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A verdadeira história

Adentramos a humilde residência, o garoto cumprimenta todos na casa, Norman me apresenta sua esposa Chloe e seus três filhos Holly, Dylan e Charlie. Chloe é bonita, apesar de aparentar mais idade do que tem, ela possui pele clara, cabelo e olhos castanhos; Holly é a irmã mais velha, ela tem doze anos, sua beleza é acentuada por seu longo cabelo castanho e os olhos cor de mel; Dylan tem seis anos, seu cabelo é castanho-claro, em um tom quase loiro, os olhos se assemelham aos da mãe; Charlie é o irmão mais novo e tem apenas nove meses de vida.

Sentamos no sofá.

- Então, o que o trás de volta Rick? – pergunta o homem.

- Viemos buscar uma coisa que meu tio deixou aqui. – explica ele.

- É típico de Willian esquecer as coisas. – brinca Norman. – Deve ser algo importante para virem até aqui nessa loucura que estamos vivendo.

- Muito. – digo.

Chloe traz xícaras de café em uma bandeja, suas mãos estão trêmulas.

- Me desculpem, é um efeito colateral do remédio para estresse. – fala ela.

- Desde quando você toma remédios? – indaga Rick. – A última vez que te vi, estava em ótimo estado.

A mulher se mostra pensativa.

- Depois que Belmore foi invadida ela, acabou desenvolvendo um trauma. – intervém o marido.

Chloe concorda.

- Hoje em dia as coisas não estão fáceis para ninguém, desejo que você fique boa logo. – meu namorado explana.

Ela agradece e se retira, mas antes, me encara com olhar triste.

- O que você e sua família estão fazendo em Belmore? – pergunta ele. – Não tem medo das dezenas de soldados da capital nas redondezas?

- Depois do ataque rebelde, alguns dos sobreviventes fugiram em direção ao desconhecido, ou seja, foram para o mais longe possível e nunca voltaram. Chloe, eu e as crianças ficamos próximos a cidade e quando as coisas se acalmaram, voltamos a nossa casa. – explica o homem. – Viver aqui não é tão difícil quanto parece, somente uma vez por semana os soldados patrulham a cidade, basta ficar sempre atento.

Ele faz uma pausa, mudando de assunto.

- Pelo seu rosto vejo que vocês se meteram em algumas brigas pelo caminho. – Norman observa.

- Você nem imagina o que a gente passou para chegar aqui. – ele fala.

Rick e eu fazemos um resumo dos nossos dias de viagem, ocultando a parte das criaturas. Isso leva a outra conversa, onde meu namorado relembra o passado. O homem não acrescenta nada, só ouvi e dá risada das histórias engraçadas.

Norman diz que é melhor esperar escurecer para sairmos à procura do objeto, por questão de segurança. Acatamos a ideia.

Por volta das seis e meia da tarde, Rick convida o patriarca da casa para caçar, uma forma de relembrar os velhos tempos, o mesmo não parece confortável com a ideia, mas aceita.

- Mas não é perigoso? – questiono.

- Esse garoto e eu já temos bastante prática quando se trata de situações perigosas. – diz Norman rindo.

Meu namorado sorri.

- Você esqueceu que está machucado? – digo em direção a ele.

- Prometo não fazer muito esforço. – Rick tenta me tranquilizar.

- Chlöe, onde está meu facão de caça? – pergunta o homem.

- Dentro do armário, no nosso quarto. – ela grita da cozinha.

Norman vai buscá-lo. O garoto me dá um beijo de despedida e os dois deixam a casa em seguida.

Levo as xícaras até a cozinha. A mulher está de costas, lavando a louça. Ao me aproximar, posso ouvir o seu choro.

- Aconteceu alguma coisa? – indago.

Ela se assusta, enxugando as lágrimas imediatamente.

- Não se preocupe, estou bem. – diz ela, mas não sinto firmeza em suas palavras.

Disfarço minha estranheza perante a situação, porque toda essa tristeza?

Volto à sala. Fico sentada por cerca de meia hora, sem fazer nada, até que Dylan vem ao meu encontro. Ele tem um carrinho vermelho na mão, o qual estende para mim, pego o brinquedo e aceito seu convite. Holly está cuidando do irmãozinho no quarto.

