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Parte I - Capítulo 1 - Adolescência


"Logo estarei livre!" penso comigo mesmo enquanto caminho com as mãos no bolso e a mochila nas costas em direção à escola.

Acordei um pouco mal humorado, o frio e o cansaço me assolaram ao despertar do celular e a constatação de que teria que ir à escola hoje, no dia do meu aniversário, me deixou particularmente irritado.

Tento me animar com uma contagem regressiva mental, sabendo que já estamos em Abril e que este será meu último ano aqui, só faltam mais sete meses de tortura para a tão esperada liberdade.

Não pense que eu odeio a escola, não por completo, quem sabe um um dia eu até sinta falta dela. Inclusive gosto muito de estudar, tanto que fui eleito o melhor aluno da classe pelos últimos três anos. A verdade é que na maioria das vezes eu me sinto bem deslocado por aqui. Talvez isso se dê pelo fato de eu ser quieto e ter um grupo muito restrito de amigos que inclui o Geraldo, a bibliotecária, de vez em quando meu irmão postiço Bruno e Alice.

Eu e Alice somos muito próximos mesmo fazendo parte de mundos diferentes. Eu sou ruivo, tímido e tenho olhos azuis que são escondidos por óculos de armação quadrada. Um perfeito estereótipo Nerd. Ela é a menina extrovertida, autêntica, baixinha, invocada, confiante e linda.

Não me pergunte por que somos amigos. Eu também não saberia responder.

A verdade é que somos ligados um ao outro desde a primeira vez que nos vimos há cinco anos atrás. Deixo escapar um suspiro enquanto minha mente se perde nas lembranças.

Após me recuperar parcialmente da fascinação inicial ao vê-la, consegui conversar com Alice e mesmo tímida, ela confiou sua história a mim. Me contou rapidamente que tinha vindo de Minas Gerais, me fazendo admirar o leve sotaque que ela ainda possuía, e que veio morar com o pai já que acabara de perder a mãe. Ficamos juntos durante o intervalo, conversando sentados entre as prateleiras da biblioteca e quando seu pai veio busca-la, nos despedimos com a promessa de que nos veríamos no dia seguinte. Fui para casa ainda sentindo-me anestesiado, ao pensar na voz melodiosa, no rosto delicado e no sorriso encantador da minha nova amiga. Mal saímos de lá e eu já sentia saudade dela, a vontade de ir para a escola nunca foi tão grande. Ao chegar em casa uma grata surpresa me aguardava no quintal ao lado. Descobri, para meu deleite, que além de minha colega de sala, Alice era minha vizinha e desde então não nos separamos mais.

Nossa ligação foi imediata e recíproca. Era para minha casa que Alice corria quando tinha algum problema com seu pai, mesmo que na maioria das vezes ela evitasse falar sobre ele. Também era para mim que ela ligava quando algo a deixava muito feliz. Ela me contava tudo, sempre confiou em mim.

Conforme crescíamos foi se tornando mais difícil escutar suas confidências, principalmente quando o assunto eram garotos. Entretanto, por mais que doesse em mim, nunca negaria apoio a Alice. Sempre escondi muito bem meus sentimentos por ela, de início, por não ter certeza se o que eu sentia era algo além de amizade, e depois, por medo de arriscar e estragar algo tão precioso para nós dois.

O meu medo agora é que toda essa intimidade tenha me tornado um irmão para ela. Por muito tempo, me conformei em ser somente seu amigo, mas isso está ficando cada vez mais difícil.

Eu precisava fazer algo a respeito.

Estou absorto em meus pensamentos, segurando meu caderno no braço e esperando o portão da escola abrir quando recebo um cutucão nas costelas. Eu não preciso nem me virar pra saber que foi ela que me tocou. A eletricidade do seu toque percorreu todo meu corpo antes que eu pudesse me virar pra dizer oi.

- Ei! Nem me esperou hoje! - disse Alice brincalhona.

- Pensei que você não viria... - respondi tentando disfarçar o fato de tê-la visto sair escondida depois do pai ir trabalhar, algo que era bem comum pois e por isso não a esperei essa manhã. - Você não mandou mensagem. - dei de ombros.

