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Capítulo 11


A garota que eu nem ao menos sei o nome, tenta me colocar em cima do sofá com calma, ela tinha manchas do meu sangue por todo o rosto, mas pareceu não se importar.

Fecho os olhos, sentindo a porra meu corpo todo doer, essa é a hora que eu me arrependo de ter ido atrás deles.

Eu a observava sair da festa, tão alheia que nem percebeu que a seguiram.

Você não vai lá

Você não vai Aaron.

Tentei me forçar a ficar, mas minhas pernas foram em direção a saída sem eu a menos dar conta.

Era óbvio que isso não ia dar certo, não é como nos filmes que o protagonista vence 10 homens de uma só vez.

Theo tem a sua fama de covarde.

Abro meus olhos quando sinto algo gelado encostar no meu rosto.

—desculpa. -ela sussurra enquanto passava um pano molhado.

Eu posso fazer isso sozinho.

Penso, tentando levantar meu braço pra pegar o pano, mas essa porra não me obedece, minha única alternativa é aceitar.

Não importe o quanto eu tento afastá-la, seja lá o que for, sempre dá um jeito de trazer ela pra perto.

E eu nem mais o que fazer, me fiz de mudo, fui grosseiro, fui um filho da puta, e mesmo assim, ela continua aqui. A observo chorar enquanto passava o pano cuidadosamente em meu rosto, ela trava com o pano no meu rosto quando o som de um trovão invade meu apartamento.

Ela aperta os olhos por alguns segundo, antes de reabri-los.

—Desculpa. -ela diz mais uma vez enquanto descia o pano para o meu pescoço.

Ela tem medo, percebo isso quando trovoou novamente, fazendo ela fechar os olhos de novo.

—Por que você tem medo? -a pergunta sai pelo meus lábios, antes que eu pudesse a segurar.

Ela me olha surpresa por alguns segundos.

—Foi quando eu tinha dez anos e meu irmão sete. -ela faz uma pausa enquanto terminava de passar o pano pelo meu pescoço. —Meus pais foram ao mercado buscar alguns alimentos, porque a área estava com risco de tornados, então começou uma tempestade, eu e meu irmão estávamos apavorados porque meus pais estavam demorando.

Ela sorri, como se tivesse lembrando de algo.

—Tive a brilhante ideia de trancar meu irmão em casa e sair no meio da tempestade, foi horrível, a rua estava cheia até o meio das minhas coxas, mas eu continuei porque meu irmão estava com medo, mas então eu me perdi, começou os trovões e raios, e eu não sabia pra onde ir, mas não demorou muito pra uma conhecida me ver e me levar de volta.

Ela suspira e completa.

—Hoje em dia, eu sei que eles não vão me fazer mal, a não ser que um raio caia na minha cabeça. -ela brinca, mas logo seu semblante se torna sério de novo. —Mas toda vez que eu escuto, eu lembro do exato sentimento de pavor e angústia que eu senti no dia.

Ela seca as lágrimas que caiam dos olhos dela, se borrando mais ainda de sangue.

—Sua boca ainda tá sangrando. -ela diz quando percebe que eu não ia falar nada, além de a encarar, curioso com a facilidade dela de desabafar, curioso pelo tratamento dela.

Eu não deveria.

—Do que você tem medo? -ela pergunta, deixando o pano de lado.

—De nada. -Murmuro tentando me levantar e dessa vez ela não me impede, apenas me observa com cautela.

Me apoio na primeira coisa que vejo, ainda sentindo dor.

Me arrasto até o banheiro sobre os olhos atentos dela, mas fecho a porta assim que entro.

Entro na Banheira sem tirar as roupas e a coloco pra encher, sentindo meu corpo relaxar com a água caindo sobre ele.

Estico meu braço pra pegar a embalagem com meu último Ecstasy que estava jogada no chão e o coloco na boca, dessa vez não pelo prazer que ele me proporciona, mas pelo alívio da dor.

Saio do banheiro meia hora depois, me sentindo melhor da dor e menos horrível.

Tirando meu olho inchado, minha boca cortada e minhas costelas cheias de hematomas, eu ainda estou bem.

Passei 15 minutos desses 30, apenas tirando a roupa encharcada de mim, saio do banheiro com a toalha enrolada na cintura, na expectativa que já estaria sozinho em casa, porém a cena que eu encontro é totalmente diferente do que imaginei.

Ela estava deitada no sofá em cima dos braços, me aproximei tocando o ombro dela, mas nada aconteceu.

Eu deveria acordar ela, com certeza eu deveria, mas não faço isso, suspiro dolorosamente enquanto caminho até meu quarto, pegando uma coberta qualquer e volto pra onde ela está.

—Mas que porra.

É a única coisa que falo ao cobrir ela, cansado demais pra tentar lidar com mais isso.

Volto para meu quarto, me jogando na cama sem me importar com a falta de roupa, apago enquanto ouvia a chuva caindo do lado de fora.

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