O acampamento
No dia seguinte acordo mais cedo que o habitual, talvez por estar ansiosa pela atividade com Rick. Vou direto tomar banho, depois visto um vestido laranja sem mangas, prendo o cabelo fazendo um "rabo de cavalo". Quando chego à cozinha, minha mãe já está tomando café da manhã.
- Bom dia mãe. – cumprimento.
- Bom dia. – diz ela de forma ríspida.
Tomo café com um grande pedaço de pão. Ao terminar a refeição minha mãe pede que eu compre mais pó de café e um pedaço de bolo para o jantar, diz isso colocando uma quantia em dinheiro na mesa, a minha frente. Termino de comer e atendo o seu pedido.
Na volta, ao chegar em casa, minha mãe reclama que está sentindo dor nas costas, por isso vai repousar um pouco em nosso quarto. Depois de lavar a louça, preparo alguns sanduíches para levar a pescaria, encho duas garrafas com água potável, pois não tenho certeza quanto tempo permaneceremos no local. Vou ao quarto pegar uma mochila. Empurro a porta, Dona Grace está sentada na cama a ler um livro. Depois de um tempo procurando, consigo encontrar a empoeirada mochila que estava embaixo da minha cama, me encaminhou para a saída do quarto, mas decido voltar e sento ao lado da minha mãe.
- Me desculpa mãe, se falei ou fiz algo que te chateou, não foi minha intenção, só estava querendo viver minha vida. Afinal, finalmente sei o que é ter um amigo, uma pessoa pra confiar e conversar, você deveria estar feliz por isso. – desabafo. – Queria que soubesse que continuou amando você, não importa quantos amigos eu tenha.
Minha mãe tira os olhos do livro e se fixa em mim.
- Eu que te devo desculpas, fui totalmente estúpida e teimosa, não sei onde estava com a cabeça. – ela admite.
Fico surpresa com sua declaração. Abraço-lhe, e ela não demora a corresponder o gesto.
- Eu te amo muito minha filha. – diz ela.
- Então não há problema em eu ir pescar com Rick, não é? – pergunto.
- Pode ir. – diz ela sorrindo. – Mas tenha cuidado com aquele lago.
Muito feliz beijo sua bochecha, indo de volta à cozinha. Limpo a mochila, depois coloco os sanduíches e as garrafas d'água dentro dela.
Passando um pouco das oito horas Rick bate na porta.
- Está na hora de ir, você já está pronta? – indaga ele.
Meu amigo está vestindo uma camisa regata estampada e um short que passa do comprimento do seu joelho.
- Estou, só vou avisar minha mãe. – respondo.
Pego a mochila.
- Rick chegou mãe, estou indo. – grito da cozinha.
- Tá certo, só não volte muito tarde. – pede ela.
- Sua mãe e as preocupações de sempre. – diz ele enquanto saio de casa. – Pra que a mochila?
- Estou levando alguns sanduíches e água. – explico.
- Você sempre pensando em tudo. O que seria de nós homens se não fossem vocês mulheres para pensar nos detalhes. – ironiza ele.
Chegamos até a entrada do vilarejo.
- Annie, eu lhe apresento os caras mais legais do mundo, Edgar, Luke e Logan. – fala Rick.
Os meninos e eu nos cumprimentamos. Edgar é alto, moreno e têm olhos quase pretos, seu cabelo cacheado é tão maleável, que com um simples movimento cai sobre sua testa. Luke é loiro, têm olhos castanhos e corpo atlético, o que mais me chama atenção é o topete em seu cabelo, que não combina nada com ele. Logan é o mais baixo de todos, tem cabelo preto e olhos castanho-escuros. Os três aparentam tem entre dezesseis e dezoito anos.
Durante o caminho, eles e Rick brincam e fazem piadas uns com os outros. No lago, antes de arrumarmos as varas de pesca, meu amigo tem uma ideia.
- O que vocês acham de nadarmos nesse maravilhoso lago antes de começarmos o trabalho? – sugere ele.
- Mas o pessoal do vilarejo está aguardando por esses peixes. – expõe Logan.
- Alguns minutinhos de diversão não vão matar ninguém de fome. Eu topo! – Luke desdenha.
- É uma boa ideia mesmo. – afirma Edgar.
- Não estou com roupa de banho. – justifico.
