🐺Prólogo🐺 DEGUSTAÇÃO
🐺Dorian🐺
Era uma vez, um pequeno menino chamado Dorian. Ele não conhecia a maldade do mundo, seus doces e amorosos pais o cercaram apenas com bons sentimentos e com valores certos.
Esse garotinho sou eu, Dorian Grayson. Um menino que viveu feliz durante os 10 primeiros anos de sua vida, até que em uma noite escura e muito fria:
-Dorian... - a voz de mamãe estava cheia de angústia, eu podia ser apenas uma criança, mas conhecia bem a minha mãe para saber que ela não iria me acordar no meio da noite com toda aquela urgência senão tivesse um bom motivo.
Por isso, não fiz manha pedindo mais alguns minutos, apenas me sentei na cama deixando que a preocupação tomasse conta de mim. Nunca tinha visto aquele olhar tenso nos olhos azuis de mamãe, mesmo que o sorriso persistisse em seu rosto tão parecido com o meu.
-Filho nós não temos muito tempo.
Ela falava baixo, naquele época eu não sabia que sua intensão era não me deixar em pânico. Eu não sabia de nada e não saberia por muitos anos.
-O que houve, mamãe? Cadê o papai?
Ela sorriu mais uma vez e seu sorriso deu uma pequena vacilada. Eu sabia que algo estava errado, era como se pudesse sentir a tensão no ar, mas sendo apenas uma criança não conseguia ter certeza do que tanto me incomodava naquela situação.
-Vista suas roupas e coloque as botas, querido. Não demore! Papai e eu estamos te esperando lá embaixo.
Mamãe não me deixou perguntar mais nada, ela beijou minha testa e saiu de forma apressada do meu quarto. Depois disso não hesitei em fazer o que ela tinha dito. Vesti minhas roupas e calcei as botas, estava muito frio, o inverno estava sendo severo aquele ano e a neve grossa caia do lado de fora cobrindo tudo em nossa volta.
Quando desci a pequena escada de nossa casa, encontrei meus pais me esperando na sala. Papai parecia tenso, ele era um homem tão forte e ao mesmo tempo tão amoroso. Um dia eu queria ser como ele. Já mamãe estava chorando, e suas mãos temiam.
-Ele é tão pequeno! - diz ela com raiva, eu não entendia o que estava causando aquele sentimento em minha mãe. Ele costumava ser tão gentil com todos. Nunca tinha visto ela com tanta raiva, era como uma leoa defendendo seu filhote com presas e garras.
-Nós vamos conseguir passar por isso, querida. Então poderemos ir atrás dele. - responde papai, abraçando minha mãe, ela chorou ainda mais e eu me segurei no corrimão da escada, eles ainda não tinham notado a minha presença.
-E se ele não conseguir... O inverno está sendo tão severo.
-Dorian é forte! Eu sei que ele vai conseguir passar por isso, e nós vamos conseguir chegar até ele.
-Papai... - digo interrompendo as palavras do meu pai, só então eles notaram a minha presença e mamãe se soltou de seu abraço e veio até mim. Ela me abraçou com força, como se tivesse medo de me soltar e nunca mais me ver.
-Meu amor, eu preciso que você seja um menino bom e forte. - disse ela ainda agarrada a mim.
-Mamãe? - papai se aproximou de nós e me abraçou com força. Aquela altura meu coração saltava no peito, eu não entendia nada. Não sabia o que estava acontecendo, mas sentia que não era uma coisa boa.
-Dorian olhe para mim!
Fiz o que papai pediu e ele me olhou cheio de preocupação, mas tentava passar uma força e uma certeza que hoje eu sei que ele não tinha. No fundo papai e mamãe sabiam que nada terminaria bem.
-Filho você vai até a casa da sua avó, mamãe e eu estamos com problemas, mas vamos lhe dar tempo para ir na frente...
-Não! - me agarrei a minha mãe e ela chorou ainda mais. Talvez naquele momento, mesmo sendo tão pequeno, eu soubesse que nunca mais os veria.
-Filho você precisa ser o menino forte que mamãe e papai criaram. -meu pai beija minha testa. -Nós não temos tempo, filho. Você precisa fazer o que estamos pedindo, siga até a casa da sua avó! Não pare, não olhe para trás e não desista. Você é forte, é esperto e vai conseguir. Me entendeu?
Sentia minha garganta apertando, meus olhos queimavam com lágrimas não caídas. Estava tentando ser um menino forte.
-Repita comigo, não vou parar por nada até estar na casa da vovó!
-N-Não vou parar por nada até estar na casa da vovó!
-Bom menino. - disse mamãe, então ela tirou sua bonita capa vermelha, uma que ela sempre carregava consigo, e a colocou por cima dos meus ombros. -Agora você precisa ir, meu amor. Encontre a vovó, apenas lá você estará seguro.
Eu não queria ir, mas também não poderia desobedecer uma ordem dos meus pais quando eles pareciam tão desesperados para me verem seguro. Sendo uma criança não consegui entender por que eles não poderiam ir comigo, por que eu tinha saído correndo sozinho em meio a noite escura e fria. Naquele momento eu não podia imaginar que meus pais ficaram para trás, se sacrificando, para me manterem seguro.
Eu não saberia o tamanho do sacrifício dos dois até muitos anos depois. E pensar que esse sacrifício quase foi em vão, eu quase morri naquela floresta...
Estava tão cansado, meus olhos estavam pesados e todo o meu corpo doía. O dia já tinha amanhecido, eu não fazia ideia de quanto tempo passei correndo, mas tinham sido horas, até que minhas pernas não aguentaram mais e tive que praticamente me arrastar em meio as camadas de neve. A casa da vovó nunca pareceu tão longe.
-Eu tenho que chegar... - minha própria voz parecia tão distante, tão baixa. Meu corpo tremia, não só pelo frio e a dor, mas também pelas lágrimas presas. Eu só queria chorar agarrado aos meus pais, ser confortado por eles. Contudo, algo me dizia que aquilo nunca mais seria possível. Uma criança tão pequena não deveria sentir em seu íntimo que seus pais estavam mortos e que logo ela estaria morta também.
Por que? Por que isso está acontecendo?
Mamãe e papai são tão bons, eles não são como meus tios ou meus primos que parecem odiar uns aos outros. Meus pais me amam e se amam, eles não caçam os animais indefesos apenas por prazer. Nós somos pessoas boas, então por que uma coisa tão ruim está acontecendo conosco?
Obvimente não sabia a resposta para aquela pergunta e não saberia por muitos anos. Na verdade, eu quase fiquei sem saber aquela resposta para sempre, quando meu corpo perdeu as forças e caiu de cara no chão coberto de neve. Parecia que cada músculo do meu corpo sentia dor, nem conseguia me mexer, por isso apenas me limitei a chorar ali sozinho, caído no chão e cheio de dor.
Eu iria morrer?
-Você ainda está vivo, amiguinho?
De repente o meu corpo voltou a consciência, eu não sabia quando tinha adormecido. Tinham sido minutos? Horas? De fato ainda estava vivo ou aquilo era um sonho?
Seja lá o que for, aquela voz forte e ao mesmo tempo carregada de preocupação, foi o que me trouxe de volta. Ainda não conseguia me mexer e por isso braços fortes me viraram de barriga para cima e só então meus olhos se conectaram com os olhos mais escuros que eu já tinha visto em toda a minha vida.
Até aquele momento achei que olhos não poderiam ser tão pretos, era como uma visão de outro mundo. Assim como o homem alto, jovem e bonito. Ele estava coberto com pele de animais, mas algo me dizia que não era um caçador como meus tios. Tinha algo de sobrenatural envolvendo aquele homem jovem.
-Olha só... - um sorriso se abriu em seu rosto, ele era alguns anos mais velho que eu, mas seu sorriso com dentes pontiagudos o fez parecer mais jovem e amistoso. -Você está vivo, amiguinho...
Me perguntei se estava sonhando. Era assim que a morte vinha?
-Fique acordado, eu prometo que vou te ajudar, te levarei até os seus.
Os meus? Quem era aquele homem?
Senti seus braços fortes e quentes me levantarem da neve fria, senti dor em cada parte do meu corpo e gemi de forma chorosa. Meu salvador me embalou em seus braços, me aquecendo quase que instantaneamente. Até me permiti fechar os olhos e me sentir seguro. Quem era aquela pessoa de olhos escuros que me passava tanta tranquilidade?
-Desculpa pequenino, não queria te causar mais dor. Prometo que as coisas vão ficar melhor agora.
-Q-Quem é você? -minha voz não foi mais do que um sussuro, mas estranhamente, o meu salvador foi capaz de me ouvir porque sorriu em minha direção antes de responder.
-Law. Lawson Emmett.
Minha cabeça estava tão confusa naquele momento que se não fosse pelo calor que seu corpo estava transmitindo para o meu, eu poderia acreditar que tudo não passava de um sonho. Ainda assim, aquele nome me parecia familiar, eu só não saberia porque por algum tempo.
-Fique acordado, pequenino de capa vermelha. Eu vou te levar para os seus...
Meu corpo estava tão cansado, queria ter dito a ele que o único lugar seguro para mim naquele momento era a casa da vovó, mas era como se minha língua estivesse pesada demais. Não consegui dizer o que precisava, apenas me deixei ser lavado por ele.
-Estamos quase lá, pequenino... - forcei meus olhos a se abrirem, sem nem mesmo notar que os tinha fechado, Law estava me olhando com um sorriso aliviado em seu rosto. -Você vai viver.
Pisquei meus olhos tentando afastar o sono, tinham tantas coisas que eu queria dizer. Será que Law poderia me levar com ele? Eu me sentia seguro ao seu lado e não queria perder isso, já tinha perdido tanto em tão pouco tempo.
Senti meu corpo ser colocado para baixo e me forcei a abrir os olhos mais uma vez. Lá estava aqueles olhos escuros como nenhum outro. Aquilo era real? Law era real? Eu tinha que confirmar isso.
-Fique bem, doce filhote. - ele sussurrou, eu sabia que meu salvador estava pronto para ir embora, então reuni uma força que eu nem sabia que tinha e consegui tocar seu rosto.
Ele é real! E estava me olhando com surpresa, antes de sorrir.
-Você é muito forte, pequenino... Muito forte.
Eu quero ir com você... Queria ter dito, contudo, não consegui reunir forças e dizer em voz alta. Foi assim que meu salvador sorriu mais uma vez para mim, e a pele debaixo dos meus dedos foi ficando peluda? Eu estava sonhando?
O que mais poderia explicar o fato de que vi um enorme lobo negro se afastando antes que a escuridão tomasse conta de mim?
Meu salvador era um lobo, um grande lobo que todos a minha volta chamam de mau. O puro mau encarnado, mas para mim ele era um herói.
Lawson... Law, meu lobo mau.
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🌹Espero que tenham gostado desse primeiro contato com o conto❤❤
🌹Desde agora aviso que ele terá 10 partes ao todo, e que postarei 2 capítulos por semana.
🌹Votem, comentem, compartilhem e ajudem o livro a crescer🌷🌷
🌹Vamos ler os outros 4 contos da série nos perfis dos demais autores❤
Até o próximo😘😘
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