Capítulo 10
Não está sendo nada bom.
Passo por meio da multidão que pareciam não me ver, grito mais algumas vezes pela Bride, mas vai ser impossível achar ela assim.
Dediquei uma hora da minha vida nessa festa, mas acho que em duas semanas envelheci uns 10 anos, porque eu estou achando isso uma merda.
Eu só consigo sentir corpos suados se esfregando em mim por onde eu passo, fora os barulhos dos trovões, que são tão altos que conseguem silenciar a música horrível da festa.
Ninguém parecia se importar com ele e com o clarão que dava no céu a cada dois minutos, deixando claro que vinha um dilúvio a caminho.
Isso não é nada bom, não pra mim.
Saio da festa pra pedir um táxi, mas me arrependo ao ver como essa rua é assustadora e vazia.
Vou para um canto mais silencioso pra eu poder ligar, mas sou interrompida.
—Oh bolsista. -Sinto meu corpo entrar em alerta quando escuto a voz, olho pro caminho que vim e lá estava Theo e seus fiéis escoteiros. —Já vai cedo, fica mais um pouco.
Meus pés recuaram, procurando o momento certo pra correr.
—Admiro sua persistência. -e outro cara aparece, pra minha sorte ou azar, é o cara dos olhos cinzas, nunca me senti tão grata por existir alguém como ele.
Minha felicidade desaparece quando percebo o que vai acontecer, Theo olhou para seus amigos e depois olhou para o Brown, que parecia também saber o que iria acontecer, mas continuou com um sorriso no rosto apenas esperando.
E então tudo aconteceu em câmera lenta, os amigos do Theo correram pra segurar ele, ele conseguiu golpear uns, mas não foi o suficiente, era 1 contra 4.
Isso não é uma luta justa.
Caio em mim quando escuto ele gemendo de dor, quando Theo o soca, enquanto os outros três o segurava, quando ele não conseguia mais ficar em pé, todos foram pra cima dele.
—PARA COM ISSO. -Grito sentindo as lágrimas caírem sobre meu rosto, tento desesperadamente me enfiar dentro deles pra tentar ajudar, mas sou empurrada pra fora, caindo no chão.
Eles continuam o chutando e socando, ele nem ao menos consegue reagir, tento mais uma vez, chutando a perna de um e mais uma vez sou jogada no chão.
—Não era você o melhor? -Theo grita chutando as costelas dele, enquanto os outros se afastam.
—Parem com isso. -imploro quase sem forças de tentar de novo, Theo olha pra mim, com um sorriso malvado nos lábios e aponta pra mim.
—Isso que vai acontecer com você, se não controlar essa boquinha de merda. -Ele da um último chute no Brown, que por breves segundos soltou uma risada, que se transformou em um gemido de dor.
Theo sorri orgulhoso pelo que fez enquanto o olha todo ensanguentado no chão e então ele simplesmente se afasta com os amigos filhos da puta dele.
Corro em direção ao Brown, pensando no que fazer, ele abre os olhos e me olha.
—No meu bolso. -ele diz com dificuldade, me desespero quando vejo sangue sair da boca dele.
—Aí meu Deus. -falo perto de ter um ataque de pânico. —Preciso ligar pra uma ambulância, pra polícia, não sei.
Fico de joelhos, ao seu lado no chão.
—Eu to bem. -ele diz em um gemido. —Meu bolso.
Ele diz de novo e eu procuro seus bolsos, achando um março de cigarro.
—Sério isso? -Falo com ele nas mãos, sentindo o vento gelado bater contra meu rosto, minhas lágrimas continuam caindo, isso é demais pra mim.
—Anda logo. -ele diz impaciente, mas a imagem dele ensanguentado na minha frente me impede de reagir.
—Já falei que estou bem, não quebrei nada. -ele diz mais firme que antes, mas o sangue que escorria pela testa, boca, nariz, não batiam com a informação.
—Você não sabe. -falo deixando os cigarros de lado, procurando meu celular pra ligar pra uma ambulância, mas ele coloca uma das mãos em cima da minha, que ficaram sujas de sangue.
—Coloca essa porra de cigarro na minha boca e acende. -ordena ele, fazendo meu celular cair.
Respiro fundo, tentando me manter calma e faço o que ele pede.
Preocupo o isqueiro no outro bolso e coloco o cigarro entre os lábios dele, o acedendo logo em seguida.
—Não quebrei nada. -ele diz se esforçando pra sentar e eu o ajudo. —Eu saberia se tivesse quebrado algo.
Ele diz, apoiando seu corpo contra meu braço que o mantinha sentando, ele ri incrédulo, como se não tivesse acreditado.
—Não tem graça. -Falo sentindo as lágrimas caírem constantemente dos meus olhos, eu estou assustada, não, assustada não, apavorada e ele está rindo?
—Ele é péssimo. -ele diz tirando o cigarro da boca, o apagando no chão. —Eu continuo sendo o melhor.
Afirma ele e quem fica incrédula sou eu.
—Tá de sacanagem que você tá pensando nisso? -pergunto e ele me olha, sinto meu estômago se remexer quando vejo de fato o estrago do rosto dele, mal dava pra ver os olhos dele.
Ele balança a cabeça negativamente e me dá um empurrão de leve, mas forte o suficiente pra eu me afastar por completo dele, fazendo ele quase ir pro chão de novo.
Mas ele se apoia nos braços e tenta levantar, mesmo com a atitude dele, eu me aproximo o ajudando a levantar.
—Eu te ajudo. -Falo colocando um de seus braços sobre meu ombro.
—Eu não quero a sua ajuda. -ele diz praticamente gemendo de dor, tombando a cabeça para meu ombro.
—Percebi. -Comento, tentando apoiar o peso dele contra o meu, o que é muito ruim, ele provavelmente pesa o dobro que eu.
—Meu carro é o preto. -Ele diz assim que consegue dar uns passos comigo, demorou quase 5 minutos pra chegar no carro.
Ele tenta tirar o braço dos meus ombros, mas eu não permito, ele bufa.
—As chaves estão no meu bolso de trás. -eu não consegui entender a expressão que ele fez, mas ele parecia está com mais raiva de eu estar ao lado dele, do que ele ter apanhado de 4 caras.
As procuro no bolso e acho de primeira, abro a porta de trás do carro, ele me olha, se esforçando pra mexer a cabeça.
—Você não pode dirigir assim. -justifico, acho que se eu conseguisse ver os olhos dele, iriam denunciar as quatrocentas formas de se livrar de mim, que provavelmente se passavam pela cabeça dele.
Ele fica assim, por longos segundo me encarando e eu faço o mesmo, firme na decisão, eu devo isso a ele.
Ele balança a cabeça negativamente antes de praticamente se jogar no banco de trás do carro.
Suspiro aliviada por ele não insistir mais e entro no carro, observando atentamente o carro do lado de dentro e não tinha nada.
Absolutamente nada, nem um enfeite,nada.
—Segue o GPS. -fala ele com os olhos fechados.
Dou partida, mas acabo levando um susto pelo estrondoso barulho de um trovão.
—Desculpa. -falo, mas acho que ele nem sequer me ouviu.
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