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Capítulo 24 - é o fim?

Eu não acredito! Que belo presente de aniversário acabo de receber, fui cancelada. De novo!

— Você está zuando, Damian Martin?

— Claro que não! Eu te avisei para não mandar aquele áudio.

Eu o encaro confusa e ele pega seu próprio iphone, passando o dedo na tela até achar o que tanto procura.

Damian me mostra um vídeo de uma gravação de tela, o layout do Instagram é inconfundível. Meu coração acelera e eu penso que tem haver com a noite passada e saber que é um áudio, me faz ter algumas ideias.

"Cara, eu não gosto da Annie. Vai passar o vídeo que eu fiz dela na minha festa."

Sinto meu queixo cair e meus olhos saltarem. Esse áudio não existe! Como ela fez isso?

— Eu sinto muito, Helena, parece que a Candy também edita áudios muito bem.

Eu largo o celular sem coragem de olhar os comentários e me jogo na cama. Mais isso para lidar. Ouço meu celular tocar.

— Oi pai!

— Filha, não queria falar isso por telefone, mas infelizmente, já estou longe do Canadá. Está sentada?

Meu coração gela.

— Estou com o Damian, pode falar!

— A senhorita Johnson acabou de entrar em contato. — Prendo a respiração — ela quer tirar você do papel principal da peça. — O iphone cai da minha mão.

Sinto minhas mãos trêmulas e um nó se forma em minha garganta. Isso não está acontecendo mesmo, está? Tem que ser um maldito pesadelo. Sinto a mão do meu irmão segurar o meu braço e ele me sacode.

— Para com isso, está me assustando! O que ele disse?

Sinto que as lágrimas começam a cair e digo com a voz trêmula:

— Eu não sou mais a Dama — Damian me olha sem entender — da peça!

Ele arqueia as sobrancelhas em entendimento e em seguida muda de expressão. Ver meu irmão com cara de pena, só faz com que eu me sinta pior. Eu volto a deitar na cama e abraço meu travesseiro.

Eu viro de costas e não ouço nada por um tempo, apenas o meu choro. Através do espelho vejo Damian abrir a boca para falar, mas desiste e sai do quarto.

Em seguida, sinto minha cama afundar e uma mão macia passa pelo meu rosto ajeitando meu cabelo para trás da orelha. Abro os olhos e vejo minha mãe, eu me viro e me aconchego em seus braços.

— O Damian me contou o que houve. Todas essas mentiras não vão ficar por isso mesmo. Já conversei com o seu pai, vou ver se um contato consegue rastrear esse perfil.

— Você deve estar feliz que minha carreira não está dando mais certo! — minha voz sai entrecortada.

— Isso é um absurdo, Helena! É claro que não estou feliz.

— Mas você sempre quis que eu fosse qualquer outra coisa que não fosse artista.

— Isso é verdade, mas é porque quero que você seja feliz e sei o quanto esse mundo artístico pode ser tóxico. Não quero que sofra mas, parece que é inevitável.

Ficamos abraçadas mais um pouco e minha mãe faz carinho na minha cabeça. Chega um momento em que sinto minha barriga roncar.

♫♫♫♫♫♫♫♫♫♫

Apesar de tudo, o apoio da minha família é o suficiente para eu ter forças para vir até a escola nesta segunda-feira. Faz tempo que não abro mais o meu instagram e os olhares dos alunos pelos corredores, me faz crer que fiz a escolha certa.

Paro de frente ao meu armário e ao abri-lo, alguns papéis caem. De onde vieram? Não sei. Mas, é melhor pegar e ver do que se trata. Pego um dos papéis e vejo que tem uma palavra escrita: "vadia!"

Levo a mão à boca. O que significa isso? Olho em volta, os alunos passam apressados para irem até suas salas, já imagino de quem é esta obra. Vários papéis têm letras diferentes, todos escritos à mão. Pego alguns exemplares e jogo o resto no lixo.

Vou direto para a diretoria e encontro Violet mexendo no computador. Ela está distraída, então resolvo falar:

— Bom dia!

Violet se assusta, ela olha de mim para o computador e dá alguns cliques antes de virar para mim e perguntar:

— Posso ajudar?

— Eu gostaria de ver o diretor!

— Sinto muito, ele ainda não chegou, teve uma emergência familiar.

Poxa! Logo hoje, mas, será que Violet não pode me ajudar mesmo?

— Ei, Violet — Ela ergue as sobrancelhas em surpresa, talvez por eu lembrar de seu nome — Você tem acesso às câmeras da escola?

— Sim! Mas, os seguranças são quem costumam ficar de olhos nos corredores — ela ri fraco.

— Sabe, hoje pela manhã, encontrei papéis como estes em meu armário. Será que pode me ajudar a descobrir quem foi?

Ela vê os papéis e franze o cenho, desaprovando o que estava vendo.

— Eu sinto muito, mas não tenho autorização para compartilhar essas imagens.

— Mais alguém tem acesso a elas, Violet?

— Só o diretor! Inclusive, aquele vídeo do bullying que você entregou para ele, só ele tem acesso.

Não me lembro de ter dito para ela que o vídeo que entreguei ao diretor era sobre bullying. Ela deve ter olhado. Será que mais alguém teve acesso a ele? Estranho, a Violet não tem motivos para espalhá-lo, nem tempo a perder com fofocas, ou será que estou errada? Credo! Estou ficando paranóica.

— Obrigada pela ajuda, Violet. Você pode informar para o diretor que quero falar como ele, por favor?

— Claro! — Ela responde e eu corro para a aula.

♫♫♫♫♫♫♫♫♫♫

As aulas iniciais seriam normais, se eu não tivesse ficado tentando identificar a letra dos meus colegas. Os professores chamam minha atenção várias vezes, sinto como se estivesse cercada por leões famintos. O sinal toca, eu saio da sala indo em direção a cantina. Estou totalmente frustrada.

Vejo o meu irmão sentado com a Amber numa das mesas, isso faz eu me animar um pouco. Assim que pego meu lanche, vou ao encontro deles. Antes de chegar ao meu destino, alguém puxa o meu braço com violência e o meu lanche cai. Tanta coisa para esse ser humano fazer da vida e vem justo derrubar o meu lanche? Ah não!

Encaro a pessoa com fogo nos olhos e vejo a criatura de cabelos azuis à minha frente, ainda apertando meu braço com força. 

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