14° Capítulo - Última Partida
"Não seja como uma presa
Fique longe, longe de mim
É interminável, mesmo se eu tentar fugir
Estou preso em uma mentira
Eu não posso escapar dessa mentira
Liberte-me desse inferno
Você sempre aparece no meu caminho
Tudo se repete outra vez"
BTS - LIE
Carlie firmou ambas as mãos na base do objeto de madeira que segurava. Seus joelhos se contraindo levemente à medida que seus olhos tratavam de, em nem um momento, desviar da garota alguns metros à sua frente.
Estava animada. Animada e concentrada.
Era a primeira vez que jogaria com sua família. A primeira vez, depois de muitos anos, que eles voltariam a jogar aquilo, na verdade. Ficou sabendo antes da partida começar, embora não tenha entendido o porquê, parou de prestar atenção no exato momento em que soube que ficaria no time oposto do de sua irmã. Estavam acostumadas a disputarem, seja em quem saltava mais alto, quem corria mais rápido, ou quem irritava a Leah com mais facilidade — o que, entre todas, era sem sombra de dúvidas a tarefa mais difícil, visto que a Quileute estava quase sempre já irritada — mas nunca em uma atividade tão familiar como essa, onde quase todo o resto da família também disputaria. Seria interessante.
Renesmee, que devolvia o olhar de sua irmã de modo tão intenso quanto, ergueu a perna direita com tanta precisão e elegância que se não estivesse tão centrada a dos cabelos escuros teria facilmente se distraído, se não com isso com certeza com o comentário, que surgiu em seguida, de seu enorme tio alocado na primeira base.
— Isso foi assustadoramente nostálgico. — Edward, que observava tudo do lado de fora da área designada para ser o campo, deixou, assim como sua esposa e seus pais, escapar uma sonora gargalhada. — Vocês têm certeza que dessa vez não tem nem um humano aqui, né? — Emmett então pisou para Isabella que riu novamente, porém agora constrangida.
— Dessa vez não, grandão.
Rosalie, também fora do campo, porém próxima das pessoas que, juntamente à sobrinha mais nova, integravam seu time, revirou ambos os olhos, não era a lembrança de uma fase de sua vida que tenha achado muito satisfatória. Embora tivesse rendido muitos bons frutos, pensou fitando as duas meninas com roupas esportivas um pouco mais a frente.
Ignorando a conversa paralela — como sua irmã — e ouvindo o barulho de um estrondoso raio no cinzento céu atrás de si — assim como também os pulos extremamente animados de sua tia Alice — a híbrida mais velha abaixou a perna e, fazendo jus a sua posição de arremessadora, lançou, com toda a força que possuía, a pequena bola que segurava na direção do receptor e membro de seu time, Garrett, que se encontrava agachado atrás da meia humana dos olhos esverdeados.
A bola — específica para o esporte que praticavam — seguiu em linha reta de modo tão rápido que Seth, localizado na segunda base em sua forma de lupina, teve uma considerável dificuldade para acompanhar, mesmo seus olhos já estando acostumados a tal velocidade.
Todavia, nem mesmo toda essa força e rapidez foram o suficiente para impedir a Cullen mais nova de cumprir seu objetivo, seu taco girando no ar e rebatendo, de modo extremamente preciso, o objeto, que ia em sua direção, para a floresta localizada ao redor da ampla clareira em que se encontravam.
Demetri, ocupando a terceira base — depois de, claro, muita insistência de Alice, que alegava que seria interessante, e do rastreador irritar a todos dizendo que ganharia facilmente — foi o primeiro a tomar uma atitude, seu corpo passando a se locomover por entre as árvores esverdeadas ao mesmo tempo em que Carlie alcançava a primeira base poucos milésimos depois de ter iniciado sua corrida.
A menina gargalhou divertida ao passar por Emmett que por sua vez ergueu ambas as sobrancelhas fitando a criança agora cada vez mais distante. Céus, estavam criando um monstro.
— Monstrinha. — Resmungou cruzando ambos os braços, uma risada escapando de seus lábios, porém sendo interrompida por um alto grito vindo de sua esposa “Vai monstrinha acaba com eles.” — Ei!
