Capítulo 39
Sento de baixo da árvore que o Aaron costuma ficar, perdi a primeira aula por não ter conseguido dormi, nem o abacaxi conseguiu me deixar mais calma, ele pelo menos tentou.
Eu pensei, eu passei na madrugada toda pensando, pensei mais do que achei que poderia pensar em uma só noite.
E quando finalmente consegui dormi, acordei duas horas depois com o abacaxi mordendo meus dedos, graças a ele não cheguei no fim das aulas.
Meu cérebro arrumou um monte de justificativas pra eu ficar bem, eu e ele não temos nada, eu acho, eu queria que tivéssemos, mas não temos.
Mas não foi menos deprimente por isso, ainda mais por ter sido com a Bride, minha amiga.
Passo as mãos pelo rosto, me sentindo cansada pela noite mal dormida, por tudo que eu estou sentindo no momento.
Porque eu estou confusa.
Tombo a cabeça pra trás, a apoiando no tronco da árvore, vendo o céu nublado, meu corpo entra em alerta quando o sinal toca, indicando o final do primeiro tempo.
Está tá tudo bem.
Penso, tentando me manter bem, mas não funciona por que quando o vejo vindo na minha direção, meu coração se aperta dentro do meu peito.
Está tudo bem, cora.
Mas a medida que ele ia se aproximando, deixava claro que não estava, seus olhos caem sobre mim, agora ele parece receoso enquanto se aproxima de mim, se sentando ao meu lado.
—Perdeu a hora? -Ele pergunta e eu tento arrumar forças pra responder ele, então apenas concordo com a cabeça.
—Está tudo bem? -Ele pergunta e eu forço um sorriso convincente.
—Claro e você? -Falo finalmente olhando pra ele.
Ele me encarava com as sobrancelhas erguidas.
—Eu vejo seus sorrisos todos os dias, não é difícil saber que esse aí é falso. -Ele murmura e meu sorriso falso, murcha logo em seguida.
Eu tentei.
Não me resta nada a não ser falar tudo:
—Desculpa, é que eu estou tentando ficar bem, eu sei que não temos absolutamente nada e que eu não tenho direito algum de ficar mal, mas é exatamente assim que eu estou, mas tudo bem, tudo bem você ficar com que você quiser, mesmo que essa pessoa seja minha única amiga aqui.
Desabafo tudo de uma vez, me sentindo melhor que antes, mas ele me olha como se estivesse ofendido, mas eu não falei nada demais, não é?
—Deixa eu adivinhar, quem falou isso foi a Bride? -Ele diz num tom ácido.
—Sim, mas tudo bem, eu vou ficar bem. -Falo, me obrigando a acreditar nisso.
Ele me olha daquela jeito estranho de novo e se levanta, eu faço o mesmo.
—Que bom que você confia tanto nela. -Ele ironiza. —Mas ela contou também a vez que ela me beijou? Com certeza não, não precisa se preocupar, nós não tínhamos nada, igualmente agora, continuamos tento nada. -Ele recua alguns passos. —Ela te contou que ontem ela me questionou de o por que eu escolhi você ? Eu sinceramente não sei, mas com absoluta certeza, eu nunca queria ter te conhecido.
Recuo com as palavras dele, sentindo o impacto em mim, mordo o lábio com força, tentando segurar a vontade de chorar.
Isso tudo é demais pra mim.
Ele me olha como se estivesse arrependido do que disse.
—Eu...Que porra. -Foi as únicas palavras que ele disse antes de virar e me deixar sozinha.
Me sento na grama, me sentando mais sozinha do que nunca, deixando as lágrimas caírem.
—Você não apareceu nas aulas, tá fazendo o que aqui? -A Bride se senta ao meu lado, no refeitório.
Demoro mais que o normal pra responder, eu não quero falar com ela.
—Está chovendo. -Respondo, tentando não me importar com os barulhos altos dos trovões do lado de fora.
—Eu tenho um guarda-chuva aqui, eu não vou precisar, quer? -Ele pergunta e eu nego com a cabeça, me obrigando a encara-la.
Eu realmente não entendo.
—Por que não me disse que gostava dele? -Pergunto a ela, finalmente ligando tudo, quando eu me aproximei do Aaron, ela simplesmente mudou do dia pra noite comigo.
Eu não fiz nada de errado e mesmo assim, me culpei.
O sorriso que enfeitava os lábios dela, desaparece.
—O que? Eu não...-ela suspira, mudando totalmente o tom. —Não achei que você conseguiria algo com ele, mas me enganei, você vai se afastar dele?
Pergunta.
—Se eu tiver escolha, com certeza não. -Me levanto sem querer ouvir mais, ela não foi verdadeira comigo, acho que em nenhum momento.
Saio do refeitório, mas não fez muita diferença, já que não vou conseguir sair daqui.
Caminho até o final do corredor, indo em direção a saída, observo a chuva cair com certa violência no chão e os brilhos que os raios causavam no céu.
Por que eu tenho medo de algo tão bonito?
Dou um passo pra fora, mas volto quando me assusto com o barulho de um trovão, sentindo meus olhos lacrimejarem.
Que dia merda.
—Vamos logo. -Olho assustada para o lado, vendo o Aaron olhando pra mim.
Eu não sei exatamente o que senti, alívio, raiva ou magoa, talvez tudo junto.
—Não consigo. -Sussurro olhando pra chuva que caía do lado de fora.
—Eles não vão te machucar, o que você sente é real, mas não vai te ferir. -Ele olha pra chuva também e estende a mão pra mim, observo a roupa dele, que já estava molhada.
—Por que você está molhado? -Pergunto e ele da de ombros, suspiro exausta e pego na mão dele, que me puxa para o lado de fora.
Meus pés travam no chão enquanto eu sinto as gotas geladas caírem na minha pele, enquanto os trovões pareciam cada vez mais altos.
Ele passa o braço pelos meus ombros e me aperta contra si, caminhando comigo e a cada barulho de trovões, eu me apertava cada vez mais a ele.
Não sei quanto tempo andamos assim até chegar no carro dele, mas o alívio foi instantâneo quando eu não senti mais à chuva cair em mim.
—Viu? Está tudo bem. -Ele diz me olhando por breves segundos.
—Obrigada. -Sussurro me encolhendo no banco do carro, sentindo cada parte do meu corpo tremer.
Ele fecha á porta atrás de mim e eu suspiro, sem saber o que dizer.
Me viro em direção a ele, que já me encarava.
—Está tudo bem? -Eu pergunto, se referindo a nós dois.
Ele não me responde, parecia distante, mesmo olhando pra mim.
Eu me aproximo dele, segurando seu rosto com as minhas mãos.
Tudo o que eu quero é que fique tudo bem.
—Aaron...-O chamo e ele abaixa a cabeça, mas eu a levanto, fazendo ele me encarar. —Eu sinto muito.
Solto o rosto dele e o abraço, mesmo sem que ele corresponda.
Ele apoia o rosto no meu ombro, eu fecho os olhos, me sentindo aliviada por o ter perto de novo.
Ele se afasta e olha nos meus olhos de maneira profunda, mais um profundo diferente.
Fecho os olhos sentindo a respiração dele bater contra meu rosto.
—Essa merda toda é demais pra mim. -Ele sussurra, mas antes que eu tenha tempo de entender, ele me beija.
Não é como das outras vezes, é um beijo triste, molhado, e não pela saliva e sim pelas lágrimas que caiam dos nossos olhos.
E eu nem sei ao certo o porque eu me sinto assim, triste.
Arfo contra a boca dele, quando sinto as pontas dos seus dedos entrarem pela minha blusa e tocarem minha pele nua.
As coisas começaram a ir mais rápido, ao ponto de irmos até o quarto sem sequer se desgrudar um segundo sequer, mesmo derrubando um monte de coisa pelo caminho.
Ele beija meu pescoço assim que me joga na cama, de maneira ansiosa.
Ele volta sua atenção para meus lábios, não demorou muito pra já estarmos sem roupa, com ele em cima de mim.
E foi mais que assustador pra mim quando eu percebi que não estávamos fazendo apenas sexo, era mais que isso.
Então eu percebi que estava totalmente entregue a ele, que não havia dúvida alguma sobre o que eu sentia:
Amor.
Bonuuus
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