Capítulo 12 - Um teste que deu errado (Flashback)
O dia havia chegado. O dia do teste trimestral.
Loenna estava ansiosa esperando por aquele momento. Eriwan Gehl a dissera que ela era patética, que jamais passaria do nível básico, mas Gehl era verdadeiramente mal humorado, exigente e ranzinza. Ninguém atenderia a suas implicâncias, com exceção talvez de Serpente. Era o que ela repetia para si mesma, para se tranquilizar;
ー Acalme-se. ー Era o som da voz de Eliah. ー Você vai conseguir.
O teste da semana era tentar saquear um Eran de estirpe mais baixa; Ninguém ousaria um saque ao temido Monvegar Eran ou seus descendentes diretos, os homens mais ricos do país, ainda mais vindo de um bando de treinadores de nível básico. Mas talvez um Eran de nível financeiro e prestígio menor pudesse ser uma boa vítima.
Desta vez, a dinâmica havia sido organizada da seguinte forma: Grupos de três eram formados, por sorteio, e cada um dos grupos tentaria saquear um Eran diferente escolhido arbitrariamente por Euler e Eriwan Gehl. Ambos estariam ali para dar suporte caso os grupos precisassem de ajuda; E, caso o grupo tivesse sucesso em roubar o Eran, o desempenho de cada um dos indivíduos seria avaliado individualmente para concluir se eles poderiam ou não avançar de nível.
Coincidentemente, o grupo de Loenna era composto por Eliah, Digan e ela. A sorte havia sido boazinha para ela, pois Eliah era, até o momento, sua melhor amiga. Digan era um tanto quanto inconveniente, porém Loenna não tinha nada contra ele também; Ao menos, ela o conhecia. Agora, os três estavam sendo levados numa carroça junto com seu mestre e conduzidos por Euler, o número 1, até o destino de seu furto.
ー Eu tenho medo. ー Loenna suava frio. Era o seu primeiro teste. ー E se eu não conseguir?
ー Está tudo bem se você não conseguir. ー Eliah era bastante tranquilizadora. ー Eu e Digan treinamos há dois anos, e ainda não conseguimos. Um dia isso vai acontecer. Sei que a possibilidade de passar mais três meses com Gehl é destruidora, mas...
ー Sempre que eu não passo, ー Digan interrompeu. ー Eu me consolo dizendo que serão mais três meses de piadas com a cara feia do Gehl. Você não vai poder fazer isso quando mudar de treinador, apenas dizendo.
A mente de Loenna imediatamente focalizou o rosto de Gehl e a garota esboçou um sorriso. Eliah, no entanto, apenas revirou os olhos.
ー Digan, você não está ajudando. ー Na verdade, ele estava ajudando.
ー Ah, me desculpe. ー Mas o sorriso travesso não abandonava o rosto de Digan. ー Então pense nos homens bonitos da nossa turma. Eu não sei se tem muitos, não é do meu gosto. Mas tem muitas moças bonitas, isso eu posso garantir...
ー Que nunca vão te querer. ー Retrucou Eliah.
ー Não se eu avançar de nível. ー Digan parecia um tanto quanto sossegado; Era como se ele não estivesse prestes a realizar um teste que poderia mudar para sempre sua vida. ー Isso é mais um motivo para eu não ficar tão triste assim caso eu não passe.
Eliah bufou em descontentamento, mas Loenna sentiu um sorriso quase escapando de seus lábios. Cada palavra de Digan parecia despertar nela um sentimento ambíguo, como se ela o achasse um verdadeiro crianção, mas ainda gostasse de suas presepadas.
ー Ignore o Digan. ー Disse Eliah. ー Você tem todas as condições possíveis de passar, Loenna, E, se não passar, não tem problema.
ー Gehl disse que sou patética. ー Respondeu Loenna, cabisbaixa.
ー Ele diz que todos nós somos patéticos. ー Retrucou Eliah. ー Ele provavelmente diria que Serpente é patética se ela fosse sua aluna. Gehl não é parâmetro para nada.
Loenna quase se permitiu sorrir novamente, quando aquela voz esganiçada e irritante interrompeu seu momento com Eliah. Ele de fato não suportava ver ninguém feliz ou emitindo positividade.
ー Que conversa fiada é essa aí? ー Era incrível a capacidade de Gehl de reclamar com absolutamente tudo. Loenna duvidava que existia algo na face da terra que seria capaz de fazê-lo feliz. ー Vocês estão prestes a entrar em avaliação. Comportem-se como tal.
Loenna aprumou-se na carroça e Eliah fez o mesmo. Digan, no entanto, manteve-se esparramado como ele sempre havia feito; Era um folgado nato.
