Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 46 - Para a Capital

 Para o bando de Loenna, as horas marchando sob o sol quente pareceram uma tortura. Haviam se abastecido com garrafas de água no manancial do acampamento, mas o sono lhes consumia, as pernas padeciam e a fome fazia seus ossos doerem. Ali, todos fediam; Alguns, apenas suor. Outros tinham o odor podre do sangue de seus inimigos impregnado na pele. Eliah, grávida, passou mal em diversos pontos do trajeto. Lenrah Moran mal conseguia suportar o próprio cheiro, tendo vomitado cerca de três ou quatro vezes durante toda a viagem; Era o odor fétido da morte, da dor e da guerra.

Não desistam! — À frente, Loenna motivava seus seguidores. Todos eles pareciam cansados e abatidos. — Estamos quase chegando!

Fowillar grunhiu algo ininteligível, como era de seu costume; Estava mais mal humorado que o usual e sua expressão não era das melhores.

Eu acho que estou com cãimbra. — Ele murmurou baixinho para Loenna, agarrando sua perna direita com uma das mãos. A líder, vendo-se sem resposta, não disse nada.

Chegamos. — Loenna carregava um saco com objetos Eran em mãos. Algumas roupas banhadas a ouro, armas brancas bem esculpidas e com brasões meticulosamente desenhados, chapéus e anéis. Imaginou que conseguiria trocá-los por algumas moedas de ouro na capital. — Todos vocês têm algum objeto de valor retirado dos Eran, Kantaa ou Saphira. Vamos procurar alguém que os troque por um pouco de comida e estadia.

Estão todos manchados de sangue. — Murmurou um rapaz que carregava um burro consigo. — Não acho que vão ter muito valor.

Loenna ignorou o comentário, suspirou fundo e seguiu sua viagem procurando um mercador. O que notou, porém, foi que as pessoas da capital pareciam bastante interessadas no tráfego de seu bando; Alguns abriam a janela apenas para observá-los, os que estavam na rua rumorejavam com seus parceiros ao lado, o movimento dos cavalos parava apenas para permiti-los passar. Estranho, de fato bem estranho.

E, o que era mais estranho ainda: Depois de quinze minutos caminhando pela capital, Loenna não havia notado nenhum Eran, Kantaa ou Saphira cruzando seu caminho. Era quase como se eles não tivessem ali.

Em um dado momento, uma senhora abriu a janela, notou a caravana que passava diante de sua casa; Sorriu, sumiu por alguns segundos e, quando reapareceu, tinha um buquê de flores em mãos.

Salve Loenna Nalan e seus seguidores! — Ela afirmou, antes de jogar as flores. — Os heróis e heroínas do povo!

Num só ato, a senhora deixou o buquê cair sobre os peregrinos. E o que aconteceu em seguida fez Loenna parar de marchar: Todos os que ali estavam presentes, dentro de suas casas ou fora delas, se puseram a aplaudir a assoviar para o bando cansado; Uma multidão de apoiadores que louvavam os feitos daqueles que ansiavam por justiça.

Salve Fowillar Nalan! — Um homem berrou da rua, e Fowillar se viu obrigado a sorrir. — O homem que traiu os Saphira e trouxe justiça ao povo!

Salve Lenrah Moran! — Era uma garota loura numa janela. — O príncipe tão jovem que prometeu à sua família um mundo melhor!

Salve Nassere Dreyan! — Um velho de voz fanha berrou atrás de uma carroça de frutas. — O homem que derrotou o poderosíssimo Monvegar Eran!

Nisto, Serpente soltou uma leve risada anasalada. Nassere, não muito disposto a revelar a verdade, sorriu e abriu os braços, tomando para si os louros da vitória.

E, repentinamente, um homem mais velho saiu de meio à multidão. Era barrigudo, extremamente branco, careca, usava óculos e não tinha mais que um metro e sessenta e cinco, além de ter um mal gosto para roupas; Loenna imediatamente o reconheceu.

Euler.

Salve todos vocês. — Euler trazia um cachorro na coleira. — Que deram continuidade ao projeto que eu um dia idealizei. Vocês são incríveis.