- Por que não trouxe, ia ser tão legal ver você de biquíni. – Luke lamenta ironicamente.
Finjo não escutar o comentário machista.
- Ei, mais respeito com minha convidada. – reclama Rick. – E você Logan?
- Eu dispenso. – diz o garoto.
Os três tiram as camisas, jogando-as na grama. Seus corpos malhados chamam a atenção, mas com certeza Rick é o mais bem preparado entre eles, seus músculos ficam bem desenhados pela cor morena da sua pele. Enquanto meu amigo se alonga percebo uma pequena cicatriz em seu abdômen.
Rick se direciona a encosta do lago.
- O que você vai fazer? – indaga Edgar.
- Só observe. – diz ele.
Meu amigo corre pela encosta até que não o vemos mais.
- Pessoal! – grita ele.
Olhamos ao redor até que localizamos Rick na parte mais alta da encosta, só há água embaixo dela.
- Ele vai se machucar. – digo prevendo o que irá acontecer.
O garoto acena para nós e depois dá um mortal, mergulhando perfeitamente na água. Edgar e Luke vibram animados.
- Esse cara é louco. – diz Edgar admirado.
Rick nada ao nosso encontro.
- O lago é fundo mesmo. – ressalta ele. – O que estão esperando, a água está ótima!
Os dois que estão de pé na grama se juntam a seu amigo. Logan e eu sentamos perto da água, observando-os.
- Como vocês conheceram Rick? – questiono.
- Foi em um dos conselhos de segurança, logo quando ele chegou ao vilarejo. – conta Logan.
Depois de algum tempo e de trocar poucas palavras com o garoto ao meu lado, os meninos saem da água.
- Já cansaram? – pergunto.
- Viemos chamar nosso amigo pela última vez para se juntar a nós. – diz Edgar.
- Sem chance, eu não estou a fim de nadar hoje. – Logan responde.
- Temíamos por essa resposta. – Luke fala com um sorriso maldoso.
De repente os garotos agarram as pernas e os braços de Logan, erguem-no e levam em direção ao lago.
- Por favor, não façam isso! – grita o garoto.
Rick, Luke e Edgar balançam o amigo e o soltam na água. Todos dão risada. A cena é tão engraça que quase não consigo conter o riso. Logan sai da água agitado e reclamando.
- Nós demos a chance para você fazer a escolha certa. – diz Luke entre gargalhadas.
- Brincadeira de muito mau gosto. – fala Logan chateado vindo em direção a mim.
Ele tira a blusa e a torce, retirando o excesso de água. Vejo que os garotos já estão voltando para o lago, chamo a atenção deles.
- É melhor começarmos o trabalho agora, depois vocês podem nadar o dia todo. – sugiro.
- Annie tem razão. – diz Rick.
Os três voltam a grama, vestem a camisa e montamos as varas de pescar, com exceção de Logan que está torcendo as barras de sua calça encharcada. Alguns minutos depois o primeiro peixe é pego, Rick faz questão que eu o puxe, para isso ele me ensina rapidamente o que fazer. Começo a trazer o animal e quase o perco, mas Rick consegue captura-lo.
- Parabéns, como principiante, você até que não se saiu mal. – elogia ele.
- Modéstia sua, fui péssima. – admito.
Depositamos o futuro alimento em um dos baldes que os amigos de Rick trouxeram. Passa-se mais de uma hora e nenhum outro peixe aparece. Nesse meio tempo comemos todos os sanduíches.
- Vamos voltar ao vilarejo, os peixes resolveram sumir hoje. – diz Edgar entediado.
- Se voltarmos sem os peixes eles nos matam, temos que esperar. – Rick responde.
- Conheço um lugar onde há fartura de peixes, eu e meu pai costumávamos pescar lá. – conta Luke.
- É muito longe daqui? – Rick indaga.
- Se localiza nos arredores de Clivintown. – fala o garoto loiro.
- Mas a cidade não está cheia de soldados da capital? – questiona Logan preocupado.
- Eu conheço um atalho, chegaremos mais rápido e nem passaremos perto da cidade. – Luke explica. – Além disso, o lugar fica a muitos metros de Clivintown, os soldados nem notarão nossa presença.
- Mesmo assim ainda acho muito arriscado. – diz Edgar.
- Parem de ser tão medrosos, já falei que estaremos em segurança, vocês querem os peixes ou não? – Luke confronta.
Fazemos uma votação e todos topam ir, menos Logan.
- Vamos Logan, será rápido. – encoraja Rick.
- Alguma coisa ruim pode acontecer, não estou muito confiante. – Logan diz amedrontado.
- Para de choramingar e vamos logo. – diz Luke se levantando.
- O.k., eu vou. – seu amigo concorda.
Pegamos os baldes, minha mochila e seguimos o amigo de Rick. Após mais ou menos meia hora de caminhada chegamos ao local desejado, um rio caudaloso metros a baixo do nosso antigo lar. Preparamos as varas de pesca, minutos depois os peixes já começaram a vir. Depois de aproximadamente quarenta minutos já tinhamos enchido todos os sete baldes com peixes médios e grandes.
- Foi realmente uma ótima ideia. – fala Edgar.
- Eu sou o rei das boas ideias. – Luke se gaba.
- Já são dez horas, daqui a pouco começa nosso turno de guardas, é melhor voltarmos agora. – Rick chama a atenção.
Pegamos tudo e seguimos o caminho pelo qual chegamos. Com pouco tempo de caminhada ouvimos barulhos, parecem pessoas conversando, corremos e nos escondemos atrás de um arbusto.
Algum tempo depois, três rebeldes se aproximam, estão fortemente armados com metralhadoras, o que me chama a atenção é a bandagem amarela em um de seus antebraços, ela tem o símbolo de duas cobras entrelaçadas, que terminam com as cabeças viradas para lados opostos, talvez um modo mais fácil de identificar as milícias. De qualquer forma isso mostra que os rebeldes ainda estão bem organizados e preparados para qualquer coisa que a capital faça contra eles.
- Eles são muito corajosos, a cidade com dezenas de soldados está a poucos metros daqui. – fala Rick em tom baixo.
- O que faremos agora? – sussurro.
- Podemos enfrentá-los, tenho certeza que damos conta. – sugere Luke.
- Você está louco! Eles estão armados, muito bem armados. – Edgar trata por descartar a ideia do amigo.
Os rebeldes continuam sua caminhada e passam por nós sem nos detectar.
- Eu acho melhor voltarmos ao rio e dar a volta até o caminho de casa. – diz Rick
Luke é o único a se opor a meu amigo, mas pela necessidade do momento acaba acatando a ideia. Voltamos devagar até nosso ponto de partida.
- Será um caminho mais longo, mas pelo menos chegaremos vivos em casa. – completa ele.
Com alguns minutos de caminhada pela margem do rio já respirávamos aliviados.
- Todos vocês, parem agora e ponham as mãos na cabeça. – diz uma voz masculina atrás de nós.
Fazemos o ordenado. Ouso olhar para trás, dois homens vem ao nosso encontro, apesar de serem rebeldes, não são os mesmos que vimos minutos atrás.
- Virem-se devagar e se identifiquem. – manda um deles.
Obedecemos mais uma vez. Silêncio se segue.
- E então, de onde vocês vieram? – fala brutalmente o homem negro e careca.
- Nós somos de um acampamento rebelde próximo. – Luke fala sem pensar.
Miramos o garoto, tentando entender o que ele está a fazer. O homem negro olha nossos baldes cheios de peixes.
- Aqui não é um local seguro pra vocês que estão desarmados. – avisa ele.
- Por isso já estávamos indo embora. – justifica Luke.
- Onde estão os seus braceletes de identificação? – pergunta o homem ruivo de olhos verdes ao lado.
- Eles... Eles... – O garoto loiro demonstra-se pensativo. - O que você perguntou mesmo?
- Aonde estão os seus braceletes? – o homem diz impaciente.
Antes que o amigo de Rick pudesse falar, ouvimos tiros.
- Merda, são os soldados da capital. - deduz o rapaz moreno. – Chame reforços Nathan!
- Sim senhor! – diz o homem ruivo enquanto pega o rádio comunicador em seu cinto. – Temos um 087 aqui, mandem reforços agora, repito, mandem reforços agora.
- Temos que atravessar o rio. – O rebelde chefe fala olhando para nós. – Ali, usem aquelas rochas.
