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Capítulo 8 - Nunca é tarde

O restante da semana não foi muito diferente, entre consultas e novas pacientes que ali chegavam. O Dr. Luís Henrique logo ficou conhecido por ser um bom médico, atencioso e bonito, mas antes disso era "você viu como ele é lindo?" ou "quando será que vai começar as outras consultas, também quero passar com ele!". Havia vários comentários assim e alguns até chegavam aos seus ouvidos, entretanto ele pouco se importava com essa banalidade.

Acostumar com a rotina dali não estava sendo fácil, em comparação ao PS da Vila Assumpção que vivia lotado com alguma emergência. Porém, essa nova cidade dava a ele a tranquilidade e paz que tanto buscava, não havia correrias e nem uma constante obrigação de se manter ocupado. Em Boa Nova Luís conseguia respirar o ar puro, sentar e relaxar na praça nova e apreciar a leitura de um clássico antes de dormir. Era como umas férias em que durante o dia se ocupava em escutar batimentos cardíacos dos bebês, reclamações de gestantes, a felicidade nos olhares delas ao falarem de sua gestação, as mudanças de humor e tudo embrulhado em um pacote gestacional de 28 mulheres de diferentes idades.

Na quarta-feira à tarde, Luís Henrique resolveu acertar com a enfermeira Josiane como seria as consultas e quantos pacientes atenderia por período para assim dar a eles a atenção necessária. Arrumando os dias de atendimento de cada grupo, e não deixando nada bagunçado como estava quando chegou, não que ele duvidasse do profissionalismo de sua equipe, só que gostava de fazer as coisas por si e ter controle sobre elas.

Como de costume, o médico sempre chegava mais cedo no posto e ao passar pela praça — que virou seu ponto alto naquela cidade minúscula — na sexta-feira, ele notou a capa de um livro, o mesmo da primeira vez. Seu impulso foi de parar e descer do carro por algum motivo, o qual ele não fez para não atrapalhar a concentração de quem o lia. Livros sempre chamaram sua atenção, não era à toa que ele tinha dezenas em sua casa e lido todos, tanto de medicina como de não ficção e ficção.

Já em sua sala ele separa os prontuários, hoje atenderia durante o dia duas gestantes, dois homens, três adolescentes e uma criança. Cada um disposto em seu horário, assim não haveria espera e nem estresse por parte dos pacientes.

— Caroline Ferraz — chama a paciente que arruma suas coisas na bolsa e se levanta indo para a sala. — Como se sente hoje? — pergunta ao reparar nas vestes da jovem que mesmo no calor continuava usando uma camiseta de mangas longas pink e uma calça preta, dessa vez com os cabelos amarrados em um coque. A manhã estava bem quente e pioraria com o passar do dia.

— Bem — responde ao dar um longo suspiro. Luís, percebendo que não teria um diálogo tão fácil com ela como tinha com as outras que costumavam falar mais que o necessário, resolve assim tomar uma nova abordagem.

— Você gosta de ler — ela se assusta com a pergunta inesperada e cruza por segundos o olhar com o médico que vê na imensidão dos olhos castanhos a tristeza, a dor e a dúvida de uma pessoa que não sabia qual caminho seguir. — Vi você na praça quando estava vindo para cá, parecia bem concentrada da mesma forma que estava um pouco antes de te chamar para a consulta.

— Levei minha irmãzinha na escolinha e estava esperando dar o horário da consulta — fala automaticamente, mudando a tonalidade de sua voz para algo mais sonhador — ler ao ar livre nos traz uma gama de aromas e sensações.

— Tenho que concordar como você, nada como achar um local secreto para a leitura — o médico percebe um certo relaxamento na musculatura de sua paciente que estava um pouco mais confortável em sua presença. — Posso ver o livro que você está lendo? — Ela procura em sua bolsa e coloca a obra sobre a mesa, o qual ele a pega. — Herança de Amor e Morte, um nome forte e interessante. — Ao abrir na primeira página percebe uma dedicatória feita pela autora, esse era o livro que o Dr. Pedroso havia comentado. — É um romance?

— Está mais para uma trama cheia de mistério, suspense, humor, fantasia, superação em relação aos medos da protagonista e um romance que... quase causou uma tragédia ainda maior.

Essa era a primeira frase que ela dizia com naturalidade, seu lado psiquiatra adquirido pela convivência com o pai diria que foi um grande progresso.

— Então não é um romance?