E, diante do homem que a salvara da miséria e da fome, Loenna não pôde ter outra reação senão a de presenteá-lo com um apertado abraço. O homem a abraçou de volta, não se importando com o cheiro fétido do sangue que já apodrecia nas roupas de Loenna. Ela era uma vitoriosa e seus companheiros também eram.

Achei que tivesse morrido. — Loenna havia guardado seu eu afetuoso para esses momentos; Que reconfortante era reencontrar Euler depois de tantas baixas... — É muito bom vê-lo vivo, depois de tudo...

Eu senti sua falta, garota. — Disse Euler. — E também senti a sua, senhora Serpente.

Serpente, que a este momento estava oculta atrás de Aya e Fowillar, ergueu uma sobrancelha. Não era exatamente famosa no bando de Loenna, então como Euler saberia de sua sobrevivência?

Não está surpreso em me ver viva? — Ela questionou.

Jamais acreditei que estivesse morta. — Afirmou Euler, categórico. — Você é Serpente, garota, vamos lá! É preciso mais do que um bando de Kantaa irritadiços para te vencer. — Euler riu e repousou as mãos sob a barriga. — Quando soube que Loenna estava organizando um bando rebelde, imaginei que você estaria com ela. Serpente nunca desprezou aventura, adrenalina e chance de justiça.

Serpente emitiu um sorrisinho de canto de boca. De fato, Euler a conhecia.

Fico feliz que esteja bem. — Disse Serpente, serena. — Você foi parte de uma parte crucial da minha infância.

E quanto a você, meu rapaz... — Euler voltou-se para Fowillar, um dos menos imundos do bando. O garoto franziu a sobrancelhas e, visto que não conhecia Euler, estranhou sua aproximação. — Fowillar Saphira, não é?

Fowillar Nalan. — Ele corrigiu. — Eu reneguei ao sobrenome Saphira e me casei com Loenna. Luto pelo povo agora, os Saphira não me representam mais.

Julien ficaria muito orgulhoso de você. — Euler repousou suas mãos sob o ombro de Fowillar e ameaçou um choro. — O que é irônico, porque ele...

Quem é Julien? — Perguntou Fowillar, confuso. Euler não respondeu, apenas balançou a cabeça em negação.

Esqueça. Falei demais. Saiba apenas que tem alguém lá em cima que está muito feliz por você ter optado por esse caminho. — E, como se o conhecesse há séculos, Euler deu dois tapinhas nos ombros de Fowillar.

O que está acontecendo por aqui, Euler? — Loenna olhou para os lados. Cada um de seus seguidores interagia com um cidadão diferente; Todos pareciam atônitos pela valorização de seus feitos. — Por que estamos sendo aplaudidos?

Você não sabe, minha querida? — Euler sorriu. — Vocês estão com uma fama ótima pela capital. Depois que Monvegar Eran morreu, os feitos de vocês ganharam corpo e se espalharam pelo país inteiro, mas sobretudo na capital. Aqui, todos os idolatram. Vocês ganharam novos apoiadores! — Ele riu. — A propósito, todos os parasitas malditos que controlam este país, leia-se Eran, Kantaa e Saphira foram expulsos da capital sob ameaça de morte. Aqui não é mais um lugar seguro para eles. Estamos seguros desses vermes. Tydan Saphria, o patriarca de sua família, tentou nos convencer a lutar do lado deles, mas foi violentamente assassinado.

Uau. — Fowillar assoviou. A morte de seu avô apenas tornava tudo mais interessante. — É um feito e tanto.

Ah, sim, e como é! — Ele riu. — Mas tudo tem seu lado negativo. Os Eran, Kantaa e Saphira estão se organizando na cidade dos Eran e se unindo contra vocês. Disseram que eles têm um exército e tanto. Mas, bem, eu não duvido que vocês consigam derrotá-los. Vocês são incríveis.

Eu... Não imaginei que chegaríamos tão longe. — Loenna piscou uma, duas, três vezes. Ser idolatrada era algo que estava fora de sua compreensão. — Só estamos procurando algum mercador que troque coisas de valor dos Eran, Kantaa e Saphira por algum dinheiro, para que possamos ter o que comer e onde passar a noite...