Passamos um por um, com cuidado e o mais rápido que conseguimos. Chegando em terra firme, seguimos os homens até onde eles afirmaram ser um de seus acampamentos rotativos, ou seja, que muda de lugar a todo momento. O mesmo é formado por quatro tendas médias. Somos colocados em uma delas.
- Não saiam daqui até que venhamos buscar vocês. – manda o homem moreno, chamado Morgan.
Balançamos a cabeça em afirmativa. Morgan sai. Logo após podemos ouvir os dois falando do lado de fora.
- Eu avisei que ir para o outro lado era muito perigoso, mas ninguém me ouviu. – Morgan fala irritado.
- Se a base souber disso não será nada bom. – diz Nathan.
- Se a base souber, vou preferir estar morto, pois o que eles farão com nós não será nada bonito. – completa Morgan
Ouvimos passos se afastando, Edgar levanta e olha pela pequena fresta na entrada da tenda.
- Eles se foram. – informa ele.
- Como sairemos daqui? Quando eles voltarem, vamos acabar mortos. – diz Logan com medo.
- Por que não perguntamos ao "Rei das ideias", afinal foi ele quem nos colocou nessa enrascada. – aponta Rick chateado.
- Eu salvei nossas vidas minutos atrás. – expõe Luke. – Por que você não teve uma ideia melhor?
- Melhor não ter nenhuma ideia, do que uma ideia idiota. – acusa Rick.
- Eu não teria que ter nenhuma ideia, se a gente não seguisse seu plano furado. - Luke altera o tom de voz.
- Talvez fosse melhor seguir o seu plano e sermos fuzilados. – diz meu amigo irritado.
Logan e eu nos olhamos, como se perguntássemos um para o outro quem iria intervir, mas sabíamos que nenhum tinha essa coragem.
- Parem vocês dois com essa idiotice, temos que nos concentrar em achar um meio de voltar para casa. – reclama Edgar.
- Você tem alguma sugestão? – pergunto.
- Na verdade eu tenho. – ele responde.
Edgar levanta e vai até a entrada da tenda, abre um pequeno espaço, suficiente para colocar a cabeça, depois de alguns segundos volta.
- Só vejo um guarda lá fora, talvez consigamos distraí-lo e sair daqui antes que os reforços cheguem. – conta ele.
- A questão agora é, quem servirá de isca? – questiona Luke.
Ninguém se voluntaria.
- Vamos decidir na sorte. – responde Edgar.
O amigo de Rick olha em volta, pega cinco palitos de madeira, quebra um ao meio, coloca-os numa caixa e a fecha.
- Quem pegar o palito quebrado vai ser a isca. – Edgar explica.
Um por vez, todos pegam um palito, quem dá azar é Logan.
- Eu não vou. – diz ele desapontado com o resultado. - E se ele atirar quando me vir?
- Você vai até ele e fala que está com sede ou algo do tipo, quando for o momento certo você assobia, nós surpreendemos o rebelde por trás e o desacordamos, depois fugimos. – Rick monta o esquema.
Após alguma insistência, Logan sai da tenda. Esperamos pouco tempo até que o sinal seja dado. Saímos do local devagar, vamos para trás da tenda seguinte, vejo mais a frente Logan nervoso, tentando manter contato com o rebelde, o qual aparenta ter no máximo vinte e cinco anos e está de costas para nós. Rick nos reúne.
- Não saiam daqui, vou cuidar do guarda. – fala ele.
Meu amigo continua a andar, mas de repente é surpreendido por outro rebelde que lhe ameaça com o fuzil, fico com medo que aconteça algo de ruim.
- Calma, só estou tentando voltar para casa. – diz Rick.
De repente Edgar levanta, saindo do nosso esconderijo.
- Avante a capital! – grita ele.
O rebelde aponta a arma na direção do garoto. Rick aproveita a distração, agarra sua arma, lhe golpeia na barriga duas vezes, fazendo com que a solte e com ela em mãos disfere uma coronhada na cabeça do homem que cai desmaiado.
Ouvimos passos se aproximando, com certeza há mais rebeldes no local. Três homens aparecem poucos metros a frente, demoram um pouco para entender a situação, mas logo sacam seus fuzis. Edgar abaixa imediatamente.
- Essa barreira não vai aguentar muito tempo, temos que sair daqui. – Luke deduz.
