02. Me encontre aqui
H
ope cantarolava enquanto cortava os ingredientes que ela iria utilizar para fazer seu jantar.
Seu encontro com o Sonho dos Perpétuos ainda fresco em sua mente, o casaco dele em uma das cadeira da mesa da cozinha.
Hope repassou os acontecimentos várias vezes, a voz dele ainda podendo ser escutada em sua mente. Os lindos olhos dele ainda a encantando.
Um barulho de asas chamou a atenção de Hope, a tirando de seus pensamentos, ela se virou para ver William adentrar a cabana pela janela.
Hope sorriu para ele.
ㅡ Você demorou. ㅡ ela apontou o fato. William pousou encima do armário de madeira a observando cortar os legumes enquanto a carne cozinhava no fogão à lenha.
ㅡ Encontrou um pássaro não esnobe?
William balançou levemente as asas, o que seria um dar de ombros se ele fosse um humano.
Hope estranhou que o amigo tagarela não estava tagarelando.
ㅡ Will?
ㅡ Talvez. ㅡ Will respondeu enquanto andava de um lado para o outro no armário. Hope levantou a cabeça para olhar para o amigo.
ㅡ Que coisa maravilhosa Will.ㅡ Hope estava feliz por ele. ㅡ Então você fez um amigo?
William fez que sim com a cabeça.
ㅡ O nome dela é Jessamy. ㅡ Will contou. ㅡ Ela era um pouco esnobe sabe, mas eu não sei, era a quantidade de esnobe que eu poderia aturar.
Hope riu baixinho.
ㅡ Como ela é? ㅡ a Esperança perguntou curiosa, voltando a cortar seus legumes.
ㅡ Ela é gentil, um pouquinho. Ela rebateu meus comentários, o que me lembrou de você. Ela também me bicou na cabeça depois de eu tentar empurrar ela da minha árvore, pela segunda vez. Antes disso ela usou as garras. Acho... acho que quero ver ela de novo.ㅡ Will parecia pensativo enquanto falava, entretanto Hope não conseguiu se conter e gargalhou do relato da ave.
ㅡ Pequeno Willie está apaixonado. ㅡ Hope cantarolou.
William fez vários barulhos estranhos enquanto voava e no processo puxava um pouco do cabelo de Hope.
ㅡ Me sinto violado por essa afirmação. ㅡ ele disse indignado depois de voar para o outro lado da cozinha, para longe de Hope. ㅡ Eu? O Grande Will apaixonado? Ultrajante.
Hope riu da ave.
ㅡ O primeiro estágio é a negação. ㅡ ela cantarolou enquanto colocava os legumes em uma panela com água para que eles pudessem cozinhar. Hope não precisava de fato comer como um humano normal, entretanto, ela adorava cozinhar.
ㅡ Pelo que eu me lembre, a senhora é o Sentimento da Esperança. ㅡ Will disse enquanto abria e fechava as asas, ainda muito indignado. ㅡ Eu também nunca vi a senhora se apaixonar. Então, com todo respeito, eu vou desconsiderar suas afirmações sem fundamentos.
Hope deu um sorrisinho triste.
Ela não era o Amor.
Nunca poderia ser.
Ele não estava lá. Ele não tinha uma forma física como antes. Ele estava morto como os outros. E ela estava sozinha.
William estava certo. Ela nunca havia se apaixonado.
Nem mesmo uma vez em todos os milênios que ela viveu.
E ela nunca havia entendido de fato o que era o amor. Como era sentir amor.
Ela havia lido sobre isso. Algumas vezes até fantasiado como seria amar. Entretanto, ela nunca havia sentido o sentimento de fato.
William pousou no ombro dela, esfregando sua cabeça na bochecha dela, arrependido.
ㅡ Sinto muito, Hops. ㅡ Will a chamou pelo apelido estranho que ele havia a dado. Ele conseguia sentir parte do que ela sentia, afinal, ele estava vivo com a ajuda dos poderes dela. ㅡ O que eu disse foi indelicado. Mais indelicado do que as coisas normalmente indelicadas que eu digo. ㅡ Hope riu levemente enquanto acariciava a cabeça da ave.
ㅡ Está tudo bem, Will. ㅡ ela garantiu. ㅡ Você está certo.