Ora, isso não é preciso! Quer ver? — Euler voltou-se para as pessoas que estavam dentro de suas casas. — ATENÇÃO! QUAL DE VOCÊS ACEITA RECEBER ESSES JOVENS GUERREIROS EM CASA E LHES OFERECER UM PRATO DE COMIDA E DESCANSO EM TROCA DE NADA ALÉM DE UM OBRIGADO?

Um mar de pessoas vibrou ao soar de suas inflamáveis palavras. Bem, aparentemente aquele não seria um problema para Loenna e seus companheiros.

Está vendo? Todos aqui querem ter a honra de hospedá-los. — Euler sorriu. — Inclusive eu e o Cookie. Não é, Cookie?

O cachorro latiu em resposta a Euler.

É isso, meus queridos. Será uma honra receber seis de vocês em minha casa. Tenho comida e casa o suficiente para todos!

Loenna agradeceu e, junto com cinco de seus companheiros, seguiu Euler até sua residência. Seria agradável ter um lugar para tirar a crosta de sangue do corpo e finalmente tirar o tão esperado cochilo.

***

Muito bem. — Disse Aya. — De onde vocês se conhecem?

O sexteto composto por Loenna, Aya, Serpente, Lenrah, Fowillar e Soraya havia se acomodado na casa de Euler Christol tão bem quanto se estivessem em suas próprias moradias; No dia anterior, banharam-se, deliciaram-se com iguarias que apenas o número 1 sabia preparar e por fim caíram adormecidos em colchões surrados mal passava-se das seis da tarde; O pequeno grupo rebelde manteve-se embalado no mais profundo dos sonos até a manhã do dia seguinte, em que Euler já havia preparado uma farta mesa com pães e preparava, sereno, café para seus hóspedes, que sentavam-se em algumas cadeiras velhas ao redor de uma mesa quadrada.

Euler morava sozinho com o cachorro Cookie, na casa que ele dissera ser herança de seu falecido pai. Serpente, já familiar com o anfitrião, trocava animadas palavras com ele, e Loenna também parecia estar confortável em sua presença; O resto, entretanto, não fazia a menor ideia de quem era Euler Christol e qual sua história.

Eu, Loenna e Serpente fazíamos parte de uma organização criminosa. — Euler retirou a chaleira do fogão e despejou o conteúdo em um filtro repleto de pó de café, que era conectado a uma garrafa. — Uma organização criminosa criada por mim, a propósito.

Uma vez, Serpente me disse que havia conhecido Gaspez. — Lembrou Lenrah. — É a mesma organização?

Precisamente. — Euler fez que sim com a cabeça. — Fomos atacados pelos Kantaa, como vocês bem sabem, e muitos morreram. Os brutamontes provavelmente julgaram que eu não era importante, e me deixaram ir. Me arrependo até os dias de hoje, deveria ter lutado até à morte junto com meus amigos, colegas...

Pensei que a organização de vocês era comandada por Gaspez. — Aya franziu a testa. — Foi o que nos disseram, ao menos.

Gaspez nunca gostou de toda essa burocracia. — Desta vez, Serpente tinha algo a acrescentar. — Sempre apreciou a própria liberdade. Ser uma líder era responsabilidade demais para ela.

Gaspez era um ícone para nós, contudo. — Euler olhava diretamente para Serpente. — Minha meta era, nos primeiros anos da organização, acolher crianças órfãs. Mas logo percebi que ela poderia servir a um propósito maior... E, nisso, começamos a treinar as crianças para a batalha. Foi assim que Gaspez surgiu... E ela se tornou uma pessoa tão misteriosa e regida pelas próprias regras que muitos integrantes da própria organização jamais chegaram a conhecê-la.

O que o motivou a criar a organização criminosa, Euler? — Soraya sabia quem era Euler e o que ele fizera no passado; Havia deixado uma criança com ele em sua tenra idade, pois julgava-se incapaz de criar sua pequena Gillani na idade em que a tivera. Não havia se arrependido nem por um segundo; Gaspez estava melhor nas mãos de uma organização criminosa do que nas mãos de Soraya.