- Mas Rick ainda está lá, não podemos deixa-lo. – enfatizo enquanto os guardas atiram em nossa direção.
- Ele já mostrou que sabe se cuidar muito bem sozinho. – fala Luke de forma egoísta.
O tiroteio para misteriosamente, ficamos calados. Quando penso em Rick, só o pior me vem à cabeça, nesse momento ouvimos alguém se aproximando, estamos oficialmente mortos, com certeza é um rebelde e não temos nada para nos defender. Luke olha em volta e pega uma pedra que está próxima, não imagino o tamanho da idiotice que irá fazer.
A pessoa vem à passos cuidadosos, Luke se prepara para o que for que estiver planejando, mas temos uma surpresa, é Rick, que continua a carregar o fuzil. Seguro Luke antes que faça alguma besteira e abraço meu amigo.
- Estou tão feliz por você ainda estar vivo. – digo.
- Eu também. – ironiza ele.
- Você quase nos matou de susto cara, pensávamos que era um rebelde. – reclama Luke.
Olhamos para frente e avistamos os corpos dos homens, Rick matou todos.
- Quando você disse que sabia atirar não pensei que era tão bom. – fala Edgar boquiaberto.
Ouvimos vozes que nos procuram, nesse instante me lembro de Logan, pobre garoto, em meio ao perigo eminente acabamos o abandonando, não consigo imaginar as coisas terríveis que os rebeldes estão fazendo com ele, isso se não estiver morto. Sinto-me péssima por ter concordado com esse plano, que o colocou em sério perigo. Rick toma a dianteira.
- O que você vai fazer? – pergunto.
- Vou me preparar para quando mais rebeldes chegarem. – Rick diz, depois abre uma fresta entre duas caixas de metal que fazem parte da barricada montada logo ao lado e coloca o cano da arma nela. – Temos que resgatar nosso amigo.
Mais rebeldes chegam. Edgar, Luke e eu nos agachamos rapidamente atrás da barreira. Meu amigo começa a atirar e os nossos inimigos revidam, vejo por uma abertura próxima a mim que de um em um, cada rebelde é abatido, Rick de forma impressionante consegue rapidamente diminuir nossa desvantagem.
- Parem de atirar e se rendam. – manda uma voz masculina, a qual reconheço.
Nosso atirador de repente para.
- Eles estão fazendo Logan de refém. – conta ele chateado.
Olho pela abertura e lá está nosso amigo, um rebelde o segura pelo pescoço.
- Se vocês não se renderem agora, mataremos o garoto. – o rebelde ameaça.
Os meninos e eu nos olhamos apreensivos, buscando uma resposta.
- Temos que nos render. – afirma Edgar.
Todos concordam balançando a cabeça. Levantamos devagar, Rick joga a arma para o lado.
- Pronto, já tem o que querem, agora devolva nosso amigo! – grita Rick.
O rebelde empurra Logan com a arma, ordenando que se junte a nós. O garoto vem caminhando e balbucia a palavra "desculpa", de repente os rebeldes abrem fogo e ele é metralhado pelas costas.
Meus olhos ficam encharcados enquanto vejo seu corpo cair ao chão, e em pouco tempo uma poça de sangue surge, ainda com os olhos sobre Logan sinto as mãos de Rick me empurrando ao chão, o que se torna uma tarefa muito fácil, pois estou imóvel e não consigo lutar contra uma ação que em algum momento iria acontecer.
Bato a cabeça com força, sinto o corpo de Rick sobre o meu. Leva algum tempo para que eu volte a realidade, tiros estão sendo deflagrados contra nós e meu amigo está a me proteger, ele fala alguma coisa, mas não entendo, sua boca para mim parece se mover em câmera lenta, outro sintoma do estado de choque em que me encontro, entre eles estão, não conseguir me mexer e enxergar o mundo ao meu redor dando voltas.
A cada segundo os tiros parecem estar mais longe, Rick agora se põe de costas para mim, parece que conseguiu recuperar o fuzil.
- Fique comigo Annie. – grita ele preocupado.
As coisas a seguir passam como flashes pela minha memória, Meu amigo dando tapinhas em meu rosto, depois me carregando. Luke e Edgar correndo. Edgar com a mão pressionada contra a barriga. De repente tudo escurece e desmaio.
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