ㅡ Eu adoro ouvir essas três últimas palavras, mas não dessa vez. ㅡ ele disse enquanto voltava para cima do armário da cozinha.
ㅡ Como Jessamy é? ㅡ Hope perguntou com curiosidade. ㅡ Que espécie de pássaro ela é?
ㅡ Ela é um corvo. ㅡ Will respondeu.
Hope largou a colher que iria usar para mexer os legumes.
A colher teria caído se Will não tivesse voado e a pegado no último segundo. Digamos que ele era mais rápido que a maioria das aves, afinal, ele tinha parte do poder de Hope em seu ser.
ㅡ Um corvo? ㅡ Hope perguntou surpresa.
O Sonho dos Perpétuos sempre tem um corvo junto à ele.
ㅡ Ela disse algo sobre seu Mestre?
Will colocou a colher encima da mesa.
ㅡ Não. Só disse que ia encontrar o Mestre dela na hora de ir embora.
ㅡ Will comentou. ㅡ Ela é má? Por que se ela for uma vilã, eu vou me recusar, por todo o restante de vida que você me conceder, a ir dar uma volta para fazer amigos!
ㅡ Will. ㅡ Hope chamou a atenção dele. Seus olhos brilhando, Will se surpreendeu ao ver ela tão preocupada. ㅡ Você disse algo para ela? Sobre mim? Sobre nós? Qualquer coisa?
William pensou por um momento.
ㅡ Bom, ela notou que eu era diferente. Perguntou o que eu era. Eu disse que eu era uma gaivota. E que se ela não conseguia ver isso ela era cega. ㅡ Will começou a tagarelar.
ㅡ Ela perguntou também quem era meu Mestre. Eu respondi que ela estava sendo desrespeitosa com as mulheres. Afinal, apenas homens podem ser Mestres de aves? Claro que não. Aí ela disse que eu estava sendo burro e fugindo da pergunta. Aí eu biquei ela e tentei empurrar ela da minha árvore. E eu estava no meu direito. Ela havia me ofendido. Então ela usou as garras em mim e-
ㅡ William você está tagarelando. ㅡ Hope chamou a atenção da ave.
Will guardou as asas que ele estava batendo enquanto tagarelava.
Hope raramente o chamava de William, ou o impedia de tagarelar, e quando ela o chamava assim era porque o assunto era sério.
ㅡ Eu não sou burro, Hops. Não importa o que aquela ave meio esnobe diga. ㅡ Will respondeu. ㅡ Eu não disse nada sobre você, sobre nós. Você me disse pra nunca dizer nada e eu nunca vou dizer nada.
Hope assentiu enquanto estendia o braço para Will. A ave voou até ela, aceitando de bom grado o carinho.
ㅡ Desculpe Willie. ㅡ Hope disse chateada. ㅡ Acontece que Jessamy provavelmente é o corvo do Sonho dos Perpétuos. Você lembra do que eu disse sobre os Perpétuos não é?
ㅡ Sim. Que você prometeu nunca contar quem era pros Perpétuos. E que se eu contasse que você é um Sentimento seria a mesma coisa que você mesma contar. E que isso provavelmente mataria você. ㅡ Will disse, seus olhos vagaram pela cabana, para o casaco que não estava lá quando eles saíram. ㅡ Você encontrou com ele não é? Com o Perpétuo.
ㅡ Sim, e essa não é nem a pior parte.
ㅡ Então, qual é a pior parte Hops?
ㅡ Eu o convidei para me encontrar aqui. Em nossa casa. E eu posso sentir que ele virá muito em breve.
Morpheus ainda estava pensando nela.
E ele odiava isso.
Fazia três dias.
E ainda assim ele ainda estava pensando nela.
Em seus olhos, seu sorriso, suas bochechas coradas. A forma que ela o intrigou sem fazer muito.
Ele se repreendeu por pensar nela. Ele não deveria estar pensando naquela humana. Ele não podia.
Entretanto, ela o estava impedindo de fazer seu trabalho, sempre voltando à mente dele. A voz melodiosa dela ecoando em seu cérebro.
Ele deveria ir vê-la.
Talvez assim, ele poderia finalmente conseguir continuar com seu dever.
Ele quase podia sentir que essa escolha terminaria mal.
Mas ao pensar no sorriso dela, nos olhos dela brilhando com reconhecimento, Morpheus percebeu que valia a pena a encontrar.