— Não, a meu ver, a obra tem muito mais do que apenas uma relação afetiva entre o casal, ambos têm pessoas ao redor que mostram verdadeiramente o poder do amor, o poder de se importar uns com os outros, as amizades verdadeiras e como superar certos traumas, a pesar de não ser tão simples assim a Marcely Rodrigues conseguiu colocar muito bem em palavras tudo o que ocorreu com a Emília durante sua fase de luto e depois como ela se sentiu quando reencontra sua paixão de juventude.

— Interessante. Você gosta realmente de ler — diz com um sentimento de vitória, devolvendo o livro para a jovem. — Futuramente vou querer esse livro, pelo que vi você conhece a autora.

— Fui ao lançamento do livro dela semana passada, foi legal e diferente ver alguém com quem estudei conseguir realizar um sonho. — A fisionomia dela murchando junto as palavras.

Sem saber o que dizer, Luís apenas mexe no prontuário da paciente e anota em sua agenda "desconforto por relembrar certos acontecimentos" abaixo do nome Caroline Ferraz.

— Meu pai costuma dizer que nunca é tarde para recomeçar — ele diz por final. O silêncio tinha se tornado constrangedor e pela primeira vez não se sentiu incomodado na presença de outra pessoa que não fosse da sua família.

— Depende do caso — Caroline olha para o horário no celular e Luís Henrique não deixa de perceber esse detalhe, o deixando passar despercebido dessa vez.

— Não é bem assim e se você precisar, posso te encaminhar para a terapia.

— Não quero! — A paciente responde quase gritando.

— Está bem, sem terapia! — O médico levanta as mãos percebendo que ela ia levantar da cadeira para sair da sala, Caroline respira fundo e se acalma. — Vou pedir novos exames de sangue, esse você faz? — Ela balança a cabeça em afirmação. — Preciso saber como está seu estado de saúde, não quero que fique doente durante e após a gestação.

— Mais alguma coisa, Dr.?

— Hum! Em algum momento vamos ter que conversar sobre o que está acontecendo, só assim para que eu possa ajudá-la.

— Não está acontecendo nada, e preciso ir embora. Tenho que trabalhar.

— Posso te dar um atestado para descansar no período da manhã.

— Não estou doente para pegar atestado — responde se levantando, o médico lhe entrega o prontuário junto ao papel dos exames e ela sai da sala irritada. Luís Henrique fica ali parado, sem reação.

A próxima paciente foi completamente diferente da primeira, essa falava até demais.

O dia de consulta não foi diferente dos outros, cada paciente tinha sua peculiaridade e isso é o que o médico tanto gostava em sua profissão, talvez tivesse herdado a paciência do pai como psiquiatra ou o dom da mão por cuidar dos corações, mas de uma coisa era certa, Luís gostava de escutá-los falar, desde que o assunto fosse a saúde, quando passava disso tudo se tornava desconfortável e ele construía um muro ao redor de si, como tinha feito tantas vezes e faria mais uma centena delas se precisasse.

Às 17h, em ponto, o médico sai do posto, enquanto bem próximo dali uma jovem de cabelos pretos, cacheados e da altura da cintura, usando uma legg preta e uma camiseta rosa pink solta no corpo, anda na calçada com sua irmãzinha que acaba de sair da escola infantil. As duas atravessam a rua em direção a praça e se separam das outras mães e crianças bem no momento que Luís Henrique está dirigindo, ele observa a menininha que solta das mãos da mais velha e corre para brincar, a irmã com um sorriso a segue como se fosse criança. Pode ser um acaso do destino ou uma simples coincidência, mas naquele instante Caroline não parecia ser a mesma, não aquela que o respondeu no consultório, nem a garota retraída do trabalho e nem a filha obediente dentro de casa, ali ela era ela.

Luís dirige até a pousada um pouco mais feliz que o normal, acaso ou não, ele queria ajudá-la de alguma forma, por isso tinha enviado um e-mail profissional pedindo os conselhos do Dr. César Guimarães, médico psiquiatra há mais de 30 anos em relação às ações de sua nova paciente. Esperava que o pai lhe aconselhasse como agir quando estivesse com ela nas consultas.

Às 19h, com as malas arrumadas, vai para o carro e dirige até Vitória da Conquista, onde passaria a noite na casa de sua tia e na manhã de sábado pegaria o primeiro voo para São Paulo. Algo dentro de si florescia sem ele saber.

A vida é cheia de surpresas, recomeços e finais, dramas e amores. Você é o único que escolhe o caminho que quer seguir. Nunca é tarde demais para recomeçar.

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Recomeçar é sempre bom.  

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