❨·✈️·❩ CYKS : O5 Chᥲρtᥱr.
Capítulo O5: Desabafos e Pontos G.
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"Por favor, fiquem calmos, assim que tivermos mais informações...."
O capitão insistia antes da transmissão cair, mas cá entre nós.
Ficar calmo?
O Avião estava a ponto de se estrebuchar no chão, Bang não conseguia respirar e nem ao menos assimilar ao certo o que estava acontecendo, como o pobre australiano podia se acalmar?
Mas eram as regras e normas de segurança, eles eram obrigados a ficar sentados ali, enquanto o avião corcoveia feito um cavalo descontrolado.
Mas estava cada vez mais difícil, as malas caiam no chão após a turbulência que ia e voltava repentinamente e ficou pior ainda quando o mesmo ouviu alguém atrás dele recitando uma "Ave maria, cheia de graça" em um Pânico de causar engasgos.
E a única coisa que ele se prestou a pensar foi :
"A gente vai morrer. A gente vai morrer, é, a gente vai morrer e eu não tenho dinheiro para pagar o meu próprio enterro, eu vou ser enterrado como um indigente em um cemitério público."
━ O que foi? – O loiro ao lado olhou para Bang, o seu o rosto tenso e completamente pálido havia o entregado, ele também estava com medo.
━ A gente vai morrer. -Christopher desabafou segurando as suas lágrimas e pela primeira vez observou fixo o rosto do homem loiro.
Talvez fosse a última vez que ele ia observar o rosto de alguém, então ele se aproveitou do momento desesperador e prestou atenção naqueles detalhes. Sardinhas por todo o rosto, cabelos descoloridos cujo, de uma forma bem discreta, já era perceptível a raiz castanha escura, os lábios um tanto quanto rosados e... De repente o avião caiu de novo, e Bang solta um grito involuntário.
━ Eu não acho que a gente vá morrer... - O loiro afirma. Mas também estava agarrando os braços da poltrona. ━ Eles disseram que era só turbulência...
━ Claro que disseram! - A histeria da voz era muita, Chris quando nervoso não conseguia medir seus tons e naquela altura do campeonato, ele estava se esgoelando. ━ Eles não diriam exatamente: "Certo, pessoal, é isso aí, vocês todos vão pro beleléu, jogar truco ao lado de Deus!"
O avião dá outro salto aterrorizante e os dois acabam se agarrando pelo susto e pelo medo.
━ A gente não vai sobreviver. Sei que não. É isso. Estou com 25 anos, pelo amor de Deus. Não estou pronto. Não realizei nada. Não
tive filhos. Nunca salvei uma vida... - Seu olhar caiu aleatoriamente na matéria sobre "30 coisas para fazer antes de fazer 30 anos". ━ Eu ainda não escalei uma montanha, não fiz tatuagens, não quitei as minhas dívidas, eu nem sei se tenho um ponto G... - Suas lágrimas invadiram os seus olhos cheios de desespero.
━ Perdão? – diz o homem, parecendo pasmo, mas Bang mal o escutou.
━ Minha carreira é uma piada completa. Eu não sou nada parecido com um executivo. - Apontou meio choroso para os seus tênis da nike surrados. ━ Eu não tenho uma equipe!
Sou apenas um assistente de merda e acabei de ter minha primeira reunião importante, e foi um desastre completo. Não entendo quase nada do que as pessoas estão falando, não sei o que significa logística, nunca vou ser promovido, devo quatro mil pratas ao meu pai e nunca me apaixonei de verdade...
Mas o australiano travou de repente, com um tremor. ━ Desculpe – falou, e soltou o ar com força. ━ Você não quer ouvir essas coisas.
━ Está tudo bem... – respondeu o sujeito.
Meu Deus. Bang estava pirando de vez, mas de qualquer modo, o que ele havia dito sobre o amor, era mentira, as turbulências estavam mexendo com a sua cabeça, pois ele amava Connor, o seu primeiro e atual namorado. Christopher o namorava a mais ou menos seis anos e não tinha o porque do mesmo pensar tanto sobre aquela relação, eram seis anos, claro que eles se amavam...
Ruborizado, tirou seus cabelos de seu rosto e tentou se controlar voltando a contar carneirinhos, mas nada funcionava pois o coitado sentia o avião "pular" de novo e de novo.
━ Eu nunca fiz nada para orgulhar meus pais. – As palavras se derramaram da boca rosadinha e ressecada do australiano, que antes do mesmo conseguir impedir, acabou confessando mais um de seus segredos. ━ Nunca e eles acham que eu não fico incomodado com isso, mas eu me odeio por não ser um bom filho. - Mas, ao levantar seu olhar para o loiro calado que o olhava fixo, ele logo reformulou sua frase e se explicou. ━ É sim. Talvez eles tivessem orgulho de mim antigamente. Mas aí eu cresci e não era mais engraçado ter um filho todo atrapalhado como eu.
Christopher não conseguiu parar de falar, simplesmente as suas palavras saiam cada vez mais rápidas de sua boca todas as vezes que o avião dava um pulo ou tremia. Mas por favor, não julguem o garoto, era isso ou gritar em desespero a frase " Nós vamos morrer!"
━...curso de massagista, e eu achei mesmo que ia mudar minha vida... - E da sua boca, sem filtro algum, o mesmo começou a disparar um milhão de palavras, desabafando todos os seus pequenos segredos que de alguma forma o assombravam.
Terapia era assim?...
━ ...às vezes eu molho aquela planta horrorosa daquela babaca com suco de laranja, para ela ver o que é bom... eu espero que aquela planta morra!. - Chorou se culpando, mais uma vez. Tadinha da planta, o coitado sabia que não era culpa da plantinha ter uma dona tão horrível.
━ Senhor?... - A voz grossa e limpa do garoto loiro saiu e tocou no ombro de Bang, ele queria o avisar de algo.
Mas Christopher estava tão entretido em dizer o que sentia em seu coração que levou as suas mãos até o rosto manchado de pintinhas de seu acompanhante e confessou. ━ O café do trabalho é a coisa mais nojenta que alguém já bebeu, um veneno absoluto... eu prefiro beber vinagre puro do que aquilo... Mas sempre que vem alguém importante eu tenho que o servir para a visita e eu sinto, eu juro que eu sinto, eles me odiando depois de tomar aquele petróleo adocicado com óleo agridoce.
Normalmente tinha uma espécie de filtro que impedia o coitado de cabelo encaracolados, assim ele era impedido de falar tudo o que pensava, mas o filtro pareceu parar de funcionar, todos os seus segredos estavam sendo expostos para aquele estranho e Bang não conseguia parar já que o medo da morte estava o deixando totalmente enlouquecido e descontrolado.
Desabafar com alguém que o escutava era tão libertador...
━ Eu sei que é errado, mas eu coloquei no meu currículo Nota "A" na prova de matemática do exame admissional mas na verdade só tirei C. Sei que foi desonesto. Sei que não deveria ter feito isso, mas eu queria tanto conseguir o emprego... - Choramingou mais um pouco batendo em sua cabeça, se ele fosse morrer, pelo menos todas as mágoas de seu coração lhe foram tiradas de tanto falar por conta do desespero
Então, por mais de trinta minutos o garoto se pôs a desabafar sobre tudo o que estava pesando em seu coração, certo que dali, ele apenas sairia preso em um caixão. É, Christopher ia morrer, ele sabia que ia morrer, ele estava em um avião que estava a ponto de despencar no mar, não tinha como sobreviver!
Mas tudo bem, ele estava feliz conseguindo desabafar sobre tudo o que ele sentia de ruim em seu coração. Terapia era bom...
━ Olha, eu sei... o cavaleiro de armadura brilhante não é uma opção realista. Mas há uma parte minha que quer um romance gigantesco, espantoso. Quero paixão. Quero ser tirado do chão. Quero um terremoto ou... não sei, um redemoinho enorme... alguma coisa empolgante. Às vezes parece que tem uma vida nova e cheia de aventura me esperando ali adiante, e se ao menos eu pudesse...
Mas em meio a tantos desabafos uma voz feminina e delicada acabou por o interromper, Bang teve certeza que era um dos anjos divinos o chamando para finalmente atravessar os portões dos céus. Mas não, era apenas uma aeromoça pequena e loira, que esboçava um pequeno e tímido sorriso em seu rosto. ━ Com licença, Senhor ? - A loira verificou rapidamente se o tal passageiro que permanecia meio histérico estava bem fisicamente e novamente sorriu.
━ O quê? – O de cabelos enroladinhos levantou a sua cabeça atordoada e logo a olhou controlando sua respiração como dava. ━ O ...que é?
A aeromoça com tamanha educação acabou falando de forma aliviada. ━ Nós pousamos. - Mas, sem entender, Bang a encarou.
━ Nós pousamos? - Sou voz falhou.━ Isso não faz sentido. Como podemos ter pousado?
Bang olhou em volta e realmente... o avião estava parado, eles finalmente estavam em terra firme e o australiano se sentiu como Dorothy, que há segundos atrás estava girando em OZ, batendo os pés com os seus sapatinhos mágicos, mas, agora estava apenas chapado pela adrenalina, quieto e frustrado.
━ Não estamos mais pulando – murmurou estupidamente. ━ Não estamos mortos...
━ Paramos de pular há um bom tempo – observou simples o loiro que olhava fixo para frente.
━ Nós... nós não vamos morrer...
━ Não, não vamos morrer – O loiro concorda mais uma vez, de modo simples.
É aquilo tinha sido bem constrangedor para Christopher Bang, um completo vexame, ter tido uma bela crise de pânico no meio do vôo e ter falado sobre todos os seus segredos para um completo estranho. Mas tudo bem, eles nunca mais iam se ver mesmo.
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