Era apenas uma visita para buscar o casaco que ele não se importava nem um pouco.
Uma visita apenas.
Vê-la uma última vez.
Não foi tão difícil encontrar a cabana que ela vivia. Ela realmente ficava no centro do bosque perto da cidade.
Jessamy estava voando livremente para longe, algo sobre encontrar um pássaro burro. Morpheus achou melhor nem questionar.
A cabana tinha dois andares, era pequena, mas parecia aconchegante, estava cheia de flores para todos os lados e fumaça saía por uma pequena chaminé.
Ele observou a cabana, ela morava com alguém? Ou morava sozinha?
Ele podia a escutar cantarolando dentro da cabana.
Talvez ele devesse ir embora. Nada de bom se seguiria se ele se envolvesse com uma humana.
Mas ainda assim, lá estava aquele ímã novamente. O puxando para cabana. Para ela.
Morpheus parou na porta no exato momento que ela abriu.
Olhos verdes levemente arregalados encontraram seus olhos.
ㅡ Morpheus. ㅡ a voz dela era mais alta que um sussurro. Um sorriso coloriu sua face, a surpresa se dissipando aos poucos.
Morpheus a encarou.
Ela vestia um vestido azul simples, seus pés estavam descalços e havia algumas flores em seus cabelos soltos.
Tão linda sem nem ao menos fazer esforço para isso.
ㅡ Hope. ㅡ ele saudou. Ela voltou a sorrir abrindo espaço e sinalizando para dentro.
ㅡ Entre. ㅡ ela chamou. ㅡ Eu fiz uma geleia de morango essa semana e acabei de assar um pão.
Morpheus ficou parado na porta, um pouco em transe.
Era simples. Ele deveria ir, pegar o casaco e nunca mais voltar. Entretanto, lá estava ela o chamando para entrar em sua casa.
Ela mal o conhecia.
Ela não estava com medo dele?
ㅡ Vamos. Eu não mordo. ㅡ ela brincou. Um pouco de malícia em seu olhar.
Morpheus saiu de seu transe e adentrou a casa em silêncio. Se perguntando o que ele estava fazendo.
Ela segurou o pulso dele, o guiando pela cabana até a cozinha.
Ela o soltou em seguida, entretanto, Morpheus ainda conseguia sentir o aperto dela em seu pulso. Uma sensação fantasma.
Seu coração estava acelerando e o Perpétuo se perguntou o que essa mulher era.
Uma deusa disfarçada? Uma humana agraciada por tamanha beleza e gentileza? Um espírito da natureza?
ㅡ Sente-se. ㅡ ela apontou para a cadeira livre. ㅡ Espero que você goste do pão e da geléia, se não gostar eu posso preparar outra coisa. ㅡ ela disse e pegou o casaco que estava na outra cadeira, ela o entregou para Morpheus sorrindo. ㅡ Seu casaco. Mais uma vez, obrigada pela gentileza.
Morpheus assentiu sem saber de fato o que dizer na presença dela.
Ela o entregou um prato com pão, um pequeno pote de geléia de morango e uma faca.
Ela se sentou na cadeira ao lado da dele, mas ainda assim um pouco longe.
Morpheus encarou o prato por alguns segundos. O que aparentemente a deixou impaciente.
Ela se debruçou próxima à ele, pegando a faca, cortando um pedaço do pão e passando geléia nele.
Ela voltou a se sentar enquanto mordia, mastigava e engolia o pão.
ㅡ Eu não estou tentando envenenar você, meu caro senhor. ㅡ ela brincou enquanto tirava as migalhas de pão das mãos.
Morpheus a encarou, enquanto levava um pedaço de pão e geléia ao lábios e o provava. Estava delicioso.
ㅡ Eu não disse isso. ㅡ ele rebateu um tempo depois, encarando ela como se ela fosse um quebra-cabeças muito complicado.
Hope sorriu.
Ela nunca se cansava de sorrir?
ㅡ Suas ações disseram isso por você. ㅡ ela disse.
ㅡ Estou apenas curioso. ㅡ Morpheus confessou, o sorriso dela começando a o irritar. ㅡ Você parece muito gentil. ㅡ ele parecia querer zombar dela.
Hope riu.
A risada dela o desarmando imediatamente.
