Capítulo 21
O meio fio nunca foi tão confortável como agora, mas talvez eu esteja muito bêbada pra ter certeza.
Observo Aaron, que agora estava em um silêncio eterno.
É agonizante saber que provavelmente passa um monte de coisas na mente dele, mas ele sempre está assim: em silêncio.
Eu poderia fazer como qualquer uma pessoa com amor próprio: me afastar, já que ele deixou claro um bilhão de vezes que não me quer ao seu lado.
Mas não tem um pingo de verdade nisso, se ele realmente quisesse isso, porque tentaria concertar as coisas falando o nome dele pra mim? E Aaron combina muito mais com ele.
Agora ele está aqui do meu lado, com os pés batendo freneticamente enquanto as mãos tampavam o seu rosto, ele está agindo como se tivesse feito a maior idiotice da vida dele, quando na verdade ele só me contou o nome.
Estico o braço, torcendo pra ele não sentir quando meus dedos tocaram a mecha de cabelo dele, tentando a por no lugar.
Ele nem sequer se meche, então acho que tudo bem eu continuar ajeitando o cabelo dele.
—Finalmente. -Falo enquanto observo o cabelo dele arrumado, sem mecha alguma fora do lugar.
Ele tira as mãos do rosto e me encara, meu sorriso se desfaz quando a mecha filha da puta sai do lugar, de novo.
—Deixa eu cortar ela? -peço, tentando a alcançar de novo, mas dessa vez ele me para.
—De um a dez, quão bêbada você está? - ele pergunta enquanto ainda segurava meu pulso, firme o suficiente pra eu sentir algo não muito normal na minha barriga.
— Dois e meio. -falo firme, tirando meu pulso dos dedos dele, na tentativa de fazer esse sentimento estranho parar, mas piora mais ainda quando noto um quase sorriso dele.
Olha essas covinhas, meu Deus.
—Veio com quem? -ele pergunta enquanto se levantava.
—Sozinha, o Luke me deu bolo. -suspiro, meu irmão disse que tinha um expediente hoje, em um emprego que eu nem sei qual é.
—Entendi, vai dormi aqui na Bride? - Aaron pergunta e eu sorrio pela quantidade de palavras que ele usa, ele estende a mão pra mim.
—Não, ela está estranha. -falo enquanto pego na mão dele, a bebida tá fazendo eu sentir coisas estranhas. —Vou pedir um táxi.
Me levanto com ajuda dele e ele solta minha mão.
—Ta bom.
Ele recua alguns passos, dou de ombros enquanto peço um táxi pelo celular.
—Você também vai embora? -pergunto me aproximando dele, ele apenas concorda com a cabeça e tomba a cabeça pra trás, encarando o céu estrelado.
—Por que você falou aquelas coisas? -pergunto me lembrando das palavras dele. —As coisas que você fala, não me atingem de verdade.
Falo, enquanto o observava encarar o céu.
Ele suspira e finalmente me olha, um olhar triste.
Isso é de quebrar qualquer coração.
—Eu só estou sensível, porque eu estou mais ou menos bêbada. -sorrio triste, não por mim, mas por ele. —Mas tudo bem.
Falo tentando reconfortar ele.
—Você mau me conhece. -Ele murmura, voltando a olhar para o céu.
—Posso conhecer? -pergunto, mesmo sabendo a típica resposta dele, o silêncio.
Ele olha pra mim e abre a boca pra falar algo, mas é interrompido pelo táxi, bufo, me abaixando pra pegar a caixa de pizza.
—Você vem? - pergunto enquanto abro a porta do táxi. —Assim você não precisa pedir outro.
ele me olha por longos segundos, eu entro no táxi, me animando quando vejo ele se aproximar e entrar.
Cumprimento o motorista e dou o meu endereço.
Volto minha atenção para o Aaron, que olhava atentamente pela janela, parecia estar longe.
—Não vai dar o seu endereço? -pergunto, chamando a atenção dele.
Ele me olha por longos segundos e nega com a cabeça.
—Eu vou andado. -ele diz e eu o olho confusa.
Tento não fazer um monte de pergunta, apenas relaxo ao lado dele, mas esse Silêncio é massacrante.
—Posso ir na sua casa amanhã? -pergunto. —Você falou que poderíamos estudar juntos.
—Você não vai estar bem. -ele responde olhando pra janela.
—Claro que vou. -falo firme, sabendo que ele está certo, mas uma ressaca não vai me impedir de nada.
—Tudo bem. -ele murmura sério e eu me seguro pra não avançar nele e o abraçar.
Não falo mais nada, apenas encosto minha cabeça no banco e fico observando os traços dele.
Ele tem uma cicatriz bem pequena perto da sobrancelha esquerda.
—foi o Theo? -pergunto, levando meus dedos até a pequena cicatriz, ele não pareceu incomodado.
—Não, foi o meu tio. -Ele diz ainda sem olhar pra mim.
Passo meus dedos em cima por mais alguns segundos, a pele dele é tão macia.
—Como ele fez isso? -pergunto, afastando com relutância meus dedos da pele dele.
Ele finalmente me olha, mas não diz nada por alguns segundos.
—O seu namorado não se importa? -ele pergunta e eu o olho confusa.
—Acho que não. -respondo sem entender. —Que namorado?
Pergunto rindo da careta engraçada que ele fez, como se ele também estivesse confuso.
—O Luke. -responde ele, se não fosse pela minha careta de nojo, eu iria rir.
—Aí credo, Aaron. -falo torcendo o nariz, imaginando a cena. —Ele é o meu irmão.
Falo rindo da expressão dele, ele está com vergonha.
E eu não consigo parar de olhar.
—Chegamos. -ele diz assim que o carro para, pulando pra fora.
Suspiro ainda com o sorriso em meus lábios, enquanto pago o motorista e saio do carro.
—Acho que você deveria ter pedido pra ele te esperar. -falo me referindo ao motorista, que agora já estava longe.
—Vou ir andando. -respondo ele olhando minha casa.
—São...-Faço um pequeno malabarismo, tentando não deixar a caixa de pizza cair pra pegar meu celular no bolso. —2 da manhã.
Ele suspira.
—Não tenho nada melhor pra fazer. -ele se afasta assim que chego em frente a porta.
—Tudo bem. -suspiro, eu deveria chamar ele pra dentro?
De qualquer jeito, eu sei que ele não iria aceitar.
—Cuidado por aí e obrigada por me acompanhar. -falo dando um sorriso grata.
—É isso que amigos fazem.
Ele diz, se virando de costas e caminhando pra longe de mim.
Fico encarando as costas largas dele, como se estivesse com os pés presos no chão.
Então eu finalmente me dou conta do que ele disse.
Coloco minha mão na boca, pra ele não escutar meus gritos animados.
PUTA QUE PARIU EU NÃO AGUENTO AF
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