Capítulo 51 - Separação!?
A maioria das histórias de amor fala de pessoas que se apaixonam entre si. Mas o que acontece depois? Depois desse segundo em que tudo muda apenas porque o amor é cego e avassalador? O amor faz-nos ser vítimas de nós próprios, dos nossos sentimentos, dos nossos medos. Somos tanto abençoados por ele como amaldiçoados pelo mesmos.
E hoje...algo me diz que ele vai nos esmagar...
Os dias foram passando, e hoje já era quinta feira. Amanhã terminava o prazo para contar ao meu pai, o meu tio já me tinha mandado mensagem a avisar que no Sábado iria ligar ao meu pai a contar-lhe tudo. Eu respondi que lhe iria contar amanhã, uma vez que se fosse para acabar com tudo eu queria aproveitar até ao último minuto com o Diogo.
Estou a chegar a casa depois de ter estado com o Diogo no nosso jardim. Tinha mandado mensagem ao meu pai a avisar que estaria com a Rute. O que eu não sabia é que alguém já sabia de tudo, e já tinha ido a correr falar com o meu pai. Quando entrei, vi o meu pai e o meu avô em pé na sala. Olhei para o meu irmão e para a Lu, que eram os únicos que ali estavam. A Lu estava a chorar, agarrada à avó Candi, fui ter com ela a correr.
- Lu...o que se passou? Aconteceu alguma coisa na escola? Alguém...
- Madalena.- ouço o meu pai chamar-me...- Vamos para o escritório, agora.
- Mas, pai a Lu está a chorar. O que é que aconteceu com ela? Que quero saber...eu...
- Tu não precisas de saber, tu precisas de ir para o escritório para falarmos seriamente. Agora.
- O avô Carlos também vai?- eles apenas assentam e meio que me vão empurrando para o escritório.- Pai. o que é que aconteceu com a Lu?- pergunto assim que entramos.
- Posso saber onde estavas?- o meu pai pergunta-me sentando-se na cadeira atrás da sua mesa, enquanto o meu avô se sentava num sofá que havia.
- Estive com a Rute, em casa dela. Porquê?
- Com a Rute ou com o irmão dela?
- Bem estive com os dois, eles moram juntos. Então tecnicamente estive com os dois...
- Madalena. Quero a verdade...porque se me mentires...desta vez eu não vou perdooar.
- Estás a duvidar de novo de mim. Eu não estive a fazer nada de mal, fui estudar com a Rute.- tirei o telemóvel do bolso, procurei o numero da Dona Dulce e estiquei o mesmo ao meu pai.- Se quiseres liga à mãe dela, mas se o fizeres quem não te perdoa sou eu.
Eu estava calma, pois na realidade eu e a Rute estivemos a estudar em casa dela. Almoçámos e depois fui ter com o Diogo ao quarto dele. Para todos os efeitos eu estava a estudar no quarto da Rute, e se a mãe aparecesse o combinado era que eu estava na casa de banho. Ela mandava-me uma msg apenas para me avisar que não poderia demorar mais.
- Tudo bem, podes explicar-me o que é isto?- e atira o que me parecem ser fotos para a secretária...- Só quero que me expliques o que é isto?- pego em duas ou três, e não posso crer no que estou a ver: são fotos minhas com o Diogo, tinha alguém a seguir-me...- Estou à espera Madalena?
- Quem é que tirou estas fotos? Quem é que puseste a seguir-me? Não tinhas esse direito, não tinhas?
- Eu não tinha o direito? Tu és minha filha, Madalena. Quem é esse rapaz?
- Quem tirou as fotos?- eu não lhe ia dizer nada sem antes saber quem andou a tirar as fotos.
- Madalena...- eu cruzo os braços, e o meu pai conhecendo-me bem sabe que eu não vou falar.- O Pedro, o teu irmão viu-te no início da semana a beijar um rapaz...começou a seguir-te sempre que conseguiu. Hoje veio falar comigo...
- Tentámos saber da Luísa, se ela sabia quem ele era, se andava lá na escola. Mas ela simplesmente se negou a falar.- diz o avô Carlos.
- Vocês...o que fizeram com ela? A Lu não sabia de nada. Ele não anda lá na escola...ele...
- Ele...Madalena eu estou a ter uma paciência de santo, mas não me testes.
- Eu...eu ia falar contigo hoje, depois do jantar.- abaixo a cabeça, não vale a pena esconder mais, agora é enfrentar o furacão.- Ele não anda na escola...ele é interno no hospital de Coimbra.
- Desculpa, eu não ouvi bem...um interno? Ele tem idade do teu irmão?
- Ele...estánoúltimoanodointernato...- disse tão depressa que tenho a certeza que eles não perceberam.
- MADALENA.- O meu avô gritou, o meu pai estava a tentar ficar calmo, mas o meu avô...estava furioso.
- Ele está no último ano do internato. Ele tem 23 anos, e é o irmão da Rute. E o mais importante eu amo-o, nós estamos a namorar há um ano e meio quase.
- Eu...eu nem sei o que dizer, pensar...- o meu avô senta-se de novo...- Tu lembras-te o que aconteceu em Lisboa Madalena? Tu lembras-te do que te aconteceu quando te envolveste com alguém?
- Sim. Eu sei...eu...não preciso que me lembrem sempre disso cada vez que erro, cada vez que vocês se lembram que fiz algo de errado. Eu errei no passado, errei. Mas vocês querem o quê? Que eu fique solteira para o resto da vida? Que tenha medo dos homens todos? Que vá para um convento?
- Não seria uma má ideia, assim poupávamos muitas discussões destas.- diz o meu pai.
- Vocês nem deram uma chance ao Diogo. Vocês não sabem como ele é bom para mim, vocês não sabem o que ele já fez por mim. Foi ele que me salvou naquela noite em Lisboa, foi ele que me salvou de morrer com hipotermia aqui em Coimbra, foi ele que me salvou de morrer afogada no dia em que eu me lembrei do que o ricardo me fez.
- Nada disse me faz mudar de ideias Madalena. Esse namoro acaba hoje, ele é muito mais velho que tu...são seis anos.
- Cinco anos...e qual é o problema da idade? Porque é que isso tem que ser um problema?
- Eu não quero, nem vou gritar contigo. A partir de hoje só sais da escola quando eu, o teu avô ou o teu irmão te forem buscar. Vens para casa e não sais. A tua vida irá resumir-se a ir de casa para a escola, e da escola para casa.
- Não podes fazer isso. Não podes, por favor...- mas ele mantém-se a olhar para mim com um ar decidido...- Pai, por favor...
- A conversa acabou percebeste? Agora...vou-te deixar ficar com o telemóvel hoje. Mas amanhã de manhã o telemóvel fica comigo, até eu saber que posso confiar em ti de novo.
- Eu...nunca...vou deixar de amar o Diogo. Nunca.- saio do escritório, vou até ao meu irmão que está sentado no sofá, e dou-lhe uma chapada, como ele não estava à espera fica com a minha mão bem marcada na face...- Eu odeio-te Pedro...odeio-te.
Fui para o meu quarto, olhei à volta e num ataque de raiva que acho nunca tive, destruo tudo o que vejo pela frente. Mas as forças parece que me falham e caio no chão, a chorar, a gritar. Sinto-me a sufocar...
Paixão, Amor? Bichinhos que doem. Quando se está apaixonada, quando se sente um amor tão grande que nos sufoca: dói dentro, dói fora. Dói a alma, dói o coração, dói a cabeça, dói na vida. Dói e não é pouco. Eles ferem, exalam sofrimento, exalam tanto alegria como tristeza. Tristeza de não estar perto, tristeza de não poder sentir. Deixam marca, temporária, mas deixam. Dão raiva, dão nervoso, vontade de sumir, de aparecer. Dão vontade de correr atrás, de esquivar, de esconder, dão vontade de chorar. É, dói muito.
Ligo para o Diogo, ainda a chorar, não consigo parar. Dizem que chorar diminui a profundidade da dor. A minha deve ser bem profunda, simplesmente porque eu não consigo parar. Toca, toca...toca. Onde estás Diogo? Atende, por favor atende. Quase que faço uma reza, para ela me atende, mas nada. Decido ligar à Rute.
- Já são saudades minhas?
- Diz-me que estás em casa? Que o Diogo está aí?- eu choro, soluço...
- Mada. O que é que aconteceu? Porque é que estás a chorar?
- Acabou. Acabou tudo...O Diogo...eu preciso do Diogo?
- Eu estou em casa, mas o Diogo saiu. Ele tinha que ir à faculdade, já tentaste falar para o telemóvel dele...
Nisto entra o meu pai no quarto, eu sei que ele vem buscar o telemóvel. Eu só sei chorar...
- O telemóvel...- olhei para ele...- Agora Madalena.
- Por favor, pai. Eu não consegui falar com o Diogo. Dá-me até à noite, por favor...
- Agora Madalena.
- Rute. Diz ao teu irmão que...que eu o amo. Nunca o vou esquecer, nunca. Vemo-nos amanhã na escola.
Desliguei a chamada, sem nem me despedir da Rute. Entrego o telemóvel ao meu pai, e ele entrega-me outro. Não estou a perceber, mas não era para eu ficar sem telemóvel? Por que é que ele me estava a dar outro?
- Este só pode fazer chamadas para os números que eu der autorização.
Eu fiquei chocada, estava mais que controlada, estava limitada, presa. Presa na minha própria vida. Eu quero respirar, eu odeio esta noite. Eu quero acordar, eu odeio este sonho. Eu estou presa dentro de mim e estou morta. Não quero ficar sozinha. Só quero o meu Amor, o meu príncipe, o meu Diogo.
- Posso falar com a Rute? Com a Nono? Com a Magui? Com o Guga? Ou vais me proibir de falar com os meus amigos?
- O número da Nono já está aí. Os restantes, vamos ver se mereces. Ah! E nem vale a pena tentares, ele está bloqueado, apenas eu posso acrescentar os números.
- Pai, tu podes proibir-me de o ver, de falar com ele. Posso até estar "presa" nesta casa, mas o meu coração é livre. E ter um coração livre é a maior e melhor liberdade. Eu nunca vou deixar de o amar, nunca.
Ele simplesmente sai do meu quarto. E agora? O que é que eu faço? Eu sabia, eu sabia que ele nunca iria aceitar, eu sabia que tudo o que se passou vai sempre ser uma sombra na minha vida. Mas eu não vou desistir, eu não vou desistir de ser feliz. E a minha felicidade é o Diogo.
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