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Capítulo 12 - Uma descoberta chocante

Os pássaros cantavam na cidade baiana, tão alegres que faziam a caminhada às 6h da manhã valer a pena para Luís Henrique, que acordava cedo diariamente desde que voltou de Botucatu. Caminhar pela BR030 parecia não ser uma boa opção pela quantidade de carros que passava olhando, porém, para ele era uma nova aventura.

Havia se passado duas semanas que o clínico estava na cidadezinha e o clima ali o agradava, ele tinha planos de conhecer o Parque Nacional, os locais de trilha, pousadas e as cidades vizinhas. Seu humor mudava conforme seus sentimentos de esperança e renovação cresciam dentro de si. A distância fazia muito bem.

De volta a pousada, o médico toma seu banho e desce para o café da manhã. A hospitalidade dali o encantava. Dona Joana o esperava com um cuscuz quentinho, um prato que ele apreciava das duas regiões.

— Reforcei seu café da manhã, creio que vai precisar — a mulher diz com um sorriso entre os lábios pintados de vermelho.

— Desse jeito vou sair daqui como uma bola — sorri. — Estou vendo que apenas as caminhadas não serão suficientes.

— Não é pra tanto. Faço o que faço porque amo cozinhar — confessa colocando o café na xícara de seu cliente. — Tem que iniciar a segunda-feira bem para o restante da semana correr com positividade.

— Minhas manhãs aqui são todas positivas — ele afirma mantendo o sorriso. — Achei que se mudasse para cá me sentiria sozinho e aqui estou, dou risada até para a mosca voando.

Os dois caem na gargalhada que é interrompida quando senhor Geraldo entra apressado, passa pelas mesas dispostas no restaurante e vai em direção à esposa que, pressentindo o pior, pede licença ao médico e vai para um local mais reservado. Luís fica ali pensando no que poderia ser tão ruim que fez o dono perder o brilho em seus olhos logo cedo, e como não podia fazer nada, se perde olhando para a vista a sua frente. O segundo e terceiro andar era os quartos e o térreo composto pela cozinha e o restaurante que lotava nos finais de semana no período da noite. As mesas, todas de madeira envernizada — não de um padrão que se compra em uma loja, mas feitas por um marceneiro experiente — irradiavam beleza com a marca do tronco da árvore em seu centro e coberta por toalhas de plástico transparente, as cadeiras na mesma singularidade. As paredes lisas e brancas que brilhavam com a tinta, os pequenos pássaros desenhados em preto em sua extensão, as molduras de gesso no teto e o lustre que pendia em três lugares diferentes exalavam elegância e charme, fora o piso de porcelanato líquido na cor preta que deixava desenhos entre o chão. Sofisticado e singular como o lugar era.

Terminando seu café da manhã, Luís pega suas coisas e vai para o posto de saúde. Chegar cedo para ele sempre foi um hábito, embora muitos veem como trabalhar antes de iniciar o expediente. Em sua sala, como de costume, ele consulta no sistema seus pacientes daquele dia, tendo ciência quais atenderia em qual período, depois faz algumas anotações em sua agenda para em seguida clicar em um nome em específico.

Duas batidas o faz perder a concentração do que estava lendo.

— Entre.

— Vim entregar dois prontuários — a Enfermeira Wanda fala ao colocar sobre a mesa do médico as pastas.

— Mesmo depois de colocarmos horário de atendimento para cada paciente, eles continuam chegando fora do horário proposto? — pergunta olhando para seu relógio que marcava exatas 8h e 03 min.

— É difícil fazer com que os pacientes entendam que as consultas não são mais por ordem de chegada, e como não sabemos como será o ano que vem.

— Sim — ele responde. — Vamos começar a semana, só que antes me tira uma dúvida. Vi no sistema que uma das pacientes foi internada na maternidade. Sabe como ela está? — A enfermeira pensa um pouco sobre como abordar aquele assunto com o novo médico.

— A filha da senhora Maria chegou aqui com a queixa de dores abdominais e vômito, como na pré-consulta foi constatado que a pressão arterial e os batimentos estavam altos, o médico de plantão a encaminhou direto para a maternidade.

— Isso foi no sábado a noite? — O clínico pergunta visivelmente preocupado com sua paciente.

— Sim, a probrezinha não estava nada bem. Fiquei sabendo que ela desmaiou assim que desceu da ambulância.

— E como está a mãe e a criança agora?

— Não sei. Os funcionários da maternidade não são de compartilhar informações com os postos de saúde da cidade, só se for feito pedidos médicos ou no caso do Dr. Pedroso que vai diretamente lá para visitar as pacientes.

— Entendi. Se souber de alguma coisa, me avise, por favor! — pede pegando o primeiro prontuário em sua mão.