Sentamos no chão. O garoto bate seu carrinho verde contra o meu e contra a parede, fazendo sons de colisões e explosões, apenas observo a fofura que é aquele momento. Tento conversar com ele, mas o mesmo não me responde.

- O papai não é o papai. – fala repentinamente.

- O que você disse? – pergunto.

- O papai não é o papai. – o menino ainda se mantém focado nos carrinhos.

Holly surge nesse momento e pega o garoto.

- Hora de tomar banho Dylan. – diz ela. – Com licença Annie.

Os deixo ir, o que será que ele quis dizer com aquela frase? Sinto que não é boa coisa.

Pouco tempo depois Rick e seu amigo voltam.

- Não conseguimos nada. – informa meu namorado decepcionado.

- Sorte nossa que Chlöe fez sopa mais cedo. – o homem diz, indo em direção ao quarto.

- Tem alguma coisa acontecendo. – sussurro.

- Eu também acho. – Rick fala em voz baixa. – Norman agiu de forma muito estranha quando caçamos, até parece que não sabia o que estava fazendo.

- Dylan afirmou que ele não é quem mostra ser. – completo. – Além disso, todos estão agindo de forma parecida.

- Será que é uma daquelas criaturas? – pergunta ele um pouco assustado.

- Não quero ficar para descobrir, vamos pegar o que viemos buscar e depois partimos. – digo.

Ele concorda.

- Vocês vão querer jantar agora? – Norman nos surpreende.

- Na verdade vamos logo até a casa do meu tio, depois jantamos. – o garoto expõe.

Meu namorado toma seus remédios e pegamos os pertences.

- Podem deixar as coisas aqui. – o dono da casa sugere.

- É melhor levar, não sabemos o que pode acontecer. – ele explica.

O amigo de Rick assente e saímos.

Com muita cautela chegamos à casa de Willian. Por fora ela está intacta, mas ao adentrar, vemos que parte do telhado desabou. A residência é duas vezes maior que a minha, a pilha de matérias de construção impede que eu visualize melhor a sala de estar. Começamos a procurar. O sentimento de nostalgia está estampado no rosto do meu namorado. Ele mostra seu quarto, um local bem aconchegante. No cômodo há uma cama de solteiro, um guarda-roupa, uma escrivaninha e dois pôsteres da seleção inglesa de futebol.

- Não sabia que você gostava de futebol. – falo.

- É uma paixão antiga. – responde ele.

De repente sinto uma vibração no ar, ela me leva até a cozinha, mais especificamente até o local onde a mesa está. Afastamos o móvel. Rick olha cuidadosamente.

- Tem certeza que é aqui? – ele questiona.

Balanço a cabeça confirmando. Meu namorado agacha e bate nas cerâmicas, detectando algo incomum. Depois de retirar as peças com facilidade, nos deparamos com um grande bloco de cimento, o qual está claramente delimitado.

- Parece uma passagem secreta. – deduzo.

O garoto se esforça para remover o bloco de várias maneiras, mas não consegue.

- Me deixe tentar. – peço.

- Você não tem força para movê-lo, Annie. – diz ele.

- Usarei uma coisa melhor que força bruta. – justifico.

A meu pedido, ele se afasta. Respiro fundo, fecho os olhos e imagino o cimento flutuando. Depois de alguns segundos posso ouvi-lo se mexendo, me concentro o máximo que posso, abro os olhos e percebo que está funcionando, o bloco já esta quase totalmente fora do lugar.

- Annie, isso está lhe fazendo mal. – ele fala preocupado.

- Só mais um pouco. – a cada instante o objeto sobe mais.

- Seu nariz está sangrando, pare agora! – manda ele.

Da mesma forma que começou, meu poder some. O bloco cai violentamente no chão e meu namorado me ampara.

- Você está bem? – indaga ele.

- Sim. – limpo o sangue em meu rosto. – Nem acredito no que acabei de fazer.

- Tudo isso é muito bom, mas você não pode se forçar desse jeito. – ele declara.

Percebemos que o bloco foi retirado do encaixe e movido um pouco para a direita, Rick termina de tira-lo do nosso caminho. Só o que vemos é um buraco escuro sob o piso. Encontramos uma lanterna no armário da cozinha e descemos ao subterrâneo.

O local não passa de um cômodo vazio, suas paredes de pedra acumulam umidade e teias de aranha, mas a vibração aumentou muito desde que cheguei aqui.

- Porque meu tio teria um lugar desses no subsolo da casa? – Rick parece confuso.

- Talvez quisesse esconder algo. – deduzo.

Procuramos por alguma coisa diferente nas dependências, mas não temos sucesso.

- Não há nada aqui. – fala ele frustrado.

- Esse lugar existe por algum motivo, continue procurando. – digo tentando nos motivar.

Toco na parte central da parede ao fundo e os blocos começam a se mexer, formando uma figura em alto relevo. As pedras mudam de cor e de repente uma espada surge. O objeto tem uma base dourada e bem detalhada, o que me chama a atenção é o símbolo de uma flor-de-lis envolta por duas asas no final da lâmina. Quando toco a arma, não sinto mais meu corpo e tudo fica escuro.

Minha consciência volta, não me encontro no cômodo da casa de Willian, estou em um grande salão. O recinto tem muita coisa da arquitetura romana, pilares sustentam o local; o teto é formado por milhares de estrelas, que parecem se mover; vejo o símbolo presente na espada por todo lado, estampado em persianas e em cadeiras de pedras. Quando me mexo, vejo que meus pés não tocam o chão, estou flutuando como um fantasma. Percorro o ambiente admirando as pinturas nas paredes, elas retratam homens vestindo armaduras douradas, os quais impunham espadas idênticas a que toquei. O que se destaca é o fato de que em todas as imagens, os indivíduos possuem asas, majestosas e voluptuosas asas.

De repente doze homens adentram o salão, avisto meu pai entre eles e uma versão mais jovem de Willian. Todos se sentam nas cadeiras de pedra e conversam entre si, tenho certeza de que não me veem.

Aproximo-me de Frederick, ele é mais bonito pessoalmente do que por fotos. Toco seu cabelo preto e seu rosto, não consigo exprimir a extrema felicidade que sinto por finalmente conhecer meu pai.

Um senhor que aparenta ter setenta anos aparece e se senta na cadeira central, ele veste uma camisa branca de mangas curtas e calça bege, os demais homens estão vestindo uma camisa cinza de mangas longas e calça larga de tecido preto.

- Desculpem interromper o treinamento, mas é por uma causa nobre. – começa ele. – Declaro aberta mais uma seção extraordinária dos Lordes da Order.

Todos se calam imediatamente, também ouço com atenção.

- Como vocês sabem, esse é o meu último ano como líder da nossa irmandade, não me sinto apto para continuar nesse posto, pois a idade está cobrando de mim a cada dia mais. – diz o senhor. – Hoje irei nomear quem será o meu sucessor, aquele que se destaca dentre os demais e que apresenta um senso nato de liderança.

Ninguém esconde a ansiedade.

- Tenho o prazer de informar que quem estará à frente dos Lordes da Order será Frederick Woods. – explana ele.

Meu pai fica completamente surpreso, os outros aplaudem e comemoram, exceto um homem ruivo de olhos verdes, que se levanta.

- Peço a revogação da determinação mestre. – ele diz.

- O assunto não está em discussão Tyler, eu já tomei minha decisão. – afirma o senhor.

- Mas isso é injusto, eu estou aqui há muito mais tempo que ele e o senhor sabe que tenho maior potencial para realizar magia. – justifica.

- O que te falta é alto-controle, veja a confusão que está fazendo nesse momento. – o líder ressalta.

- Estou cansado desse circo! – Tyler grita. - Eu me esforcei por anos para impressiona-lo, e só recebo ofensas em troca. O senhor sempre recorria a mim quando precisava de algo, era seu "braço direito", agora quer que eu aceite essa estúpida decisão? Desculpe mas me recuso a participar disso.

- Tyler, você é o mais poderoso entre nós, mas é necessário ter outros tipos de qualidades para ser um líder. – explica Frederick.

