perdido o casamento de uma amiga importante; 3) Não conseguia tirar aquele maldito loiro desgraçado da cabeça.
Credo, que bicho chato! Parecia que um mosquitinho voava em sua cabeça dizendo para Jeongguk que ele deveria continuar imaginando o toque daquela boca gostosinha contra a sua novamente, do tamanho da bunda e daqueles olhos miseráveis de tão bonitos. Era uma droga. Ele só tinha que lembrar que nunca mais o veria na vida se fosse bobear. Era uma chance de 1 em 1 bilhão daquilo acontecer novamente. Ou, talvez, estava sendo exagerando demais?
Porém, o Jeon foi ingênuo ao pensar que logo naquele dia ele iria parar de pensar, de fato, naquele loirinho. Se passaram dois, três, quatro, sete dias! E nada dele esquecer aquele beijo. Que droga estava acontecendo com ele? Jackson batizou o copo de whisky que ele havia bebido naquele dia que beijou o loirinho, talvez? Jeongguk teimava a acreditar que sim, porque não haviam explicações plausíveis para explicar aquela maldita lembrança daquele dia. Já tinha se passado uma semana, por que aquilo ainda estava rodando em sua cabeça?
Foi nessa onda de pensamentos que o dançarino acabou acordando de seu sono da tarde com uma puta dor de cabeça. Disse alguns xingamentos antes de olhar o relógio ao lado de sua cama. Droga, ele havia dormido demais. Era 16h32m quando Jeongguk resolveu levantar-se da cama enquanto mexia em seu celular, respondendo mensagens do dia anterior que não havia respondido. Algo martelava em sua cabeça e dizia que ele deveria fazer algo naquele dia, mas não conseguia se lembrar. Após abrir o registro de chamadas, lá estava: Somin (Chamada realizada, sábado passado).
Jeongguk quis bater a cabeça na parede de tão desleixado que era. Ia tropeçando na roupa que havia tirado na noite anterior antes de dormir enquanto caminhava em direção ao chuveiro correndo para tomar um banho rápido. Havia esquecido do presente de casamento de Somin, claro!
Não era rico nem nada, mas tinha dinheiro próprio o bastante para que conseguisse comprar um vaso de flores decorado e muito bonito. O moreno morava sozinho e falava pouco com seus pais, mas, nem por isso, era largado e muito menos dependente dos seus progenitores. Jeongguk não gostava de depender dos outros para fazer alguma coisa, não mesmo. Tinha noção do quanto deveria gastar para ficar com um dinheirinho no final do mês e do quanto deveria curtir com os seus amigos, etc. Não gostava de ser visto como alguém que é irresponsável.
Ele era adulto, porra! Tinha que ser responsável porque havia saído de casa ainda novo. Era como se a cobrança viesse dele mesmo e isso de certa forma funcionava para Jeongguk. O que poderia fazer? Ele era assim e não mudaria por nada. Assim que saiu do chuveiro, correu para se arrumar, acabando em tempo recorde. Caramba, nem quando acordava atrasado pela tarde para o trabalho ele se arrumava tão rápido quanto se arrumou para ver Somin. Pôs uma jaqueta de couro e uma calça justa acompanhada por uma blusa branca. Arrumou seu cabelo e pronto! Ele estava arrumado para sair de casa. Sua moto, que agora funcionava, estava toda linda o esperando no estacionamento do prédio.
Ele amava Lucie, mesmo que por muitas vezes ela o deixasse na mão. No entanto, não teve tempo de pensar muito já que logo acelerava pelas ruas de Seul tomando cada quilômetro de estrada com ligeireza e agilidade. Gostava do ar, por muitas vezes frio, acariciando seu rosto. Talvez, julgava, que essa sensação definia muito bem o sentimento de liberdade. Era como andar nu por aí, e sim, Jeongguk podia comparar as duas situações, pois por muitas vezes as sentiu. Ele não tinha pudor nenhum para com o seu corpo. Era um exibicionista nato, seus pais que o digam.
Não bastou pouco mais de alguns minutos e o moreno já estacionava em frente ao edifício pouco familiar. Era sua primeira vez ali e sabia muito bem que estava no lugar certo porque o endereço que Somin tinha o passado há uma semana atrás condizia com aquele tão visível perto do hall de entrada. Sabia que Somin tinha chegado de sua viagem, ela sempre fez questão de gritar aos quatro cantos que passaria seus dias românticos, e um tanto sujos de casais recém casados, em nada menos do que Cancún.
