- Onde conseguiram um cachorro? 

Éric perguntava Mellanie.

- Na nossa última parada! Tinha dois, eles estavam sendo atacados aí consegui salvar só um! - ela abaixou o olhar se lembrando do acontecido.

- Entendi! Ele tem nome?

- Acabei de arruma! - ela sorriu - Spyke!

- Spyke? Legal! - ele acariciou o cachorro. Eles também cuidaram dele, ele havia quebrado a pata traseira, mas também estava bem! Deram a ele de comer e beber e um cantinho na varanda da casa pra ele ficar - Você é bem corajosa de pegar um cachorro pra criar em meio a esse apocalipse zumbi!

- É eu sei, mas o que eu poderia fazer? Não podia deixar ele lá!

- O que fazem aqui fora? - Will se aproximou.

- Cuidando do cachorro! - Éric respondeu.

- Oi Will!

- Oi Mellanie, está melhor?

- Estou sim! Obrigada.

- Eu também estou bem Will! Obrigada! - Éric brincou, eles começaram a rir - Eu estava aqui tentando entender o por quê que ela trouxe um cachorro com ela!

- Isso me intrigou também - ele sorriu - Um cachorro no carro, num apocalipse zumbi!

- É! Não vejo problemas, é um pastor alemão, cuide dele agora e mais tarde ele vai cuidar de nós!
- Faz sentido! - Éric disse - Mudando de assunto, nos conte um pouco sua história!

- É mesmo, quem era você antes desse inferno! O que fazia, o que gostava, onde está sua família?

Mellanie se entristeceu, e pensou um pouco antes de responder, mas não sentiu vontade de mentir, de algum jeito eles passava uma segurança a ela, e isso era bom.

- Meu pai, James Ryder, é Capitão do exercito, na Capital! Minha mãe morreu a três anos, e depois disso quem cuidava de mim era Regina Blush, ela é Tenente! E ex mulher do meu pai, então nunca nos damos bem! Ela me culpa por ele ter separado dela e tal, aqueles dramas cotidianos! 

- Sei como é - Will falou - Se me permite perguntar sua mãe morreu de que?

- É complicado, ninguém sabe ao certo o que aconteceu, a perícia alega que foi suicídio, mas cá entre nós minha mãe não tinha motivos pra isso, o que me leva a pensar que talvez foi um assassinato!

- Tem certeza? 

- Não. mas deixa eu terminar a história, meu pai confiava na Regina! Confiava a minha vida a ela, toda vez que precisasse sair ele pedia pra que ela tomasse conta de mim. Eu era soldada ainda, passei a vida toda com ele, conheço cada pedacinho daquela base militar! Até que completei idade o suficiente pra me alistar! - ela parou um pouco para ver se eles estavam prestando atenção, Éric e Will não tirava os olhos dela e se concentravam na história - E então surgiu a epidemia, vários soldados foram escalados pra ir tentar manter a ondem nas cidades vizinhas, pra gente parecia uma ótima oportunidade de experiência em campo, eu insisti até que meu pai concordou em deixar eu ir a Seattle com ele, todos da base iam, inclusive Regina, mas em Seattle as coisas estavam bem diferente, toda a cidade já estava infectada e eles apenas estavam retirando os sobreviventes!

- É só fizeram isso com as cidades mais ricas e bem vista! O resto de nós se ferrou!

- E vocês são de onde? - Mellanie perguntou.

- Somos de San Diego, mas depois te contamos a história, termina a sua primeiro! - Éric sugeriu.

- Tá bom! Quando meu pai sai da base quem tomava frente era o Sargento Noah, mas ele passou mal e meu pai teve que voltar as pressas pra base e me deixou lá em Seattle com Regina, a epidemia se alastrou mais rápido do que pensamos e se perdeu o controle, meu pai ia voltar pra me pegar mas eles não deixaram, então ele mandou um helicóptero para buscar eu e ela, mas na hora de entrar fui barrada!

- Barrada? Como assim?

- É barrada! Regina não me deixou passar. Não me deixou voltar pra casa!

- Nossa, essa mulher é ruim então! - Éric tapou a boca, surpreso.

- Sim, ela é ruim, maldosa e manipuladora.

- Mas você não reagiu nem nada? - Will perguntou.

- É claro que sim! Gritei ela e questionei, mas ela disse que era o meu fim, e que era pra eu me virar, tentei entrar a força mas os oficiais a obedeceram e não me deixaram entrar de jeito nenhum! Então sem rumo eu procurei abrigo, achei Jack no meio da confusão, também deixaram ele pra trás ele também era soldado e éramos amigos. Ficamos juntos e achamos uma casa afastada da multidão, onde encontramos Ryan, então unimos forças e sobrevivemos juntos desde então, correndo, escondendo, lutando...

- Complicado em, deve ter sido difícil pra você! - Éric bateu em seu ombro devagar.

- Mas Mellanie, e seu pai?

- Meu pai? Ainda está lá na Capital, Regina provavelmente inventou uma boa mentira sobre minha morte! 

- Então ele acha que você morreu? - Will deduziu - É bem provável!

- É sim, ele acha que estou morta! Por isso não veio me procurar! Eu nasci naquela base militar, conheço todos ali, eu era popular, Mellanie Ryder, a filha do Capitão! - ela disse fazendo gestos - Não tem como ninguém não ter sentido minha falta! Ela me deixou pra morrer por que achava que eu não ia sobreviver, ela não conta com isso! Ela queria me ver morta então achou a oportunidade perfeita, ela nem precisaria colocar as mãos em mim, e ninguém a questionaria! 

- O perfil de uma assassina! - Éric sibilou.

- Pois é! - Mellanie coçou a cabeça - É por isso que acho que minha mãe não cometeu suicídio!

- Acha que poderia ter sido ela?

- Eu acho muita coisa, mas assim que eu chegar na Capital, vou encontrar meu pai, vou desmascarar ela e me vingar! E tudo isso aqui, esse pesadelo vai acabar!

- Opa, pra que vingança? 

- Ah Éric, você não entende!

- Entendo sim! E acho desnecessário, só de você voltar pra casa ela já vai tá ferrada! Ai você se junta de novo a seu pai e vai ser feliz!

- Ok agora é a vez de vocês!

- Tá bom, eu conto ou você conta Will?

- Começa aí Éric! 

- Então, nós nos conhecemos desde moleques, crescemos juntos, meu pai tinha um hotel em San Diego, passamos a vida toda lá também, fazíamos de tudo, nós ajudava ele a cuidar do hotel, nossa ultima profissão antes do apocalipse foi de segurança, meu velho não tinha dinheiro pra contratar ninguém, e o prédio já havia passado por assaltos e arrombamentos, então eu e o Will fizemos uns cursos básicos de alto defesa e tal, aí passamos a cuidar do hotel!

- Espera, então vocês são amigos de infância? Mas porque Will foi criado com você? - Mellanie tentava entender a história.

- É que meu pai era muito amigo do pai dele, nem cheguei a conhecer minha mãe, ela morreu pouco depois de eu nascer, então meu pai me deixava brincar com o Éric, e fui ficando lá, ai meu pai trabalhava demais e quase não tinha tempo pra mim, ai me deixava no hotel e pedia ao pai dele pra me olhar.

- Ah agora entendi! Sinto muito por sua mãe!

- Também sinto muito pela sua!

 - Mas continuando, eu e o Éric estávamos trabalhando de seguranças quando esse apocalipse zumbi começou, conseguimos nos manter muito tempo no hotel, até que a comida começou a acabar, eu e ele e alguns amigos nossos também saímos pra procura mais, o suficiente pra sobreviver, e quando voltamos o hotel havia sido invadido.

- E todos que estavam lá, foram atacados - Éric continuou - Inclusive meu pai.

- Nossa, sinto muito pelo seu pai também - Mellanie disse interrompendo.

- Tudo bem, mas resumindo, nós não conseguimos voltar, então colocamos o pé na estrada, daí encontramos Sam!

- Mulher com quem Éric se apaixonou e pretende casar! - Will zombava.

- Cala boca! Mas é apaixonei sim, e estamos juntos.

- Sério? Que legal!

- Pois é, dai depois Philip salvou agente de um ataque numa rodovia ficamos cercados, ele o grupo dele nos acolheu também, então nos juntamos a eles!

- É mas se arrependimento matasse! - Will começou a rir.

- Que isso Will !

- A verdade ué, ele só nos ajudou por que nós tinha armas, então ele ia precisar da nossa ajuda! E agora acha que manda em nós, e querendo ou não obedecemos!

- E obedecem por que?

- Sei lá, aquele sentimento de gratidão, e no fundo ninguém aqui tem coragem de enfrentar ele!

- Você tem sim Will!

- Tá falando de hoje de manha?

- Sim!

- Ah, tem hora que eu perco a paciência!

- A paciência neh? Haham sei! - Éric riu pelo nariz.

- Por que? O que quer dizer com isso ? 

- Nada não! - sorriu - Se perdeu foi o juízo, duas vezes hoje.

Todos começaram a rir.

Chris apareceu da porta e chamou eles pra ajudar a fazer uma fogueira do lado de fora da casa pra poder assar os peixes pro jantar. Todo mundo ajudou.

Jack se sentiu em casa pela primeira vez com eles, estava tranquilo e pensava em como seria se eles tivessem encontrado eles antes. Ele ainda estava cansado mas ajudou na lenha e depois de algum tempo todos se sentaram em volta da fogueira improvisada e ficaram horas e horas conversando ao chegar da noite. 

Eles estavam em um grupo, mesmo que temporariamente, assim Jack pensava, ao todos eles eram em dez: Além de Jack, Mellanie e Ryan, agora tinha Will, Éric, Sam, Tio Jab, Grenda, Chris e até mesmo Phillip, e eles poderiam se sair muito bem juntos se não fosse pela ironia da vida!

- Bom vocês vão ter que dividir os quartos, só tem três na casa! - Chris alertava.

- Mellanie pode dormi comigo e com Samantha! - Grenda convidou - Dá pra dividir.

- Obrigada Grenda.

- De nada, Ryan fica onde está, é o quarto do Tio Jab, e do Chris, acho que eles não se importam de dividir com você!

- Pode ficar lá Ryan! - Tio Jeb tocou em seu ombro devagar.

- Obrigada, mas e o Jack? - Ryan lembrou.

- Fica com agente! - Éric levantou a mão.

- Pois é então está tudo certo! 

- Obrigada mesmo gente pela hospitalidade! Nem sei como agradecer vocês! - Mellanie falou de coração.

- Não precisa! - Grenda disse sendo gentil.

- Precisamos sim! - Ryan se levantou com dificuldade pra ir até a varanda de novo.

- Quer ajuda aí? 

- Não obrigada eu vou ali buscar minha jaqueta e já volto, tá esfriando aqui!

- É tá mesmo, pega a minha também Ryan? - Mellanie pediu.

- Ta bom!

Èric se aproximou de Sam, e sentou do lado dela. 

- Cadê o Will? - ela perguntou. 

- Tá lá dentro já deve está vindo! 

- É senão ele vai ficar sem comer! - ela olhou em volta e observou Mellanie e Jack - Será que podermos mesmo confiar neles? 

Éric pensou um pouco antes de responder. 

- Eu acho que não temos opção! E acho que eles não vão nos fazer mal! 

- Tomara, se bem que eles não oferecem nenhum perigo. 

- Ao contrário! - ele suspiro - Acho que pode ser uma boa oportunidade pra gente! 

- Uma oportunidade? Defina! - Sam piscou. 

- Eles estão indo para a Capital, com certeza não teriam chance nenhuma, mas veja bem ela é a filha desaparecida do Capitão do exército ela vai se dar bem! E quem tive com ela também; pode ser a nossa salvação!

Sam pensou um pouco,e concordou. Mellanie era o seus passaporte pra felicidade, então não conseguiu ver ameaça ou perigo! E fico a observar enquanto ela interagia com o resto do grupo.

- E então por que Tio Jeb? O senhor é tio de quem? - Mellanie perguntou curiosa. 

- Meu tio! - Chris respondeu - Meu e de Phillip. 

- É sério? - ela ficou surpresa - Você e Phillip são irmãos? Não vejo semelhança! 

- Ninguém vê! - ele riu, vai querer mais peixe? 

- Não obrigada estou satisfeita! - ela se arrepiou de frio. 

- Mellanie fique aqui mais perto da fogueira pra você se esquentar! 

- Não prescisa não, Ryan já deve estar trazendo minha blusa! 

- Sei não, mas pelo tempo acho que ele deve ter esquecido! 

- Pois é, já era pra ele estar aqui! Vou atrás dele. 

- Tá bom vai lá!

Mellanie levantou e foi andando de volta pra casa. 

Phillip estava afastado de todos sentando em umas pedras à alguns metros da casa, ele estava concentrado amolando um facão. Ela parou e o observou, e nem percebeu a presença de Will. 

- Como é que você está se sentindo? 

Mellanie deu um pulo pra trás. 

- Ah é você Will ! - ele riu - Estou bem, só um pouco cansada! 

- Eu me refiro ao seu machucado! 

- Atah! Está normal, tá doendo, mas é uma dor suportável! 

- Daqui a pouco passa! Você já vai dormi? 

- Não não, eu vim só pegar uma blusa de frio, já estou voltando! 

- Ok então! Eu vou comer alguma coisa! 

Will desceu as escadas da varanda e seguiu rumo a fogueira improvisada ainda encarando Mellanie, ela encarou de volta meio sem jeito e entrou pra dentro da casa. 

Ela foi direto para a sala e sua jaqueta estava em cima do sofá ainda, ela foi atrás de Ryan no quarto onde ele estava; a porta estava aberta, ela entrou com cuidado e procurou onde ele estaria pois o quarto estava em silêncio; e mais a frente ela o viu caído no chão.

- Ryan, Ryan - ela o saculejou - Ah meu Deus, Ryan acorda! Ryan. 

Ele não se mexia, estava pálido, ele havia desmaiado, e Mellanie entrou em desespero.

- Ryan? Ryan? Acorda, Por favor alguém me ajuda! Socorro alguém me ajuda!