ー Muito bem. ー Euler parou a carroça. ー Chegamos.
A carroça havia sido estacionada atrás de duas árvores, alguns metros a frente de uma casa relativamente simples para os padrões Eran. Tinha várias janelas, mas apenas duas portas, era toda pintada num tom de bege e havia uma chaminé soltando fumaça no telhado. Simples, porém não escondia de quem pertencia; Vários detalhes nas janelas eram ornados a ouro.
ー O plano é o seguinte: Vocês devem roubar daquela casa algo comestível e então retornar para cá num tempo satisfatório. ー Disse Euler. ー Simples assim.
Eliah e Digan fizeram que sim com a cabeça, afirmativamente. Já haviam passado por essa situação muitas outras vezes.
ー O homem está em casa. ー Tornou Euler a dizer. ー Vocês estão livres para tomar a estratégia que quiserem, se quiserem alguma, mas se ele tomar vantagem, não queiram bancar os valentões. Corram para cá imediatamente ou gritem pelo meu nome ou o de Gehl.
Gehl bufou, mas ainda assim fez que sim.
ー Vocês serão avaliados pelo sucesso na missão, pelo tempo que levarem para trazer o objeto, pelos ferimentos e pelo uso ou não de ajuda. ー Disse Euler. ー O morador é um senhor de seus sessenta anos, então vocês têm uma vantagem nisso. Lembrem-se: Ao menor sinal de que algo está dando errado, corram para cá.
ー E se ele tiver uma arma? ー Instigou Digan.
ー Ele não terá. ー Euler estava convicto. ー Estudamos o Eran. Invadimos a casa dele. Não encontramos arma nenhuma. Não escolhemos suas vítimas ao acaso, garoto. Bem, é isso que nós temos para dizer. Alguma dúvida?
Os três balançaram a cabeça horizontalmente, sinalizando que estavam em conformidade com o acordado por Euler.
ー Pois bem, então... ー Euler sorriu. ー À invasão, crianças.
Eliah e Digan saíram em disparada e, dessa forma, Loenna entendeu que deveria fazer isso também. Correu atrás dos amigos, arrancando com alguns segundos de atraso, e foi a última a alcançar a bonita porta de madeira ornada a ouro. A garota estava envergonhada, mas nenhum de seus dois colegas pareceu se importar muito com isso. Eliah acenou para ela, que estava vermelha como um tomate, enquanto Digan procurava algo nos bolsos.
ー O que ele está fazendo? ー Questionou Loenna.
ー Digan é um excelente arrombador de portas. ー Respondeu Eliah. ー Ele vai tentar abrir essa para a gente.
Digan retirou um pedaço de arame de seu bolso, o entortou de uma determinada maneira e introduziu-o na fechadura da porta do Eran. A fechadura fez alguns barulhinhos antes de ser, finalmente, destrancada num "cleck" seco.
ー Está aberta. ー Ele sussurrou.
Cavalheiro, Digan fez um sinal para que Loenna e Eliah entrassem primeiro. Eliah seguiu seu caminho na ponta dos pés, fazendo o menor barulho possível, e Loenna a imitou, com menor sucesso; Seu corpo não era tão delicado quanto o de Eliah. Já Digan foi ainda mais barulhento; Era musculoso e pouco jeitoso. Mal entrou e, num esbarrão mal calculado, uma pilha de pratos foi ao chão.
Eliah fez uma careta enquanto os objetos se estilhaçavam, um a um, num som agudo e estridente. Loenna sentia-se tremer da cabeça aos pés; Certamente não sairiam impunes daquele deslize.
Um murmúrio descontente veio do quarto e, naquele momento, Loenna soube que os três estavam em apuros.
ー É melhor voltarmos. ー Seu coração palpitava. ー Acordamos o homem.
ー De jeito nenhum! ー Insistiu Digan. ー Eu quero passar nessa porcaria. Você pode voltar, se quiser.
Eliah não disse nada, mas também não se moveu. Em seu íntimo, ela queria completar o teste com sucesso e ser aprovada, assim como Digan.
Loenna também queria passar. Era sua única chance de ser mestre aos dezenove anos e conhecer Serpente; Contudo, ela tinha medo. Muito medo. Mas Serpente não parecia ser o tipo de pessoa que gastaria seu precioso tempo com garotinhas medrosas, de forma que Loenna optou por permanecer ali.
ー Procurem nas portas dos armários. ー Disse Eliah, e instantaneamente passos podiam ser ouvidos. Eram do dono da casa, sem dúvidas. ー Deve ter alguma coisa.
A garota se pôs a procurar qualquer coisa alimentícia com uma velocidade que ela jamais havia alcançado antes. No entanto, só achava panelas, louças, potes... Achou inclusive um ratinho que escondia-se ali dentro. Mas nada de comida. Droga. Aquele velho não se alimentava?
E os passos se tornavam cada vez mais próximos. Eles não teriam muito tempo antes de serem descobertos; Loenna sentiu suas pernas vacilarem e tudo parecia girar ao seu redor. A ansiedade era absurda.
ー Eu achei um pacote de pão! ー Para a felicidade de Loenna, Eliah gritou de algum canto.
ー Ótimo. ー Digan gostava de se fazer de valente, mas Loenna conseguia vê-lo tremer também. ー Agora podemos ir embora da...
ー O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO EM MINHA CASA?
O êxtase pela descoberta do pão era tão grande que Loenna se esquecera de que ela e seus amigos ainda estavam em apuros.
Antes que qualquer um dos três pudesse fazer qualquer coisa, o velho agarrou uma faca que estava em cima da pia e tentou desferir um golpe em quem estava mais próximo; No caso, Loenna. A garota conseguiu se desviar, mas a facada atingiu seu lábio e o partiu no meio; A garota gritou quando sentiu o vermelho do sangue em sua roupa.
ー CORRE! ー Berrou Digan. ー CORRE!
E o garoto, o mais rápido do grupo de Gehl, não teve dificuldades em colocar suas pernas para trabalhar. Eliah não era tão veloz quanto, principalmente porque estava com um pacote de pão nas mãos, mas também conseguiu despistar o velho na corrida. Loenna, a última do grupo, se pôs a correr; Correu, correu, correu, de forma que suas pernas chegaram a doer.
E doeram tanto... Mas tanto... Que Loenna as sentiu vacilar no último segundo, com uma cãimbra infernal que tomou conta de toda a sua panturrilha. No mesmo momento desabou no chão de terra, tingindo o solo com o sangue de sua boca, vendo Eliah e digan se distanciarem. Eles estavam longe, lá longe... Muito ocupados para perceberem que alguém do grupo havia tido problemas... Loenna tentou emitir um grito, mas seus pulmões queimavam, e nada saía de sua boca. Ela estava encrencada.
Então, o velhote à alcançou. E ele carregava uma arma em sua mão esquerda.
***
Digan e Eliah, suados, chegaram até Gehl e Euler com o saco de pão. Tomaram um tempo para respirar fundo; Entregaram o fruto de seu furto aos mestres e, finalmente, estavam à salvo. Se permitiram sorrir.
ー Conseguimos, Digan! ー Disse Eliah, sorridente. Ela e Digan tocaram as palmas das mãos um do outro, em sinal de vitória.
ー Conseguimos! ー Ele sorriu. ー Mas onde está Loenna?
ー Ah... ー Imediatamente, o sorriso de Eliah murchou. Em seu rosto, estava estampada a sua preocupação. ー Ela... Deve estar chegando, eu acho.
E uma longa pausa se seguiu. Eliah mordeu o próprio lábio, querendo se convencer de que estava correta.
Mas não estava.
ー Eu acho que ela não vai chegar, senhorita Conelli. ー A voz de Euler era pesada. Imediatamente, os dois jovens arregalaram os olhos.
ー Será que Loenna foi pega? ー Perguntou Digan.
ー Provavelmente. ー Respondeu Euler. ー Se vocês estavam em perigo...
ー Vocês precisam nos ajudar! ー Eliah olhou para Euler e Gehl, em súplica. ー Nossa amiga pode morrer!
ー Eu estou preocupado, garota, mas eu não sou um guerreiro. Estou fora de forma e trato apenas de questões burocráticas. Eu não serei capaz de ajudar sua amiga. ー E, então, voltou-se para Gehl. ー Gehl?
Gehl estava de braços cruzados. Murmurou algo ininteligível, respirou fundo e, enfim, disse:
ー Deixe que morra. ー Respondeu. ー Não era uma guerreira muito talentosa mesmo.
***
Loenna estava entre a vida e a morte. O velho Eran a havia imobilizado e apontava a sua arma suja direto para a cabeça da garota; Ela sabia que não estaria viva no minuto seguinte.
ー Muito bem, sua imunda. ー O Eran cuspiu no rosto de Loenna. ー Para quem você trabalha?
ー Para ninguém. ー Loenna afirmou, com convicção. ー Eu sou livre e estou aqui porque quero.
ー Bobagem! ー Ele berrou, e perdigotos de saliva saíram de sua boca. ー Você trabalha para Gaspez, não é? Me diga, onde está Gillani Gaspez?
ー Eu não faço a menor ideia de quem seja Gillani Gaspez. ー E isto era verdade. ー Se quer me matar, o faça logo. Não tenho tempo para suas perguntas ridículas.
ー Garota abusada! ー Disse o Eran. ー Dê adeus à sua vida em cinco... Quatro... Três... Dois...
Loenna estava pronta para morrer; Fechou os olhos, esperou pelo disparo da arma... Mas, antes que o velho terminasse a contagem, ele gemeu de dor e atirou para outro lugar. Era como se algo... Ou alguém... Houvesse impedido sua contagem regressiva.
Ela abriu os olhos. De um lado, o velho; De outro, um rapaz alto, musculoso, asiático e de cabelos escuros. Tinha uma imensa mancha vermelha no ombro, que manchava sua camisa branca de sangue; Digan, pensou ela. Estava ferido; Provavelmente o tiro do Eran o havia acertado.
Entre os dois, a arma do Eran. O velhote a encarou; Digan fez o mesmo. Provavelmente se passava a mesma coisa em suas mentes. Como um ato reflexo, ambos dispararam em direção ao revólver e, desta vez, era salve-se quem puder
Loenna levou as palmas das mãos aos olhos, não queria ver aquela cena. Conseguia ouvir sons de luta corpo a corpo, os murmúrios de dor de Digan e do velho, a arma passeando pelo chão... Tudo aquilo fazia seu coração bater ainda mais forte. E foi depois de um longo minuto que a garota finalmente conseguiu ouvir os sons da vitória:
ー Muito bem, seu velho safado. ー Era o doce som da voz de Digan. ー Agora sou eu quem está armado.
Loenna se permitiu ver aquela cena. O velho estava caído ao chão, com seus olhos castanhos cintilando de medo. Digan erguia-se por cima dele, apontando a arma direto para seu rosto. O jogo havia virado, e agora ele estava no comando.
ー Vamos, me mate! ー Berrou o velho, tentando transparecer uma confiança que seu corpo não demonstrava ter. ー Eu não tenho tempo para vocês, crianças imundas. Me mate.
ー É o que eu vou fazer agora. ー No entanto, Digan também não estava tão confiante. ー Eu vou... Eu vou...
Suas mãos tremiam. Ele não queria puxar o gatilho. Loenna sentiu que o rapaz iria vacilar.
ー Você não tem coragem, não é, seu imundo? ー O velho sorriu. Parecia menos preocupado agora. ー Vamos, seu mole! Me mate!
As mãos de Digan pareciam não obedecer ao seu comando. O garoto não tinha coragem, isso era óbvio. Ele jamais havia matado alguém.
Bem, Loenna vira esses desgraçados matarem sua mãe. Talvez ela não houvesse dado fim à uma pessoa antes, mas para os Eran, não havia misericórdia em seu coração. Levantou-se, prostrou-se de lado a Digan e tomou a arma que tinha em suas mãos.
ー Ele não tem coragem... ー Loenna apertou os olhos. ー Mas eu tenho.
E disparou três tiros contra o peito do Eran, apreciando seus gritos e observando-o agonizar até a morte, assim como sua família havia feito com Gara.
Digan suspirou em alívio.
ー Obrigado. ー E levou a mão ao ombro machucado. ー Eu jamais conseguiria fazer isso.
ー Eu vi minha mãe ser morta na minha frente. ー E os olhos de Loenna cintilaram de rancor. Cada vez que ela comentava, soava como se tivesse acontecido no dia anterior. ー Não tenho nenhuma piedade pelos Eran.
ー Eu fui deixado na porta de Euler pelos meus pais quando ainda era um bebê, e ele me criou até a maioridade. ー Digan disse. ー Minha única figura paterna ou materna é ele. Gostaria de ter tido uma mãe, ou um pai.
ー Foi bom... Enquanto durou. ー Loenna suspirou fundo. ー Mas a dor da perda é grande também. Não se sinta mal. Todos os dias eu revivo as cenas da morte da minha mãe em looping, é como se fosse um pesadelo.
ー Ah, eu não me sinto mal. Ao menos fiz grandes amigos por aqui. E Euler é um cara legal. ー Riu. ー Vamos indo? Eliah, Gehl e Euler estão nos esperando.
Loenna fez que sim com a cabeça e ajudou Digan com o ombro, deixando com que ele apoiasse seu braço nela. Foi quando a garota se deu conta de que não havia agradecido o rapaz por tê-la salvo do Eran idoso.
ー Digan? ー Chamou ela. ー Obrigada. Se não fosse você, eu não estaria viva agora.
ー Por nada! ー Digan sorriu. ー Tudo pelos meus amigos!
E, enfim, chegara o grande dia. Digan, Eliah, Melina, Piwen e Niela estavam sentados juntos, aguardando o resultado do último teste. Gehl chegaria na arena, com seu mal humor usual, e anunciaria a todos ali quais seriam capazes de prosseguir para o nível intermediário de treinamento.
ー Ele está demorando. ー Resmungou Niela.
ー Talvez ele esteja no banheiro. ー Disse Digan.
Como de costume, Eliah repreendeu o amigo, mas Loenna riu; A garota estava mais próxima de Digan depois que o rapaz salvara sua vida no último treino. Ele era um cara legal, e valorizava bastante suas amizades. Haviam coisas por trás de Digan além do garoto de 20 anos que nunca cresceu.
Enfim, Gehl chegou, todo atrapalhado e com uma expressão de poucos amigos. Trazia um papel em mãos. Aguardou até que todos fizessem uma reverência e, por fim, se pôs a falar.
ー Muito bem. ー Disse ele. ー Espero que saibam o motivo pelo qual estou estou aqui.
ー Porque conseguiu controlar a sua diarreia. ー Murmurou Digan.
ー Estou aqui para passar os resultados do teste passado para vocês. ー Por sorte, Gehl não havia ouvido o comentário desagradável de Digan. ー Por mim, todos vocês teriam reprovado, porque são todos patéticos, mas Euler foi mais bonzinho.
Loenna tremia só de ouvir Gehl falar. Descobrira que, por ele, ela teria terminado seu teste morta; Desde então, seus sentimentos acerca do mestre eram cinquenta vezes mais negativos.
ー Bom, dessa turma, cinco pessoas conseguiram resultados satisfatórios. ー Gehl ergueu o papel para a linha de seus olhos. ー E, com vocês, as pessoas que passaram: Anroy Wynsa; Digan Wuri...
ー ISSO! ー Digan se levantou e fez uma comemoração. O mestre olhou feio para ele, mas o garoto não se importou. ー Adivinha quem é o próximo aluno nível in-ter-me-di-a-rio?
ー Bem, como eu estava dizendo... Os próximos nomes são Eliah Conelli ー Eliah relaxou no seu assento e expirou fundo. ー Jorian Beorn... E Yorman Fortsan.
Loenna estremeceu. Nada de Loenna Nalan. Ela não havia passado; Digan seguia fazendo sua dancinha da vitória enquanto a garota se lembrava de que seus dois melhores amigos haviam passado e ela não.
ー Você está bem? ー Era a voz de Eliah, e só então Loenna notou que estava chorando.
ー Eu... ー Loenna não conseguia esconder sua frustração. ー Eu não passei, Eliah.
ー Eu também não. ー Era Piwen. ー E eu treino há quatro anos. Não se sinta mal.
ー A Loenna está chorando? ー Digan interrompeu sua comemoração apenas para ver a expressão triste de Loenna. ー Por que ela está... Ah. Entendi.
E, antes que Loenna percebesse, Digan se ajoelhou ao lado dela.
ー Escute, eu também já fui reprovado. ー Disse ele. ー Não foi uma, nem duas vezes. Foram várias. Não se preocupe, um dia você vai passar.
Loenna fez que sim com a cabeça, mas ainda havia algo que a incomodava.
ー Você acha que Serpente irá querer me conhecer deste jeito? ー Loenna limpou as próprias lágrimas. ー Sendo uma... Fracassada?
ー Eu aposto que Serpente reprovou no seu primeiro teste. ー Digan respondeu, e Eliah concordou com a cabeça.
ー Ei, vocês dois. ー Era o treinador do nível intermediário. Era um homem bronzeado, musculoso e careca, muito mais jovem do que Gehl, Loenna supunha. Talvez tivesse seus 35 anos. ー Meu nome é Tom. Vocês não vão seguir com a gente?
Eliah e Digan disseram que sim e, antes de partirem em direção a Tom, Eliah dirigiu-se a Loenna.
ー Você ainda vai conhecer Serpente. ー Ela disse. ー Tenho certeza. Nos dê notícias.
E seguiu caminho rumo à próxima fase de sua vida, enquanto Loenna lamentava os próximos três meses que passaria com Gehl.
***
Considerações Finais: Digan é meu bebê e eu espero que vocês não sejam Diganfóbicas. Mas se forem também não tem problema, porque eu amo todos os meus leitores
Obrigada por lerem até aqui e espero que estejam gostando da história! Quarta que vem tem mais e espero que tenham gostado do capítulo de hoje.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro