Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

08. Odes ao poeta grego, parte 04.

08. Odes ao poeta grego, parte 04. 

"Não me lembro de gostar tanto de drogas antes da fama", dizia Mateo para Rico durante o velório de Bidu. Depois disso, parou por um instante, fumou o que restava de seu cigarro de maconha e continuou com sua explanação: "Será esse o destino final de grande parcela dos jovens rebeldes: morrer com todas as maldições soltas por Pandora em seu corpo?", questionou-se. Após outros minutos de silêncio, voltou para a sala e abraçou Bento e Evandro, pai dos garotos. Enquanto isso, Bidu, sua paixão ardente da adolescência, estava ali no caixão, irreconhecível. A camada de pele estava finíssima e seu peso não chegava a 40 kg. Parecia ter sido embalsamado antes mesmo da morte.

Já eram umas 22h00 quando João Paulo, Kayo e Maria Márcia (e Kayke, na barriga desta) chegaram juntos ao velório. Era 02 de agosto de 1982.

– Parece que foi ontem que estávamos tocando rock e músicas cristãs no "Clube da Igreja". – Observou Kayo. – Agora um de nós partiu para a Pátria Verdadeira. Espero que o próximo demore bastante tempo na Terra ainda.

– Já se passaram nove anos, três discos, milhares de decepções amorosas ... – Completou Matheus. – Falando em amores, vocês viram o Ricardo? Ele estava aqui ainda há pouco...

– Aquele seu namorado que não quer se assumir gay? – Ironizou João Paulo. – Eu o vi indo para o banheiro.

E, assim, Mateo fora encontrar o amado. Porém, não estava preparado para engolir o que veria. O líder da Estereótipo de Gênio sabia que Ricardo temia ser boicotado se o grande público descobrisse o caso dos dois, mas aquilo já era canalhice demais. Rico beijava uma garota aleatória no local indicado por Pablito. A moça, desconsertada, pedira o autógrafo do cantor e este disse, como desculpa, que precisava de uma carona do senhor Ricardo Lemos. Partira, então, para seu apartamento sem responder a nenhuma pergunta de Rico. Seus pensamentos planejavam a vingança contra o chefe de restaurante.

O dia seguinte, melancólico que era para ser, só não superava a intensidade dos dias da gravação do terceiro disco da Estereótipo de Gênio, "Depressões Abertas". Martina se lembrava muito bem que, meses antes do lançamento do álbum, Matheus Pasternak não desejava mais ser Mateo de Ophiuchus, pois a manutenção do personagem que criara já estava lhe custando muito caro. Mas, mesmo assim, seguira adiante e compusera aquelas músicas nada felizes. Pensando na semelhança de sentimentos, combinou com os outros integrantes da banda para que tocassem, após o enterro de Benedito, o maior sucesso de "Depressões".

– Essa é para você, Bidu. "Você é simplesmente tudo, e ao mesmo tempo nada, é o maior tesouro do mundo, mas logo pode ser desgarrada ..." – Martina nem precisava estar na cabeça de Mateo para saber que aquela era "Vida", belíssima música que falava sobre o medo da morte.

Após estas cenas passarem em suas memórias, Martina/Mateo recordou-se dos dias anteriores ao casamento de Kayo e Márcia. Os jornais destacavam a amizade dos "Gênios" e aproveitaram para fazer previsões apocalípticas sobre a aids. O coração de Martina apertou e Mateo, de encontro com a morte, chorou em meio a sorrisos teatrais.

– Estão vendo? Eu não vou morrer exatamente de aids... Vocês terão que inventar outras manchetes para mim. – Dizia o poeta para jornalistas imaginários.

Enfim, o dia 10 de agosto de 1986 chegara, lembrou-se a luso-brasileira. Mateo, de terno preto e gravata rosa, estava preparando a sua vingança. Porém, antes disso, precisava consolar um amigo. Bento sentou-se ao lado de Matheus meia hora antes da chegada da noiva. Olhou para Cíntia, de mãos dadas com João Paulo, soltou uns murmúrios de lamentação, mas não quis falar daquilo com o vocalista da Estereótipo de Gênio. A sua angústia não se resumia a um amor que não deu certo...

– Viu as manchetes desta semana? – Perguntou, retoricamente, o irmão de Bidu. – Ela, a mamãe, certamente leu em algum lugar sobre a morte do Benedito e, mesmo assim, não retornou para chorar na sepultura do filho.

Matheus abraçou-o e teria ficado reflexivo por muito tempo se não se desse conta que Ricardo Lemos tivera a cara de pau de comparecer ao casamento de seus amigos. Repassou, mentalmente, os detalhes de seu plano. Seu próximo espetáculo mudaria, drasticamente, o rumo de sua história. Segurou-se e acompanhou a cerimônia. Riu muito, lembrava-se Martina, ao observar a cara de cada cristão convidado com o discurso de "amor de todas as vidas" dado por Kayo. Depois disso, dirigiu-se ao salão de festa e combinou com João Paulo quais músicas tocariam para os noivos e convidados. Pablito não concordou com a segunda, mas o ariano disse que a cantaria à capela, se fosse necessário.

– Agora, eu vou cantar para meu casal preferido. Esta música foi um sucesso absoluto do nosso primeiro disco... Estamos falando de "Desejos e Utopias". – Anunciou Mateo, dando um sorrisinho para Pablito. Definitivamente ele e Cíntia não eram seu casal preferido. – "Só quero lhe amar, lhe respeitar, te encontrar pelo néctar do teu beijo, com você casar, novos planos formar, eu ser você válido pro mundo inteiro..." – Começou o cantor, pelo refrão, o que não era habitual para aquela música. Boa parte dos convidados fizeram coro com o líder da Estereótipo de Gênio. Os pais de Matheus, por exemplo, soltaram lágrimas discretas. Era inegável que naquelas alturas ambos já sentiam um certo orgulho do filho.

Ao final da primeira música, Pablito ainda segurou fortemente o braço do amigo. O mais belo dos "Gênios" queria fazer o vocalista desistir do barraco do qual seria protagonista. Decidido, Mateo fez um "não" e pegou meia dúzia de rosas amarelas do buquê mais próximo.

– A segunda de hoje é para um de nossos convidados. Sim, você sabe que é para você, meu amor... Ou ficaria melhor te chamar de meu traidor? Vamos lá. Um, dois, três. "A gente tinha dinheiro de sobra, esbanjo e joias a todo momento, mansões, fazendas e apartamentos, estava chegando o tempo de desistirmos de nos amar..." – O cantor parou para respirar. – "É que a gente dava mais valor pros bens materiais do que um pro outro... Mas olha só o que aconteceu, foi-se o dinheiro seu, mas nos temos de novo." Quem sabe você falindo, a gente seja feliz, não é mesmo?  "Foi-se o dinheiro seu, mas nos temos de novo... A gente faliu, mas a gente tá junto, nós vamos nos mandar pra outro mundo, a gente faliu, pra todo Brasil ver, só não perdi meu bem mas precioso que é você".

Após o fim de "A Gente Faliu", Mateo caminhou até Rico e entregou as seis rosas amarelas. Saiu sem dar explicações a ninguém e encheu a cara de vodca pelo resto da noite. Acordou ao meio-dia do dia 11 de agosto com um telefonema de Camilo. As turnês do fim do ano estavam canceladas... A Estereótipo de Gênio deveria arranjar outro empresário até o fim do ano.

– Só não acabo com nosso contrato agora porque ainda tenho um pingo de pena do meu genro e do Kayo. – Avisou o senhor.

No dia 12 de agosto, todos os jornais da região anunciavam, erroneamente, o fim da Estereótipo de Gênio. A Rádio São Carlos reservou um horário especial para discutir a suposta dissolução do que chamavam de "a maior banda de rock do interior de São Paulo" e jogaram a culpa do término no colo de Mateo de Ophiuchus. Sim, se a banda houvesse acabado, Mateo teria sido o responsável, mas não ela não havia acabado ainda. O poeta, arrependido pelo local do vexame e não pelo vexame em si, ligou, assim, para o casal de amigos. Márcia minimizou a situação e disse que estava tudo bem, enquanto Kayo chantageou o colega. "Se Mateo de Ophiuchus não se entender urgentemente com Matheus Pasternak, você terá que se conformar com a carreira de arquiteto", disse.

Kayros tinha razão e foi assim que Matheus contratou um taxista para levá-lo até São Sebastião. Não queria correr o risco de dirigir bêbado e servir de mais manchetes maldosas para os jornais. A viagem de quase seis horas só fora agradável porque o cantor pediu ao motorista para não lhe perguntar nada sobre sua carreira. O senhor, brincalhão, perguntou, assim, se Mateo tinha namorado ou namorada e o rapaz constatou que as vagas em seu coração estavam abertas.

Ao chegar no município litorâneo, alugou de imediato um quarto no Hotel Veleiro. "Quantos dias?", perguntou o gerente. "Tempo indeterminado", respondeu. Havia chegado no domingo 17 de agosto, lembrava-se Martina. Partiu para a Praia da Cruz na segunda, com chapéu e óculos escuros, é claro. Pobre Ophiuchus. Uma multidão o reconheceu e não deixou que ele entrasse na fila da água de coco. Após responder várias vezes que "não, a Estereótipo de Gênio não acabou", Matheus fora pedir, encarecidamente, para que a vendedora lhe desse o primeiro lugar da fila.

– Você tem diabetes ou alguma deficiência que não consigo ver? – Perguntou a mulher. Os olhos verdes daquela moça davam à Martina, que revivia tudo automaticamente, uma paz de espírito indescritível.

– Olha, eu sou vocalista de uma banda conhecida e o pessoal da praia não me deixou entrar no horário em que eu estava disponível. – Respondeu. – Você deve me conhecer ou ... – Completou Matheus, tirando os óculos e o chapéu.

– Não, você não é ninguém do Barão Vermelho ou da Legião Urbana... – Observou a garota. – Não te conheço.

– Mas eu, eu, eu... – Gaguejou o roqueiro.

– Você é como todos os outros e o fim da fila é ali. Regras são regras e elas valem até para o filho do papa. – Reforçou a bela mulher. – Ah, desculpe ... Você está amamentando?

Matheus fora para o lugar designado com fúria em seu coração. Como alguém do estado de São Paulo era incapaz de lhe reconhecer? Não, aquilo só poderia ter sido uma brincadeira de mau gosto... Esperou, pegou seu coco e pagou sem deixar troco. Ainda naquela tarde, às 16h16, uma tempestade se alastrou na Praia da Cruz. Correndo, sem nenhum abrigo, estava a mulher que esnobou de Matheus. "Não, eu não vou deixar ela pegar uma gripe", pensou ao entrar em seu táxi. "Preciso saber o porquê dela ter me humilhado daquele jeito". A moça aceitou a carona a contragosto e se assustou ao ver quem estava ao lado do taxista.

– Olha aí, o suposto cantor famoso. – Desdenhou.

– Sim. Matheus Pasternak Filho, ou melhor, Mateo de Ophiuchus. E você, como se chama?

– Clarisse.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro