Chapter thirteen
Jeon Jungkook
Nós somos almas gêmeas...
Eu não poderia imaginar isso, não mesmo, e agora que está acontecendo. Eu não sei, mas eu sinto algo muito bom em meu interior.
É como se eu tivesse exatamente onde eu deveria estar.
No momento em que eu o mordi, eu nunca havia me sentido tão bem, um alívio invadiu meu corpo, um sentimento além da felicidade, e eu senti uma imensa vontade de apenas sorrir para ele. Um sorriso queria muito predominar meus lábios. E pela primeira vez depois de anos, eu me permiti sorrir, eu me permitir ser invadido pelo sentimento de alegria.
Parecia que a própria felicidade havia sido injetada em meu corpo.
A sensação é tão boa, tão incrível.
- Aí Jimin... - Eu beijei seu pescoço enquanto seus braços estavam em volta do meu. - Eu estou completamente apaixonado por você. - Ainda estávamos juntos porque meu nó não tinha se desfeito ainda.
- Está, é? - Ele perguntou.
Eu parecia um bobo, um idiota apaixonado falando aquelas coisas, mas eu não conseguia sentir vergonha ou algo do tipo, eu queria dizer mais ainda.
- Estou. - Beijo seu rosto. - Você está apaixonado por mim? - Pergunto olhando em seus olhos violetas como os meus.
- Sim, Jungkook, eu estou apaixonado por você. - Começo a distribuir beijos por seu rosto, até desço para seu pescoço e começo a beijar o local da mordida.
A risada dele ecoa pelo quarto e eu não conseguia parar de sorrir por ele estar feliz, eu estava feliz pela felicidade dele.
Eu sinto sua felicidade, eu sinto tudo e sei que ele também está sentindo tudo o que eu sinto.
- Jimin?
- Hm? - Ele respondeu um pouco sonolento.
- Eu estou feliz. - Eu disse olhando para ele enquanto sorria.
Jimin segurou meu rosto com ambas as mãos e me beijou demoradamente.
Ele encostou nossas testas e acariciou minhas bochechas.
- Eu sei, eu também estou feliz.
- E cansado.
- Muito. - Nós rimos. - Vamos dormir?
- Mas Jimin, eu quero mais! - Jimin me empurrou para o lado e se cobriu. - Jimin!
- Não, não, eu estou cansado, você acabou comigo, foi minha primeira vez.
- É, você gostou? - Perguntei animado.
- Eu não sabia que meu corpo produzia tanta serotonina a ponto dela sair por você sabe onde, é a única explicação para você estar assim, ligado no 220v. - Jimin estava deitado de frente para mim.
- Eu estou ligado no 220v porque eu estou feliz! E quero tocá-lo de novo, tipo, agora mesmo.
- A mimir, vai.
- Jeon Jimin... - Eu fiz manha. - Lembra do que eu falei sobre ficar calmo?
- Eu não estou nem aí se você vai ficar estressado ou não! Não se esqueça que a casa do seu avô tem diversos quartos, continue com sua manha para ver se eu não saio daqui em dois segundos.
- Quer saber? Eu não ligo, faça o que você quiser. - Cruzei os braços e virei de costas para ele.
Mas que merda, parece que nossos corpos foram trocados, o que aconteceu comigo? Desde quando eu faço manha? Desde quando eu sou dramático assim?
Será que fiz bem em morder esse homem?
Senti os braços de Jimin envolverem meu pescoço e tudo simplesmente passou, agora, a única coisa que eu queria era envolvê-lo também e dormir em seus braços.
Eu me virei de volta para ele e abracei sua cintura, fiquei um pouco mais para baixo, apoiei minha cabeça em seu peito e Jimin começou a fazer um cafuné em minha nuca.
Nós dormimos exatamente assim, ele com os braços em volta de meu pescoço e eu com os braços em volta de seu corpo, eu quem acordei primeiro, isso já era de se esperar. Além dele estar cansado, ele também é quase sempre o último a acordar.
Beijo sua testa e o seu pescoço.
Minha marca ficou muito linda em seu pescoço, era tudo o que eu mais queria ver.
Não vejo a hora de contar isso para os meninos.
Infelizmente, forço-me a sair de seus braços, embora seja o lugar que eu mais gosto de estar atualmente, eu quero fazer um agrado, um café da manhã! Óbvio que eu não vou fazer nada, eles que farão. Jimin vira-se de costas, eu me aproximo e deixo um beijo em seu ombro.
- Eu já volto.
Procuro por minhas roupas, porque, bem, eu dormi completamente nu.
Ele inclusive está nu em minha cama, nem ele quis levantar-se para vestir algo.
Para quê? Eu mesmo o aqueci durante a noite e ele também me aqueceu.
Por que eu estou assim?
Vou até o banheiro fazer minha higiene matinal e depois desço as escadas.
Visto-me rapidamente e coloco um casaco leve, bem leve porque vi que está fazendo calor, mas aqui é frio de manhã, com certeza mais tarde fará um calor infernal. Ainda bem que tem ar-condicionado a vontade nesse quarto.
Abri a porta e tranquei por fora, se Jimin acordasse, estaria preso, mas quem liga? Só alguns minutos, me aguarde! Os idiotas provavelmente estavam todos dormindo, não que eu ligasse, afinal, eu não me importo com eles há um bom tempo, então é como se eu nunca tivesse me importado de qualquer forma.