Eu e um grupo de quatro amigos sempre nos indignamos com as injustiças sociais do país. Eu via muitas crianças sem lares, e isso me revoltava. — Euler suspirou, pesaroso. — Então eu convenci eles e alguns ladrões a me ajudar a criar uma estrutura em um albergue abandonado que receberia crianças para que não passassem fome e frio. Quando um de meus amigos resolveu que iria peitar o sistema, eu decidi que iria fazer daquele lugar um alicerce para seu plano. Foi quando nosso centro de acolhimento de crianças órfãs se tornou um centro de treinamento complexo e extenso. O plano principal se esfacelou cinco anos depois, mas a organização ainda estava de pé... E eu continuei com ela. Gaddard dizia que eu era maluco.

Aya arregalou os olhos, confusa.

Gaddard é o meu sobrenome. — Disse ela. Euler não parecia menos surpreso; Levou a garrafa de café ao centro da mesa, mas não tirava os olhos de Aya.

Você é filha de Taran e Marcus? — Perguntou Euler. Aya assentiu positivamente. — Por Deus! Seu pai era um grande amigo meu! Um às do arco e flecha, verdadeiramente notável!

Silêncio no ar. Loenna não conseguiu esconder sua surpresa; Quem imaginaria que aquele homem um tanto quanto intrometido e pouco cauteloso quanto às suas curiosidades e ações seria um grande amigo de Euler?

Eu convidei Marcus para fazer parte de nosso projeto, mas ele negou. — Euler despejou café na própria xícara. — Dizia que iria iniciar uma família e não tinha mais tempo para se arriscar daquela maneira, tanto que iria tratar o arco e flecha somente como um hobby. Quando eu o vi pela última vez, ele e Taran ainda estavam tentando ter um filho. Fico feliz que tenham conseguido! Pena que perdemos contato depois... Eu poderia ter sido seu padrinho. Ou Gehl.

Loenna simulou um vômito, levando o dedo à garganta. Não tinha boas memórias de Eriwan Gehl.

Você não perdeu nada em não ter Gehl como padrinho. — Disse para Aya. — Serpente pode lhe confirmar isso.

Serpente, com uma risada anasalada, confirmou os dizeres de Loenna.

É realmente uma grande honra hospedar a filha de Marcus depois de tanto tempo. — Euler sorriu. — Como ele está?

Bem... — Aya encarou os olhos castanhos de Euler. Teria coragem de dizer-lhe a verdade, depois de ver o homem com um sorriso tão jovial e radiante? — Ele está morto.

Euler murchou o sorriso no mesmo momento.

Gaddard está morto? — Aya fez que sim; Quem completou sua fala foi Loenna:

Ele se envolveu demais com o que não devia. — Disse ela. Lembrava-se como se fosse hoje; Tentara salvar a vida do homem, mas havia chegado tarde demais. — Os Eran deram fim à vida dele.

Marcus... Sempre se arriscando... — Euler suspirou. — Eu sabia que sua síndrome de investigador não terminaria bem. Marcus sempre foi petulante, sabe? — E limpou as lágrimas que teimavam em escorrer de seus olhos. — Nós quatro tínhamos um pacto de não nos casarmos e não termos filhos. Ele foi o único que desrespeitou. Marcus não lidava bem com regras...

Foi por isso que não se casou? — Questionou Loenna, diante de um homem cinquentão que vivia a sós com seu cachorro. — Por causa do pacto?

Não. Nos afastamos depois de um tempo e o pacto poderia ter sido quebrado, eu suponho. Assim como Marcus quebrou. — Euler bebericou um pouco do seu café. — Não me casei porque jamais tive interesse por ninguém.

Uau. Ninguém? — Para Serpente, aquilo era uma novidade; Jamais havia cogitado a hipótese de alguém não se interessar por sexo. — Nem por outros homens?

Nem mesmo por outros homens. — Reforçou Euler. — Já cheguei a cogitar essa hipótese. Mas a verdade é que não me interesso sexualmente por pessoa alguma.

Faz bem. — Soraya também serviu-se um pouco de café. — Jamais passará pelas aflições que é ser um pai.

Na verdade, Eu me considero um pai. — Euler deslizou as mãos por sua careca. — Já ouviram falar de Digan Wuri?

Loenna e Serpente se entreolharam. Ambas conheciam o garoto Digan e haviam presenciado seu trágico destino. Os demais também sabiam o que que a batalha contra os Kantaa havia trazido ao rapaz, mas optaram por manterem-se em silêncio.

