Capítulo 27 - Uma Líder?
Loenna carregava um caixote com as mãos. Estava furiosa, inflamada de ódio e raiva. Fowillar a acompanhava, com lágrimas nos olhos, implorando para que ela se acalmasse.
Não. Loenna não iria se acalmar. Não depois de ver a única pessoa que ela ainda tinha na vida padecer para os Eran. Se lembrava ainda do último olhar de Quentin; De como ele implorava misericórdia, após cometer o terrível crime de gritar com os filhos do senhor milionário.
Eles não se importavam em descartá-los como se fossem lixo. Os tiros que Morius havia disparado eram o selo desta inconveniente realidade; Quentin, Loenna e todos os outros eram, para eles, apenas vermes parasitas que atrapalhavam sua paz. E, o pior de tudo: Loenna sabia que não haveria punição. Loenna sabia que os Eran jamais seriam responsabilizados pelos seus crimes e, se alguém notasse, seria necessário apenas molhar a mão de algumas pessoas. Era sujo, sujo e nojento.
Se lembrou então de todas as pessoas que o sistema havia tirado de si; Gara, por ter servido aos seus princípios. Serpente, por ter subvertido as normas impostas a ela. E, agora, Quentin, pelo mais absoluto nada. Era como se essas famílias sujas e assassinas quisessem fazer de tudo para tirar dela seus cristais mais preciosos, a única coisa que ela tinha a se apegar.
Mas não, ela não iria deixar isso passar em branco. Não deixaria com que a morte de Quentin fosse considerada apenas mais uma futilidade. O mundo teria que saber disso. Ainda que ela estivesse se arriscando se tornar um alvo (Eles que tentem, se forem capazes.), iria gritar para o mundo a injustiça que estava acontecendo.
— Loenna... Loenna! — Fowillar não tinha o mesmo preparo físico que Loenna. Segui-la estava sendo cansativo para ele. — Por favor, você quer fazer mesmo isso?
— Não existe nada que eu queira mais na minha vida. — Ela tinha um objetivo. No momento, era só o que importava, nada mais fazia diferença.
— Eu sei o que você está sentindo. — Fowillar ofegava. — Quentin era meu namorado. Também quero vingá-lo. Mas, por favor, não seja imprudente! Um Eran ou um Kantaa que a escutarem... E você está morta. Nós estamos mortos, no caso. E eu dou bastante valor à minha vida.
— Não é só por Quentin. — Respondeu, séria. — Eles mataram minha mãe. Mataram meu irmão, mataram meu amor e quase me mataram. Eles nos matam, de fome, frio e dor. Alguém precisa acordar para essa realidade, Fowillar, não é possível que seja apenas eu.
— Eles sabem. — Disse Fowillar, soturno. — Escute, você acha que eu não tenho vontade de cortar cabeças de todos os Saphira? Eu tenho. Mas eu tenho medo, Loenna, porque... Eles são muito mais poderosos que nós. Se os Saphira seriam capazes de nos pulverizar em segundos, imaginam os Kantaa e os Eran. É uma causa perdida, garota, entenda. Você está melhor implodindo-os de dentro para fora.
— Bem, — Loenna não iria desistir de sua ideia. Ela estava inflexível. — Talvez o que eles precisem é de alguém que não tenha medo. Somos em maior número, muito maior número. E eles precisam de nós para manter a ordem. Eles precisam dos comerciantes, dos garis, dos operários. Eles precisam de nós muito mais do que nós precisamos deles.
E, nisso, a desgosto de Fowillar, Loenna pôs seu caixote no trecho mais movimentado dos subúrbios da capital. O trânsito ali era intenso, cuidadores de cavalos passeavam com seus animais de um lado para o outro, os vendedores ambulantes tentavam exibir seus produtos e os simples transeuntes caminhavam sem rumo e com pressa. O comércio estava aberto e havia uma série de comerciantes em seus respectivos estabelecimentos: botecos, mercados, lojas de ferramentas. Se havia algo que não faltava ali, eram pessoas; Os Eran, Kantaa e Saphira não passavam pelos cantos mais feios da cidade, Todas os transeuntes eram muito simples e maltrapilhos, provavelmente já haviam sentido o peso da fome sobre seus ombros.
