Chapter thirty
Jeon Jungkook
23 de Dezembro de 2015
Nós jantamos juntos, eu acho que nunca havia visto o Capitão tão falante assim, talvez fosse pelo vinho que tomou ou Seokjin realmente tem esse poder sobre ele, é, o amor realmente transforma.
Pela primeira vez, eu estava tendo uma visão diferente de Namjoon, deixando de lado um pouco o Namjoon Capitão, ele é totalmente diferente aqui e embora eu tenha dado alguns foras nele, ele ainda insiste em tentar manter-me na conversa.
Seokjin por outro lado, ainda que eu achasse que ele tinha raiva de mim, ele me surpreendeu bastante, pois sempre estava rindo quando eu respondia seu esposo.
- Você. - O alfa apontou para mim. - Vai pagar por tudo isso que está fazendo comigo, quando tiver seus subordinados. - Eu forcei uma risada enquanto bebia um pouco de vinho.
- Ano que vem, eu já vou estar bem longe daquele quartel, não pagarei coisa alguma. - Era um de meus planos, após terminar o tempo de serviço obrigatório, talvez fazer uma faculdade ou tirar um ano sabático, provavelmente eu tirarei um ano sabático.
Talvez, dois.
E sobre a faculdade, eu não faço ideia do que eu quero fazer, então quem sabe eu me descubra durante esses tempos de longa folga.
- Eu também dizia isso.
- Sério? - Perguntei sarcástico.
- Sim, até eu conhecer o Seokjin.
- O que exatamente o senhor Seokjin tem a ver com você permanecer no quartel?
Namjoon estava sentado no sofá, Seokjin veio por trás e colocou as mãos em seus ombros.
- Eu gosto de homens fardados. - O ômega disse e eu tive que rir.
- Entendi, continuou a servir para conquistá-lo, foi uma estratégia, devo parabenizá-lo.
- É, de início foi apenas para conquistá-lo mesmo, mas depois percebi o quanto eu também amava fazer parte disso tudo, pelo menos até você aparecer na minha vida. - Mantive meu sorriso provocativo nos lábios. - Você me fez odiá-lo por muito tempo sabia? - Perguntou-me.
- Eu só queria ser expulso, ainda quero, mas já aceitei meu destino. - Rebati. - Como pode ver, eu estive bem quietinho esses últimos dias.
- Claro, depois que Kim Yongsun se foi, você ficou mais pacífico, apenas continua sendo informal comigo e dando-me alguns foras.
- Isso é melhor do que as travessuras que eu fazia, você não acha? - Perguntei sorrindo e ele revirou os olhos.
Seokjin deu-lhe um beijo e subiu as escadas.
- Você não tem um noivo? - Franzi o cenho.
É verdade, eu tenho.
- Sim, sabe, as vezes até mesmo me esqueço que eu o tenho, eu já deveria estar casado com ele.
- Você não vai se casar com ele, não até mudar esse teu jeito. - Eu soltei uma risada sem humor.
- Por que está dizendo isso?
- Porque é a verdade. - Respondeu-me. - Você se comporta como um adolescente, acha mesmo que seu futuro sogro entregaria o filho dele para você? - Se eu ao menos soubesse quem é ele. - Se continuar a agir desse jeito, irá perdê-lo por pura infantilidade.
- Está dizendo isso porque está cansado de me ver o desrespeitando, e como não pode fazer nada, está tentando me fazer mudar jogando possíveis pragas sobre meu noivado.
- Eu realmente estou cansado, mas não estou jogando-lhe praga, estou falando a verdade. Seu pai não é um homem paciente, já deve saber disso. - Eu sei muito bem. - Portanto, não pense que se continuar desse jeito não haverá consequências, pois haverá e no momento, a única coisa que ele pode tirar de você é esse noivado.
Jeon Jimin
Eu ainda não estava acreditando que ele havia perdido mesmo a memória, parecia ser uma brincadeira idiota ou um sonho bem ruim que eu queria acordar imediatamente. Esse Jungkook é muito diferente do meu Jungkook , a começar pelo modo como tratou Namjoon, nunca que ele faria isso nos dias de hoje.
Tudo isso aconteceu exatamente depois de uma briga que tivemos, ou seja, não resolvemos o que tínhamos para resolver e eu não posso jogar isso para esse alfa, pois ele não faz ideia do que aconteceu.
O que Jungkook fez foi muito errado, como eu soube? Tae me contou que o viu machucado logo pela manhã, na mesma hora eu liguei os pontos e cheguei a conclusão de que Jungkook havia feito algo, ainda mais depois que ele disse que ele não perderia por esperar.
E eu estava certo, ele realmente fez isso e eu fiquei com uma imensa raiva dele por ter agido de maneira totalmente imprudente, como um animal descontrolado tomado pela raiva.
Eu não tenho ideia de como Jungkook o deixou, Taehyung não me deu muitos detalhes.
Eu estou deitado em nossa cama lendo um livro, Jungkook acabou de sair do banheiro com a toalha em volta do corpo, e parou em frente ao espelho.
O alfa levantou os braços e os dobrou, em seguida olhou para seu abdômen trincado.
- Deveria ser crime ser tão gostoso assim... - Eu revirei os olhos. - Eu melhorei tanto nesses cinco anos, eu apenas lembro do meu corpo mais magro, tinha os braços finos e as pernas finas, agora estou um gostoso com o corpo malhado. - Jungkook disse.
- Nada mais justo, vive fazendo atividades físicas. - Comentei passando a página do livro.
- Não acredito nisso, eu sou sedentário!
Eu deixei uma longa risada escapar.
Jeon Jungkook sedentário, é a maior piada do século.
- Bom, pelo menos me deixou gostoso.
- Você é tão convencido.
- Não é convencimento. - Ele respondeu virando-se para me encarar com um sorriso provocativo nos lábios. - Eu tenho certeza que você já curtiu bastante sentar em cima desse corpo. - Ok, eu não esperava isso.
Acabei esquecendo até o que eu estava lendo.
- Estou mentindo?
- Não. - Respondi simplista.
Jungkook aproximou-se da cama, colocou a mão em minha perna e foi a subindo.
Eu estava somente com uma camisa, eu havia me esquecido que estaria lidando com esse Jungkook.
- Eu não me lembro, mas também tenho certeza que amei cada instante em que lhe tocava. - Engoli a seco enquanto acompanha seus dedos com os olhos.
Jungkook se aproximou mais colocando o rosto na curva de meu pescoço.
- Seu cheiro é incrivelmente atrativo. - Eu fechei os olhos sentindo minha pele se arrepiar.
Ele apertou a mão em minha perna e eu soltei um gemido.
Seus lábios tocaram a pele do meu pescoço e sua mão subiu mais um pouco.
- Você me quer, não é? Eu sei, pois eu também te quero e muito. - Jungkook sussurrou em meu ouvido e eu senti sua mão bem próxima de minha entrada, na verdade, ele prestes a puxar a cueca.
Eu não posso fazer isso!
Na mesma hora, eu larguei o livro em meu colo e o empurrei pelos ombros, Jungkook estava com os olhos vermelhos e sua expressão estava séria, eu nunca o vi assim.
- Eu não quero. - Eu estou mentindo, e mentindo muito.
- Está mentindo, eu posso sentir, sabe disso não é? - Aquele tom convencido estava me dando-me nos nervos. - Por que está me negando? - Era simples, muito simples na verdade.
Aquele ali, não era o Jungkook que eu conhecia. Desde que ele acordou, ele tem tido atitudes muito diferentes das atitudes que o Jungkook, que eu conhecia, teria e isso está fazendo com que eu o veja como um estranho, mas com o rosto da pessoa que eu amo.
- Porque eu não o conheço.
- É claro que conhece, está casado comigo há meses.
- Me casei com o Capitão Jeon, e não com você. - Ele manteve a mesma expressão séria. - Eu conheço o Jeon Jungkook de 25 anos, e conhecendo-o eu sei que ele jamais teria tomado as atitudes que você tomou hoje, principalmente com Namjoon. - Os olhos de Jungkook voltaram ao normal.
pude ver seu braço sendo esticado, ele estava pronto para me abraçar como sempre faz desde que nos casamos, mas como eu disse, esse não é o meu Jungkook.
Eu esperei ele me tocar primeiro.
- Não. - Pela sua respiração, pude perceber um sinal de surpresa. - Eu não quero. - Ele bufou fortemente e se mexeu no colchão, Jungkook havia me dado as costas.
Eu nunca havia visto ele se mexer tanto durante a noite. Jungkook geralmente apaga no momento que fecha os olhos, mas essa noite, ele parecia estar constantemente bufando enquanto arrumava uma posição ideal para dormir.
Em algum momento da noite, ele finalmente achou e dormiu, agora sem se mexer, eu senti falta de seu aperto durante essa noite, mas não foi algo que me impediu de dormir.
Na manhã seguinte, eu estranhei bastante eu ter acordado primeiro que ele, não que fosse tarde, mas ele quase sempre acorda primeiro.
Eu havia passado toda a noite de costas para ele, então quando acordei, eu virei para olhá-lo e Jungkook estava deitado de bruços com o rosto virado para mim com a mão embaixo do travesseiro.
Estava virando hábito, ele dormir sem camisa e eu me pergunto até mesmo o porquê já que o ar-condicionado já deixa o quarto bem gelado, calor com certeza não era a razão, ainda mais que a coberta estava na altura de suas costas.
Seus ombros...
É, ele realmente estava certo ontem.
- Olhar as pessoas enquanto elas dormem, é bem esquisito. - Eu tomei um susto ao ouvir sua voz rouca e em seguida seus olhos cor de mel estavam me encarando.
Na mesma hora, ele sorriu de lado e passou o rosto em seu travesseiro virando para o outro lado enquanto soltava uma risada.
Ele é esquisito!
Olhei para o relógio, ele já deveria estar no banho.
- Você não vai trabalhar? - Perguntei.
- Não.
- O que? Por quê? - Jungkook puxou a coberta cobrindo suas costas até seu pescoço.
- Porque eu não quero aturar o Capitão.
- Você é o Capitão!
- Você me entendeu. - Eu revirei os olhos. - Por que quer tanto que eu vá? - Ele riu. - Já sei, está preocupado com o fato de que se eu não trabalhar, você não terá dinheiro para seus gastos inúteis, justo, também pensaria dessa forma.
- Olha aqui-
- Fale baixo, eu estou com uma dor de cabeça insuportável e você está apenas a piorando com esses gritos. - Desde quando eu estava gritando? - Ah, quer saber? Talvez não seja uma ideia tão ruim assim ir para o trabalho, é uma boa maneira de ficar longe de você. - Eu estava a ponto de esganá-lo com minhas próprias mãos.
- Pois vá, faça o que você quiser, eu não me importo. - Respondi. - E outra, eu também não me importo com seu dinheiro e muito menos preciso dele!
- Então devolva meu cartão. - Franzi o cenho, eu não acredito que com tantas coisas para lembrar, ele lembrou justamente disso.
- Casamos com comunhão de bens, sendo assim, tudo que é seu, é meu.
- E tudo que é seu, também é meu. - Ele virou-se rapidamente colocando-se em cima de mim. - Sendo assim, seu corpo também é meu, - Sua mão estava em meu rosto e com o polegar, ele fez o contorno de meus lábios. - sua boca... - Jungkook apertou sua mão em volta do meu pescoço. - Tudo. Assim como meu corpo também é seu. - Com sua mão livre ele segurou minha mão direita e a colocou em seu peito.
Seu coração estava batendo rápido.
Eu a subi para seu pescoço e parando-a em sua bochecha, onde fiz um leve carinho que o fez fechar os olhos e suspirar, apertando mais ainda a mão em volta do meu pescoço. Desci minha mão passando por seu peito, barriga até estar no cós de seu short leve, eu já podia ver o volume de seu membro, sua respiração tornou-se mais alta e eu olhei para seus olhos que já estavam vermelhos.
Provavelmente, como em sua mente, ele tem 19 anos, ele é bem mais sensível aos meus toques.
Como um adolescente que acabou de entrar na puberdade.
Esse pensamento me fez rir e ele achou que meu sorriso foi por desejá-lo, claro que eu o desejo, mas esse não foi o motivo.
Jungkook apoiou o braço no travesseiro, ao lado de minha cabeça e enquanto ele estava se abaixando, eu coloquei minha mão em sua cintura, usando toda força que herdei com sua mordida e o empurrei para o lado.
Eu só não esperava que ele fosse cair da cama.
Fui verificá-lo, Jungkook soltou um gemido de dor e quando abriu os olhos, eles logo se encontraram com os meus. Pela primeira vez, eu vi sua íris mudar para o vermelho, eu digo, de tão perto a ponto de ver todo o vermelho substituir o castanho como se fosse uma lava passando por um campo verde.
Destruindo todo o brilho da natureza.
Seus caninos, que antes apenas desciam por desejo e vontade de me marcar, também estavam à mostra, seu peito subia e descia lentamente, o ouvi rosnar e sua expressão nunca havia ficado tão sombria.
Talvez algumas pessoas pensem que não há diferença entre alfas lúpus e os alfas normais, apenas acham que os sentidos e força são duplicados, mas não.
Enquanto eles são 70% humanos e 30% lobos, nós ômegas lúpus somos 50% lobos e 50% humanos, mas os alfas lúpus são 60% lobos e 40% humanos.
Em partes, era por isso que Jeon Suho, óbvio que falsamente, o acusou de descontrole na infância e também falou aquilo sobre avisá-lo caso ele se descontrolasse.
Eu engoli a seco, senti um incômodo em meu pescoço.
Seja lá o que ele fez para obter tanta paciência e não se deixar levar pelos seus instintos, foi feito depois dos seus 19 anos, pois esse Jungkook está sendo completamente dominado pela raiva e seu lado animal parece está gritando em seu interior.
E o pior, ele estava lhe dando ouvidos.
- Jungkook... - Eu me forcei a dizer, mas não passou de um sussurro, eu parecia um gato assustado.
No exato momento em que ele se levantou, eu me afastei em um salto para trás.
Meu coração parecia que ia sair pela boca.
Quase como que em desespero, ele foi até o armário, eu não sabia pelo o que ele estava procurando, não fazia ideia do que poderia ser e estava assustado demais para tentar perguntar.
- Onde está... - Ouvi-o murmurar baixo, seu tom significava agonia.
Ele estava agoniado, meu corpo formigava por seu desespero.
- ONDE ESTÁ ESSA DROGA? - Ele gritou e eu levei as mãos até meus ouvidos.
Foi um grito animalesco.
Na mesma hora, a porta se abriu, não me pergunte como, mas foi Bam quem a abriu e ele se posicionou em minha frente rosnando em direção a Jungkook.
Eu me levantei e o segurei pela coleira, tentando afastá-lo dele trazendo-o para mais perto de mim, mas o cachorro era muito forte.
Meu Deus, estou vendo tantas coisas pela primeira vez que estou a ponto de surtar.
Nunca que eu fosse imaginar o Bam ameaçando atacá-lo dessa forma.
- Bam, se acalme. - Passei a mão em sua cabeça, mas ele não parou de rosnar para ele. - Garoto, está tudo bem. - O puxei para meus braços.
E a raiva dele não cessou, Bam com certeza estava sentindo toda sua carga emocional.
Eu não faço ideia do que ele está procurando, Jungkook está suando e sua respiração ofegante, ele caiu de joelhos e pressionou a cabeça com as mãos.
Seu grito de dor foi tão alto que meus olhos se acenderam na mesma hora.
Ele é meu alfa, com ou sem memória, nós somos o par um do outro, sendo assim, meu corpo e subconsciente reconheceram que ele precisa de mim.
Jungkook estava fechando os olhos fortemente e começou a pressionar os punhos contra sua própria cabeça, batendo em si próprio. Ele estava sentindo uma dor de cabeça terrível, no mesmo instante eu me lembrei de uma conversa que tivemos não faz muito tempo.
- Eu tenho que te falar uma coisa.
- Pode falar. - Eu passei os braços por seu pescoço enquanto aproximava meu rosto do seu.
- Eu não acho que vá precisar, não agora que eu tenho você. - Ele tocou-me a face. - Mas, se algum dia acontecer, saberá lidar com isso.
- Do que está falando? - Perguntei com o cenho franzido.
- Pode acontecer de eu ter que enfrentar meus próprios instintos, e isso me faz sentir uma terrível dor de cabeça, além dos meus outros sentidos ficarem malucos desejando destruição de tudo. - Eu já ouvi falar de alfas lúpus que em seus momentos de raiva fizeram um grande estrago. - Enfim, se isso acontecer, me dê esse comprimido.
Ele levantou-se comigo em seu colo e foi até o armário pegá-lo, quando o pegou, mostrou-me como ele era.
Era um potinho vermelho com um símbolo de lobo.
- O que é isso?
- Acredite ou não... - Ele fez um suspense. - É calmante para lúpus. - Eu tive que rir e ele também riu. - Mas como eu disse, eu agora eu tenho você, então isso não vai acontecer.
Não aconteceria a menos que você voltasse a ter sua mente de 19 anos.
Enquanto ele agonizava de dor, eu me levantei, claro que Bam colou em mim, tanto que eu quase tropecei nele, eu peguei o potinho vermelho, abri e despejei um comprimido em minha mão.
Eu me ajoelhei em sua frente e no momento em que toquei seu rosto, ele veio para cima de mim, minhas costas bateram contra o carpete e ele estava forçando meus pulsos no chão. Jungkook olhou para minha mão com o comprimido e depois para meus olhos.
A raiva era nítida em seus olhos, eu senti meu corpo estremecer, embora soubesse que ele nunca me machucaria.
- Me perdoa por isso. BAM!
Não demorou um segundo e o cachorro mordeu seu braço, antes que ele também avançasse nele e aproveitando seu momento de distração, eu inverti nossas posições colocando-me por cima dele, coloquei o remédio em sua boca junto com minha palma e segurando seu nariz impedindo-o de respirar.
Ele é bem mais forte que eu, muito mais, e por isso ele conseguiu ficar por cima novamente. Seu peito subia e descia ofegante pela raiva, seus olhos começaram a voltar ao normal e alguns segundos se passaram, Jungkook caiu praticamente em cima de mim.
O calmante funcionou.
Eu joguei seu corpo para o lado e ele ainda estava com os olhos abertos que estavam se fechando aos poucos.
- Eu falhei mais uma vez... - Ele murmurou com dificuldade e eu franzi o cenho. - Me perdoe por ter sido fraco...
Seus olhos se fecharam por completo.
- Jonghyun...
O que ele quis dizer com isso?
24 de Dezembro de 2015
Ontem a noite, Seokjin arrumou minha cama no quarto de hóspedes e o mais estranho foi o Buddy ter vindo dormir exatamente aqui, o cachorro ainda subiu na cama e deitou-se em meus pés.
Eu não reclamei por dois motivos.
Primeiro, a cama é incrivelmente boa e melhor que a do quartel.
Segundo, a casa é dele, eu sou apenas visita, ele faz o que ele quiser.
Sendo assim, não posso abrir a boca para falar nada, se ele quiser que eu durma no chão e ele na cama, eu não tenho o direito de falar algo.
Eu quem estou invadindo seu território.
Felizmente Buddy não se importou em dividir a cama comigo.
Eu acordei naquela manhã, devo admitir que é a primeira vez que acordo bem desde que fui alistado e entrei pro quartel, eu tive uma noite maravilhosa e quando acordei, Buddy não estava em meus pés.
Estou surpreso por não ter percebido isso.
Geralmente, eu acordo com muita facilidade, afinal, quando se está dormindo em péssimas condições, seu corpo não se sente à vontade para descansar como deve, mas hoje meu corpo descansou e eu me sinto muito disposto para o dia.
Eu fui até o banheiro no quarto, escovei os dentes e joguei uma rápida água no corpo, em seguida desci as escadas, ouvia Seokjin conversar ao telefone enquanto tomava seu café da manhã.
Não ouvi a ligação, apenas o que ele dizia.
- Sim, não vejo problema em virem todos para cá, Namjoon também não. - Ele dizia. - Então está certo, faremos a ceia aqui. - Seokjin notou minha presença. - Ok, tchau. - O ômega desligou o celular e olhou para mim novamente. - Bom dia, Jungkook.
- Bom dia, senhor Seokjin.
- Sente-se, por favor. - Ele indicou a cadeira ao seu lado. - Fique à vontade.
Eu coloquei um pouco de café com leite em minha xícara, peguei uma torrada e um pouco de salada de fruta, passei a geleia de morango na torrada, tudo sob seu olhar.
- Eu posso te fazer uma pergunta?
- Onde está o Capitão?
- Ele saiu, não voltará tão cedo. - Ok, admito que o medo tomou meu corpo novamente.
Isso aqui está envenenado?
- Não está envenenado, se é isso que está pensando. - Eu não sabia se acreditava nele ou não. - Você é muito desconfiado de tudo, Jeon Jungkook. - Seokjin colocou o dedo na borda da geleia e levou o dedo até a boca. - Viu?
Ok, o veneno pode estar apenas no pão ou no café.
Se bem que...
Ah, e daí? Se eu morrer, vai ser um alívio, vou me livrar de tudo isso ao mesmo tempo, quer coisa melhor?
Comecei a comer sem me importar.
- Eu te avisei, viu.
- Se tiver, eu não me importo em morrer.
- Você tem tendências suicidas?
- Nunca tentei. - Respondi enquanto comia. - Embora já pensei em fazê-lo. - Ele com certeza não esperava por essa resposta.
- Como você conseguiu ter porte de arma? - Eu deixei uma risada escapar.
- Talvez eu seja um bom ator, ou como eu disse, não tenho tendências suicidas, apenas sou uma pessoa bem resolvida com a morte, se ela vier, eu a aceitaria de bom grado igual ao terceiro irmão de Relíquias Da Morte. - Eu nem mesmo assisti ou li Harry Potter, mas lembrei de quando ouvi sobre o Conto Dos Três Irmãos. - Era essa sua pergunta?
- Não. - Buddy colocou o queixo em minha perna e eu lhe fiz um carinho. - Por que trata Namjoon tão mal? E eu sei que você não é desse jeito.
Eu deixei uma risada nasal escapar, terminei de comer a torrada e tirei os farelos da minha mão.
- Desculpe, mas me conheceu há poucas horas, por que acha que pode dizer isso com tanta certeza?
- Porque o Jonghyun sempre falava sobre você com orgulho e alegria, acredito que ele não falaria dessa forma se você realmente fosse alguém ruim, e conhecendo-o ele nunca mentiria.
Eu realmente não esperava por isso.
Ele falava de mim para os outros?
Aquilo atingiu meu coração em cheio, minha feição caiu na mesma hora e parecia que eu tinha voltado a ser o garotinho de 14 anos que havia acabado de receber a notícia da morte do melhor amigo.
Completamente extasiado e em choque.
Se não fosse por meu telefone tocando, eu continuaria paralisado.
Mas aquele toque...
Era meu pai.
- Com licença. - Pedi levando-me da mesa.
Peguei o aparelho, apertei o sinalzinho verde dando início a chamada.
- Pai.
- Jungkook, estou mandando o carro para buscá-lo.
- Para quê? Eu já disse que não vou passar o Natal com vocês. - Eu disse impaciente.
- Você virá sim! Porque eu sou seu pai e estou mandando que você venha. - Apertei o aparelho em minhas mãos. - Aliás, devo informá-lo que sei sobre todos os seus passos dentro daquele quartel e sei de tudo o que você tem feito. - A raiva estava tomando todo o meu corpo, eu já sentia minha respiração ficar alterada. - Eu não estou nem um pouco satisfeito com o que tenho ouvido.
- Estou indo pelo caminho certo então.
- Você é realmente uma decepção para mim. - Já perdi a conta de quantas vezes já ouvi isso.
Não era novidade para mim que minha família me rejeitava, toda minha família, mas ainda sim doía.
- Eu já disse que não vou. - Eu estava prestes a desligar o telefone.
- Se você continuar desse jeito, eu vou desfazer o seu noivado. - Eu não acredito nisso. - Jamais deixaria meu amigo entregar o filho para alguém que o levaria a ruína, porque eu realmente não acredito que você tenha futuro e eu não quero que também acabe com o futuro dele. - Ele desligou.
Depois de todas essas duras palavras, ele simplesmente desligou o telefone.
Eu não tinha percebido que tinha quebrado meu telefone com o aperto da minha mão.
Seokjin veio até mim e sua feição estava um pouco assustada.
Eu sabia que meus olhos estavam vermelhos como sangue e meus caninos haviam descido, eu sentia uma imensa sede por sangue e vontade de destruir tudo o que via pela frente.
Meu lado selvagem gritava para ser libertado.
Meu corpo tremia de tanta raiva, eu não sentia dor ao sentir minhas unhas contra minha palma, minha raiva era tão intensa que eu conseguia imaginar perfeitamente ossos se quebrando em minhas mãos.
Ah, não...
Era tão forte, mais forte do que eu.
- Seokjin, fica longe de mim! - Eu gritei sentindo uma intensa dor de cabeça me atingir, era sempre assim quando eu lutava pelo controle de minha mente contra, eu preciso continuar sã.
- O que está acontecendo com você? - Ele perguntou e eu o olhei.
Eu não posso machucá-lo.
Eu corri para o quarto, mesmo com uma insistente dor, parecia que estavam batendo em minha cabeça e não queriam parar.
Eu precisava daquilo...
- Não! Você não vai tomar isso! - Jonghyun disse pegando o frasco de remédios.
- Seu idiota, eu preciso, se não eu posso machucar alguém. - Tentei pegá-los novamente, mas Jonghyun era mais alto, embora eu estivesse crescendo e com certeza o passaria no futuro. - JONGHYUN! - Gritei.
- Você pode ficar dependente disso, tenha você mesmo o controle de seu corpo.
- Mas eu não consigo! EU NÃO CONSIGO, EU SOU FRACO! - Eu usei minha voz de alfa por estar um pouco alterado e por ainda não saber exatamente como controlá-la. - Me desculpa, Jonghyun... - Eu pedi ao vê-lo com as mãos no ouvido e uma expressão de dor em seu rosto. - Viu? É por isso que eu preciso dele.
Jonghyun suspirou.
- Kook, você não precisa desse remédio para se controlar e você é forte, bem forte, mais forte que todo mundo! - Jonghyun estava claramente mentindo. - Se precisa de algo para se controlar, então que seja algo que não o faça ficar dependente, use algo simples e se agarre a ele.
Meus descontroles haviam começado após meu aniversário de 10 anos, mas eu comecei a tomar o calmante com 11 anos. Logo Jonghyun começou a achar estranho, pois eu vivia cansado, logo eu, que sempre fui ligado no 220v.
Eram dois tipos na verdade, um que me faria dormir instantaneamente e o outro que funcionava durante o dia, o que ele tem nas mãos é o que funciona durante o dia.
- Jonghyun, eu acabei de machucá-lo, é isso o que acontece quando eu estou com raiva, da última vez eu quase... - Senti sua mão em meu rosto e seu polegar limpou minha lágrima. - Eu machuquei um colega de classe e desde então, meu pai manda eu tomar isso para que não aconteça de novo. - Ele já sabia daquilo tudo, mas odiava o fato de que eu estava praticamente me dopando.
Jonghyun me abraçou e eu retribui o abraço, eu gostava tanto de estar em seus braços, seu abraço era o melhor do mundo, e ainda era o único que me fazia me sentir seguro.
- Kook?
- Sim?
- Você me ama? - Na mesma hora, eu me afastei para encará-lo como se ele tivesse feito a pergunta mais idiota do mundo.
- É claro que eu te amo! - Eu disse alto e ele sorriu. - Eu te amo muito, você é meu melhor amigo.
- Para sempre? - Ele levantou o dedo mindinho.
- Para sempre. - Entrelaçamos nossos dedos.
- Então, sempre que tiver com raiva, se agarre a isso. - Ele tirou do bolso uma caixinha e a abriu.
Meus olhos brilharam na mesma hora.
Era um colar dourado com a letra "K".
- Quando nós amamos alguém, temos aquela pessoa como nosso ponto de paz, e quando se está em paz, não há raiva ou qualquer outro sentimento semelhante. - Jonghyun o colocou em meu pescoço - Sendo assim, segure ele e lembre-se de mim, que por enquanto sou seu ponto de paz.
- Você sempre será meu ponto de paz, Jonghyun.
Ele negou com a cabeça e mexeu em meus cabelos.
- Quando se casar, seu esposo será! Eu sou um ponto de paz temporário. - Ele disse brincalhão. - Eu não mereço um abraço ou obrigado pelo presente? Que isso! - Eu pulei em seu colo, o abraçando com força.