- Cale a merda da sua boca. Algum dia sua máscara de "bom menino" vai cair e todos verão o erro que cometeram ao confiar em você. – acusa ele.

O homem de cabelo ruivo deixa o salão irritado. Meu pai parece não se importar com as ofensas.

- Andrew, queria falar algumas palavras aos meus colegas. – Frederick pede.

- Fique a vontade. – responde o senhor.

- O fato de eu ser escolhido como o líder desse grupo, com certeza tem alguma ligação com o que acontecerá mais para frente. Espero ter toda a sabedoria para guia-los e tomar as decisões certas. – ele fala em voz alta. – Pois como arcanjo, um dia jurei fazer de tudo para proteger os seres humanos, e pretendo cumprir essa promessa até o dia da minha morte.

O final de sua fala é seguido por mais palmas. Sinto um enorme orgulho por ser filha desse homem. De repente sinto uma ventania, minha visão fica embaçada e tudo ao meu redor muda.

Estou em um quarto espaçoso que possui uma pequena varanda, Frederick e Willian adentram o cômodo, o primeiro senta-se na cama e o outro a sua frente em uma poltrona vermelha.

- Eu fui visitar Grace hoje. – diz meu pai.

- Você tem que parar de fazer isso Fred, algum dia eles ainda irão te pegar. – aconselha o amigo.

- Aconteceu algo inesperado. – relata ele preocupado.

- O que foi? – Willian fala curioso.

O homem respira fundo e olha para baixo constrangido.

- Ela está grávida. – revela.

Seu amigo fica surpreso.

- Eu deveria ser um líder exemplar para todos. Como exercerei essa função se cometi um erro tão grande? – ele se culpa.

- Não fale dessa maneira. – o garoto tenta consola-lo.

- Pare de amenizar as coisas, está escrito claramente no livro sagrado, arcanjos não podem ter família e nem constituir uma. – expõe ele.

- Pense bem, se Deus não te puniu ainda, talvez deva haver algo bom nisso. – deduz Willian. – Você deve contar a todos os arcanjos o que ocorreu, tenho certeza que a maioria entenderá.

Meu pai mexe no cabelo, mostrando-se pensativo.

- Você está certo amigo, não há como voltar atrás, tenho que assumir o que fiz. – ele afirma.

Os sintomas voltam e sou transportada para outra cena. Dessa vez me encontro próximo a uma cúpula de vidro, Frederick e seu amigo passam por mim apressados, os acompanho.

- Ande rápido, não quero que nos vejam. – diz meu pai.

- Nós temos acesso total agora, esqueceu. – Willian fala.

Percebo que algum tempo se passou, pois suas aparências estão diferentes. Adentramos a cúpula, indo em direção ao seu centro, onde existe uma bacia de pedra sustentada por um pequeno pilar do mesmo material.

- Porque você quer fazer isso mesmo? – pergunta o amigo.

- Eu não pude acompanhar nenhum dia da gestação dela e já tem um tempo que minha filha nasceu, preciso vê-la. – justifica ele. – Além disso, o senhor das trevas está cada vez mais perto de se reerguer, por causa da drástica situação em que os seres humanos se encontram. Será a primeira vez que lutaremos contra ele, e tenho medo que algo me aconteça.

- É mais fácil eu morrer do que você levar um simples arranhão. – brinca o garoto.

Frederick sorri, depois mergulha a mão direita no líquido da bacia. Demora alguns segundos até ele reergue-la novamente, carregando uma esfera d'água. O homem a arremessa em direção à parede da cúpula, a esfera se desfaz, transformando o líquido em um portal. Posso ver uma imagem trêmula da minha antiga casa em Clivintown.

- Nervoso? – Willian pergunta.

- Muito. – responde ele.

Os dois atravessam o portal, sigo seus passos.

Como eu disse, aparecemos na parte dos fundos da minha antiga casa. Meu pai bate na porta, Grace atende.

- Frederick! – diz ela surpresa.

- Oi meu... – começa ele.

Minha mãe o interrompe com um beijo apaixonado.

- Como estava com saudades disso. – o homem fala feliz.

- Eu também. – ela compartilha do mesmo sentimento.

Grace cumprimenta Willian e adentamos a residência.

- Cadê seus pais? – indaga Frederick.

- Já estão dormindo. – informa.

Os três sentam a mesa da cozinha.

- Como estão as coisas no mundo espiritual? – questiona ela.

- Nada boas, a cada dia os seres humanos estão cedendo mais as tentações e aos pecados, posso sentir meus poderes diminuindo. – meu pai explica. – Na verdade essa visita está mais para uma despedida.

- Por quê? – Grace fica preocupada.

- Falta pouco tempo para que o senhor das trevas se reerga, ele é o mais poderoso espírito maligno que existe, até nós o tememos. – ele explana.

- Tenho toda convicção que vocês vão derrotá-lo. – afirma ela.

- Só quero prepara-la caso o pior aconteça. – o homem acrescenta.

- Eu já falei para ele parar com esse pessimismo Grace, mas é o mesmo que conversar com uma porta. – o tio de Rick expõe.

- Willian está certo, você não pode pensar assim. – ela fala carinhosamente.

- Depois conversamos sobre isso, pois eu soube que temos uma nova moradora nessa casa. – Frederick fala de forma descontraída.

- Sim. – minha mãe sorri.

- Posso vê-la? – pede ele gentilmente.

- Claro. – eles se levantam e vão em direção ao quarto.

Ao lado da cama dela, está o meu berço. Olho com atenção, pois não tenho nenhuma lembrança dessa época. Os três se aproximam e me assistem dormir.

- Ela é tão linda. – ele passa a mão delicadamente em meu rosto.

- Igual ao pai – Grace diz.

- Como se chama? – indaga o homem.

- Annie. – responde.

Frederick não consegue tirar o sorriso do rosto.

- Annie, saiba que independente onde esteja, seu pai sempre te amará muito. – seus olhos lacrimejam e ele me beija a cabeça.

Não resisto e me emociono com a cena.

- Eu também sempre te amarei, pai. – declaro.

- Grace, prometa que minha filha nunca saberá quem eu fui de verdade, não quero ela envolvida em tudo isso. – fala ele.

- Eu prometo. – ela afirma.

- Os poderes dela vão aparecer em alguma parte da vida, se não os usar, desaparecerão naturalmente. – ele explana. – Quero que Annie tenha uma vida normal, longe dessa loucura de ser um arcanjo.

Grace acena positivamente com a cabeça.

- Preciso pegar algumas das armas que deixei aqui.

- As escondi embaixo da minha cama, pode pega-las.

Nesse momento tudo some, e o ambiente se transforma. Pareço estar a uma grande altura, pois sob meus pés só vejo nuvens. Os Lordes da Order estão reunidos a minha frente, todos usam armaduras douradas, sem a parte do elmo. Eles estão montados em pegasus brancos, com asas grandes e bonitas.

- O inimigo que enfrentaremos a seguir é o mais forte até agora, então deem tudo de si, não poupem nem uma gota de poder. – Frederick os encoraja. – Sejam ágeis e saibam aproveitar as boas oportunidades.

Todos dão um grito de guerra em uníssono e partem em direção a uma nuvem negra gigantesca, que se move lentamente, escurecendo tudo ao seu redor. Sou puxada involuntariamente para o centro do conflito. À medida que o tempo passa, vejo com tristeza cada um dos arcanjos morrer, por fim, só sobra meu pai e Willian que está ferido.

- Essa já é uma batalha perdida. – diz o tio de Rick.

- Não desista tão fácil, eu tenho um plano. – expõe o líder.

O homem entrega sua espada para o amigo.

- Cuide bem dela, não deixe que caia em mãos erradas. – fala ele.

- O que irá fazer? – o homem indaga confuso.

- O que é certo. – completa.

Frederick estende a palma das mãos e um raio atinge cada uma, ele motiva o pegaso, que voa em direção à criatura. Os dois entram na nuvem negra e logo em seguida há uma explosão. O senhor das trevas se desfaz aos poucos e uma luz forte me atinge os olhos. Instantaneamente sinto minha consciência retornar para o meu corpo.

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