Os empregados que passam por mim, me desejam "Bom dia" e eu digo o mesmo seguido de um aceno.
Eles devem ser os únicos, exceto meu avô e Jimin, que gostam de mim nesta casa porque sinceramente...
Eu parei na porta da cozinha, todos estavam preparando as coisas para a mesa do café da manhã, mas eu queria passar um momento a sós com meu esposo e depois de ontem eu realmente não quero contato com eles.
Sinalizei para um dos empregados e ele veio até mim.
- Faça uma cesta de café da manhã para mim e para meu esposo, vou levá-la para meu quarto. - Ele assentiu e foi fazer o que pedi.
- Jeon Jungkook!
- Aí! - A ômega acertou-me com uma colher de pau em minha cabeça. - Cecília, por que fez isso? - Alisei o local.
- Você não vem aqui faz anos, seu garoto ingrato. - A única pessoa que me chamava de ingrato e eu não sentia raiva, na verdade, eu me divertia.
- Eu estive ocupado com trabalho e recentemente com meu casamento.
- É, eu soube que se casou. - A governanta passou por mim com um pano de prato no ombro. - Não nos chamou.
- Eu não queria nem festa. - Olhei para os lados. - Você sabe que eu não desperdiço uma chance de ficar longe desse povo, acha mesmo que eu fosse querer uma festa? - Ela pareceu pensar por alguns instantes até que negou com a cabeça. - Pois é, meu pai quem quis fazer cena para meu sogro.
- Seu sogro?
- Park Seo-Joon, General Park.
- Você se casou com Jimin? O que aquele homem tinha na cabeça para dá-lo como esposo a você? - Eu emburrei a cara e cruzei os braços.
- O que isso significa? E como você conhece o Jimin?
- Eu o vi por fotos e ouvi o próprio pai falar sobre ele, só não sabia que eles estavam acertando o casamento de vocês. - Franzi o cenho.
Cecília Fields, me conhece desde bebê por isso essa intimidade e toda aproximação, ela cuidou de mim por diversas vezes e quando meus primos começaram a se virar contra mim, eu ficava aqui com ela quando vinha para a fazenda com Jonghyun.
- Deveria ter sido prometido ao irmão mais novo dele.
Deus me livre ser prometido à Park Taehyung.
- Ainda bem que isso não aconteceu! - Levantei as mãos para o céu.
- Você o trata bem?
- Claro, eu trataria meu esposo mal?
- Você entendeu o que quis dizer. - Eu suspirei.
Tá bom, ela e Namjoon disputam o cargo de quem me conhece mais.
- Olha, de início foi difícil, mas agora estamos relativamente bem. - Eu só não sei até quando.
Nós dois somos pessoas que simplesmente não tem medo nenhum em falar o que pensamos um sobre o outro, talvez deveríamos parar com isso, porque falamos exatamente tudo sem se preocupar e por isso brigamos.
- Não me diga! Você tratou o garoto com grosseria e frieza.
- Hey, não foi bem minha culpa, ele parecia que me provocava, ainda parece, mas vamos trocar de assunto se não eu vou ficar de mal humor de novo.
- Isso já não é surpresa para mim.
- Jungkook. - Era meu avô.
- Bom dia, vô. - Eu disse virando-me para ele. - Como o senhor está?
- Bem, e você?
- Ótimo, bem demais para falar a verdade.
- Espero vê-lo com Jimin daqui a pouco.
- Ah, vô... O senhor terá que me perdoar, eu-
- Aqui está, senhor Jeon! Daqui a pouco passaremos lá para levarmos o café. - O ajudante veio me entregar a cesta e eu agradeci. - Bom dia, senhor Jeon!
- Bom dia.
- É, eu vou tomar café com Jimin, a sós, acho que estou precisando agradar um pouco meu esposo. - Respondi e ele sorriu.
Meu avô colocou a mão em meu ombro.
- Cuide dele, querido, seu esposo sempre será a coisa mais valiosa de sua vida.
- Tá bom, vô. - Sorri de volta. - E feliz aniversário. - Ele me deu um aceno.
Meu avô foi cumprimentar os demais empregados e pegar um pouco de sol.
- Ele nunca vai superar, não é? - Perguntei olhando para Cecília que negou com a cabeça.
- Não deve ser fácil perder quem nós amamos, eles eram muito apaixonados um pelo o outro, um casal de se admirar. - Ela estava falando sobre minha vó.
Desde que ela se foi, dizem que ele não é mais o mesmo.
Eu não posso dizer nada porque ela morreu dias antes de eu nascer, então eu não a conheci.
- Eu sei o que aconteceu e entendo o porquê de você não gostar de vir, mas você deveria vir vê-lo mais vezes, sabe o quanto ele ama você. - É, eu sei.
Assenti.
- Virei mais vezes, eu prometo. - Eu disse olhando-a. - Agora eu preciso ir, ele pode já ter acordado. - Despedi-me de Cecília.
Refiz todo o caminho de volta para meu quarto, peguei as chaves em meu bolso e destranquei a porta, Jimin estava exatamente do mesmo jeito. Coloquei a cesta em cima de uma das cadeiras e comecei a pôr a mesa, também aumentei o ar-condicionado, pois as coisas poderiam esfriar.
Quando termino, tiro o casaco e vou até a cama para acordá-lo.
Como eu já mencionei, ele está completamente nu, apenas o cobertor esconde sua nudez, ele é tão lindo, eu passaria horas apenas admirando cada parte de seu corpo.
Abaixo-me na altura de suas costas, onde começo a distribuir beijos por seu ombro e vou até o local de sua marca, ômegas tem bastante sensibilidade em suas marcas, principalmente quando são almas gêmeas como nós.
Sua mão vai para minha nuca como se quisesse que eu prosseguisse.
Coloco a mão em seu pescoço, faço seu rosto virar para mim e toco seus lábios com os meus.
- Eu não escovei os dentes ainda. - Ele coloca a mão em meu rosto me afastando.
- Bom dia.
- Bom dia. - Jimin diz e boceja em seguida.
Seus olhos castanhos estão claros, meu esposo é muito lindo.
- Por que está me olhando assim? - O meu ômega pergunta e eu apenas suspiro.
- Porque coisas bonitas merecem ser apreciadas.
Seu rosto corou e eu ri, Jimin notou que estava sem roupa alguma e tentou esconder-se.
- Eu já vi isso tudo ontem.
- Ontem, não hoje. - Reviro os olhos. - Feche os olhos.
- Para quê?
- Para eu levantar e me vestir? - Perguntou como se fosse óbvio.
- Se você quiser desfilar nu pelo quarto, eu realmente não me importaria.
- Anda logo, me obedeça e feche os olhos!
Eu respirei fundo e fiz o que ele pediu, levei as mãos até os olhos e senti o colchão se mexer, sinal que ele tinha levantado, claro que eu abri os olhos e fiquei olhando-o mexer em sua mala completamente nu.
Jimin estava me deixando louco e ele nem estava fazendo nada.
Ele se virou e me flagrou olhando-o.
- Por que você não me obedeceu?
- Eu sou um alfa, alfas não obedecem ômegas, é o contrário, vocês quem nos obedece.
Meu esposo revirou os olhos e eu comecei a rir, ouvi as batidas na porta e me levantei para atender a porta.
- Vá para o andar de cima. - Eu disse para ele e ele o fez. Quando Jimin já estava lá em cima, eu abri a porta para que eles passassem.
Eles trouxeram café e suco de laranja.
- Obrigado, meninos.
Passaram pela porta, eu a tranquei mais uma vez, Jimin desceu as escadas e olhou para a mesa arrumada.
- Gostou, esposo?
- Se eu soubesse que para você me tratar bem era só ter dado para você, eu teria feito isso antes.
- Jimin!
- O que? Eu realmente deveria ter seguido o conselho de Taehyung.
- Que conselho? - Perguntei até com um pouco de receio. - Não. Eu não quero saber, sente-se, por favor. - Jimin puxou a cadeira e sentou-se, e eu sentei-me em outra cadeira de frente para ele. - Está se sentindo bem?
- Um pouco dolorido, mas bem. - Assenti entendendo.
Jimin serviu-se com suco de laranja e eu com um pouco de café, em seu prato, ele colocou um pedaço de bolo, torrada e algumas frutas.
Já eu, coloquei bolo, torradas, fiz um sanduíche com queijo e presunto, por fim, também peguei algumas frutas.
- Jungkook, eu queria te perguntar uma coisa.
- Pergunte. - Eu disse comendo um pouco de bolo.
Esses cozinheiros do meu avô cozinham tão bem.
- Ontem, lá na mesa, por que a voz do seu avô não me afetou, mas do seu pai sim? - Era uma ótima pergunta na verdade.
Jimin passou geleia de morango em sua torrada e a mordeu enquanto esperava por minha resposta.
- Eu já esperava que eles fossem me alfinetar, aconteceria discussão, meu avô mandaria todos calarem a boca, é assim quase sempre, e por isso eu estava com a mão em sua perna. - O ômega me olhou com o cenho franzido. - Por conta da mordida de proteção você estava imune a qualquer controle de outro alfa, desde que eu estivesse encostando em você de alguma forma. - Ele ficou um pouco surpreso com essa informação.
Continuamos a comer e conversávamos sobre assuntos aleatórios, depois os empregados do meu avô vieram pegar as coisas que sujamos e a cesta para levar de volta.
Como eu disse, estava um calor bem chato, só que por conta do ar-condicionado, ele não estava me incomodando tanto. Eu peguei meu telefone e vi que tinha mensagem dos meninos, sim, eles fizeram um grupo e me colocaram.
Uma das mensagens era uma foto de Mingyu e Yoongi com Bam entre eles, em outra ele estava sobre suas duas patas, as patas dianteiras estavam em volta da cintura de Yoongi que segurava um graveto no alto e ele tentava pegar.
Claro que Yoongi não deixou de frisar o quão era bom ter folga.
Recebi uma mensagem de Hoseok me informando que o relatório de nossa última missão já havia sido enviado para meu e-mail, preciso ir até o computador do meu avô em seu escritório para vê-lo melhor e analisá-lo.
Estava prestes a sair quando Jimin desceu as escadas, parecia que estava morrendo, sério, até encostando nas paredes para andar ele estava.