- Por que eu não viria? Principalmente hoje! - ela sorriu e mexeu na mochila pegando um pequeno embrulho. Feliz aniversário Ed! - completou sorridente me entregando o presente.

- Obrigado. - envergonhado e feliz, peguei o presente de suas mãos e a abracei de forma desengonçada.

Abri o embrulho e encontrei dentro dele uma pulseira de couro, com um desenho de um violão. Ali me olhou ansiosa pela minha reação e eu sorri para ela. Era um lindo presente, que me lembraria diariamente de duas coisas que eu amava, meu violão e ela. Alice pegou a pulseira da minha mão e me ajudou a colocá-la no braço, seus dedos delicados roçaram em minha pele, causando um novo arrepio e então nossos olhos se conectaram. Por um instante ou por muitos minutos, não sei dizer ao certo, me perdi no castanho avelã de seus olhos e o desejo de dizer a ela tudo que eu sentia queimou forte dentro do meu peito. Suas mãos subiram meus braços e chegaram aos meus ombros enquanto Alice ainda me fitava de forma enigmática, e percebi, pelo leve tremor de seus dedos em minha pele, que estava nervosa. Ela esticou o corpo tentando cobrir a diferença de altura entre nós e eu me curvei lentamente em sua direção, coração batendo acelerado quando minhas mãos envolveram sua cintura. Senti sua respiração quente tocar meu rosto e inspirei profundamente inalando seu perfume doce de frutas, tão conhecido por mim, mas antes que algo mais acontecesse o sinal da escola soou alto e as pessoas ao redor se agitaram, nos assustando e despertando daquele momento.
Alice me abraçou e beijou rapidamente meu rosto, falando palavras desconexas com novas felicitações e eu me senti frustrado por ter perdido essa oportunidade.

- Vamos entrar, Ed! - ela disse, se soltando de mim e se virou rapidamente seguindo entre os alunos que se aglomeravam tentando passar pelo portão.

Caminhei em seu encalço ainda anestesiado e confuso, será que isso tinha mesmo acabado de acontecer?

Quando chegamos na sala, Alice entrou primeiro e foi puxada para uma rodinha de meninas animadas para contar as novidades e saber as fofocas. Eu me sentei na carteira, abri meu caderno e esperei a aula começar, a cabeça ainda a mil. Alguns minutos depois a professora de artes entrou e de forma enérgica mandou todos para seus lugares. Ali foi para fundo com suas amigas, e meu colega Geraldo, que sempre chegava atrasado, se sentou no lugar que eu guardei para ele, me cumprimentando apressado, enquanto pegava seu material na mochila. Ele era um garoto quieto e calmo, nossa amizade sempre fluiu de forma muito tranquila. Eu era o mais alto, magro e um pouco desengonçado, ele era o baixinho de bochechas fofas que as meninas gostavam de apertar. Uma dupla perfeita.

- Bom dia, turma! - ela cantarolou e sorriu após conquistar nosso silêncio. - Decidimos adiantar para vocês nosso projeto especial do segundo semestre. Ele vai englobar teatro, música e dança. A nota final em artes e linguagens vai depender dessa apresentação, então, caprichem! Quero ver os artistas dessa sala, por isso formem grupos e decidam qual das artes vocês irão representar. Vocês terão vários meses para planejar a apresentação final. Espero ver espetáculos, hein, pessoal! Qualquer dúvida estarei à disposição - terminou de falar e começou a escrever o passo a passo do projeto na lousa.

Eu olhei para os lados, Alice já estava em grupo animado de meninas que estava decidindo se iriam dançar ou atuar. Certamente eu não iria fazer nenhuma das duas coisas. Na verdade, seria maravilhoso fugir dessa aula e não ter que me apresentar na frente da turma toda.

Ficamos eu, Geraldo e mais três meninas que tinham vindo de outra turma e por isso não conheciam mais ninguém da sala. Elas se juntaram a nós e resolvemos que eu iria tocar e elas cantarem. Ótimo! Eu poderia tocar meu violão, sentado e fingir que ninguém estava me vendo. Dos males o menor.

As outras aulas não tiveram muitas novidades, copiamos matéria, intervalo e mais cópias, até que finalmente bateu o sinal para irmos embora. Geraldo desandou a falar sobre um novo jogo de videogame que tinha comprado enquanto eu juntava meu material apressado para sair rapidamente e seguir com Alice para casa. Ela passou sorridente por mim e parou diante da minha carteira.

- Vou na casa da Julia planejar a nossa apresentação de dança Ed, mais tarde nos falamos, ok? - ela perguntou e percebi que tentava esconder algo atrás do sorriso.

- Claro! Eu não vou trabalhar hoje e... aposto que minha mãe vai aparecer com bolo mesmo eu dizendo pra ela que já não sou mais criança e não precisa dessas coisas. - falei balançando a cabeça e fazendo uma careta.

- Não reclame por sua mãe se importar com você!.- Alice replicou fechando semblante para mim e eu me senti culpado por ter falado bobeira. - Vou indo até mais. - ela gritou já sendo puxada pelo braço por uma das amigas dela.

Amanhã seria seu aniversário e todos os anos ela ficava triste por não ter sua mãe por perto.

Quando me levantei vi no chão um molho de chaves, com um chaveiro de borboleta e a letra A. As chaves dela. Peguei rapidamente e joguei a mochila nas costas correndo para tentar alcançá-la. Os alunos saíam depressa de suas salas, formando uma grande aglomeração de pessoas no estreito corredor e nas escadas da escola. Eu andava apressado entre eles, olhando para todos os lados e procurando Alice.

No meio daquele mar interminável de estudantes trajando o uniforme da escola, consegui distinguir o som inconfundível de sua risada e segui em sua direção. Um pouco mais adiantada que eu, lá estava ela, descendo as escadas e rindo de alguma gracinha que um garoto alto e loiro falara para ela. Ele tocava seus braços e suas costas de uma forma muito mais intima do que eu gostaria. Tenho certeza de que nesse momento meu coração parou por alguns instantes. Odiava o fato de me sentir assim, com ciúmes de todos os meninos que interagiam com Alice.

Comecei a andar mais rápido, usando minha raiva como combustível e trombei propositalmente no garanhão loiro, com força o suficiente para ele perder o equilíbrio e tropeçar, parecendo um bobo desequilibrado. Alice me olhou assustada e eu joguei a chave em sua mão, sem falar nada, lhe lancei um olhar irritado e segui meu caminho me perdendo entre as pessoas e não dando tempo do bobalhão ver quem tinha empurrado ele. Depois que a raiva passou eu cheguei a rir sozinho da cara de besta do paspalho. Mas a sensação de vitória e diversão deu lugar a um sabor amargo em minha boca assim que recebi uma mensagem de texto dela que dizia:

Eduardo, que ceninha foi aquela? 😠

Nossa! Ela me chamou de Eduardo. Exatamente como a minha mãe, que só me chamava assim quando ficava brava comigo. Alice também deveria estar furiosa. Sem ter conseguido superar a minha crise de ciúmes, decidi ignorar sua mensagem e segui diretamente para o meu quarto.

Isso não era algo novo, pelo contrario, era bem recorrente. Porem me afetava cada vez mais. Alice sendo tão espontânea e animada sempre se tornava o centro das atenções onde quer que estivéssemos. A delicadeza do seu corpo pequeno contrastava lindamente com sua atitude e carisma que eram gigantes. Mas não se enganem quando falo de delicadeza, pois Alice também sabia ser brava e valente quando necessário.

Enquanto deixava a água fria do chuveiro cair em meu pescoço, se espalhando pelas minhas costas as lembranças da minha ultima "quase declaração de amor" me voltavam à memória.

No ultimo verão...

Alice me convenceu a ir à praia com um grupo de colegas da escola. Eu não gostava desses eventos, sempre acabavam com alguns alunos bêbados, brincadeiras comprometedoras e muitos garotos em cima dela. Porem era melhor eu ir do que deixa-la sozinha à mercê deles.

Após 30 minutos de ônibus e alguns metros de caminhada estávamos na praia que era muito frequentada por nós. Alice deixou suas coisas na areia completamente sorridente com a vista, ela adorava o mar. Rapidamente tirou a camiseta ficando somente de biquíni short e eu não pude disfarçar meu incômodo ao ouvir as exclamações e assobios dos outros garotos. Notando meu desconforto ela me pegou pela mão me arrastando de roupa e tudo até o mar. Acabamos nos divertindo muito, era fácil sorrir ao notar sua empolgação jogando água em mim enquanto corríamos pela orla. Já sem fôlego após tantas risadas, ela pulou em minhas costas dizendo que estava cansada e que era pra eu carrega-la. Sorri maldosamente e segurei suas pernas enquanto corria para dentro da água onde me joguei nos molhando completamente.

- Ed! Eu nem tirei meu short! Não queria molhar meu cabelo! - ela gritou em protesto e afundou minha cabeça na água, mas logo em seguida gargalhou quando fingi que tinha me afogado.

Saímos do mar e começamos a caminhar contemplando a beleza das ondas turbulentas daquele mar. Seu semblante se modificou e eu soube naquele instante que ela tentava mascarar uma tristeza, provavelmente sentia falta de sua mãe. Foi com ela que Alice aprendeu a apreciar o mar.

- Ei... e essa ruguinha aqui? - brinquei tocando no espaço entre suas sobrancelhas.

- Não é nada... já estou cansada e estamos bem longe dos nossos amigos. - ela disfarçou soltando um sorriso que não chegou até os olhos.

- Você sabe que pode falar comigo se precisar não é? - perguntei parando em frente a ela e segurando suas mãos.

- Eu sei Ed... É por isso que eu te amo... - ela respondeu fazendo meu coração disparar. - Você é meu melhor amigo! - completou e destruiu toda esperança de segundos antes.

Fiquei paralisado por um tempo, ainda digerindo suas palavras, enquanto ela caminhava lentamente, brincando com a água que chegava aos seus pés, com o olhar vidrado e o pensamento longe. Era o momento de dizer a ela o que eu sentia? Enquanto eu me decidia ela se distanciava mais e minha coragem diminuía gradativamente.

- Alice... -gritei e ela levantou o rosto me encarando. - Eu acho que... Eu preciso te dizer...

-Oh meu Deus Ed! - ela gritou e apontou para o lugar distante onde estavam nossos colegas. - Bruno esta brigando! Vamos! - ela pegou na minha mão e saiu correndo me levando junto.

Aquilo não era novidade. Meu meio irmão sempre estava envolvido em brigas e isso não me incomodava, ele sabia muito bem se defender. Porem dessa vez ele resolveu brigar no pior momento possível!

Ao chegarmos lá, a confusão já estava resolvida e não consegui mais falar com Alice, que foi puxada para uma conversa de amigas e em seguida fomos para uma roda de musica, onde sentamos lado a lado para depois iniciarem mais uma brincadeira girando a garrafa. Alice foi desafiada a beijar um garoto e eu fui embora, pois não suportava ver aquilo, mesmo que fosse somente um desafio bobo.

Mesmo sendo uma lembrança de meses atrás eu ainda me sentia irritado ao imagina-la beijando outro garoto. A única coisa capaz de me acalmar e esquecer o fato de ter que dividir a atenção de Alice com outros garotos era o meu violão. Sai do banho e me vesti rapidamente. Apanhei meu violão e comecei a dedilhar algumas notas aleatórias, mas logo me peguei pensando nela novamente. Em grande parte do tempo eu experimentava um sentimento conflitante em relação à minha paixão por ela. Desde o dia em que a conheci, passei a gostar dela de uma forma que nunca gostei de mais ninguém. Mas nunca consegui tomar nenhuma atitude plausível, logo, com o passar dos anos, ela passou a me ver apenas como um amigo, e me tratando como tal. Será que é possível que ela nunca tenha percebido o que sinto por ela? Larguei o violão de lado perdendo a paciência com ele também.

Em um impulso louco decidi que mandaria uma mensagem para ela.

VOCÊ NUNCA PERCEBEU QUE EU GOSTO DE VOCÊ E QUERO SER MUITO MAIS QUE SÓ SEU AMIGO?

Olhei para a tela do celular e meu estômago revirou ao ler aquela declaração tão explícita, não acreditei que eu tinha feito isso! Em um ato de desespero apaguei a mensagem e respirei mais aliviado, até olhar para a tela do celular e ver o que estava escrito.

Alice está digitando....

Será que ela tinha lido?

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