- Muito obrigado pelo presente, Jonghyun... - Segurei o pingente "K". - Eu prometo sempre pensar em você, em vez de recorrer a remédios... - Jonghyun beijou meu rosto.
Eu o procurei por toda minha mala, eu joguei todas as roupas no chão sem me importar com nada, a dor de cabeça era tão forte que me fez cair ajoelhado e não havia jeito para aliviá-la, eu não queria tomá-los novamente, eu não posso fazer isso, não mais.
Cadê o maldito colar?
Eu o encontrei em um dos bolsos e na mesma hora o coloquei pressionado contra meu peito, eu comecei a lembrar de todos os meus momentos felizes com Jonghyun, mas imediatamente eles eram substituídos pelo momento em que recebi a notícia de sua morte, seu enterro, as noites que passei em claro chorando, os momentos em que me sentia sozinho e deslocado, as palavras frias de meu pai...
Tudo vinha para aumentar ainda mais minha raiva.
Mas o ômega ajoelhou-se atrás de mim e abraçou meu pescoço, fazendo com que minha cabeça ficasse encostada em seu peito. Seokjin tinha um cheiro doce, ele me transmitia calma, como? Eu não fazia ideia. Ouvir as batidas do seu coração, fez com que as batidas do meu coração sincronizassem com as dele.
Ele me acalmou com apenas um abraço...
Seokjin viu que eu estava mais calmo e tentou me soltar, mas eu o segurei.
- Por favor, só mais um pouquinho... - Eu pedi fechando os olhos.
Momentos de raiva, no final sempre me traziam um imenso sono, cansaço por conta de toda adrenalina que passou pelo meu corpo.
- Eu vou ficar aqui com você, querido. - Senti seus lábios no topo da minha cabeça.
- Senhor Seokjin?
- Sim?
- Eu prometo que vou ser melhor de agora em diante. - Eu disse.
- Eu confio em você, terá todo meu apoio e suporte. - Sorri cansado. - Pode me explicar o que aconteceu?
- Jonghyun me disse que sempre que eu estiver tendo um surto de raiva, eu devo segurar esse colar e lembrar dele, pois ele ainda é o meu ponto de paz, segundo ele, deixará de ser depois que eu me casar. - Ouvi a risada de Seokjin. - Eu tomava remédio para controlar minha raiva, na verdade, eu ainda tomo e sinto que ele está decepcionado comigo por falhar em se controlar sem remédio.
Seokjin mexeu em meus cabelos.
- Bom, você conseguiu sem o remédio. - Eu abri os olhos e o encarei. - Ele não está decepcionado com você, está orgulhoso. - Ele está? - Não tem problema tomá-lo quando for necessário, mas não use-o de forma descontrolada e viciada, como se dependesse dele para ficar estável. Você é mais forte, basta confiar em si mesmo e também, - Ele segurou minha mão que estava com o pingente. - Use e abuse do seu ponto de paz.
O ômega sorriu e eu também sorri.
Hoje é dia 24 de Dezembro, véspera de Natal.
Jonghyun, acho que pela primeira vez depois de todo esse tempo, finalmente posso dizer que talvez eu tenha um Natal feliz, mesmo sem você aqui.
Eu o passarei com Seokjin e Namjoon, sim, seu colega de Companhia.
Aliás, eu também soube que você andou falando sobre mim, sobre o quanto eu sou incrível e maravilhoso... Brincadeira... Mas isso também não é mentira, pois eu sou incrível e maravilhoso...
Eu vou voltar ao assunto principal, me perdoa.
Eu vou fazer tudo diferente dessa vez, pelo menos vou tentar, mas claro que estarei lhe relatando tudo através dessas cartas, certeza que farei você rir bastante durante esse meu processo de mudança.
Tem mais uma coisa.
Você sabe que comecei a escrever cartas para você porque me sentia sozinho e sem ninguém para conversar, na verdade, ainda me sinto um pouco assim porque você não nunca vai me responder...
Jonghyun, eu não quero mais esse sentimento de solidão, meu desejo de Natal é que eu ache algo que preencha o vazio que você deixou, embora eu ache um pouco impossível isso acontecer, mas a esperança é a última que morre.
Eu quero muito preencher esse vazio de alguma forma...
De: Kookie
Para: Jonghyun.
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