Loenna subiu no caixote, hesitou por alguns segundos; Não era uma pessoa de muitas palavras, sempre fora mais reservada. Os discursos inflamados de ódio e raiva não faziam seu perfil.
Mas esta era uma situação excepcional.
— ATENÇÃO! — Berrou ela. — MEU IRMÃO ESTÁ MORTO.
Alguns transeuntes olharam estranho para Loenna, como se estivessem julgando-a louca; Os comerciantes desviaram sua atenção por alguns milissegundos e voltaram a fazer o que faziam antes, pouco preocupados com o que a moça tinha a dizer.
Loenna engoliu seco. Não era o tipo de recepção que ela esperava. Ainda assim, optou por continuar.
— Vocês devem estar se perguntando: Por que essa louca subiu num caixote apenas para dizer que o irmão morreu? — Fowillar murmurava para que Loenna descesse do caixote e desistisse do que estava fazendo, mas ela estava convicta. — Pois bem, porque ele não apenas morreu. Ele morreu assassinado por um Eran.
Naquele momento, alguns poucos pararam para ouvir o que Loenna tinha a dizer. Uma parte dos comerciantes, entediados, voltaram seus olhares para ela, talvez apenas por tédio. A grande maioria dos ali presentes simplesmente voltaram a suas atividades usuais; Não tinham tempo para uma jovem revoltada.
— Eu sei que todos temos medo dos Eran. Eu sei, falar deles é um tabu. — Continuou, firme. — Mas o que quero dizer... É que eles, os Kantaa e os Saphira não podem continuar fazendo conosco o que fazem desde sempre.
Fowillar abaixou a manga da camiseta, para esconder a safira que tinha marcada no braço.
— Sei que já deve ter vindo à cabeça de alguns... — Neste ponto, havia mais algum punhado de pessoas dispostas a ouvi-la. — Por que eles têm tanto.. E nós temos tão pouco? Por que eles não se importam conosco, por que eles vêem a fome e o frio ceifar tantas vidas sem mover um dedo para impedir que isso aconteça? — Fowillar engoliu em seco. — Eu já me perguntei isso muitas vezes. Porque não é justo. Não é justo que sejamos explorados dia após dia por eles, sem termos direito aos seus luxos. Não é justo que eles tenham toda essa fortuna ociosa enquanto nós lutamos para ter pão todos os dias.
Nisso, já havia se formado um pequeno círculo de pessoas envolvendo o caixote de Loenna que pareciam realmente interessadas no que ela queria dizer. Os comerciantes, que antes pareciam entediados, agora realmente pareciam interessados. Um burburinho corria os amontoados que se formaram em torno da garota; Talvez todas aquelas pessoas tivessem algo em comum com ela, afinal.
— Nós somos, para eles, apenas pequenos objetos funcionais, que os servem quando necessário, e que eles não têm medo de descartar se assim precisarem. — Agora, seu discurso estava muito mais inflamado. Era como se ela discursasse desde criança. - Minha mãe foi morta por não concordar com eles. Meu irmão foi morto por estar perturbando a paz deles. E minha... Meu amante foi morto por subverter as regras que eles tinham nos imposto. Para mim, não importa se são Kantaa, Eran ou Saphira. Eu apenas quero que todos eles desapareçam e deem para nós o que é nosso de direito. Eles dizem... Dizem que é nosso dever manter a ordem da sociedade. Mas qual é o dever deles? Por que somos piores que eles, por que merecemos menos? Até hoje, ninguém conseguiu explicar.
Mesmo Fowillar, que antes adotara uma postura crítica, observava atentamente o discurso de Loenna. Estava prestes a chorar; Havia experienciado as duas posições, a do lado de cá e a do lado de lá, e sabia que de fato os Saphira não se preocupavam com os subalternos. Eles não se preocupavam se havia gente morrendo de frio, de fome, para eles a vida humana era completamente descartável. Se os Saphira agiam dessa forma, como seriam os Kantaa? Ou, pior ainda... Os Eran?
— Eu não quero que a morte das minhas pessoas amadas passe em branco. — Disse ela. O amontoado de pessoas em volta de seu caixote se tornava cada vez maior. — Elas são vítimas dessa hegemonia ridícula que essas três famílias malignas impuseram para a gente. Disse tudo isso, apenas para dizer que... Se você perdeu alguém para a fome, o frio, ou esses desgraçados o mataram diretamente, eu te entendo e você não está sozinho. Se você um dia teve fome, ou sentiu dor, e ninguém veio te acolher, você não está sozinho. Saiba que todos esses sentimentos têm um culpado, e são eles. — Loenna apontou para cima. — É a eles que é cômodo essa posição, onde nós sofremos meio ao caos e eles apenas se beneficiam do fruto do nosso trabalho. Mas saiba que nós somos em maior número, e que eles precisam de nós mais do que nós precisamos deles. Então, se você busca uma solução para a sua dor... É essa Tão somente essa. Meu nome é Loenna Nalan, e eu espero que vocês tenham entendido o meu recado.
E, dito isso, com os olhos irrompendo de lágrimas, Loenna desceu do caixote. O aglomerado que a escutava estava agora muito maior, cerca de quarenta pessoas a acompanhavam em seu discurso cheio de raiva e dor. Eram quarenta pares de olhos, todos eles apontados para ela e a analisando centímetro a centímetro.
Quando notou a potência do que tinha feito, concluiu que Fowillar tinha razão; Jamais deveria ter subido no caixote e proferido suas palavras, deveria ter deixado tudo como estava e decidido vingar a morte do irmão de outra forma. Ela não gostava de atenção, não gostava de sentir-se julgada, não gostava de nada disso...
Mas a recepção de seu discurso não foi negativa; Muito pelo contrário. Mal Loenna havia descido do caixote, o aglomerado irrompeu em palmas e assovios. Eram pessoas de toda a sorte: Homens, mulheres, jovens, velhos, alguns estavam com crianças, outros estavam sozinhos, comerciantes, cuidadores de cavalos, vendedores ambulantes... Todos eles concordavam com Loenna e suas palavras, todos eles gritavam pelo seu nome a amplos pulmões. A garota se sentiu aclamada, acolhida, honrada...
— O que são todas essas pessoas? — Sussurrou ela para Fowillar.
— Você disse o que estava entalado em suas gargantas, Loenna. — Respondeu o rapaz. — Você é uma heroína para eles agora.
Imediatamente, Loenna sentiu-se paralisada, petrificada. Uma heroína? Como ela poderia ser uma?
— Eu não posso ser uma heroína. — Dizia ela, assustada. — Eu sou apenas alguém que disse o que eles precisavam ouvir.
— Garota... — Fowillar pegou em suas mãos. — Você cresceu para isso. Foi isso o que você sonhou ser durante tanto tempo.
Ela? Sonhar em ser uma heroína? Não. Loenna queria fazer alguma coisa, lutar contra o sistema, mas ela preferia ser apenas uma peça, e não o pilar principal. Se colocar como a líder de um movimento...
— Eu não posso fazer isso. — Ela gaguejava. — Eles podem arranjar outra pessoa. Agora que estão cientes do que está acontecendo, eles podem...
— Loenna. — Fowillar a interrompeu. — Eles sempre estiveram cientes. O que eles buscam é alguém que tome a frente da luta, alguém que tenha coragem de se expor e de vestir a camisa. Alguém que sirva de exemplo. Alguém como...
Fowillar não terminou a frase. Loenna, confusa, levantou uma sobrancelha.
— Como...? — Questionou.
— Como Gaspez. — Disse ele, por fim.
Aquilo foi um baque para a garota. Percebeu-se então fazendo exatamente o mesmo papel que Serpente fazia: Alguém que inspirava os demais a lutar e a continuar. Era isso que ela queria, afinal: Que Loenna ficasse com o seu legado. Ela fora uma inspiração para os jovens rebeldes do passado e agora a nova geração precisaria de alguém para seguir.
Notou que tinha exatamente a mesma idade de sua amada quando esta morrera: 26 anos.
— Ei! — Berrou ela, buscando silêncio entre seus espectadores. — Muito bem. Eu... Eu me disponho a ser o pilar disso. Dessa mudança que a gente precisa. — Loenna tentava ao máximo transparecer confiança, o que era de fato bem difícil: Suas pernas tremiam e suas mãos suavam frio. — Mas eu vou precisar da colaboração de todos vocês. Vocês estão comigo?
Imediatamente, todos vibraram em uníssono.
— Ótimo. — Loenna não pôde deixar de sorrir. — Eu vou precisar que vocês espalhem minhas palavras o máximo que puderem. Quero mais gente que concorde com nossas ideias, mais gente que queira derrubar esses nojentos. Por favor, me ajudem. Depois, quando tivermos gente o suficiente... Podemos traçar um plano para acabar com essa palhaçada que fazem com a gente. Aos corajosos, juntem-se a mim em um pequeno acampamento. Poderemos formar um verdadeiro exército para acabar com essa hegemonia se assim desejarmos.
Todos os quarenta berraram de uma só vez. Loenna era uma líder, uma heroína e uma referência agora, não havia como voltar atrás.
Receosa? Sim, ela estava, mas afinal grandes passos envolvem grandes riscos. Talvez ela não fosse a melhor pessoa para tomar essa frente, mas fora a pessoa que o destino escolheu. Ela tinha agora um pequeno grupo de fiéis seguidores.
— Fowillar? — Seu sorriso era gigante. — Como me saí?
— Ótima. — Disse ele. — Agora, por favor, eu preciso fumar. Você tem um cigarro aí?
— Eu? — Loenna estava um pouco chateada que Fowillar houvesse desviado o assunto para falar de cigarro, mas nada que a derrubasse. — Por que eu teria um cigarro?
— Sei lá. — Deu de ombros. — Então eu vou precisar comprar. Você me acompanha?
Loenna bufou. De qualquer forma teria de ir junto a Fowillar, porque o rapaz não tinha dinheiro em mãos para comprar cigarros. Fez que sim com a cabeça e, junto a ele, adentrou o primeiro boteco que viu.
O estabelecimento era pouco amigável; Havia alguns homens bebendo do lado de fora, algumas mesas e cadeiras empilhadas em um canto, teias de aranha e bolor grudados nos cantos das paredes. No balcão, havia uma única mulher atendendo seus clientes, uma senhora de seus cinquenta ou cinquenta e cinco anos cujo cheiro de cigarro era ainda mais forte que o de Fowillar. Tinha a pele escura, estava levemente acima do peso e prendia os cabelos encaracolados num coque.
— Com licença... — Disse Loenna, aproximando-se do balcão. — Você tem cigarros? Qualquer marca.
A senhora assentiu e entregou para Loenna o primeiro pacote de cigarros que conseguiu alcançar. Loenna agradeceu e se preparava para ir embora, quando...
— Garota... — Chamou a senhora. — Você é a moça dos discursos, não é?
E Loenna travou; Estava sendo reconhecida.
— S-sim. — Respondeu ela, oferecendo a mão para a dona do bar. — Sou eu mesma. Loenna Nalan, senhora. Prazer em conhecê-la...
— Loenna Nalan. — O olhar da senhora era extremamente julgamental; Ainda assim, ela apertou a mão da garota. — Meu nome é Soraya. Que mal eu lhe pergunte, jovem, mas quantos anos você tem?
— Vinte e seis, senhora... Digo, Soraya. — O propósito daquela pergunta? Loenna não sabia, mas resolveu responder mesmo assim.
— Você é nova e idealista. Isso é bom. — Soraya levou à boca um cigarro e o acendeu. — Mas, se quer um conselho, menina, ouça a mim e minhas cinquenta e três primaveras: Não vale a pena.
Loenna franziu a testa. Não vale a pena? Como assim? Depois de tudo aquilo, de tanto apoio, Soraya queria lhe dizer que sua luta não valia a pena?
— Por que diz isso? — A garota estava inconformada.
— Bem, eu vou lhe contar um pouco da minha história... — Respondeu Soraya. — Talvez você me julgue, e eu não me importo, mas quando eu era bem jovem, eu costumava me prostituir para os poderosos. Sim, esses mesmo, Os Saphira, Kantaa e Eran.
Soraya pitou seu cigarro mais uma vez, em alguns segundos de silêncio. Assoprou a fumaça e então retornou a sua história.
— Eu não me importo com eles, antes que você se preocupe. — Continuou. — Mas meus anos de prostituição me renderam dois filhos. O mais velho era filho de Lohun Saphira. Ele foi reclamado pelo pai ainda bem jovem, e quando tinha oito anos escolheu me abandonar completamente para viver com a família paterna. Não sei por onde anda, e a esta altura não me importo com isso. Mas a minha segunda filha...
Para Loenna, atenta à história, os segundos em que Soraya parava para fumar eram como uma grande tortura.
— Eu tive um caso de amor com Monvegar Eran. Me apaixonei por aquele desgraçado, embora não possa dizer que o mesmo aconteceu com ele. — O pesar na voz de Soraya era perceptível. — Ele não era apenas mais um de meus clientes. E, quando engravidei pela segunda vez, isso ficou ainda mais perceptível para mim. Dei luz a uma linda garota, ela se parecia o suficiente com o maldito para que eu tivesse certeza de que era sua filha. No entanto... — A expressão de Soraya tornou-se soturna. — Monvegar não ficou muito feliz em saber que tinha mais uma descendente. Me jurou que iria matá-la.
— Os Eran são sujos. — Concordou Loenna. — Eles mataram o meu...
Soraya fez um sinal com as mãos para que a garota se calasse. Ainda havia história para contar.
— Eu a escondi enquanto pude. — Continuou. — Mas, em dado momento, percebi que ele iria me usar para descobrir onde minha garota estava. Então, quando ela tinha nove anos de idade, forjei minha própria morte. Tive que fugir para longe, assumir uma nova vida. Tudo isso para proteger minha pequenina. Achei que tinha obtido sucesso, até que... — Os olhos de Soraya se encheram de lágrimas. — Muitos anos depois, descobri por outros meios que ela estava morta.
Loenna mordeu os lábios.
— Monvegar Eran conseguiu matá-la?
— Não. — Soraya negou com a cabeça. — Minha menina foi morta pelos Kantaa. Eu a escondi tanto dos Eran, para os Kantaa a matarem antes. E minha garota era assim como você, idealista e valente; Sei disso pela maneira como ela morreu. Por isso, jovem, te digo que não vale a pena. Eles sempre vão vencer, sempre.
Loenna suspirou fundo; Sentia a dor de Soraya pelo peso de suas palavras. Queria poder dizer que tudo iria ficar bem, que ela iria vingar a morte de sua filha, mas não tinha como garantir algo dessa magnitude; Sabia que estavam entrando em território perigoso, que ela poderia não acordar amanhã, mas tudo aquilo era por algo maior.
— Eu sinto muito pela sua filha. — Foi o que ela conseguiu dizer. — Eu também perdi pessoas importantes para mim. Os Eran mataram meu irmão e minha mãe, e os Kantaa mataram o homem que eu amei. — Não era um homem, mas Soraya não precisava saber desse detalhe. — É por isso que eu luto, para que um dia ninguém perca mais ninguém da maneira como nós perdemos. — E pegou nas mãos de Soraya. — Eu tenho certeza que sua filha está em algum lugar melhor, torcendo para alguém fazer alguma coisa contra esse sistema assassino.
Soraya emitiu um sorrisinho de canto de boca.
— Sei que, se minha filha estivesse viva, ela iria querer lutar ao seu lado. — Respondeu Soraya. — Não tive o prazer de acompanhá-la em todos os momentos de sua vida, mas vejo muito dela em você.
E, por alguns milissegundos, os olhos de Soraya pareceram brilhar, sonhadora, lembrando-se de sua amada filha que agora estava bem mais longe do que seu olhar podia alcançar.
Imediatamente depois, a dona do bar voltou a ficar carrancuda.
— Mas, bem, isso é apenas um conselho. — Soraya levou o cigarro à boca novamente. — Cuide-se, jovem. Lembre-se de que eles sempre irão vencer.
— Bem... — Loenna lançou-lhe um olhar desafiador. — Está na hora de mudar essa verdade.
Soraya deu de ombros. Loenna sorriu e despediu-se da barista, confiante, e a senhora fez o mesmo. Fowillar a esperava na porta.
— Aqui estão os seus cigarros. — E os lançou para Fowillar. — Sabe, Fowillar... Acho que eu nunca tive tanta certeza de que estou fazendo a coisa certa em toda a minha vida...
***
Oi pessoal! Sejam bem vindos novamente! Eu tive uns probleminhas ao longo da semana e não consegui postar o capítulo no sábado, mas a quarta-feira não falha e ele aqui está!
Espero que tenham curtido o capítulo de hoje e não se esqueçam de dar uma estrelinha ou um comentário se gostaram! Até sábado (se tudo correr bem) e uma boa semana para vocês.
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