— Pode deixar, doutor. Com licença — diz ao sair da sala.

Luís Henrique tinha muito o que pensar sobre o assunto, assim como ler o que foi compartilhado no sistema médico da maternidade, porém, naquele instante ele tinha dois pacientes para atender e nenhum tempo para fazer ligações.

***

Sentado apreciando seu almoço no restaurante da pousada, o clínico lê o e-mail enviado por seu pai — o responderia à noite quando estivesse por dentro da situação do assunto que desejava abordar. Ao tomar seu suco de laranja natural, o aparelho celular sobre a mesa de madeira vibra e ele olha pelo visor a mensagem que dizia: Como está, velhote?

Sorrindo, ele desbloqueia o celular e responde à mensagem.

Estou almoçando um bife acebolado, arroz

carreteiro, feijão com couve, frango

empanado, brócolis com creme branco,

salada de alface, tomate, farofa e queijo

temperado. Acompanhado com suco

de laranja natural.

Luís Henrique olha para seu prato e dá risada, depois envia a mensagem e tira uma foto só para confirmar o que está almoçando.

Sem graça!

Eu acabei de comer um purê de batata

com arroz branco, feijão, peito de frango

e vinagrete, com um pudim de chocolate

de sobremesa.

A resposta de Amanda logo chega e ele sorri ainda mais, sentia saudades dela.

Eu quero pudim de chocolate.

Ele envia a mensagem recendo outra.

Um dia eu faço para você.

Por um tempo os dois passam ali trocando mensagens, um momento entre pai e filha, médico e paciente, amigos e irmãos. Quando o horário do almoço acaba, o clínico já em sua sala faz uma ligação para obter algumas informações antes de voltar aos atendimentos.

As últimas quatro horas passam no mesmo ritmo, paciente após paciente. Luís se acostumava cada vez mais com o lugar, atendia as pessoas e as fazia se sentir confortável em sua sala, pedia exames e analisava minuciosamente os prontuários. Ele dava o seu melhor como sempre fez em Botucatu.

Após o expediente ele dirige pela cidade como sempre faz, só que dessa vez tendo um destino, o bairro Alto do Cruzeiro.

Estacionando defronte a maternidade, o médico desce do carro vestido com sua rouba branca, seu CRM no bolso da camisa caso precisasse apresentar o cartão. Luís estava claramente preocupado com a paciente e para quem não o conhece estranharia sua ação, mas sabemos bem que ele é assim com todos.

Pisando entre os paralelepípedos, ele olha para a faixa marrom com letras pratas escrito USB Julieta Campos de Sá no parede branca. O muro baixo revestido com ladrilhos claros e as grades em cima da mesma altura que a parte debaixo dão a visão da entrada da maternidade pequena em comparação aos hospitais de Botucatu. O clínico atravessa a rua e passa pelo portão de grade ao lado esquerdo da construção, seguindo para a entrada com um pequeno coberto com três bancos de espera e uma porta de vidro.

— Boa tarde! — diz para a recepcionista assim que entra no local — meu nome é Dr. Luís Henrique Guimarães. Sou médico no posto Gildásio Francisco da Rocha e liguei mais cedo para tratar sobre uma paciente internada aqui.

— Boa tarde, Dr.! Fui eu que atendi a sua ligação — responde à mulher levantando e dando a volta no balcão. — Me acompanhe, vou levá-lo até o médico responsável.

Seguindo pelo corredor com algumas portas fechadas dos dois lados com placas sinalizando a função das salas, eles chegam a uma que a mulher dá dois toques antes de abrir.

— Com licença, Dr.ᵃ Paola, esse é o Dr. Luís Henrique — aponta para o clínico — o médico que eu te falei. — A obstetra negra de 46 anos sorri calorosamente para o médico.

— Entre, Dr. e sente-se. Megg, traga um café para nós.

— Sim, senhora — a mulher de cabelos claros e curtos diz saindo da sala.

— Muito prazer, Dr.ª.

— O prazer é todo meu — ela responde colocando a caneta que segurava sobre a mesa e afastando a cadeirudo do móvel para cruzar as pernas. — O que posso fazer para ajudá-lo, Dr.?

— Tive informação que uma das minhas pacientes que está no começo da gestação acabou sendo internada aqui no final de semana e gostaria de saber como ela está. O nome é Caroline Ferraz da Silva.

— Ah, sim! A paciente Caroline — responde à médica estranhando um pouco a conduta do doutor a sua frente. — Agora ela está bem melhor, deixa eu só abrir o prontuário dela no sistema — assim que digita o nome da jovem, a obstetra olha receosa para o clínico. — O caso dela é um pouco específico e alarmante, você é o médico que está atendendo no posto Gildásio?

— Sim, cheguei a cidade faz três semanas e tive a oportunidade de atendê-la duas vezes — explica. — Essa semana ela tem uma consulta marcada comigo, e como o Dr. Pedroso havia dito que alguns casos precisam de mais atenção que outros, acredito que o dela seja um, já que seu peso é baixo e a gestação parece deixá-la bastante enjoada.

— O peso dela ainda não está sendo um problema, embora se alimente muito pouco. Seria mais fácil se ela comparecesse às consultas na psicologia.

— Tentei conversar com ela sobre isso, e percebi que ela se nega a fazer terapia, embora precise.

A médica passa a mão em seu cabelo curto afro e com luzes, se ajeita na cadeira e digita algo no computador.

— Eu mesma já marquei cinco consultas, três com o psicologo daqui e duas com o do posto do Entroncamento e a paciente não compareceu em nenhuma delas, se você conseguir convencê-la será bom. A Caroline precisa de terapia para aceitar a gestação e quanto antes começar, melhor será e evitará qualquer problema futuro para ela e a criança.

Paola para de falar quando a recepcionista chega com o café para os dois que pegam as xícaras sobre a bandeja. Megg deixa a sala e fecha a porta, voltando a recepção.

— Percebi o quanto ela não aceita a gestação, como é seu comportamento durante a consulta e até na forma de se vestir — Luís diz bebericando o café que para ele não se comparava a bebida quente feita por seu pai.

— A Carol é uma boa menina, um pouco inocente por crescer em uma fazenda e ter contato basicamente só com sua família desde que nasceu, entretanto — a médica para de falar para tomar um gole do café, e acaba preferindo não comentar o que ia dizer. — Ela estudou com minha filha desde o Ensino Fundamental e não foi para uma faculdade porque com a morte do pai, ela acabou assumindo os cuidados da casa e dos irmãos enquanto a mãe trabalha.

— Entendo.

— Antes de levá-lo para visitá-la, quero que saiba que a Caroline foi internada com início de aborto.

Luís havia cogitado aquela hipótese no momento que a Enfermeira Wilma comentou sobre a jovem estar internada na maternidade. Ele estava preparado para essa informação, não para a que viria logo em seguida.

— Aborto provocado por ela. — A notícia foi um choque para Luís, que não sabia o que falar, o fazendo engolir o restante do café que desce queimando pela garganta. — Caroline provavelmente deve ter ingerido algum chá com propriedades abortivas, mas isso vamos descobrir assim que sair o resultado dos exames que fizemos. Por ora, ela está bem e o bebê também, porém essa não é a primeira vez que ela é internada com o mesmo quadro.

— Como assim? — Ele pergunta se inclinando para frente assustado e depositando a xícara vazia na bandeja.

— Logo que ela descobriu a gestação com 10 semanas, ela disse — a médica faz sinal de aspas com os dedos — que estava lavando o banheiro e escorregou. Naquela época ela chegou a torcer o braço direito e a ter uma boa quantidade de sangramento vaginal, tendo que ficar de repouso absoluto por 15 dias que sei que ela não cumpriu como foi aconselhado. Três semanas depois desse ocorrido, ela estava usando produtos fortes de limpeza na casa. Sei disso porque conheço a mãe dela.

Luís Henrique escutava cada palavra como se elas fossem navalhas afiadas sendo jogadas em sua direção, ele não conseguia acreditar que a jovem que tanto ama livros e que sorria alegremente com sua irmã na rua poderia fazer isso com a criança em seu ventre.

— Desde o primeiro ocorrido — a médica continua deixando sua xícara de café na mesa — estamos tentando entrar com a terapia, acompanhamentos rotineiros, exames e até psiquiatria para introduzir algum medicamento que não faça mal ao bebê.

— Eu quero vê-la — o clínico se manifesta sem saber como continuar com a conversa.

A obstetra suspira e levanta da cadeira.

— Sim.

Os dois deixam a sala em silêncio, um silêncio melancólico e triste onde compartilhavam o mesmo sentimento e dúvida, o porquê a paciente carismática internada naquela maternidade estava fazendo aquilo consigo e com a criança gerada em seu ventre. Não há motivos que explique tais ações, não há desculpas que possam ser usadas para fazer alguém entender suas escolhas, apenas arrependimentos e dor.

Algumas pessoas fazem as coisas sem pensar, já outras planejam suas ações e as executam friamente. Seja lá qual delas é a personalidade de Caroline Ferraz, em nenhum momento a Dr.ª Paola mentiu sobre o ocorrido com a paciente.

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Como eu disse, tem muita história para contar 😉

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