Por mais que eu me considere pai de cada uma das crianças que trouxe para meu albergue durante todos esses anos... — Euler reprimiu uma risadinha. — Digan é o meu rapaz. Ele foi abandonado na minha porta quando ainda era um bebê de dias, e eu o vi crescer. Cuidei dele como um pai faria, passei meus ensinamentos como um pai deveria passar, até que o rapaz atingisse a maioridade. Infelizmente, não o vi depois da tragédia. Vocês têm notícias do meu garoto?

Digan... — Loenna começou. Certamente Euler já havia cogitado a hipótese de seu garoto estar morto, mas como será que reagiria ao ter a confirmação do que provavelmente pensou há muito tempo? Sabendo, agora, que um de seus melhores amigos também estava? — Nos procurou há algum tempo atrás, e...

Euler abriu um sorriso gigante. Bem, ele teria que saber a verdade, mas não seria Loenna quem daria essas péssimas notícias ao homem. Ela já havia despedaçado o coração do número 1 ao falar sobre Marcus.

Digan morreu numa batalha contra os Kantaa. — Serpente não tinha tempo para enrolações. — Eu carreguei seu corpo morto do campo de batalha até o nosso acampamento. Ele foi muito bravo e valente, mas não resistiu. Sinto muito.

Euler murchou o sorriso no mesmo instante. Seus olhos brilharam com as lágrimas que já se formavam.

Oh. — Euler deixou a xícara de café em cima da mesa e escondeu seu rosto, buscando evitar que os presentes visualizassem suas aflições. — Como se não bastasse meu amigo... Meu garoto... Morto... Bem, acho que isso é inevitável de uma guerra, não é? Espero que ele esteja num lugar melhor agora... Espero que...

Digan vai ser pai. — Talvez coubesse a Loenna trazer a boa notícia. Euler ergueu a cabeça careca e, com os olhos marejados, esboçou confusão em suas feições.

Pai? — Questionou Euler. Loenna assentiu.

Eliah Conelli está grávida de Digan. — Desta vez, quem se pronunciou foi Aya. — Seu garoto está morto, mas vai ser pai, Euler.

Euler esboçou um sorriso de canto de boca.

Que boa notícia... — Euler enxugou suas lágrimas com as costas da mão. — Meu garoto está morto... Mas virou semente. E floresceu. Quando tudo isso acabar, peçam para a senhorita Conelli trazer a criança para cá. Quero conhecê-la, olhar em seus olhos. Me lembrar do meu garoto que se foi.

Infelizmente, a morte dos nossos entes queridos está mais próxima do que imaginamos. — Serpente suspirou. — Eu entendo o que sente. Não há muito tempo, meu irmão também se foi...

Soraya deixou cair a xícara de café no chão, espatifando-a em um "creck" vibrante. Todo o assoalho foi preenchido com o líquido preto e a barista não podia estar mais chocada.

Rhemi está morto? — Seus olhos estavam arregalados.

Serpente fuzilou Soraya com o olhar. Tinha assuntos a tratar com aquela mulher, que agora ela sabia que era sua mãe.

Sim, Rhemi está morto. — Apesar de Serpente não ser do tipo que se estressava fácil, aquele assunto lhe trazia mágoas. — Diferentemente da mãe dele, não é, mãe?

Soraya viu-se desarmada. Pega de surpresa, a barista não sabia como responder; As palavras de sua filha eram quase como um ataque.

Como você sabe? — Soraya piscou. — Nassere lhe contou?

Nassere tem medo de mim. Ele não fala comigo. E você também deveria ter. — Serpente ameaçou, levantando-se da cadeira. — Eu não sou estúpida, mãe. Você tem as mesmas feições, o mesmo tom de pele, o mesmo jeitinho, o mesmo nome... É a mulher que me abandonou quando eu tinha 9 anos.

Não fale assim comigo, Gillani... — Os olhos de Soraya se encheram de lágrimas. Naquele exato momento, Lenrah, Aya e Fowillar franziram a testa.

Gillani? — Perguntou Lenrah, no meio da tensão do momento. Acreditava fielmente que o nome de Serpente era Erimar Lahem; Seria ela a tão famosa...

Por que você fez isso? — Desta vez, não era apenas Soraya quem estava chorando. — Eu acreditei, há muitos anos, que você estava morta. Eu tive que viver sozinha no mundo, mãe. E você simplesmente não fez nada?

Eu tive meus motivos, Gillani. — Rebateu Soraya. — Você sempre foi o meu cristal. Minha jóia preciosa. E eu não soube ser uma boa mãe, eu jamais saberia. Eu falhei com você, Gillani, eu assumo...

Eu não me incomodaria de ter sido criada por um bando de assassinos, se tivesse você como amiga. — Respondeu Serpente. — Eu sofri por tantos anos com a sua morte e agora você aparece e diz que quer me ter por perto. Isso não faz sentido nenhum.

ELE QUERIA MATÁ-LA! — Berrou Soraya.

A tensão no ar era evidente. Loenna mordeu os lábios, Aya apertou a xícara de café e Lenrah ergueu uma sobrancelha; Fowillar não estava muito preocupado, fumava seu cigarro na mais completa paz. Algo estava prestes a ser revelado.

Ele quem? — Perguntou Serpente, receosa de qual seria a resposta.

Monvegar Eran. — Soraya era incisiva. — Seu pai sabia quem eu era e estava à minha procura. Ele não sabia quem você era e, portanto, você estaria a salvo se estivesse longe de mim. Mas você era muito jovem, Gillani, não entenderia se eu simplesmente me afastasse... Então forjei minha própria morte. Pedi para alguns amigos espalharem a notícia de que eu havia morrido e fugi para o outro lado do país. Deu certo, no final das contas, porque você está viva.

Eu... Consigo compreender. — Serpente suspirou e alisou os braços. — Mas ainda assim eu tenho uma mágoa muito grande. Preciso pensar melhor no assunto, mãe. Você me deixou sozinha e eu cresci sem ninguém.

Eu te entendo, Gillani. — Soraya disse, acolhedora. — Se não me perdoar, eu vou entendê-la, porque eu falhei com você. Apenas entenda que o que eu fiz não foi por nada, eu fiz achando que era a melhor opção.

Serpente fez que sim com a cabeça e sentou-se novamente, cheia de pensamentos ferventes; Os restantes, no entanto, pareciam ter mais uma dúvida na cabeça.

Certo. Você é filha de Monvegar Eran. — Disse Aya, como se lendo os pensamentos dos presentes. — Mas isso sequer é o mais importante. O seu nome é... Gillani?

Euler, vendo que Serpente não estava nas melhores condições de responder àquela pergunta, resolveu antecipar-se a ela:

Serpente é Gillani Gaspez. — O homem respondeu, coçando a barba. — Nossa tão louvada lenda.

Fowillar parecia o único desinteressado; Os demais arregalaram os olhos e Lenrah soltou um assobio.

Por isso ela é tão incrível. — Disse o jovem de 19 anos. — Eu deveria ter imaginado.

Serpente emitiu um sorrisinho de canto de boca com o elogio.

Como você sobreviveu ao ataque Kantaa? — Disparou Aya logo em seguida.

Por que não disse aos nossos que você voltou? — Lenrah emendou em seguida.

Como você se sente sendo uma lenda? — Afinal, Gillani Gaspez era um ícone para Aya também. — É muito exaustivo?

Garotos. — Euler se viu obrigado a interromper. — Serpente vai responder a todas essas perguntas depois. Agora ela tem outras questões para lidar e não parece muito bem. Tenho certeza que vocês poderão bombardeá-la com perguntas mais tarde.

E ele teve quase certeza de que Serpente murmurou um "obrigada" baixinho.

E vocês, à propósito... — Loenna apontou para os quatro; Lenrah, Aya, Fowillar e Soraya. — É melhor descansarem enquanto puderem. Amanhã bem cedinho iremos marchar para a cidade dos Eran em busca do exército inimigo e isso definirá a nossa vitória ou derrota. Espero que estejam preparados para a nossa batalha final

Todos assentiram. Uma guerra lhes aguardava, e seria decisiva para o destino da luta do bando de Loenna.  

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro