Capítulo 50 - Segredo Desvendado!?
- Estás!?- Assinto com a cabeça...- Mas como é que eu sei se...se é mesmo amor?
- Rute, eu não te sei explicar. É diferente para cada um, mas o que te posso dizer é que por vezes basta um sorriso, um bom dia, um pequeno gesto; para tudo aqui...- e aponto para o seu coração...-...fazer sentido.
- Então eu acho que estou perdidamente apaixonada. Eu já não consigo ir dormir sem um boa noite, sinto falta quando ele não me dá os bons dias mesmo que por mensagem.
- Posso saber quem é?
- É...éotomás...- Rute fala tão baixo e tão rápido que mal dá para perceber.
- Rute, eu não sou surda e mesmo assim mal te consegui ouvir...
- Ok, ok...é o Tomás. Pronto contente.
- Não. Podes falar mais alto, continuo sem conseguir ouvir...acho que estou mesmo a ficar surda.
Rute fuzila-me com o olhar, e eu só consigo rir. Ao longo destes três anos eu e ela criámos uma boa amizade, ajudamo-nos nas disciplinas que são mais difíceis para a outra. sim porque foi graças a ela que consegui um 17 a Filosofia. E ela conseguiu um 17 a Matemática e a Biologia, e quem ficou feliz com as notas dela foi a Mara. Sim porque ao contrário do que seria esperado, para o pai a Rute podia mesmo ter um 10 que ele nem se ralava.
O Diogo uma vez disse-me que a Rute veio depois de alguns problemas que a mãe dele teve. Que foi meio que inesperado e ainda por cima veio a menina que todos esperavam, então rute meio que é a princesa de todos, e tudo o que quer ela tem. O que me impressiona é que apesar desse mimo todo ela é muito terra-a-terra.
- Eu não vou repetir Mada...o que é que eu faço? Eu nem sei o que ele sente por mim...
- Rute, lembras-te daquele piquenique há anos atrás, com a família do André.
- Claro o nosso passeio "Como não nos perdermos em Coimbra"...
- Esse mesmo, já aí eu achei que vocês os dois iriam ficar juntos. O Tiago estava sempre a picar-te e o Tomás sempre a proteger-te do irmão. Garanto-te ele gosta de ti.
- Achas mesmo!? Ai Mada, eu nunca senti nada disto...estou meio confusa.
- É eu sei como é. Eu aprendi muito nestes últimos três anos sobre amor Rute. Não existe essa coisa de amor à primeira vista. Existe a pessoa certa, no momento certo e num olhar sabes que é ele.
- E isso não é mesma coisa Madalena?
- Não. Podes apaixonar-te por várias pessoas em segundos, mas essa não ser aquela em quem te vais lançar sem medos, sem receios. Olhar para o outro e sentir que ali está a tua vida, que sem ele ficas sem ar para respirar.
- Madalena, tu estás apaixonada também? Quem é ele? Eu conheço-o?
Fico a pensar no que lhe dizer, será que posso contar sobre mim e o Diogo? Vou ter que falar com o meu pai ainda esta semana, então porque não contar à Rute? Será que ela vai ficar chateada? Afinal ele é irmão dela, e nós escondemos dela...bem escondemos de quase toda a gente...
- Eu...jura que não contas a ninguém?- ela assente, mas quando eu começar a contar toca para entrarmos para as aulas...- Conto-te depois...temos que ir.
As aulas da parte da manhã passam muito devagar, pelo menos para a Rute, que em todos os intervalos tentava que eu lhe dissesse alguma coisa. Contudo a conversa era demasiado comprida para lha contar em 10 minutos. Finalmente chegou a hora de almoço, fomos para o bar, eu mandei mensagem para o meu pai a dizer que tinha um trabalho de grupo para acabar com a Rute que iria almoçar pela escola e depois iria para casa.
- Ok...podes começar.- dia a Rute começando a comer.
- Posso pelo menos comer primeiro? Credo Rute, pareces aquelas velhas coscuvilheiras a querer saber das fofocas todas da vizinhança.
- Vá lá...estive quase 5 horas aqui em pulgas para saber quem é. pelo menos diz-me o nome.
- Só queres o nome? Ok. Diogo.
- Diogo. Gostei tem o nome do meu irmão, então só por aí está aprovado. É da escola? Eu conheço?
- Obrigada pela aprovação. E Não. Sim, muito bem...
- Espera...Não...Não pode ser...Tu e o Diogo? O meu irmão e tu!? Eu estou chocada, estou...eu nem sei.
- Desculpa. Eu sei que deves estar chateada...
- Chateada Madalena, eu estou decepcionada isso sim. Diz-me uma coisa o Guga e a Magui sabiam de tudo não é? Claro eles são os "teus melhores amigos", e aqui a Rute não passa de alguém que te serve porque estás longe deles.
- Rute, não é nada disso. Tu és irmã dele, minha amiga. sim o Guga e a Magui sabem, porque estão longe...porque...
- Porque são "OS TEUS IRMÃOS", eu sei. Esquece Madalena, já deu...vou-me embora.
- RUTE. Tu não vais sair daqui sem eu te contar tudo. Tu quiseste saber então vais ouvir até ao fim.
- Eu não quero saber...não quero ouvir...
- Mas vais ouvir. Eu e o Diogo começámos a namorar naquele dia do piquenique. Sim estamos juntos há três anos. Ninguém soube, pelo menos não achámos que ninguém sabia, mas a tua irmã Mara percebeu.
- Olha que bonito...a Mara também sabia...
- Rute podes parar...sim ela sabia. Mas mais ninguém sabia, nós apenas iríamos contar ao meu pai e aos teus pais depois do Baile de Finalistas. Rute eu tinha 14 anos o teu irmão 20...eu era menor, já pensaste se alguém o denunciasse? Eu não queria isso, mas também não me imaginava sem ele. Por isso decidimos não contar a ninguém.
- Excepto à Mara, ao Guga e à Magui...
- A Mara descobriu, e o Guga e a Magui...eu nunca tive segredos com eles. Percebo que possas ter ciúmes deles, mas Rute, o Guga é como um irmão para mim. Nós crescemos juntos, literalmente desde que estávamos dentro da barriga. Desculpa se te magooei, desculpa...
- Tudo bem. Mas ainda estou chateada...espero que o vosso primeiro filho seja eu a madrinha...porque senão aí é não vos perdoou mesmo.
- Rute. Antes de filhos tenho que passar por esta semana sem perder o teu irmão.
- Como assim? Zangaram-se? Eu posso falar com ele, dar-lhe uns socos...
- Para Rute...não é nada disso. O Diogo foi comigo para Lisboa este fim de semana. E os meus tios acabaram por descobrir o nosso namoro.
- E agora? Eles proibiram-te de estares com o Diogo?
- O meu tio deu-me uma semana para contar ao meu pai. E tu conheces o suficiente do meu pai e do meu avô. Tu conheces a história toda com o Ricardo, eles vão ficar furiosos...
- Achas mesmo que iram separar-vos?
- Sim. O teu irmão acha que não, que o meu pai vai acabar por o aceitar como o meu tio aceitou. Mas o meu pai não é o meu tio, e depois o meu ultimo namoro não acabou da melhor forma...
- Mas o meu irmão não é o bosta do Ricardo...ele já errou uma vez, eu sei. Mas ele pagou pelo erro, o que o outro nunca fez.
- Eu sei disso, tu sabes disso...mas para o meu avô e para o meu pai isso pode não bastar.
- Vamos pensar positivo? Vai tudo correr bem. E agora vais para casa?
- Não vou ter com o teu irmão. Aliás ele já deve estar à minha espera nas traseiras da escola.
- Hmmmm. Então vamos, vou contigo...podemos ir lá para casa. Eu vou para o meu quarto sossegadinha, e vocês podem ir para o quarto dele namorar descansados, quando os meus pais chegarem eu aviso.
- Parece-me uma boa ideia...
Caminhamos para onde o Diogo estava à minha espera. Quando ele vê a Rute, olha para mim meio que assustado, porém nem tempo para dizer alguma coisa. A uma velocidade maior que a luz, a minha amiga vai até ele e bate-lhe com toda a força que tem, o que para ele devem ser apenas umas festas.
- Achas bem namorares a minha melhor e única amiga e não me contares...seu...seu...
- Cuidado com o que dizes...poderá ser usado um dia contra ti.- O Diogo diz agarrando as mãos da Rute sem nem usar muita força.
- Vamos para casa...- o meu príncipe olha para mim, e Rute continua...- O pai e a mãe foram a casa da avó Diana, a Mara está a trabalhar, eu vou estar no meu quarto sossegadinha...ou seja, casa livre para os pombinhos secretos.
- Eu só não vou falar nada porque...
- Porque tu sabes que tens uma irmã mais nova muito inteligente.- diz a louca da minha amiga a rir...- Vamos eu estou cheia de fome...
- Acabaste de comer Rute.- digo estupefacta com o que acabei de ouvir.
- O que queres que te diga...- e encolhe os ombros entrando no carro...- Todo este amor fez-me ter fome. Vou ficar obesa até ao vosso casamento...
- Deixa de dizer tanta asneira Ratinha...- ele fecha a porta, vem até mim e dá-me um beijo...- Oi.
- Oi...precisamos mesmo de começar a ver como vamos falar com o meu pai. Não quero que ele saiba por outros, ele tem que saber por mim.
- Eu sei...vamos lá em casa falamos.
E saímos de carro com uma Rute a falar pelos cotovelos sobre o nosso namoro em segredo. Que parecia a história de Romeu e Julieta, e de Pedro e Inês. Quando lhe contamos que os nossos encontros eram sempre nos Jardins da Quinta das Lágrimas, ela aí é que não parou. E começou a chamar-nos de Pedro e Inês.
Shakespeare disse: as viagens terminam com o encontro dos apaixonados. Não sei se no nosso caso ira terminar tão bem. O amor tem um poder, muitas vezes, esmagador. Num segundo ele alterar e definir nossas vidas. O amor também pode ser cego. E naquele segundo em que nos beijámos nas traseiras da escola, foi o que bastou para que não víssemos nada mais que o amor que sentíamos entre nós. Bastou um segundo para tudo mudar nas nossas vidas.
A maioria das histórias de amor fala de pessoas que se apaixonam entre si. Mas o que acontece depois? Depois desse segundo em que tudo muda apenas porque o amor é cego e avassalador? O amor faz-nos ser vítimas de nós próprios, dos nossos sentimentos, dos nossos medos. Somos tanto abençoados por ele como amaldiçoados pelo mesmos.
E hoje...algo me diz que ele vai nos esmagar...
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