Capítulo 2
Os dois últimos dias foram menos piores, mas eu continuo intrigada com o cara de olhos acizentados.
—Esses sanduíches são uma bosta e ainda são caros. -Bride reclama ao me entregar um sanduíche e se sentar ao meu lado, seus olhos foram até onde eu estava encarando.
—Ele me parece tão sozinho. -comento o observando sentando no chão, com um cigarro entre os dedos, olhando pra frente, aonde tinha absolutamente nada.
Suspiro, o jeito que ele parece distante com os próprios pensamentos, faz parecer que a mente dele é mais caótica que o inferno.
Imagina só, ter tantas coisas pra dizer e não poder?
—Eu vou lá. -falo me sentindo cheia de coragem, ele me parece inofensivo.
—Péssima ideia. -ela diz enquanto o observa de longe. —Perda de tempo também.
Murmura ela e eu ignoro, determinada em ir até ele, me aproximo sem fazer barulho graças a grama fofa.
—Oi. -falo me sentando ao lado dele.
Ele parece se surpreender com a minha presença, mas seu semblante muda depois pra puro tédio, suspiro observando ele levar o cigarro até a boca, logo em seguida a fumaça sai pelos seus lábios, olho pra cena totalmente hipnotizada.
—Você sabia que o cigarro mata mais de 7 milhões de pessoas por ano? -falo sem pensar, enquanto observo a fumaça se dissipar entre os lábios rosados dele.
Ele me olha com as sobrancelhas erguidas.
—Apenas fazendo o esperado. -ele murmura e eu o encaro totalmente confusa.
—Você fala? -pergunto sem deixar minha surpresa escondida. —Por que me fez pensar que não falava?
—Você chegou nessa conclusão sozinha. -ele traga o cigarro novamente, desviando sua atenção para o céu tão cinza quanto os olhos dele.
—Você não falou comigo, então eu pensei que você não falava.
Murmuro, ainda tentando digerir isso.
—Eu só não queria falar com você. -fala ele ainda sem me olhar , sem ao menos vacilar, como ele consegue ser rude de um jeito tão fácil?
Olho pra ele enfurecida, eu só queria ajudar.
—Qual o seu problema?
Pergunto irônica e mesmo assim, fiquei e esperei por uma resposta.
—No momento é você.
Ele diz ácido, levanto irritada e ele nem sequer se move pra me olhar.
—Tuudo bem.
Falo firme, me mantendo calma e o filho da mãe finalmente me olha.
Eu nunca vi olhos tão angelicais, parecerem tão diabólicos.
Seu olhos me encaravam de maneira curiosa e profunda, seus lábios continham quase um sorriso, será que é tão difícil sorrir de verdade pra ele?
Nada nele parecia relaxado, seus olhos eram firmes e penetrante, seu semblante é sempre duro, não consegue nem sequer sorrir.
O olho por alguns segundos, demorando tempo o suficiente pra perder minha dignidade e sem esperar por mais, eu dou meia volta e caminho até a Bride, que me observava com um olhar divertido.
—Eu avisei.
—CHEGUEI. -grito assim que entro pela porta de casa, respiro fundo tentando recuperar o fôlego de andar umas 20 quadras até em casa.
—Cadê a mamãe? -pergunto ao Luke, que estava super concentrado na Tv.
-—Sei lá. -ele diz me olhando por um milésimo de segundo e volta a atenção pra Tv.
—Ajudou muito. - murmuro, deixando a mochila de vou pra sala, me sento ao lado dele e finjo prestar atenção em um desenho estranho que passava.
—O que você quer? -ele deixa a Tv de lado e me encara.
—Nada, só estou carente. -murmuro, sem mostrar qualquer importância por isso.
—Não vou ver aqueles filmes de comédia sem graça. -Ele fala e eu sorrio, sabendo o quanto meu irmão me conhecia bem.
—Você tem 19 anos e ainda vê desenhos, não tem direito de julgar meus filmes.
Tombo minha cabeça pra trás, a deixando apoiada no sofá.
—Claro que tenho, você gosta de filmes de comédias que não têm graça. -ele diz jogando o controle em mim. —Isso não faz nem sentindo.
—Sua mente que é atrasada, luke.
Pego o controle passando canal por canal.
—Tá assim por que? -ele diz me olhando com os olhos semiabertos, como se estivesse me estudando.
—Assim como? -falo sem tirar os olhos dos canais que eu mudava.
—estranha. -ele Continua me olhando e eu dou de ombros, achando um filme chato.
—Foi aula de economia e tive que andar 3 quilômetros a pé, porque nossa mãe não foi me buscar.
Omito algumas partes que não deixaria meu irmão em sua melhor forma.
—Entendi...-ele da de ombros e tomba também a cabeça pra trás, deixando ela junto com a minha.
—Acho que ela foi procurar emprego. - ele diz olhando pra tv. —Eu não disse nada pra você não se sentir mal.
Dou um suspiro triste e fico em silêncio, pensando em como eu poderia ajudar.
Nos mudamos da Carolina do Norte, por que estávamos devendo ao banco e a única maneira de pagar no momento era vender a casa.
Com o dinheiro que sobrou, compramos uma casa pequena aqui, o que não é ruim.
O trabalho de marceneiro do meu pai não é capaz de manter tudo, então nossa mãe colocou na cabeça que precisa trabalhar também, eu acho que vou pelo mesmo caminho, mesmo que seja um trilhão de vezes mais exaustivo.
—Eles não vão deixar você trabalhar. -meu irmão diz, parecendo ler meus pensamentos.
—Eu sou de maior. -justifico. —Eles não têm escolha.
—Isso significa que eu tenho que trabalhar também?
Pergunta ele, forçando um semblante de quem odiou a ideia.
—claro que não, você ainda é o nosso bebê. -zombo bagunçando o cabelo dele.
—Eu que não vou reclamar.
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