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Capítulo 4

Sayid

Os contornos do oásis finalmente surgiam à frente, o que me deixou um pouco mais tranquilo. Já viajávamos por horas a fio, e o corpo começava a reclamar. Embora o silêncio houvesse sido nosso companheiro desde a última parada, minha cabeça fervilhava, revivendo os últimos acontecimentos. Ainda na arena, enquanto eu tentava analisar a forma como Sombra se movimentava, o mais lógico, claro, era que ele observasse e agisse estabelecendo padrões. Um determinado ataque, por lógica, levaria a um revide dentro de um pequeno círculo de probabilidades. Estava convicto disso até o momento em que agi por impulso, quando enxerguei a marca das amazonas, e o peguei desprevenido. Ali, sim, encontrei um padrão... para mim. Contra todas as probabilidades.

Custei a acreditar em minhas próprias ideias: uma mulher que parecia prever o futuro. Em toda minha vida havia ouvido falar de apenas uma pessoa com aquela capacidade e que, após o ataque feroz a Tarith, duvidava muito pudesse ter sobrevivido. Era absurdo, ilógico, eu sabia, mas tinha de tentar e, assim, fui lançando isca após isca para ela, até o golpe que enterraria minha sanidade ou confirmaria minhas suspeitas: joguei a palavra sacerdotisa, sem muitas expectativas. Vi como seu corpo ficou tenso ao ouvir essa menção, mas a resposta que ela me deu era a certeza de que eu precisava. Estava frente a frente com a sacerdotisa de Tarith, Folha de Lotus.

Atlântida acreditava em um mundo onde a lógica e a ciência imperavam, até o surgimento da sacerdotisa. Lembro-me do conselho reunido vezes sem fim para debater como era possível uma mulher prever o futuro e trazer a prosperidade a uma cidade sem importância como Tarith. O veredito era que ela não passava de uma charlatona. Porém, ainda que usasse algum tipo de truque, contra os fatos não se carecia de mais nada: aos poucos, os antigos aliados de Atlântida passaram para o lado de Cimineu, o rei de Tarith. Até mesmo o fornecimento de Atlântida se viu ameaçado ante a preferência de nossos fornecedores pelas terras da sacerdotisa. A ruína era inevitável, não apenas para Tarith.

De tempos em tempos, perguntava à sacerdotisa se estávamos sendo seguidos. Estava intrigado, porém, pelo de fato de que aparentemente ela podia prever o futuro poucos minutos à frente... e só. O que acontecera com seu dom? Seria apenas uma lenda? Qual era o papel da Pedra do Amanhã? Havia inúmeras perguntas sem resposta, mas sabia que não poderia despejar tudo de uma vez ou a afastaria, e, no momento, estava mais preocupado em garantir que ela me acompanhasse até as amazonas do que qualquer outra coisa. Um ano antes, eu jamais poderia imaginar que dependeria de alguém com habilidades que ofendiam a lógica, o bom senso e a razão para atingir meu objetivo.

— Precisamos arrumar comida, bebida e trocar de cavalo — falei enquanto percorríamos a trilha por entre a vegetação verde, obtendo um muxoxo como resposta.

O caminho margeado por palmeiras derramava uma sombra mais do que bem-vinda sobre nós, e não demorou muito para que chegássemos a uma região de mata rasteira, à beira de um lago. Folha de Lotus nem sequer esperou chegarmos mais perto da margem. Desceu imediatamente com um salto e se lançou sobre a água, ora tomando-a, ora jogando-a sobre a nuca e as costas. Parei nosso animal logo ao lado, e ele também se inclinou para tomar água. Eu mesmo me agachei à beira do lago, vendo a sacerdotisa deitando-se na margem, mãos e pernas afastados, desfrutando do frescor que só um bom banho poderia proporcionar. Senti saudades de Atlântida e de suas fontes de água cristalina.

— Como é bom não sentir areia grudando em todos os lugares.

Suspirou, sentando-se e torcendo o lenço que trazia no pescoço. Retirando o turbante, ela o lavou nas águas de cor esmeralda; os cabelos escuros caíam em ondas pelas costas. Sem a sujeira e as marcas de sangue, pude contemplar suas feições, não mais como Sombra, mas como a mulher que era. Agora, não havia mais os traços do rapazote magricela, mas os de uma bela mulher de pele cor de canela com expressivos olhos escuros. Os mesmos olhos grandes de antes em um rosto oval, de lábios extraordinariamente delicados. Ela era diferente de tudo o que eu já tinha visto em Atlântida, onde a grande maioria das mulheres era alta e pálida. Como alguém tão miúdo como a sacerdotisa conseguira sobreviver em condições tão severas era outro enigma. Apenas mais um que a envolvia e aguçava minha curiosidade. Certamente gostaria de registrar todas as minhas impressões e descobertas em meu diário... se eu ainda o tivesse.

— Não vai se banhar?

— Estou bem assim — respondi, permanecendo agachado na margem, próximo a ela, limitando-me a jogar um pouco de água no rosto e na nuca.

A sacerdotisa apenas balançou a cabeça positivamente, olhando para o lago de forma pensativa.

— Deveria aproveitar. Você está precisando de um banho tanto quanto eu. Pelo menos para limpar seu ferimento.

Ela gesticulou para o local da mordida, ainda coberto por sangue seco.

— Já disse. Estou bem assim.

Achei que isso encerraria o assunto, mas, no instante seguinte, senti uma borrifada de água no rosto. Em contato com a pele quente, ela parecia extremamente gelada. Outros se seguiram enquanto eu levantava os braços na tentativa de me defender.

— O que pensa que está fazendo? Pare com isso!

— Pare com isso! — zombou ela, engrossando a voz. — Vocês, atlantes, são insuportavelmente mandões, mal-humorados e acham que são donos de tudo, mas adivinha? Não estamos em Atlântida. Aqui você é só um escravo fujão. Aproveite os poucos momentos de liberdade. A água contém muitas propriedades; uma delas, a de renovar as energias.

Com isso, ela despejou uma mão cheia de água sobre minha cabeça. O líquido escorreu pelo rosto e espinha, deixando-me arrepiado e grato pelo alívio de sentir um pouco da areia impregnada na roupa e na pele ser removida.

Ela acabava de pegar mais um pouco de água com as mãos em concha e se preparava para despejar sobre minha cabeça quando interrompi o gesto, apertando fortemente um dos pulsos enluvados.

— Não tem medo que eu a engane ou a mate?

— Minha intuição me diz que você não faria uma coisa dessas. Ou, em termos "atlantes", se me matar, não chega às amazonas. Parece-me ilógico.

— Posso estar mentindo.

Eu a encarava de perto, os olhos grandes dela presos nos meus.

— Não está.

— Como você pode estar tão certa?

— Primeiro, você é um atlante e sei que se orgulham de nunca mentir. E segundo, você certamente não compreende, mas eu, como uma sacerdotisa ligada à Mãe Terra, possuo um sexto sentido. Raramente me engano.

— Esta pode ser uma das vezes.

Sorri com desprezo e ignorei de forma proposital a primeira sentença. Sentia um prazer estranho ao desafiá-la. Alguém fisicamente tão inferior a mim certamente se amedrontaria, mas não ela. Seu disfarce como homem havia sido eficaz. Enganara quase todo mundo. Mas o que a fizera se vestir assim? Sombra era uma farsa, mas quem era a mulher que teve essa ideia? Folha de Lotus continuava encarando-me.

— Não é. — Ela farejou o ar e, depois, tampou o nariz. — Você está fedendo.

— Como se você cheirasse a flores — protestei, sem obter qualquer resposta.

Então ela se afastou, voltando a se sentar na beira da água, passando o lenço molhado sobre os braços. Sentei-me e retirei o lenço de meu próprio pescoço, fazendo o mesmo que ela, ainda que de forma relutante. Observei-a de soslaio, o fantasma de um sorriso fazendo os meus lábios se curvarem ligeiramente para cima. Intuição! Aquilo era para tolos. Não havia bases científicas que provassem o que ela dizia. Nossos acadêmicos já haviam se debruçado sobre o tema anos antes, sem chegar a qualquer conclusão que corroborasse sua existência. Energias? As únicas que conhecíamos eram a do sol e a do vento. Aquela sensação reconfortante que eu passava a sentir ao torcer o lenço molhado sobre a própria cabeça era bem física, devido ao calor. Nada mais.

Sem que percebesse, acabei desmaiando ali mesmo, perto da margem do lago. Quando acordei, o sol já começava a se pôr e uma brisa fresca, quase fria, começava a soprar. Ao abrir os olhos, deparei-me com uma fogueira, porém, nenhum sinal do cavalo ou da sacerdotisa.

— Que porcaria!

Levantei-me um pouco tonto do sono e comecei a cambalear pela margem, observando as pegadas do cavalo. Em um momento tão importante, como pude ter pego no sono e deixado a sacerdotisa sozinha? Que estupidez! Enraivecido, chutei uma pedra para longe, amaldiçoando-me. Era óbvio que ela fugiria na primeira oportunidade. Eu, sendo passado para trás por alguém como... ela! Todo aquele papo de "energias da água" e intuição só reforçavam como era esperta em manipular as pessoas.

Andava de um lado para o outro na margem, passando as mãos em desespero pelos cabelos quando um movimento sutil na vegetação adiante chamou minha atenção. Da penumbra da floresta de palmeiras, vi a silhueta de um cavalo castanho, bem diferente do escuro de antes. Ele também tinha uns arreios exóticos e se encaminhava lentamente em minha direção. Tão logo deixou a sombra das árvores, eu a vi. Folha de Lotus havia prendido os cabelos em uma trança lateral, quase até a cintura, embora ainda vestisse a túnica larga de antes, porém, bem mais clara. A mesma faixa escura estava atada à cintura, de onde pendia a espada curva que havia roubado na arena. Vendo-a montar o cavalo com elegância e destreza, não tive dúvidas de que ela havia sido uma amazona.

— Que bicho te mordeu? — indagou ela, parando a montaria ao meu lado e analisando-me de alto a baixo antes que um sorriso presunçoso aparecesse. — Achou que eu tinha ido embora, não é?

Com delicadeza, ela esporeou o cavalo, fazendo-o seguir na direção da fogueira, enquanto eu corria ao seu lado, na tentativa de acompanhá-la.

— Onde você estava? Que cavalo é esse?

Ignorei completamente o sorriso divertido que ela me lançava, fechando ainda mais o semblante. Ela estava zombando de mim.

— Enquanto você dormia, fui atrás de algo para comermos e me deparei com uma tribo do povo do deserto a pouca distância daqui. Troquei nosso cavalo e ganhei algumas coisas a mais.

Ela ainda mantinha aquele sorrisinho que me dava vontade de arrancar com a ponta da espada. Estava irritado: comigo e com ela, pelo fato de ter me feito pensar que havia fugido... e também por ter voltado.

— Ganhou? Como se alguém fosse lhe dar algo de graça. O que você fez? — Ela desmontou, retirando um animal morto que vinha amarrado na traseira do cavalo, e se aproximou da fogueira. — O que você fez? — indaguei, suspendendo-a pelo braço e vendo seus olhos brilharem na escuridão que avançava.

— Ganhei de forma justa. No jogo — respondeu a sacerdotisa entredentes. — Satisfeito?

— Uma mulher? No meio de uma tribo do deserto? Não precisa ser muito esperto para saber que eles nunca te deixariam vir embora.

— Não, mas se eles não souberem que sou mulher...

Folha de Lotus me mostrou a faixa do turbante que trazia presa à trança.

— Foi fácil prever as próximas jogadas. Só não quis abusar muito da sorte para não causar confusão.

Onde estava o ganhar de forma justa?

— Não te ocorreu nem por um único momento que se os guardas de Abdul chegarem até aqui, facilmente chegarão até nós?! — Explodi, apontando para as pegadas deixadas pelo animal.

— Mas precisávamos comer! E de um novo cavalo, mais descansado.

Nem sequer ouvia suas justificativas, irritado como estava.

— Estúpida. Você foi estúpida e imprudente — falei com raiva enquanto fuçava dentro do alforje até encontrar um manto que amarrei no arreio traseiro, de forma a apagar os próximos passos do animal.

Num gesto brusco, peguei Flor de Lotus no colo, ignorando seus protestos, e a lancei sobre a sela como se fosse um saco de batatas, montando na sequência.

— Mas... não vejo os homens de Abdul — justificou-se com um muxoxo um tanto incomum, mas ao qual não dei muita importância; estava mais preocupado em apagar nossas pegadas e sair dali o quanto antes.

Não respondi. Estava bastante óbvio que ela podia antecipar minutos à nossa frente, mas a noite seria longa. Não estava disposto a me arriscar com algo que pouco entendia, como aquele dom estranho.

Avançamos para dentro da floresta de palmeiras, até que parei o cavalo em um local mais afastado, protegido por uma pedra grande. Não fiz menção de acender uma nova fogueira, tampouco o fez Folha de Lotus. Não podíamos atrair a atenção de ninguém com o fogo e, assim, novamente rumei para os alforjes para verificar o que mais ela havia trazido. Encontrei alguns pães e tâmaras que compartilhamos em silêncio, sentados ali, encostados à rocha.

Detestava aquele ar zombeteiro, mas descobri que o seu silêncio era ainda mais perturbador. Não suportando mais, limpei a garganta, buscando em minha mente algum assunto que pudesse fazê-la falar.

— Algum sinal dos guardas? — Ela balançou a cabeça negativamente. — Isso é bom. — Silêncio. — Acredito que estamos no caminho de Mênfis. Lá teremos de achar alguma forma de conseguir transporte para o território das amazonas. Barcos egípcios costumam percorrer além do Nilo para fazer comércio com as nações do norte.

A sacerdotisa nada disse nem pareceu prestar atenção ao que eu havia dito. Aquilo me deixou seriamente preocupado com a possibilidade de que ela não quisesse mais seguir comigo. Precisava pensar em algo depressa para ter certeza que ela não me abandonaria.

— Seria ótimo se você estivesse com a Pedra do Amanhã. Assim, poderíamos descobrir exatamente o que fazer para conseguirmos as passagens.

Observei-a com a visão periférica e vi quando sua postura se tornou rígida antes de levar o último naco de pão à boca. Sem dizer uma única palavra, ela se levantou e foi até o cavalo, retirando outro manto com o qual se enrolou. Deitou-se, encolhida, a uma certa distância de onde eu estava.

— Devíamos dormir próximos para nos aquecer durante a noite.

— Prefiro morrer congelada.

— Deixe de ser teimosa. Pode ficar doente.

— Já disse que prefiro morrer congelada.

Ela parecia resoluta, de costas para mim, dando a conversa por encerrada. Após recuperar o manto que havia prendido ao cavalo, enrolei-me nele e encostei-me novamente à pedra.

— Fico de guarda primeiro.

Não recebi resposta. Encarei o céu sem nuvens, perdendo-me em pensamentos de tudo o que acontecera naquele dia. Amanheci um escravo prestes a morrer em uma batalha na arena e, agora, contemplava as estrelas em um oásis no meio do deserto. Contra todas as probabilidades.


Oásis de Siuá (N. A.).

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