Capítulo 2
Pov Penny
Me levantei muito mais disposta no dia seguinte, pronta para mais um dia.
- Bom dia, Almofadinhas.
O cão latiu baixo e se levantou abanando o rabo.
- O que você quer? Café da manhã?
Abri a geladeira e procurei algo para o sanduiche, mas o queijo e o presunto haviam acabado.
- Cereal, então - eu pensei por um minuto - cães podem comer cereal?
Ele inclinou a cabeça pro lado, eu passei por ele afagando sua cabeça e peguei as chaves do carro e da porta da frente.
- Você quer ir comigo ou...
O cão passou por mim quase me derrubando, eu fui pro carro e abri a porta de trás, ele entrou e se deitou no banco.
- Nada de colocar a cabeça pra fora da janela e latir pra todo mundo? Ok.
Almofadinhas se manteve quieto o caminho todo até o pequeno centro comercial da cidade vizinha, eu é quem não calou a boca.
- Cansado da minha voz? - eu disse ao estacionar - Desculpe, Almofadinhas. Eu não tenho muita companhia ultimamente.
"Companhia nenhuma, na verdade"
Descemos do carro e Almofadinhas ao meu lado parecia muito maior que um cachorro comum.
- Vamos comprar uma coleira pra você... e uma focinheira também - o cachorro começou a rosnar ameaçador - tá bem, sem coleira, mas não morda ninguém, está bem?
O centro comercial era uma rua de paralelepípedos com lojas baixas de todo tipo, farmácia, mercado, livraria. Atravessamos a rua e entramos em uma loja de conveniência.
- Não saia de perto está bem? - eu peguei um cesto e coloquei um pacote de ração dentro, Almofadinhas latiu alto atraindo um olhar de reprovação do atendente atrás do caixa - o que foi? Você não gosta disso?
O cão rosnou e andou até uma prateleira de embutidos, ele latiu baixo para uma corrente de linguiça pendurada.
- Foi você quem comeu meu presunto - eu peguei as linguiças e mais outras carnes naquele corredor - pelo menos é mais barato que comida de cachorro.
Quando a cesta já estava cheia nós fomos até o caixa, Almofadinhas deu um latido baixo na direção dos cigarros.
- Seu antigo dono fumava? - eu apoiei a cesta sobre o balcão - que pena, mas não se preocupe, eu não vou envenenar você com fumaça.
- Bom dia.
- Bom dia.
- É um cachorro grande, bom para proteção.
- Sim, é verdade. Ele é bem esperto também.
Enquanto o atendente passava as compras meu olhar foi direto para o painel atrás dele onde havia diversos papéis presos com fita adesiva: um panfleto de cabeleireiro, um de doação de filhotes... entre eles, havia um informe de pessoa desaparecida, com o meu rosto estampado.
- Eu acho que a conheço de algum lugar - ele disse casualmente.
- Eu dúvido - joguei o dinheiro no balcão e peguei as minhas compras assim que foram embaladas - fica com o troco. Vamos almofadinhas.
- Espera, moça... - o atendente protestou maa fingi não ouvir.
Voltei pro carro a mais rápido que consegui, minhas mãos tremiam e meu coração acelerou.
"Como vou dirigir assim, mas não temho escolha, eu preciso ir".
Almofadinhas pulou para o banco do passageiro e colocou a pata sobre a minha mão.
De alguma forma isso me tranquilizou um pouco, consegui virar a chave e seguir para casa.
Pov Sirius
Penny entrou na casa jogando as compras sobre o sofá e subiu correndo, eu vi seu rosto no cartaz de desaparecidos mas não era da minha conta.
Me deitei no sofá, me levantando um minuto depois e subindo as escadas.
"Droga, Sirius... não seja burro."
Penny estava no banheiro, de costas para a porta, cortando as mechas do cabelo com uma tesoura afiada, seus olhos cheios de lágrimas mas a expressão de raiva.
Aos poucos seu cabelo longo foi se tornando mais curto até fica na altura dos ombros, Penny abriu o armário abaixo da pia e tirou uma caixa pequena com alguns frascos que ela misturou e passou em seus fios claros antes de cobri-los com uma sacola.
- Não se preocupe, almofadinhas. Vai dar tudo certo.
Ela foi até o quarto e tirou uma mala grande de cima do guarda-roupas e passou a enche-la com roupas, sapatos, e alguns objetos diversos, levando a mala ate a porta da frente.
A observei enquanto voltava ao banheiro e lavava o cebelo na pia revelando fios bem mais escuros, ela os secou e olhou para mim.
- O que acha?
"Linda."
- Temos que ir - ela fez um biquinho, qud juro por deus, se estivesse na forma humana a teria beijado, esse novo visual ficava perfeito nela, apesar das roupas ainda serem muito relaxadas.
Mas eu não podia ir, me afastar mais de Hogwarts e do meu afilhado, e eu tinha que ir atrás de Pedro.
Eu ainda estava machucado.
Penny pegou a bolsa e abriu a porta da frente e antes que ela pudesse me impedir eu corri, mesmo mancando, para dentro da floresta na frente da casa.
- Almofadinhas? Almofadinhas?
A voz dela ficava mais distante a medida que eu avançava.
Ela estava fugindo assim como eu, eu não sabia do que era, mas ela me acolheu me sentia na obrigação de fazer o mesmo por ela.
Dei meia volta tomando a forma humana e saí da floresta a passos lentos.
Penny arregalou os olhos e deu alguns passos atrás.
- Oi - tentei manter a voz o mais simpática possível mas meu sorriso exagerado deve ter me feito parecer um louco - o cachorro é seu?
- É sim.
- Não se preocupe, ele deve ter ido dar uma mijada.
Ela estava estática, parada á poucos metros de mim.
- Vai viajar? - apontei para a mala na porta.
- Não.
- Cães não gostam muito de mudanças, talvez por isso ele correu, vai viltar quando a fome apertar.
- O que você fazia na floresta?
- Estava só caminhando.
- Vestido assim?
- Tá, você me pegou.
- É um andarilho?
- Me pegou de novo - eu ri meio envergonhado - eu vi que alguns jovens estavam acampando ontem e passei aqui agora para ver se esqueceram alguma coisa.
- Está com fome?
- Ah não quero incomodar.
- Não vai, espera aqui está bem?!
Ela entrou na casa e saiu um minuto depois trazendo as sacolas que tínhamos comprado mais cedo.
- Obrigado, é muita gentileza, srta?
- Andrea Brown.
Ela mentiu seu nome.
- Srta. Brown. Na verdade, eu também não tenho onde comer, poderia sentar em sua varanda?
- Claro - ela vacilou um pouco mas fez um gesto para que eu fosse na frente.
Me sentei em uma das cadeiras e Penny encostou na porta, com a mão na maçaneta, pronta para fecha-la mas continuou ali me olhando enquanto eu abria o pacote de sticks de carne.
- E você, como se chama?
- Sirius... Sirius Black.
- É um prazer conhecê-lo.
- Aqui é um bom lugar para morar, só é um pouco escondido.
- Eu prefiro assim.
- É casada?
- Já fui.
- Quer beber algo?
- Cerveja se tiver.
- Tenho vinho.
- É melhor ainda.
Ela sorriu e entrou, voltando logo depois com duas taças e uma garrafa com pouco mais da metade. Ela serviu as taças bem cheias e se sentou na cadeira oposta a minha.
- Me separei há pouco mais de um ano.
A atitude dela me surpreendeu, ela devia ter um coração enorme para me acolher nas duas formas, sendo uma pior que a outra. Um vira-latas e um mendigo.
- Ainda é jovem. Logo encontra outra pessoa.
- Não está nos meus planos.
Penny virou a taça de uma vez.
- Eu acho que vou ficar por aqui um tempo, alguns dias... se precisar de algum conserto doméstico, encanamento ou algo assim, pode me chamar.
Ela olhou para a porta e a mala apoiada no assoalho do lado de dentro.
- Obrigada. Se você encontrar o meu cachorro... ele é grande mas é muito manso.
- Tudo bem, eu trago ele até você.
Ela sorriu e por um momento pareceu que encarava meus lábios, ilusão a minha, a barba deve tê-la incomodado.
Hummmm olha eles se percebendo.
Não esqueça o voto pfv.
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