Não foi preciso de muito para conseguir ter acesso até o andar de sua amiga, o segurança dali nomeado de Namjoom falava pelos cotovelos, céus, e parecia saber muito bem que a entrada de Jeon estava muito bem liberada por ali. Acreditava que por algum motivo a Na já sabia que ele apareceria por lá aqueles dias. Esteve meio avoado até quando levou seu dedo indicador até a campainha e apertou-o duas vezes suficiente para que a porta fosse aberta pela morena que, no instante que o viu, sorriu puramente com os olhos.
Somin era uma raposa, mas conseguia facilmente ser adorável quando queria.
— Ai meu Deus, o meu bad boy favorito está de volta! — Exclamou explosiva, não demorando muito para pular no colo do outro. Jeon não estava surpreso, sua amiga era muito bem escandalosa, ainda mais vestida em apenas uma lingerie vermelha e o bundão balançando no ar.
Agora, Jeongguk tinha dois melões quase que sendo esmagados bem na sua carinha e, bom, ele só permitia se fosse os da morena.
— Ah o lance é... — Suspirou olhando nos olhos negros — a raposa mais baby girl da cidade casou! — Exclamou, porém contido, e Somin assentiu várias vezes antes de se entregar aos braços do mais alto novamente.
E o atual estado que se encontravam era ambos girando em meio ao corredor, com as câmeras de segurança filmando e tudo mais, enquanto a porta do apartamento estava toda aberta mostrando por completo seu interior.
Quando parou de rodar como um bobo com a morena nos braços e olhou para o apartamento logo a frente, a primeira impressão que teve fora que o marido de Somin era muito bem bancado na grana, assim logo tomando a conclusão de que sua amiga realmente tinha conseguido casar com um consorte rico como tantas vezes alegou que iria.
Todavia, podia jurar que seu corpo se contorceu como se estivesse sido possuído por algum espírito maligno, ele não sabia muito bem, mas era quase esse o sentimento.
Os passos alheios eram curtos e poucos ruídosos, seus fios estavam bagunçados e olhar perdido além da porta.
Puta merda, seu pior pesadelo agora o fitava com clareza assim como estava com a boca aberta em um perfeito “0” como julgava que a sua semelhante estava igualmente. Não conseguia processar uma informação além da qual estava sendo muito bem esfregada na sua cara aquele momento: o capetinha do seus pensamentos profanos agora estava a poucos metros de si à medida que o próprio Jeon descontava em Somin toda a sua agonia por ainda estar abraçado nela.
Não conseguia pensar, cada linha de raciocínio lógico fugia de sua mente por hora. Jeon estava pasmo, e Jimin igualmente. Caralho, Park Jimin estava hiperventilando e provavelmente entraria em algum tipo de ataque de pânico. A ansiedade já rodava na boca de seu estômago e, estranhamente, sentiu as drogas de borboletas clichês voando por lá também. O que estava acontecendo consigo? tudo estava tão branco! Seu juízo doeu como se estivesse sendo atacado por alguém tentando entrar em sua mente! E realmente tinha alguém! E essa pessoa era o “carinha de bebê” com o corpo miseravelmente gostoso que beijou há dias atrás!
Droga, estava entrando em pane. O que ele estava fazendo? Simplesmente estava afundando no olhar invasor que o moreno o lançava, este qual tinha Somin estranhamente nos braços. E, porra, estava surtando. Inconscientemente chutou a mesinha de centro e instintivamente gritou de dor, cortando todo o momento de inércia que se manteve. O mundo voltou a funcionar ao seu redor junto ao mindinho que doía como o inferno.
Eu te amaldiçou, Gogo Boy! Praguejou o Park em pensamentos.
— Aish, amor, você está bem? — Se jogou dramaticamente no sofá quando ouviu sua esposa se aproximar, abandonando o macho possuidor de mentes de lado. Jimin agradecia, não sabia o porquê já que aquilo não fazia diferença e se não fazia ele não ligava também, mas se ligasse ele nem diria porque definitivamente Park Jimin não se importava!
Ele estava horrivelmente enlouquecido.
— 'tô,' tô bem, Somin. — Gemeu mais do que falou quando ela pegou em seu pé e passou a massageá-lo.
O Park sentiu o sentimento de alívio chegando, mas quando aquele moreno intruso entrou por sua porta como quem não quer nada, o loiro sentiu-se se afogar em atordoamento.
O que ele fazia ali, afinal? Se perguntava insistentemente. Já Jeongguk, se negava a acreditar que o cara qual beijou era casado com a sua amiga. Justamente o cara que beijou agora era casado com dois melões! Aquela era sua única conclusão depois de retornar do pane total que teve. Aigoo, estava fodido!
O Jeon visualizou a cena onde sua amiga colocava uma das mãos nas costas do outro que havia machucado o pé enquanto o perguntava se estava doendo muito. Jimin segurava seu pé com força, contendo uma vontade fora do comum de xingar, então se contentou em resmungar na mesma medida em que soltava seu pé e a dor sumia. O dançarino esperava ansiosamente por uma palavra vinda dos dois, mas apenas conseguiu o olhar do Park sobre si.
O moreno segurava o presente numa sacola enfeitada com um laço e não sabia muito bem o que fazer com aquilo. Claro, daria o presente para Somin. Mas, cara, aquela situação era constrangedora para si. Como poderia fazer qualquer coisa àquela altura do campeonato sabendo que o cara com quem havia tido diversos pensamentos vulgares era o homem da sua melhor amiga? Ainda mais com aquele olhar dele para cima de si, como se estivesse totalmente perdido em seus atos.
Somin, por um instante, notou a tensão que se formava naquela sala, apenas com o olhar que ambos trocavam ela soube que algo estava acontecendo.
— Uh, vocês já se conhecem?
Jeongguk e Jimin a fitaram com uma surpresa presente nos olhos de cada um. Principalmente por parte do Park. Céus, não tinha dúvidas de que iria precisar conferir sua pressão mais tarde porque, seu coração estava preso na garganta de tão forte que batia. Eles trocaram olhares novamente, desta vez, como se fossem cúmplices de algum crime. E, na real, aquilo era até pior que um.
— Não, não! — Jeongguk pareceu exaltado demais, negando com suas mãos. — Que isso, Somin, ‘tá doida? Tô conhecendo seu homem agora. — Riu nervoso e aproveitou para chegar mais perto do Park, estendendo sua mão para cumprimentá-lo. O moreno tentou disfarçar ao máximo e jurou ter baixado o santo do teatro naquele momento em que chegou perto do loiro.
Somin sorriu, olhando mais para o presente dentro da sacola do que para o que acontecia entre os dois. Jimin franziu o cenho, estranhando a aproximação de Jeongguk, que fez um sinal com o olhar para que o outro apertasse sua mão logo. E assim, Jimin o cumprimentou, mas do jeito certo dessa vez, já que na primeira praticamente entregaram as almas para o desejo quando se viram.
O Jeon apertou bem aquela mãozinha enquanto olhava para o Park.
Pai amado, o que era aquele olhar novamente? Jeongguk estava se aproveitando de si? O que ele queria, afinal?
Jimin tentou disfarçar o constrangimento olhando para a morena, que praticamente já tinha o rosto enfiado na sacola enfeitada do presente. Desfizeram o apertar de mãos assim que a mulher resolveu pegar o presente por si mesma da mão do Jeon, com uma cara sorridente e espertinha. Ela abriu e acabou gostando bastante do que viu. Jeongguk conhecia o estilo de Somin muito bem, então sabia que havia acertado no presente.
— Ah! Muito obrigada pelo presente, JeiJei! — Ela disse, colocando o vaso de flores amarelas em cima da mesa de jantar do outro lado da sala, deixando Jeongguk e Jimin sozinhos por ali. JeiJei era um apelido que Somin havia dado para Jeongguk logo quando ficaram mais próximos no começo da faculdade. — Por que não fica um pouquinho com a gente? Assim você conhece melhor o meu amor, Jeongguk!
Não, não, não. Foi só o que passou pela mente de Jimin assim que Somin disse aquela frase. Quais eram as probabilidades daquilo dar certo? Não haviam. Zero, negativo, nadinha! Daria alguma coisa errada e por algum motivo aquilo causava uma ansiedade enorme no peito do loirinho.
— Por que não? Acho que tenho um tempo antes de tomar meu rumo. — Jeongguk respondeu, forçando espontaneidade.
Quando Somin entrou na cozinha dizendo que iria fazer algo para que pudessem comer, o Park não hesitou em levantar-se do sofá enquanto subia seu olhar para que pudesse encarar os orbes escuros do outro com uma aura indignada. O que ele pretendia? Jimin o encarou com um inconformismo gigante, mas isso não durou muito pois Jeongguk sorriu travesso e colocou o indicador no meio dos lábios cheinhos, colocando o indicador da outra mão livre nos seus.
— É o nosso segredo, certo? — Park balançou a cabeça. Afinal, o que estava feito, estava feito, não havia como voltar e, quem disse que ele não tinha gostado do que Jeongguk fez consigo naquele dia? Caralho, ele adorou. Com o Jeon não era diferente. Coincidências eram inevitáveis — por mais que aquela fosse uma coincidência enorme — e já que o capetinha dos seus pensamentos estava ali, por que não deixar quieto o que já havia acontecido?
Tudo bem, tudo daria certo, eles iriam se aguentar por algumas horas. Sim, eles poderiam se aguentar sem que dessem piti. Não tinha com o que se preocupar, o loiro não era nenhum gatinho indefeso afinal. Mas, o que ele estava pensando? Não era como se o moreno fosse algum tipo de criminoso. No entanto, Jimin fazia questão de se lembrar que Jeongguk sabia daquilo que colocaria toda sua vida a perder caso o mais alto saísse falando do que aconteceu entre os dois por aí. Porém, por hora, o loiro resolveu ignorar, indo jogar um pouco de água fria na sua cabeça, literalmente, através de um banho demorado para organizar as ideias.
E, sim, ambos se aguentaram por tempo suficiente até a noite chegar, Jimin voltar para o seu sofá e plenamente encontrar Jeongguk bem acomodado ali. O que ele estava tentando fazer? O persuadir com a sua presença diabólica? Mas que cara chato! Jimin só não queria ter que olhar para aquela cara do moreno e ter a recordação da sua recaída justamente quando estava casado com uma mulher!
— Ah, amor, JeiJei resolveu ficar para um filme! — A morena bateu palminhas, se acomodando intimamente ao corpo largado do outro em seu sofá! Mas que moleque folgado!
O Park apenas fez biquinho, resolvendo se acomodar solitário em sua poltrona de vovô, recebendo os olhos atentos dos outros dois sobre si. Aigoo, eles eram como dois elefantes, e dois elefantes incomodam demais.
— Espero que não se importe, Park, sabe
...— Estalou a língua no céu da boca, o olhando puramente em ultraje. O loiro sentia que o que aconteceu há uma semana atrás era usado pelo mais alto como uma carta na manga para provocar o menor, e ridiculamente aquilo dava um sentimento de desaprovação no Park imenso. — Sua casa é tão acolhedora. — Finalizou com desdém, unicamente trazendo uma revolta no Park.
Aquele garoto estava testando sua paciência.
— Nha, JeiJei, você é sempre tão gentil.— A morena fora super melosa com aquele protótipo de diabinho, inconscientemente sua ação de colar seu rosto ao dele trazendo uma sensação de desconforto no peito do mais baixo.
— Yah, Na, não faça assim…— Jeongguk abraçou a menor, embora seus mirantes repousassem nos olhos do outro, tomando o âmago do Park num misto de ansiedade alternado com uma sensação confusa e profunda. O que aquele moreno estava fazendo consigo? — Seu marido pode ficar com ciúmes. — Suas palavras saíam de um modo tão calculadamente arrastadas de sua boca, que Jimin sabia que sua intenção era foder consigo.
Ambos sabiam que aquilo tudo era uma farsa e mesmo dando a ideia de manter tudo em segredo, Jeongguk de fato não entendia porque estava tendo tais atitudes. Suas provocações disfarçadas eram impensáveis, apenas sentia vontade de ver a confusão e receio pairar no olhar do loirinho.
— Claro que eu não sinto ciúmes nenhum. Não se preocupe. — Falou manso, quando queria rugir enraivecido para o outro. Sua presença ali estava unicamente mexendo com os seus hormônios. — Pode ir colocando o filme, irei fazer a pipoca. — Deu a deixa, a ponto de explodir.
Não entendia porque aquele Gogo boy estava mexendo tanto consigo mesmo após alguns dias tendo se passado. Não deveria se sentir confuso, sedento, por algo que nem poderia ter. Jeon nem estava tentando o tirar do sério, certo? Deveria saber que estava vendo coisas demais onde nem deveria. Se acreditava que aquele beijo se sucedeu apenas por conta do dinheiro, então para que tanto estresse e tensão? Era unicamente ele mesmo que estava se pondo naquele poço de paranoias. Jeongguk nem deveria se importar se ele era casado com uma mulher e beijou outro homem, afinal era normal para muitos por aí, certo? Certo! Fora apenas um deslize. Jimin lidaria com isso caso não voltasse a ceder novamente, como prometeu a si mesmo.
O milho estourando dentro da panela ressoava pela cozinha, simultaneamente com o olhar pesado do Park que encarava o fogão com fastio. Os braços dobrados e o pé ansioso batendo contra o piso deixava claro o quanto ele queria sair dali. Ou melhor, queria que Jeongguk saísse dali, porque a presença do mesmo fazia com que Jimin se sentisse incomodado, era óbvio. A cada pipoca estourada, mais um lapso de lembrança sobre a noite que passara com seus amigos vinha em sua mente. Caramba, como Jimin amaldiçoava aquele homem desgraçado!
Quando um bufar inconformado saiu por entre os lábios carnudos, o loiro sentiu um corpo relativamente maior que o seu abraçar-lhe por trás, apertando seu corpo contra o peitoral alheio. O menor se surpreendeu com a aproximação repentina e desconhecida, a qual o causou arrepios dos pés a cabeça, como se fizesse com que ele sentisse cada pêlo eriçado do seu corpo se levantar ao mesmo tempo em que os dedos longos subiam pelos braços em um carinho nada inocente. Jimin olhou por cima do ombro, percebendo que se tratava de Jeongguk atrás de si. Ele realmente quis perguntar do que aquilo se tratava, mas assim que iria abriu a boca para falar algo, foi interrompido pelo toque macio dos lábios do outro em seu lóbulo.
Perto demais. Jeongguk estava perto demais para o gosto de Jimin. Como poderia aguentar toda aquela aproximação? O arfar que saiu dos seus lábios, proveniente do beijinho deixado ali na orelha, o fez franzir o cenho e fechar os olhos, se repreendendo por não ter conseguido se segurar.
— Somin pegou no sono, e eu não consegui me conter, tive que vir aqui. — O maior disse, pertinho do ouvido do outro, que subiu o ombro tentando coçar a orelha sem as mãos, pois os arrepios continuavam em sua pele, e ter a respiração abafada de Jeongguk naquela região só piorava a situação. Que reações eram aquelas que o loiro tinha por causa de ações tão pequenas?
A terceira Lei de Newton de ação e reação nunca havia feito tanto sentido como estava fazendo naquele momento. Jimin girou os calcanhares, não ligando muito para a pipoca que ainda não estava pronta, e ficou frente a frente com Jeongguk, que o olhava seriamente.
— Sério, o que você quer? Que ideia foi essa de ficar aqui? — Questionou de forma convicta, por mais que seu corpo dissesse o contrário perante as mãos grandes que desceram para a sua cintura e pararam ali.
— Bem, nós dois sabemos que tem alguma coisa errada acontecendo por aqui. Você mexeu comigo naquela noite e, hoje, eu descubro que você é o cara que casou com a minha amiga? O mundo é tão pequeno, não é, Jimin? — O Jeon inclinou a cabeça para o lado e levantou uma de suas sobrancelhas bem marcadas, adquirindo um tom sarcástico para com a sua voz.
Naquele momento, o moreno não sabia dizer se estava respondendo pelos seus próprio atos, porque o homem à sua frente era o esposo da sua amiga e, caralho, mesmo assim ele sentia uma vontade surreal de beijá-lo outra vez. E, por mais que estivesse com o pensamento de que ele era com quem Somin havia se casado, a sua cabeça não parava de processar o gosto que sentiu quando tinha o beijado naquela noite. Aliás, o que Jimin fazia em uma boate gay?
Não precisou de muito para Jeongguk perceber assim que apertou a cintura do outro, puxando o corpo para que ele pudesse ficar mais perto do seu. A aproximação foi realizada com êxito, e a consequência viera quando Jimin precisou segurar forte na camisa do maior, procurando apoio. Jeongguk sabia. Jimin era um gay enrustido.
— Na… Nada de errado está acontecendo por aqui. — O loiro afirmou, como se tentasse se convencer de que isso realmente estava acontecendo. Ele apertou o tecido da blusa do outro entre os dedos, tentando conter as reações que o contato excessivo causava em seu corpo.
— Por que se nega a admitir que gosta disso? — Jeongguk aproximou seu rosto, deixando um selinho no canto da boca cheinha de Jimin. O moreno se segurava em proporções absurdas para que não fosse agressivo demais e tomasse os lábios do outro com afinco. Caralho, Jeongguk havia passado a gostar muito deles. Eram rosinhas, macios e carnudos. Eram maravilhosos demais para serem desperdiçados naquela ocasião. — Podemos repetir o que fizemos naquela noite, uh?
O loiro tremeu na base quando ouviu aquele questionamento fantasiado de afirmação, porque ele sabia o que iria acontecer já que os beijinhos que Jeongguk tinha começado a dar em seu rosto haviam o convencido disto. Os estalos fraquinhos dos beijos em seu rosto eram divididos para seu nariz, testa e bochecha. Enquanto os ouvia indo e voltando, indicando mais outro e mais outro beijinho, Jimin ficava com seus olhos fechados, mantendo o controle e sem nenhum sinal de desistência perante a situação. Quando os estalos cessaram, o Park abriu seus olhos e tratou de não tirá-los de encontro com os semelhantes do maior. O desejo de Jeongguk aumentava conforme Jimin mexia em seus lábios, ora para umedecê-los e ora para mordê-los para se livrar do nervosismo. Logo, os olhares intensos não cessaram e o moreno se surpreendeu quando sentiu a gola da camisa apertar seu pescoço devido ao menor, que a segurou com afinco para aproximar Jeongguk o bastante até que os lábios se tocassem em um aperto inesperado.
O Jeon não se conteve, o aperto de suas mãos contra a cintura se tornava cada vez mais presente, assim como o gosto da boca de Jimin. O ósculo se prolongou quando o maior resolveu levar sua destra para a nuca do outro, aproximando ainda mais os corpos. Os lábios finos de Jeongguk se roçavam com os gordinhos de Jimin, simultaneamente com a falta de ar que aparecia aos poucos. O moreno pediu passagem para a sua língua e percebeu que a mesma fora cedida assim que sentira a semelhante enrolar a sua como se fosse uma presa. Jimin teve seu lábio puxado e chupado por Jeongguk, que sorriu contido por conta do beijo quando notou que o outro gemia arrastado e baixinho.
Separaram-se ofegantes ao perceberem que sem ar não dava mais. Se entreolharam em busca de respostas para o que havia acontecido, mas nenhuma fala e muito menos pensamento deu as caras naquele instante. O ritmo dos peitorais subindo e descendo era quase que sincronizado, fazendo com que o desviar de olhares fosse impossível.
— Isso é loucura. — Jimin segredou, com a voz entrecortada. Não conseguia acreditar que deixou aquilo acontecer quando sua mulher estava dormindo na sala. Se sentia sujo, porém não conseguiu se arrepender no momento.
Entretanto, quando um cheiro de queimado se tornou presente, Jimin se virou para o fogão alarmado, desligando o fogo e pegando um paninho para tirar a panela dali. Enquanto fazia, percebeu que os orbes do moreno não o largava nem por um segundo. Ao terminar, virou-se novamente para Jeongguk, observando que o mesmo anotava algo em um papel. Só Deus sabia onde ele havia arranjado uma caneta para aquilo. Mas quem se importava? A única coisa que realmente era de interesse para Jimin, eram os números de telefone que estavam naquela folha.
— Este é meu número. — Ergueu o papel em mãos, deixando que o Park o pegasse. — Eu tenho que ir agora, Jimin-ssi. — Proferiu, aproximando-se para deixar um último selinho no canto da boca do outro.
Os passos mansos em direção a porta cessaram assim que a mesma fora aberta pelo Park cuidadosamente para que Somin não acordasse e não inventasse qualquer outra loucura. O loiro imaginou por um momento se a morena convidaria o Jeon para dormir ali se pudesse e ficou receoso com a possibilidade. Seriam as probabilidades ruins de tudo dar errado multiplicadas em dobro.
— Quando vou poder te ver de novo? — Jimin perguntou, involuntariamente, apenas queria saber de verdade quando isso aconteceria.
— Quando quiser, anjo. — Sorriu simpático.
— Bem, até mais, senão fica tarde demais e eu não volto pra casa hoje. — Riu brincalhão com o tom sugestivo da sua frase.
Jimin balançou a cabeça e riu em conjunto, esperando que o outro sumisse da porta para que finalmente a fechasse. Céus, o que havia se passado renderia em muitas chacotas e surtos vindos de Taehyung e Seokjin, mas, o que podia fazer?
Ele podia aguentar Jeon Jeongguk, certo?
Olá, voltei!
De boa com vocês? Tô torcendo muito para que a resposta seja sim, amores.
Primeiro que eu tô muito feliz aos leitores que deram uma chance a CENPSG. Sério, fiquei muito alegre por isso. Por fim, espero que estejam gostando da fanfic.
Até quinta, bebês💜
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