ㅡ Vou aceitar isso como um elogio, senhor. ㅡ ela brincou. ㅡ Eu tento ser o mais gentil que posso. Gentileza é importante em um mundo tão cruel.
Morpheus a encarou.
Ele tentou encontrar alguma vez que ela sonhou ou teve um pesadelo, mas para a surpresa dele, ele não encontrou nada.
Ela nunca havia sonhado? Ou tido um pesadelo?
Isso era impossível.
ㅡ Você é diferente não é? ㅡ pela primeira vez insegurança passou pelos olhos dela, mas tão rápido como veio se foi.
Ela voltou a sorrir.
ㅡ Não somos todos? ㅡ ela perguntou. ㅡ O mundo seria chato se fôssemos todos iguais.
Morpheus se levantou abruptamente, segurando o casaco em mãos.
ㅡ Eu devo ir. ㅡ ele murmurou, tomando coragem para partir, para ir para longe dessa garota que o confundia infinitamente.
Ela se levantou.
ㅡ Vou ver você de novo? ㅡ a pergunta dela o pegou de surpresa.
Ele a encarou sem dizer nada, o ímã o puxando para mais perto, o fazendo dar um passo na direção dela.
ㅡ Por que? ㅡ ele perguntou intrigado.
Intrigado com essa garota que não o temia, que muito pelo contrário, estava perguntando se o veria de novo.
ㅡ Curiosidade, solidão. ㅡ ela respondeu enquanto o guiava para porta. ㅡ Às vezes simplesmente não há uma razão concreta para se querer algo. ㅡ a voz dela era mais alta apenas que um sussurro. Sua bochechas estavam coradas e seus olhos verdes estavam brilhando com muitos sentimentos diferentes.
ㅡ Hope- ㅡ ele começou a dizer quando eles estavam na porta da cabana dela.
ㅡ Me encontre aqui. ㅡ ela pediu, sua voz melodiosa o envolvendo. Seu coração ficou acelerado. Ela segurou o pulso dele, sem tocar em sua pele de fato, entretanto, Morpheus sentiu uma corrente elétrica passando por ele. ㅡ Me encontre aqui quando tiver algum tempo, quando estiver entediado ou quando vir a cidade.
Morpheus se pegou assentindo. Se pegou concordando com as palavras dela.
Ele tinha ido até lá com um objetivo em mente. Entretanto, ela havia o convencido a voltar.
ㅡ Até breve, Morpheus. ㅡ ela soltou o pulso dele, e ele se sentiu ainda mais atraído para ela. Para aquela gentil garota que aparentemente morava sozinha no bosque. Para aquela bela garota que não o temia, que o queria por perto.
ㅡ Até breve, Hope. ㅡ ele sussurrou e se virou pronto para voltar para o Sonhar.
Entretanto, parte dele queria simplesmente se sentar na cadeira da cozinha dela e a ouvir falar enquanto comia.
E Morpheus se pegou enterrando aquela parte para mais fundo em seu ser.
Ele não deveria voltar lá.
Não podia voltar.
Hope era algo, alguém como ela não poderia ser uma garota comum.
E Morpheus temia que se ele se envolvesse ainda mais, as consequências seriam desastrosas.
Estava decidido, ele não voltaria naquela cabana.
Entretanto, ele cometeu o grande erro de se virar e olhar para ela uma última vez. Para guardar ela em sua memória.
E lá estava ela, em toda sua beleza, com os pés descalços e encostada na porta de madeira da cabana. Sorrindo brilhantemente para ele.
O coração de Morpheus se aqueceu, bateu descontroladamente em seu peito, e o Perpétuo mal imaginava que ela já era dona do coração dele.
I. Mais um capítulo postado. O que acharam xuxus? Gostaram?
II. Will sendo um reizinho tagarela e representando metade das pessoas kkkk. E sim, ele e a Jessamy vão se dar bem com o tempo.
III. Eu sei que o Morpheus não falou muito no capítulo mas eu to tentando ser bem fiel à série, e o Morpheus não é do tipo tagarela né kkkkk.
IV. Gostei um pouquinho desse capítulo mais ainda não acho que ele foi bom o suficiente.
V. Hope é muito icônica, amo muito a personalidade dela, ela confunde o Morpheus sem nem tentar kkkk.
VI. Por hoje é só, mas nos vemos em breve.
Byee ♡.
14.08.2022
BY: Duda.
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