— Quieto amor, estou concentrada.
Carlie riu ainda mais passando pela segunda base, Seth até tentou rosnar, mas a quem queria enganar? Não sabia o que era mais hilário, a loira dando um chega pra lá no marido, ou a cara da gêmea dos cabelos avermelhados quase rezando para que Demetri pegasse a bola logo. Estavam mesmo torcendo para um Volturi?
— Hoje não princesa. — O vampiro grego falou com um sorriso de lado, seus pés e mãos tratando de rapidamente escalar uma das árvores do local pegando o que desde o começo era seu alvo. Seu braço se estendendo ao mesmo tempo em que arremessava a bola branca na direção do homem que a Cullen mais velha inicialmente mirava.
— ISSO DEME! — Renesmee gritou animada causando uma onda de espanto em todos os membros presentes no local. Espanto esse não só pelo fato de ter gritado, coisa que raramente fazia, como também pelo de ter, em um momento de emoção, arranjado um apelido para o vampiro que desde dois meses atrás — quando ocorreu a primeira semana de vigilância — a chamava de foguinho, e, aparentemente, não de uma forma amigável.
A menina mirava fixamente a bola que se encontrava cada vez mais próxima, se chegasse até Garrett antes de sua irmã, então o ponto seria seu.
Tão focada no jogo a híbrida não percebeu algo que fez com que Leah, que observava mais afastada, erguesse uma das sobrancelhas de modo pensativo, não se lembrava da ruiva ser tão competitiva.
Demetri — que desde que recebera a missão de seu mestre apenas a observava de longe — também estranhou tal chamado, mesmo quando fazia questão de proferir o apelido escolhido apenas na intenção de a irritar para passar o tempo, nunca antes haviam se falado, ela tendo o ignorado todas às vezes — principalmente quando perto daquele cachorro — mas logo tal pensamento passou dando lugar a um amplo sorriso.
— Essa partida já é nossa, foguinho. — Jasper, que assistia a tudo, fitou a mulher ao seu lado de modo indagador, a verdade é que estava bem confuso por dentro. Agora foi a vez de Alice de erguer uma das sobrancelhas pensativa, certo, isso ela não havia previsto.
Carlie passou pela terceira base, essa que por sua vez se encontrava vazia visto que o rastreador ainda não havia voltado para sua posição. Só precisava alcançar o lugar em que estava quando rebateu e então o ponto seria seu.
Ouviu a bola sendo lançada e instantaneamente soube que precisava ser mais rápida, precisava ser mais rápida que a bola, sentiu o peso do olhar de seu time — composto por Rose, Kate, Tanya, Alice e Jasper — sob si e, dando mais que o seu máximo, aumentou a velocidade sabendo que assim conseguiria chegar a tempo, porém a fala de sua irmã, assim como a todos os outros, também a deixou surpresa, a deixou tão surpresa que sem perceber diminuiu a velocidade, não muito, mas o suficiente para que visse a bola passar rente a sua cabeça em direção às mãos da única pessoa que não poderia ir, ouviu seu pai praguejando — provavelmente pela fala do vampiro grego em resposta a sua irmã — mas não deu atenção, seu foco estando em outra coisa.
Era só um jogo bobo, sabia disso, um jogo importante para sua família, entretanto bobo, gostava de vencer, claro, mas não era a prioridade, nunca foi, se divertir era, brincar era. Todavia seu corpo agiu antes do que sua cabeça, muito antes, e quando se deu conta já havia feito a única coisa que não deveria.
Não chegaria a tempo se corresse, mas cair a tempo era outra coisa, então ela saltou, só ignorando, bem, a parte de cair.
Foi repentino, tão repentino que o sorriso de Demetri e a concentração da híbrida mais velha na bola demoraram a sumir, tão repentino que ninguém teve uma reação até que a bola passasse direto por Renesmee poucos milésimos depois da mesma abaixar a mão e visualizar, agora assustada, a gêmea cair com tudo no chão a sua frente.
Ou quase cair.
Seus pés atingiram o solo causando um buraco de considerável tamanho. Carlie nunca havia feito isso antes, por um momento pensou que seria como no inverno, quando saía para pegar flocos de neve com sua gêmea, que pulava o mais alto possível e voltava para o chão com extrema delicadeza, pensou que acabaria ali, com seus pés sob o chão e um enorme buraco abaixo dos mesmos, mas não acabou, não era como das últimas vezes, não colocava tanta força e velocidade, não como havia colocado agora. Seus joelhos foram os próximos a cederem devido a força do impacto. Suas mãos chocaram contra a grama bem aparada na tentativa de diminuir a pressão, todavia o resultado não foi nada mais do que apenas aumentar a cratera que se formava. Sua cabeça seria a próxima, ela sabia, seu tronco e sua cabeça, queria fechar os olhos, queria não precisar ver — nunca havia se machucado dessa forma antes, nunca havia se machucado de forma alguma antes — mas o medo a paralisou, e talvez, só talvez, isso não houvesse sido uma coisa tão ruim assim, não tão ruim porque foi por estar de olhos abertos que viu o exato momento em que, logo após firmes braços se fazerem presentes ao redor de sua cintura — e ela já sabia de quem eram, ela sempre sabia — Alec a virou para cima, em sua direção, impedindo o completar de uma queda que não seria nenhum pouco agradável.
Foi por estar de olhos abertos que viu, com perfeição, o garoto que a vários dias a ignorava, não, ignorar não seria realmente a palavra mais apropriada. Na noite da última, e primeira, visita ele havia a ignorado.
Que viu, com perfeição, o garoto que a vários dias a evitava com uma habilidade extremamente impressionante. Certo, a quem estou tentando enganar? Estava fugindo dela igual nós gostaríamos de fugir dos boletos — não que ele fosse de fato admitir isso em algum momento de sua vida.
E foi justamente por o ver que ela conseguiu enfim fechar os olhos com o máximo de velocidade que conseguiria, era estranho, não queria ver porque não podia ser real, sentia estar alucinando, tinha que estar alucinando.
Estava sem o ver a um período não muito grande — principalmente se levado em conta que o mesmo só pode se encontrar por perto durante não mais que uma única semana por mês — porém, mesmo assim, mesmo tendo conseguido o ver poucas horas antes o término da última visita — o dia do fiasco de O Pequeno Príncipe que acabou sendo no final definitivamente mais satisfatório do que achou que acabaria — não conseguiu o ver quando retornou no mês seguinte, esse mês.
Via Demetri, via o tempo todo, mas nunca ele, nunca quem realmente queria ver.
Por um momento chegou a se questionar se ele realmente havia voltado junto do parceiro. Não. Não havia. Era a resposta mais óbvia afinal, não sentia o seu cheiro, não o ouvia, muito menos conseguia o ver, mas então, na segunda noite desde a chegado do rastreador — e depois, ela descobriu, também ter sido a dele — quando deitava para dormir, e Paul subia para lhe contar a já costumeira história noturna — mesmo que ele, definitivamente, odiasse fazer isso, e que em tal horário já devesse estar em sua casa descansando para a aula na manhã seguinte — ela o ouviu, ela o ouviu lendo, o ouviu lendo o seu livro, o ouviu lendo para ela.
Mesmo que agora todos os Cullens estivessem na casa.
Mesmo que agora todos estivessem o ouvindo.
Ele voltou a ler da mesma página em que havia parado no mês anterior, voltou a ler até que a última página chegasse, voltou a ler até que ela dormisse.
Ele havia guardado o livro, durante todo esse tempo, não só guardado como também lembrado.
E então ela parou de o procurar, parou porque, mesmo que ele não lesse no dia seguinte, e nem no próximo, ou em qualquer outro — e ele não leu — ele estava ali. Estava ali e de noite ainda estaria. E isso, sem que nem sequer se desse conta, passou a ser o suficiente, passou a ser mais do que o suficiente. Ele estar ali.
Mas, apesar de tudo isso, como dito anteriormente, não havia conseguido o ver, não desde que voltara, não até agora.
E agora ele estava ali, realmente ali.
Na sua frente, a segurando, a salvando, pela segunda vez.
Clareiras estavam virando meio que, hm, o ponto de encontro deles?
Então ela abriu os olhos, reuniu coragem o suficiente para o fazer, queria erguer sua mão e o tocar, na bochecha, no pescoço, em qualquer lugar apenas para confirmar que não era uma miragem — mesmo que a firmeza nos braços que ainda a rodeavam deixassem a resposta para tal questionamento bem clara: não, não era — mas não conseguiu, não conseguiu porque estava tão focada nas vermelhas íris que a miravam que qualquer coisa fora isso, inclusive se mexer, haviam caído instantaneamente para o plano secundário.
Foi então que a mais nova chegou à uma conclusão, uma conclusão muito, muito, agradável, embora que em outro momento com certeza estranharia o fato de ter conseguido pensar com clareza em tal situação.
Eles eram amigos.
Definitivamente amigos.
Não sabia porque estava sendo evitada, isso ainda era um ponto vago em sua cabeça, porém, e ela tinha certeza disso, você não lê para alguém que não gosta, você não salva alguém que não gosta.
Ele gostava dela.
Eram amigos. Estranhos amigos. Mas ainda assim amigos.
Não era uma ilusão, não era. Nada disso era.
E isso a fez sorrir.
Um sorriso tão genuíno que por um instante Alec se esqueceu do que acontecia ao seu redor, e esse foi seu primeiro erro.
Foi rápido, tão rápido que Carlie nem sequer teve tempo de mudar sua expressão, seus dentes ainda a mostra quando o garoto a sua frente foi empurrado para longe e sua cintura passou a ser segurada por outra pessoa que agora a erguia do chão.
E foi mais rápido ainda que, tendo seu braço esquerdo segurado pelo ex Major e o direito pelo seu companheiro de clã, o britânico percebeu uma coisa, percebeu uma coisa que não havia percebido antes, percebeu a única coisa que não poderia perceber. Seu olfato percebeu.
O cheiro de framboesa não era uma novidade, já o havia percebido antes, desde o dia da clareira, achava inclusive ser uma piada do destino consigo o lembrando com exatidão de sua vida humana, das vezes em que saía de sua casa e colhia diversas para sua mãe, sua irmã pegando várias porque sabia que boa parte acabaria parando nas mãos do mais novo quando não estivesse vendo.
Mas o do sangue foi.
O do sangue dela.
O do sangue fora de suas veias foi.
Tão rápido quanto havia se aberto, durante a queda, o machucado no joelho direito se fechou — vantagens de ser meia vampira — todavia Carlie também era meia humana — a merda de uma meia humana, nas palavras do Volturi que a poucos segundos a tinha em seus braços — e entre esse tempo o sangue escorreu por sua perna, a merda do sangue escorreu por sua perna, e agora estava ali, um filete de sangue tão pequeno que se não tivesse sua visão sobrenatural Alec nem sequer teria visto, mas ele tinha, e viu. Um filete de sangue, a merda de um único filete de sangue.
Se você perguntasse o seu nome, nesse momento, ele não saberia.
Se perguntasse o porquê de estar ali, também não saberia.
Se perguntasse sequer quem era Aro. Você já sabe a resposta: nada.
Ele só sabia de uma coisa, de uma única coisa.
Sua fome só sabia uma coisa.
Jasper e Demetri aumentaram o aperto no braço masculino porque sabiam que coisa era, sabiam, e não estavam gostando nenhum pouco da situação.
Alec respirou fundo — hábito já dito anteriormente que havia mantido de seu tempo humano como forma de se acalmar — e esse foi seu segundo erro.
Ela ia morrer.
Tinha que morrer porque senão ele morreria.
Precisava daquele sangue.
E ele nunca morreria por uma Cullen.
Kate queria correr, queria correr e o segurar assim como os dois homens estavam fazendo. Sabia que seu poder era uma das poucas coisas capazes de deter o vampiro quando ele perdesse o controle — porque ele ia perder —mas não conseguiu, a imagem de sua irmã sendo assassinada passando por sua cabeça repetidas vezes, se ela o tocasse, se sequer se aproximasse, o mataria, isso não era um talvez, era uma certeza, o destroçaria de uma forma que não havia destroçado nem mesmo seus piores inimigos, o destroçaria da forma que foi impedida de fazer naquele dia, e isso com certeza desencadearia uma guerra da qual ninguém ali sabia se sairiam vivos, uma guerra da qual ninguém ali sabia se as híbridas sairiam vivas, e ela não podia arriscar isso.
Mas Garrett não era ela, e ele correu, para a felicidade da Denali.
Ele não tinha os seus poderes, mas também não tinha o seu ódio, ela agradeceu internamente.
A ação do ex- patriota desencadeou uma espécie de reação em cadeia.
A ação dele fez com que todos enfim reagissem.
Todos, inclusive Alec.
Edward, que segurava a híbrida mais nova — fora ele quem a afastara do Volturi instantes atrás — correu, correu mais rápido possível, ou ao menos tentou, porque depois de dois passos, mesmo com toda a sua velocidade, uma densa névoa preta o alcançou. Curiosamente só a ele.
Garrett — que se aproximava antes de tal acontecimento — pegou uma confusa Carlie, que já não sorria mais, dos braços do homem que agora, completamente desorientado, caía com tudo no chão, e se pôs a correr na maior velocidade que conseguia de modo a fugir da fumaça enegrecida.
Isabella ativou o seu dom o estendendo rapidamente. Tentava não pensar muito porque, se o fizesse, então ficaria inutilizada — seus poderes não funcionavam sob pressão — porém isso se mostrou extremamente difícil visto que era a segurança da sua filha que estava em perigo.
Demetri começou a se afastar puxando seu parceiro consigo, o loiro ao seu lado o ajudando em tal missão.
Rosalie, Emmett e Tanya se puseram a correr.
Leah já estava transformada e Seth levava a sobrinha dos olhos escurecidos, contra a vontade da mesma, para o mais longe possível. Se a ameaça não conseguisse o sangue que almejava — o que definitivamente iria acontecer, visto que ninguém ali deixaria ele tocar em um fio de cabelo sequer da mais nova —então provavelmente buscaria o sangue mais próximo, e isso também não era uma opção.
A névoa atingiu Garrett que caiu, fazendo com que a criança em seu braços também fosse ao solo, embora que essa, por sua vez, não fosse tocada nem sequer minimamente pela nuvem preta.
Rosalie estava quase alcançando a sobrinha, era a mais rápida entre o trio que se aproximava, e a fumaça paralisante começou a recuar fazendo com que o homem caído por último começasse a recuperar os sentidos.
Alec rosnou, seus braços se soltando dos dois agarres em uma velocidade e maestria tão absoluta que se não estivesse em um momento extremamente tenso Demetri teria ficado absurdamente impressionado, sempre lutou melhor que o britânico, seu amigo confiando tanto em seu dom que por várias vezes ignorava o treinamento físico que toda a guarda deveria se submeter.
Alec não só rosnou, ele correu.
Correu para a única direção que não podia, e sabia disso.
Era a única coisa que, além do que a esmagadora fome que sentia queria que fizesse, ele ainda sabia.
Não podia.
Mas não parou de correr.
Carlisle e Eleazar também correram, não em direção a neta — porque sim, o Denali também a considerava, assim como a sua irmã, um membro muito valioso de sua família — mas sim em direção a ameaça. A expressão na face deles tão assustadora que, apesar dos olhos dourados, eles que pareciam os Volturis ali — e de fato, no momento, foram, porque usariam todas as técnicas que haviam aprendido no longo período de suas vidas em que estiveram como assassinos se fosse necessário.
Mas, antes que qualquer pessoa pudesse chegar em seu destino, antes que Jasper e Demetri pudessem alcançar e segurar o vampiro novamente, antes que qualquer coisa de fato pudesse ser feita, Alec mudou a direção. Mudou a direção e sumiu. Sumiu tão rápido quanto a névoa negra que já regressava devido aos poderes da vampira que Aro tanto tinha interesse.
Sumiu porque viu uma coisa nos olhos da criança ainda sentada no chão.
Carlie sacudia os ombros do Denali a sua frente de modo desesperado, o nome do homem saindo de seus lábios exasperadamente, seu olhar não sabendo se focava nele ou no seu pai caído mais atrás, e, em meio a essas mudanças de focos, suas íris se encontraram com as dele.
Alec sumiu porque viu uma coisa nos olhos da criança ainda sentada no chão que nunca antes havia visto, não nela, não direcionado a ele.
Alec sumiu porque viu medo.
Rosalie, seguida do marido e da loira mais velha do clã amigo, finalmente alcançou a sobrinha a abraçando rapidamente.
Carlisle e Eleazar pararam de correr.
Edward se levantou instantaneamente.
Jasper e Demetri também sumiram.
— Acho que já está na hora da gente cancelar os jogos de beisebol. — A voz de Emmett se fez presente ao fundo.
[...]
— Até onde você está disposto a ir por um amor fadado a dar errado?
Alec soltou o corpo já inerte da mulher que anteriormente mordia, o som do baque do mesmo contra o chão junto ao sangue que escorria lentamente pela lateral de sua boca atuando em conjunto para deixar a cena ainda mais tenebrosa.
O Volturi olhou então para os quatro corpos desfalecidos aos seus pés e sorriu maldoso retornando sua visão para o homem recém chegado no escuro beco.
Estava mais calmo agora, e isso era bom. Odiava perder o controle. Odiava que ela o fizesse perder o controle.
— Eu não a amo.
— Não? — Agora havia sido a vez do homem de olhar para os cadáveres, uma de suas sobrancelhas se erguendo como quem indaga algo, seu olhar logo retornando para o vampiro das orbes vermelhas. — Então por que está atacando pessoas aleatórias apenas para não atacá-la? — Jasper cruzou os braços, sua expressão retraída, não é como se o cheiro de sangue ainda o incomodasse, mas pessoas mortas sim.
Alec se agachou, o sorriso maldoso ainda em seus lábios, embora já não estivesse mais tão calmo como a instantes atrás.
Pensou se teria sido melhor se fosse Demetri quem tivesse lhe achado, porque sabia que ele procurava, mas logo descartou tal questionamento, definitivamente não teria sido.
O britânico esticou a mão pegando um dos vários corpos dispostos no chão, não olhou para saber qual era, não se importava, seu olhar em nenhum momento deixando os dourados do homem à sua frente, essa cor o irritava, o irritava talvez até mais do que o verde. O irritava porque a dona das orbes esverdeadas merecia alguém com essa cor ao seu lado, olhos tão dourados quanto barras de ouro líquidas, olhos que ele nunca conseguiria ter, mesmo que não soubesse em que momento havia começado a não gostar tanto dos seus vermelhos.
Jogou o corpo que segurava sob os pés do vampiro de cabelo levemente encaracolado, vampiro esse que permaneceu firme em seu lugar, sua face tão fechada quanto antes, não gostava de mortos, e em outra situação teria dado ao menos um passo para trás, mas não ali, não com ele, se lembrou de seu tempo no exército, se lembrou de Maria, já estava acostumado a ser intimidado por pessoas assim, já estava acostumado com pessoas assim achando que conseguiriam o intimidar.
Também sabia qual era o problema de Alec. O verdadeiro problema.
Não o amor. Não o sangue.
A verdade.
Única e exclusivamente a verdade.
Não estava acostumado a ouvi-la, ou a fala-lá.
Muito menos a aceitá-la.
Se perguntou se todos que serviam a Aro também eram assim, tal pensamento logo sumiu de sua cabeça, não, não eram.
Alec era, realmente, intrigante.
— Quem ama, não faz o que eu faço. — A voz soou baixa, entredentes, os olhos vermelhos burbulhando em desafio.