- Jungkook? - Eu sinalizei para que ele prosseguisse. - Está muito calor!
- Diminua o ar-condicionado. - Me virei para abrir a porta e sair.
- Aonde você vai? - Ele me perguntou e eu bufei impaciente.
- Recebi um e-mail com o relatório da minha última missão e vou até o escritório do meu avô para olhá-lo, preciso checar uma coisa.
- Vai demorar?
- Provavelmente. - Respondi e o vi respirar fundo.
Sua feição mudou na hora para uma séria e emburrada.
- Meu Deus, o que foi, Jimin? - Pergunto um pouco irritado.
- Você veio para cá e vai resolver coisas do trabalho? Isso nem faz muito sentido porque você está suspenso.
- Segunda eu volto a trabalhar, e estar suspenso não significa deixar meu trabalho totalmente de lado.
- Tá! Quer saber? Faz o que você quiser! Eu não me importo!
- Isso é importante, Jimin, você não tem ideia do quanto.
- Eu já disse que você faz o que você quiser e que eu não me importo! - Tá bom, eu estava prestes a simplesmente sair quando o ouvi continuar sua murmuração. - Já que está calor, eu vou para a piscina e você que se dane naquele escritório.
- Vai, o quê?
- Você é um alfa lúpus, ou seja, me escutou muito bem.
- Escutei sim, e por escutar muito bem que já te adianto que você não vai para lá, aqueles imbecis estão lá, e minha condição para virmos foi que eu não o deixaria sozinho com eles em nenhum momento.
- E eu vou ficar aqui no quarto, enquanto você vai resolver problemas de trabalho? Você está muito enganado se pensa que vou fazer isso! Sabe de uma coisa, eu fiquei a semana inteira, praticamente, confinado dentro daquela casa.
- Você foi ver seus pais e Taehyung.
- Eu fui para meu antigo apartamento, é a mesma coisa que não sair de casa. - Ele rebateu e eu já estava perdendo toda a paciência que tinha. - Pedi para vim para cá porque eu queria sair, ares novos, e agora que estou aqui, não vou ficar aqui dentro só porque você não quer que eu fique perto deles!
- Por que você não entende? - Eu perguntei praticamente gritando.
- Porque você não explica! Você não explica e eu não consigo compreender porque eles são tão maus assim, inferno, eles me trataram super bem aquele dia!
- Eu já disse que tratar bem não é sinônimo de bom caráter.
Estávamos praticamente gritando um com o outro.
Ainda bem que essas paredes têm isolamento acústico.
- Pode não ser, mas impede que tenhamos uma imagem ruim sobre alguém. - Eu bufei de raiva. - Que merda, Jungkook, que droga aconteceu que você não quer me falar? Do que precisa para você me contar tudo de uma vez? Não era a merda da mordida? - Ele colocou a mão sobre a marca em seu pescoço. - Pronto, você me mordeu! Estamos ligados e ainda somos almas gêmeas, do que mais você precisa? - Jimin perguntou gritando.
Eu estava com tanta raiva daquilo tudo, sentia meu sangue ferver, a raiva fez meu corpo esquentar de um jeito que eu tirei minha camisa e a joguei em qualquer canto daquele quarto.
- Você quer saber de tudo, Jimin? Ótimo, então você vai saber de tudo! - Fui andando até ele.
A expressão séria de Jimin vacilou, mas não é como se eu me importasse.
Quando já estava próximo o suficiente o segurei e o joguei na cama, sim, joguei.
Eu sei que estava sendo um pouco rude, mas ainda tinha consciência e eu nunca o machucaria.
- Você vai saber de tudo, Jimin. - Ele estava deitado e eu fiquei entre suas pernas. - Mas que droga! - Peguei o controle do ar-condicionado e o abaixei o máximo que pude. - Me dê suas mãos.
- Jungkook.
- Me dê suas mãos, agora. - Eu usei minha voz de alfa.
O arrependimento me corroeu por sua expressão levemente incomodada, mas não tinha volta, já tinha acontecido.
Ele me obedeceu e eu segurei suas mãos, massageei a palma de sua mão e seus dedos.
- Abra sua janela.
- O quê?
- Preciso que abra a janela de sua alma e eu abrirei a minha. - Jimin fechou os olhos por alguns instantes, buscando concentração e quando os abriu, estavam azuis.
Eu fiz o mesmo.
- Prepare-se. - Coloquei sua mão direita em meu rosto e seus olhos mudaram vagamente para o violeta. - Coloque o indicador atrás de minha orelha e o dedão no canto de meus olhos. - Jimin o fez.
Ouvi-o engolir e suas mãos estavam trêmulas.
- Faça o mesmo com a outra mão.
Agora acontecerá tudo.
- Fecharemos os olhos juntos no três. - Eu disse após suas duas mãos estarem em meu rosto. - E encostaremos nossas testas. - Minhas mãos ainda seguravam seus pulsos. - Um. Dois. Três. - Fechamos os olhos e encostamos nossas testas. - Eu vou abrir minha mente para você...
(N/A: Quando a palavra estiver em itálico, é porque o Jungkook está falando e as palavras escritas normalmente descrevendo cenas, é porque os dois estão os vendo. O Jimin está vendo as lembranças do Jungkook, como em The Vampire Diares e em Teen Wolf, no episódio 6x20 quando o Sebastién crava as garras no pescoço do Scott.)
Tudo aconteceu há vinte anos atrás, eu tinha cinco anos, quando minha mãe disse que faríamos o teste para saber se eu era alfa, beta ou ômega, todos, inclusive eu mesmo, achavam que eu era um ômega.
Lá estava minha memória, Jimin a estava vendo.
Eu estava com meus primos, Su-ho, Hoshi, Jiwon, Jeongyeon, Yuta, Daniel e Eunbi.
Su-ho tinha 12 anos, Hoshi 11, Jiwon, Jeongyeon e Yuta tinham 9, Daniel tinha 8 e Eunbi 3, por sermos os mais novos e até então, ômegas, eu era bem próximo de Eunbi, mas também era próximo dos outros.
Hoshi e Su-ho nunca nos deixavam de fora das brincadeiras, mesmo que fôssemos os mais novos, eles sempre davam um jeito de nos incluir.
Estávamos brincando de pique esconde, Yuta quem estava contando e nós estávamos nos escondendo, só que eu e Eunbi éramos péssimos nisso, os mais velhos sempre se davam bem e por sentirem uma certa pena de nós, eles sempre nos ajudavam. Su-ho e Hoshi principalmente, os dois olharam para nós, bufaram e nos chamaram para se esconder com eles embaixo da cama.
Eles eram praticamente nossos heróis.
Eu e Eunbi estávamos brincando de princesas e príncipe e quem eram nossos cavaleiros? Isso mesmo, Su-ho era meu cavaleiro e Hoshi era o de Eunbi.
Todos achavam que eu era ômega por conta do meu comportamento, eu era dócil, carinhoso e eu era o menor, raramente fazia algumas besteira ou queria me aventurar como os demais alfas. Eu sempre preferi brincar com Eunbi, justamente por não serem brincadeiras de alto risco porque eu também era muito medroso.
Lá estava nós dois, brincando de encher a cesta de folhas e flores que caíam da árvore do jardim, de longe, eles nos observavam.
Meu avô apareceu e tomou-me em seus braços enchendo meu rosto de beijos, eu estava rindo alto por sentir cócegas quando ele fazia isso. Meu avô, de todos os netos legítimos, ele sempre me tratou com maior diferença.
Meu avô sempre me tratou assim, com imenso carinho e amor, e era óbvio que eu era seu neto preferido.
Os demais não recebiam tanto a sua atenção quanto eu, não recebiam os presentes repentinos e vovô nunca deixou de frisar o quanto eles eram irresponsáveis, afinal, com seus 12 e 11 anos completados, eles ainda agiam como crianças e viviam se metendo em encrencas na escola.
Enquanto eu, eu era seu orgulho.
Eu estava sentado em seu colo, alguns instantes antes de irmos ao hospital, vovô estava me mostrando sua medalha e eu estava maravilhado com aquilo.
- Vovô, como eu posso ganhar uma dessas? - Eu perguntei com os olhos brilhando, ele riu e colocou a mão em minha cabeça.
- Ganhará se servir ao quartel e completar os pré-requisitos necessários. - Ele respondeu e eu o olhava admirado. - Eu ficaria muito feliz se você servisse ao quartel como eu servi, como seu pai serviu, como meu pai serviu e assim vai... - Suas mãos fizeram pequenas cócegas em minha barriga e eu ri.
- Vovô?
- Sim?
- Como a vovó era? - Perguntei olhando para ele.
Minha vó morreu dias antes de eu nascer, ele nunca superou a morte dela de fato, entretanto, eu nunca vi meu avô chorar ou ficar triste pelos cantos.
- Sua vó... - Ele soltou um longo suspiro. - Acredite ou não, mas você é muito parecido com ela. - Meu avô colocou uma mecha de meus cabelos atrás de minha orelha. - Você foi o único que herdou os olhos cor de mel que ela tinha. - Vovô pegou uma foto em sua gaveta e me mostrou.
Sim, de fato, éramos bem parecidos e eu herdei seus olhos.
Naquele momento, eu entendi um pouco do apresso que meu avô tinha por mim, sua esposa se foi e eu vim, de alguma forma, ele a via em mim.
Minha mãe bateu na porta e abriu-a em seguida.
- Jungkook, despeça-se de seu avô, temos que ir. - Eu assenti.
Olhei para meu avô e dei um beijo demorado em seu rosto.
- Tchau, vovô!
- Tchau, querido. - Desci de seu colo e corri até minha mãe entrelaçando nossas mãos.
Durante nossa ida até o carro, os meninos vieram até mim, inclusive Eunbi.
- Boa sorte lá! - Ela disse e eu sorri assentindo.
- Já sabemos que ele é um ômega, não sei porque fazer teste. - Su-ho falou e os demais concordaram.
- Faremos para termos certeza. - Minha mãe respondeu e ele revirou os olhos.
- Bem, boa sorte lá, Kookie. - Hoshi piscou um de seus olhos e eu lhe dei um aceno.
Nós fomos até o hospital e fizemos o teste, não demorou muito e logo estávamos voltando para casa com ele em mãos.
Eles têm o costume de abrir os testes com todos reunidos, então já estavam todos reunidos em minha casa para que abríssemos o teste e tivéssemos a certeza de que eu era um ômega, só que já sabemos que não foi nada disso.
Quando minha mãe abriu o teste e anunciou o resultado, alfa lúpus, não houve comemoração como houve com os demais, eles ficaram todos desacreditados e o teste começou a passar de mão em mão. Ninguém conseguia acreditar que eu era um alfa lúpus, meu avô era o único e agora éramos só nós dois. Eles tentavam entender a todo custo como eu consegui herdar o gene lúpus como se houvesse alguma explicação para algo assim.
Meu avô tinha saído para resolver algumas coisas, então perdeu o resultado do teste quando ele foi anunciado para todos, mas ele chegou depois, e quando ele soube que eu era como ele, ele me pegou no colo e me girou em comemoração.
Eu nunca havia visto meu avô tão feliz como naquele dia, e parecia que nem mesmo os demais estavam acreditando na tamanha felicidade dele.
Ele estava tão feliz que fez até uma festa em comemoração, ficou por semanas praticamente anunciado aos quatro cantos que eu era lúpus, seu neto preferido era a perfeita mistura dele e de sua esposa.
Mal sabia ele que isso gerou inveja até em seus filhos, até mesmo em meu próprio pai que deveria estar feliz.
Passaram-se alguns dias e eles, meus primos, vieram todos para minha casa, eu estava de certa forma feliz por agora ser um deles.
Ser um alfa como eles.
Minha mãe sempre ficava com minhas tias e meu pai sempre estava trabalhando, então na maior parte do tempo, eu ficava sozinho com eles e foi nisso que aconteceu o que eu menos esperava.
- Seus primos estão aqui, Jungkook! - Eu desci as escadas correndo, quase tropecei em meus próprios pés por ser bastante agitado. - Comportem-se.
- Sim, mamãe! - Assenti.
Tínhamos o costume de brincarmos no quarto, lá ficava os brinquedos e naquele dia estava chovendo fortemente, então não havia escolha a não ser brincarmos ali.
- Então, vamos brincar de quê? - Eu perguntei animado e ainda ofegante por ter descido as escadas rápido, eu fui até minha caixa de brinquedos e peguei os novos em minhas mãos e trouxe até eles. - Vovô trouxe-me esses brinquedos novos, podemos brincar com-
Su-ho os arrancou de minhas mãos com certa brutalidade, eu estranhei, mas não disse nada.
- É... Vovô para lá, vovô para cá... - Ele dizia frio. - Sabe de uma coisa, Jungkook? - Su-ho jogou o brinquedo no chão com tanta força que ele se quebrou.
- V-você quebrou o brinquedo que meu avô me deu. - O mais velho sorriu para os demais alfas, de repente todos eles foram até minha caixa de brinquedos e quebraram todos, sem exceção. - PAREM! NÃO QUEBREM MEUS BRINQUEDOS! FOI O VOVÔ QUEM ME DEU! - Mesmo que eu gritasse, eles não paravam.
Eunbi estava no canto, encolhida e assustada tanto quanto eu.
- Foi o vovô? Que pena. - Hoshi os jogou no chão e veio até mim.
- Sempre foi você. - Su-ho também veio até mim.
- Nós deixávamos essa ideia de lado, porque achávamos que você era o único ômega da família e por isso o vovô tinha tanto apego a você. Por lembrar nossa avó e ele sentir-se próximo dela por estar com você. - Jiwon prosseguiu e também veio até mim.
Eles estavam me cercando.
- Mas agora, nada nos impede. - Jeongyeon disse.
- Os impede de quê? - Eu perguntei baixo e assustado.
Eu realmente me senti um ômega.
Eram cinco alfas mais velhos e maiores contra mim.
- Disso.
Su-ho acertou um soco em meu rosto.
- Eu não quero mais ver isso! - Jimin disse tirando suas mãos do meu rosto. - Eu já entendi.
- Não, você não entendeu. - Eu falei segurando seu pulso e colocando-o em meu rosto de novo. - Eu disse que mostraria tudo e estou mostrando, agora deixe-me prosseguir, não eram eles, as boas pessoas? Vamos ver se são mesmo. - Encostei minha testa na sua e não precisou de muito esforço como antes para que ele entrasse em minha mente.
Eu fui parar no chão, Su-ho tinha a força de um alfa de 12 anos e eu uma criança de cinco anos.
- Eu sempre odiei você, Jungkook! - Eu senti seu chute em minha barriga. - Eu nunca gostei de você, eu fingia gostar e fingia tolerar pelo vovô, por achar que você fosse um ômega, mas agora que é um alfa e lúpus ainda, eu não preciso me segurar com você. - Eu era uma criança.
Uma criança de cinco anos, sendo praticamente espancado pelos primos mais velhos.
Depois Hoshi também começou a me bater.
- Por favor, parem com isso... - Eu pedia em meio ao choro, enquanto eles chutavam meu corpo, eu coloquei os braços ao redor do rosto na tentativa falha de proteger-me. - Parem! - Eu fechei os olhos fortemente.
Hoshi me segurou e me levantou pelo colarinho e bateu meu corpo contra a parede.
- HOSHI, PARA COM ISSO! - Eunbi gritou, mas era inútil, ela uma criança de três tentando pará-los.
Ela até mesmo segurou a blusa dele, mas Hoshi a empurrou.
- Segurem ela! - Ele gritou para Jeongyeon e Jiwon.
Eunbi tentava soltar-se.
Ele começou a distribuir socos por minha barriga, eu nunca havia sentido tanta dor até aquele dia, eu estava tão assustado...
Foi então que eu usei minha voz de alfa pela primeira vez.
- PAREM! - Eu gritei e ele me soltou bruscamente.
Todos eles levaram suas mãos até seus ouvidos e eu estava livre, livre para ir atrás de minha mãe e pedir por ajuda.
A porta se abriu e por ela passaram minhas tias e ela, eu logo corri até minha mãe pedindo por seu colo.
- Mamãe! - Eu gritei enquanto abraçava seu pescoço.
- O que aconteceu aqui? - Ela gritou olhando a destruição do quarto.
- Foi o Jungkook!
- O quê? - Minha mãe perguntou após Hoshi me acusar.
- É mentira, mamãe... - Eu dizia chorando enquanto abraçava seu pescoço com força. - E-eles quebraram os brinquedos que o vovô me deu e me bateram, eu estou com muita dor na barriga, mamãe...
- Ele está mentindo, tia! - Su-ho rebateu. - Jungkook simplesmente se descontrolou, a senhora sabe como é o gene lúpus, ele estava completamente fora de si, movido pela raiva e veio para cima de nós. - Quanto mais mentiras eles inventavam, mais eu chorava enquanto negava na esperança dela acreditar em mim.
- É, ele começou a surtar só porque eu queria brincar com um brinquedo que ele já tinha escolhido e daí começou a quebrar todos os brinquedos, dizendo que também não iríamos brincar com mais nenhum.
- Mamãe, não acredite neles, eles estão mentindo! Eu nunca quebraria os brinquedos que o vovô me deu.
- Os genes lúpus deixaram Jungkook fora de si, tia. - Su-ho continuou a dizer. - Vovô também tinha esses ataques de raiva, lembram? - Eu negava com a cabeça torcendo para que minha mãe não acreditasse neles.
- Ele começou a se bater, tia. - Jiwon disse atrás do irmão mais velho. - Por isso está nesse estado, disse que se bateria e nos colocaria a culpa para sermos prejudicados.
- Mamãe, por favor, não acredite neles! Eu não estou mentindo.
Como eu ainda era novo nisso, acabei falando isso com minha voz de alfa e todos se encolheram novamente.
Minha mãe rapidamente me colocou no chão e fechou o ouvido pela dor que sentiu, foi por causa desse meu descuido que ela deu credibilidade a histórias deles e eu sai como culpado.
Ainda naquele dia, eu fui tomar banho e trancado em meu quarto de castigo por algo que eu não havia feito, as empregadas cuidaram de mim enquanto minha mãe... Minha mãe não estava nem aí para meu estado, mesmo que fosse verdade, mesmo que eu mesmo tivesse me machucado, ela deveria ter ido cuidar de mim. Eu era seu filhote.
Meu pai chegou e ficou furioso ao ouvir o que tinha acontecido, ele não acreditou em nada do que eu disse.
- Papai, eu não fiz nada, foram eles! Eles quem quebraram tudo e me machucaram.
- Como eu vou acreditar em você sendo que tem cinco contra você? Até a Eunbi disse que você surtou. - Eu fiquei desacreditado e comecei a chorar, a chorar muito.
- Papai, o senhor tem que acreditar em-
Minhas palavras foram completamente interrompidas pelo tapa que levei em meu rosto.
Foi a primeira vez que ele havia me batido.
Com o passar do tempo, as agressões continuaram por parte dos meus primos e eles se safando de todas, isso tudo aconteceu por longos dois anos.
Eu estava constantemente machucado e por isso, eu passei a inventar desculpas para minha mãe sobre como eu os havia conseguido porque ainda que eu os culpasse, ela nunca acreditou em mim, na sua frente eles eram anjos e era a palavra de um contra sete.
Por estar adepto a agressões, eu sempre criei o reflexo de levar a mão até o rosto sempre que eu via alguém erguê-la em minha direção, não só isso, eu comecei a cuidar de mim mesmo muito cedo por não ter o cuidado de minha mãe.
Dois anos... Dois longos anos...
A solidão tornou-se minha melhor amiga e isso não era nada bom para uma criança de cinco anos, eu não gostava de ficar sozinho, eu sentia falta de ter alguém para brincar comigo e por meus brinquedos terem sido quebrados, eu não tinha mais nada para brincar, meu pai não comprou nada para mim de novo.
Meu avô tinha aceitado uma missão de longa duração, por isso ele nunca ficou sabendo dessas coisas e ninguém nunca ousou contá-lo, por isso ele teve aquela reação ontem.
Eu fui praticamente proibido de abrir a boca sobre isso na época.
- Você disse que quase morreu... Foi durante essas agressões?
Sim, mas antes você precisa saber de uma coisa.
Depois de dois anos, eu conheci meu melhor amigo chamado Jonghyun, ele foi meu único amigo por anos e até hoje ele é o mais importante de toda minha vida.
Mais uma vez, eu estava sendo agredido por aqueles alfas a ponto de sentir o sangue em minha boca, eles repetiam isso constantemente porque sabiam que eu me recuperava rápido.
Eu já não tinha mais capacidade para rebater ou tentar fugir, nem mesmo minha voz eu tentava usar mais.
Su-ho me segurou pelo pescoço prensando-me contra a parede e começou a acertar meu rosto com seu cotovelo, eu sentia dor, sentia mesmo, mas não sentia vontade de gritar ou reclamar por ela.
Meu corpo parecia já ter se adaptado a toda aquela tortura.
Su-ho foi puxado e afastado de meu corpo, logo eu senti aquele cheiro de ômega adocicado, Jonghyun havia se posto em minha frente e estava com os braços levantados.
- Jonghyun. - Ele disse entre os dentes. - Se afaste agora!
- Você nunca mais irá encostar um dedo nele, se eu ver algum dos seis idiotas baterem nele, se verão comigo!
- O que um ômega como você poderia fazer contra nós? - Hoshi perguntou rindo e os outros também riram.
- Eu sou faixa preta em artes marciais, além de treinar para o exército constantemente, não pensem que podem me desafiar. - Ele disse e os alfas pararam de rir.
Agora se entreolhavam com uma expressão um pouco amedrontados.
- Vamos embora. - Hoshi disse.
- Mas não pense que isso acabou aqui, priminho. - Su-ho falou antes de sair.
Alguns instantes se passaram e Jonghyun virou-se para mim.
- Cara, você é um lúpus ou o quê? Fica deixando esses merdinhas te baterem, se eu tivesse sua voz, eu mandava eles limparem meus tênis! - Ele apontou para o próprio pé. - E com a língua.
- Jonghyun...
- É, sou eu, Jungkook!
- Jong-hyun.
Eu caí desmaiado no chão, Jonghyun chamou a ambulância e eu tive duas paradas cardíacas durante o caminho até o hospital e quando eu cheguei lá. Os médicos disseram que eu tinha duas costelas quebradas e ainda havia uma hemorragia interna próximo aos meus pulmões, eles fizeram de tudo e felizmente, ou não, eles conseguiram me salvar.
Naquele dia, Jonghyun não demorou a aparecer, ele sabia do que acontecia comigo e por isso estava gravando tudo, esperou o momento em que visse que eu não aguentava mais e correu para me ajudar. Como já era de se esperar, não fizeram nada sobre o vídeo, eles saíram impunes como sempre, mas depois disso eles nunca mais tocaram em mim.
Eu aprendi a usar minha voz de alfa e meu pai também nunca mais ousou tocar em mim.
- Mas é como eu disse, eles simplesmente botaram a poeira para debaixo do tapete, meu avô nem sonha que fiquei meses em uma cadeira de rodas e depois muleta. - Suspirei. - Se eu não fosse lúpus, talvez ainda haveriam sérias sequelas. - Eu abri os olhos depois da tanto tempo.
Jimin ainda segurava meu rosto, só que ele estava com a cabeça abaixada, e suas lágrimas desciam por seu rosto até seu queixo.
- Jimin...
- Me perdoa. - Ele pediu enquanto chorava e eu franzi o cenho, logo seus braços vieram para meu pescoço e ele sentou-se em meu colo. - Me perdoa por tudo que eu falei naquele dia, me perdoa por questioná-lo em relação a eles... - Seu corpo tremia em meus braços. - Eu estou me sentindo tão estúpido.
Minha única reação foi abraçá-lo de volta.
- A culpa não foi sua. - Eu disse beijando seu ombro. - Nada disso foi culpa sua, você não tem nada a ver com isso, não tem que me pedir perdão. - Jimin virou o rosto que estava apoiado em meu ombro e olhou-me.
Aqueles olhos vermelhos e cheios de água fez meu coração doer, e foi uma dor tão grande que eu quase chorei junto com ele.
- Você era só uma criança, você tinha só cinco anos...
- Shh... - Abracei-o e o aconcheguei em meus braços. - Está tudo bem agora, não está? Eu estou bem e estou aqui com você.
- Você poderia ter morrido.
- Mas não morri.
- Eu tenho que te pedir perdão por ter acreditado nele, eu deveria ter confiado em você.
- Realmente. - Eu olhei para ele. - Mas eu não te dava motivos para você confiar em mim, não tinha como você confiar, olha, eu não queria que fosse dessa forma. - Eu beijei sua testa e depois seu rosto.
O gosto salgado de suas lágrimas veio em meus lábios.
- Jimin, eu sempre vou te proteger, ok? Você pode duvidar de qualquer coisa, droga, eu ainda vou ser muito chato no futuro. - Ele riu mesmo chorando. - Mas nunca duvide de minhas intenções em protegê-lo, nunca mesmo. - Jimin assentiu.
- Eu prometo.
Eu beijei seus lábios demoradamente.
- Eu não consigo parar de me sentir culpado por ter dado atenção a eles e não ter acreditado em você.
- Está tudo bem, você errou, acontece, eu também errei muito com você, mas do que você comigo.
- Você é cara de pau, não fica se martirizando e age como se não fosse nada.
- É, talvez, mas é sério, deixe isso para lá. Amanhã nós vamos embora, vamos para nossa casa e vamos, por favor, esquecer que essa família existe. - Jimin negou com a cabeça enquanto ria.
- Ok!
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