O Cullen ergueu uma sobrancelha ignorando a morta aos seus pés, assim como também ao gato preto que passava poucos metros atrás da onde estavam observando a cena que se seguia, bichano corsajoso.
Se lembrou da época em que conheceu sua família, se lembrou de como mudou toda a sua rotina somente porque Alice havia pedido, se lembrou de como era difícil controlar seus instintos, se lembrou das vezes que falhou, se lembrou das vezes que quis falhar.
Faz. Eu já fiz.
— EU. NÃO. A. AMO. — O Volturi rosnou.
Jasper riu, mesmo que não achasse graça.
— Então repita isso o suficiente até que comece a acreditar. — E assim se foi.
O que o ex major não sabia é que já era exatamente isso que Alec estava fazendo.
・ ❁ ・
BI BIII TRENZINHO DO CAPÍTULO NOVO PASSANDOO
Tá, parei.
Capítulo cheioo de referências da saga, quem amou?
*Eu indo ler todos os capítulos anteriores pra saber qual era o cheiro da Carlie e se ela nunca tinha sentido medo do Alec mesmo*
Aliás só achei algo próximo disso no capítulo 6, do encontro dos dois, quando Alec olha pra ela com raiva e ela fica com medo, mas não dele em específico, é até comentado, e sim da situação somada ao olhar, ainda bem senão ia ter q mudar o cap todo.
*Lendo todos os artigos sobre beisebol pq ñ faço a menor ideia de como se joga isso e descobrindo q os Cullens tinham modificado as regras tudi por eles serem vampiros*
É gente escritora sofre viu, quem dera escrever fosse realmente só escrever, ia ser bem mais fácil kkkk
Sinceramente não sei se a cena do jogo, ou do desentendimento deles em seguida ficou boa, principalmente pq eles estão sempre se movendo muito rápido, por favor me deem a opinião de vocês.
Emmett o mais sensato, já deu de jogo de Beisebol nesse século galera kkkk sempre acaba em merda.
Notamos nesse cap tbm q o Alec funciona totalmente a base de pressão, só dar o ar da graça ou pra proteger a menina ou por ciúme, ele começando a ler pro Paul ñ ler foi tudo KKKKKKK
Carlisle e Eleazar relembrando os tempos q eram Volturi como bandido mau = TUDO PRA MIM, QUEIMA QUENGARAL
Sobre o Jasper na cena q ele encontra o Alec, sinceramente ñ sei se estou muuito satisfeita, principalmente na reação dele vendo os corpos, mas na vdd acho q eu não podia ter feito diferente. Os outros cullens teriam agido diferente, mas por ele ter passado muito tempo no exército, por ter demorado tanto a se adptar ao vegetarianismo como foi mostrado no começo da saga, eu acho q ele teria se incomodado sim, mas não dado um show sabe, tipo se fosse o Edward ali. Até pq não faz tanto tempo assim da época q ele era quem fazia isso. Oq vcs acharam? A opinião de vcs é mega importante.
O gato que deram a ideia lá no grupo KKKKKK ai eu amo, tive q botar.
GENTE E A NESSIE GRITANDO O DEME?
Até eu fiquei surpresa, e olha q eu q escrevi kkkkk. Tava esperando isso da Alice, ñ dela, mas confesso q amei. E o apelido foguinho? Tudo pra mim.
O Deme chamou a Carlie de princesa, O DEME CHAMOU A CARLIE DE PRINCESA ISSO Ñ É UM TESTE, quem leu a primeira versão sabe kkkk
Quem ñ leu relexa q ñ é nada demais, é que ele chamava ela assim quando já tinha virado adolescente kkkk é bobeira, mas é pq é bastante nostálgico.
Tentei deixar a relação da Carlie e do Alec fofa, mas o menos romântica possível, pq né, não podemos esquecer q ela ainda é criança. Pedofilia aqui não. Tanto q na hr q percebe q ele gosta dela, a primeira, e única, coisa q ela pensa é no sentido de amizade, q são amigos agr, espero que tenha ficado bom.
É isso galera, esse foi o cap de hj.
Espero q tenham gostado.
Até o próximo meus amô ♡
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro