Capítulo 46 - Os Resultados
Se acredito que os meus tios acreditaram na história de ter encontrar o Diogo por acaso? Não, nem um pouco, e tenho a certeza que assim que chegar a casa vou ter a minha Tia à perna. Mas, sinceramente se tiver que contar a verdade conto. Já tanho quase 18 anos (falta-me cerce de 6 meses para ser maior e vacinada como se costuma dizer), então ninguém me pode proibir de ficar com ele. Ninguém me vai separar do Diogo...
- Madalena.- parei assim que ouvi o meu tio chamar-me...- Acho que temos que ter uma conversa?
- Vais contar ao pai?- pergunto a medo...- Por favor tio, não lhe contes nada...por favor...
- Qual é a parte que queres que eu esconda? A parte de teres ido a casa em segredo e teres quase ido parar à esquadra? Ou a parte que andas a namorar às escondidas?
- Eu...eu...- eu sabia que os meus tios não iriam cair na conversa do encontro por acaso...
- Madalena, só quero saber duas coisas: por que é que foste às escondidas? E quanto tempo tem esse namoro?
- Eu tive medo de vos pedir, medo que não me deixassem lá ir.
- Desde quando é que ir à tua casa seria proibido? Madalena aquela casa é vossa, pelo menos até o teu pai decidir o fazer com ela.
- Ele vai vender, eu sei que vai. Ele não quer voltar para Lisboa, diz que tudo o lembra a mãe, e que me quer longe do Ricardo. Mas eu não quero que ele venda, aquela casa é nossa Tio.
- Talvez não devesse, mas, se por acaso o teu pai a venda, tenho intenções de a comprar. A tua Tia convenceu-me a fazê-lo, não para nós, para vocês. Caso queiram voltar para Lisboa.
- Sério, então não vamos perder a nossa casa?
- Não. E agora o tal Diogo, quem é ele? E há quanto tempo...
- Eu e o Diogo é uma história comprida...- começo a contar toda a nossa história, os meus tios ficam assim a saber que ele me "salvou" três vezes. A minha tia chora, o meu tio apenas olha para mim. É óbvio que não digo que começámos a namorar quando eu tinha 14 anos...não quero prejudicar o Diogo, então para todos os efeitos o namoro tem apenas um ano e meio.- Vais contar ao pai?
- Eu devia, mas vou confiar em ti e nele. Se for parecido com o primo, sei que estás em boas mãos.
- Ele é espectacular tio, sempre que preciso ele está lá, é o meu porto seguro cada vez que preciso de fugir de algo.
- Estás apaixonada Nena, vê-se no teu olhar, nas palavras, no sorriso.- a minha Tia abraça-me e consigo sentir o mesmo abraço que a minha mãe me daria.
- Eu amo-o. Sei que pode parecer cedo demais, mas eu e o Diogo somos mais que namorados, nós completamo-nos.
- Madalena, ele não está cá em Lisboa por acaso pois não?- o meu Tio agora está mais sério, e eu sei que se mentir será pior.
- Não. Nós viemos os dois juntos, em Coimbra temos que ter mais cuidado para ninguém descobrir. Para todos os efeitos eu sou menor...
- Não estou a perceber, tu achas que o teu pai iria proibir o namoro?
- Sinceramente sim, ele e o avô.
- Madalena!?
- Começamos a namorar eu tinha 16 anos e o Diogo tinha 22, quase 23. O que acham que o eles iriam fazer. E...
- E...- não sei se devo falar, afinal a história dele.
- E o avô não ia deixar. Era capaz de me mandar para um colégio interno.
- Estás a exagerar, porém quero que contes ao teu pai assim que chegares a Coimbra.- olho para a ele sem saber o que pensar...- Uma semana. Tens uma semana para lhe contares, caso contrário eu conto. E aí sim ele é capaz de ficar furioso.
- Nós estávamos a pensar contar depois do Baile dos Finalistas, mas é só daqui um mês.
- Uma semana Madalena. Agora vai lá arrumar te para irmos jantar a casa da Luísa.
Olho para o meu tio, mas sei que ele está a falar a sério. E agora, o que vamos fazer? A razão de contar depois do Baile é que estaria perto de fazer anos, 18 anos. Ou seja, para todos os efeitos eu era maior. O meu pai podia até proibir, mas como eu era maior o Diogo não teria problemas com a polícia. Uma semana? Eu não posso fazer isso, não posso. Quando entro no quarto da minha prima, as lágrimas já escorrem pela face.
- Ei! Nena, como foi? Os meus pais, já sabem do Diogo, certo?
- Sim. O Tio deu-me uma semana para contar ao meu pai. Nono, eu não posso. Se eu contar neste momento ele vai me proibir de ver o Diogo, ou pode...Eu sou menor, o Diogo pode ter problemas.
- Não acredito que o Tio Pedro faça isso. E depois o Diogo nunca fez nada, quer dizer, ele não fez pois não?
- O Diogo sabe o que me aconteceu, de tudo o que me aconteceu...ele é super cuidadoso comigo. Ás vezes é ele que me tem que parar...
- Nena! Nunca pensei que fosses tão atirada assim Dona Madalena.- e enquanto eu coro, a minha querida prima ri-se de mim...- E agora o que vais fazer?
- Neste momento? Vou tomar banho e vestir-me.- sorrio e caminho para a casa de banho, e neste momento dou graças a Deus que o quarto da minha prima tem uma, porque tudo o que menos queria era sair daquele quarto.
- Ah!!!! Não, nem penses que te vais escapar assim...- e quando vejo tenho a minha prima dentro da casa de banho comigo.
E enquanto eu tomo o meu banho ela senta-se para conversarmos. É bom ter estes momentos com ela, sempre fomos muito unidas a Nono é mais velha que eu, um mês, trinta dias. Crescemos mais como irmãs do que como primas, sempre contamos tudo uma para a outra, fossem problemas ou sonhos. Sabíamos tudo uma da outra.
Quando fomos para Coimbra para além da dor de ter perdido a minha mãe, ficar sem a Nono, custou-me muito. Foi como se deixasse uma parte de mim aqui. Durante estes três anos temos conseguido reduzir esse afastamento, sempre que podemos falamos por vídeo, e ela muitas vezes passa as férias connosco.
- Meninas!? Estão prontas?- a Tia Marta entra no quarto...- Então, estão prontas? Estamos à vossa espera.
- Desculpa mãe, sabes como é quando começamos a falar perdemos a noção do tempo.
- É e o teu pai está a ponto de perder a paciência...- olhamos uma para a outra e rimos...- Vá peguem nos casacos e vamos. Nena o teu pai ligou, ele queria saber da consulta.
- Eu acabei por me esquecer de lhe ligar, ele deve estar furioso.
- Não, ele estava preocupada. Mas eu disse-lhe que íamos jantar a casa da Luísa e que ela lá falaria connosco. Que amanhã tu falarias com ele.
- Ok, vamos. Quero ver o Guga.
- Pronto vou ser trocada. Mãe posso não ir? Essa quando se junta com o Gustavo esquece-se de mim.
- Deixa de ser ciumenta, tu és minha prima/irmã e ele o meu amigo/irmão...amo-vos aos dois da mesma forma e na mesma intensidade.
Abraço-me à Nono, e descemos até à sala. O Tio Luís está a com a Maria ao colo, enquanto vê alguma coisa no seu telemóvel com o Lucas. Todos vestimos os casacos, eu e a Nono ajudamos os mais novos e vamos para os carros, sim vamos nos dividir. Eu, a nono, a Maria e a Laura vamos no carro com a Tia Marta, com o Tio Luís vão os rapazes: o Martim, o Miguel e o Lucas.
Quando chegamos, e olho para a casa da Tia Luísa uma lágrima cai-me dos olhos. Foram tantos os almoços e jantares que aqui fizemos. Começo a lembrar das "guerras" do Tio Vasco com o pai, da cumplicidade que a mãe e a Tia Luísa tinham. Das gargalhadas dos adolescentes, do choro dos mais novos, eram tantas emoções vividas entre quatro paredes.
- Mada...- vejo o Guga vir ter comigo, com um sorriso enorme, e logo atrás uma Magui a saltitar...
- Pronto, agora fui. Gustavo e Margarida juntos, acabei de ficar de fora.- diz a Nono ao meu lado.
- Ciumenta...
- Chata...
Logo os meus "amigos/irmãos" correram para se jogar literalmente para cima de mim. Só não o fizeram, porque o Tio Vasco gritou com o Guga "Luís Gustavo.", ele odeia quando o chamam assim, ele odeia o Luís no nome. Abraçámo-nos os três com calma e logo fomos para o jardim da casa. E claro com a missão de supervisionar os mais novos que brincavam por ali: os meus quatro primos (só a Maria ficou na sala com os meus tios) e os três irmãos do Guga.
O jantar acabou por ser servido no jardim mesmo, o tempo estava bom, e a tarde/noite estava linda. Sempre gostei desta altura do ano, as noites escurecem mais tarde, e sempre dá para jantares e noites agradáveis ao ar livre.
- E então como está a vida por Coimbra? Vais fazer a Universidade lá mesmo?
- A vida vai optima. E sim vou fazer lá, a minha mãe fez lá a Tia Luísa também...
- Sim, mas sempre combinámos que farias cá em Lisboa. Nós os dois...
Eu e o Guga prometemos desde pequenos que sempre faríamos tudo juntos: mesmas escolas, mesmas turmas, mesmo curso.
- Mas ela agora tem o Diogo.- diz a minha prima Nono.
- Fui trocado por outro, não me conformo.- diz um Guga com cara de criança a quem lhe foi tirado o brinquedo preferido.
- Aceita que dói menos, eu já o fiz. Cada vez que vocês chegam eu perco a minha "irmã" para vocês os dois.
- Deixem-se de cenas de ciúmes, credo. Parecem crianças pequenas. Eu sempre sonhei fazer faculdade em Coimbra, simplesmente nunca falei nada.
- Madalena, querida vamos até ao escritório.- e pronto é agora.
O que será que deram os resultados? Se estou com medo? Sim, apavorada. Já li tantas coisas que podem acontece depois de uma violação. Sei que sou nova, afinal tenho só 17 anos, mas eu quero uma família com o Diogo. Quero ter o que os meus pais tiveram. Mas se algo estiver mal, será que tenho o direito de fazer o Diogo passar por isso?
- Entrem. Bem Madalena, as análises estão optimas nesse parâmetro podemos descansar. Em relação aos exames Ginecológicos...
- Viste alguma coisa Luísa? Quando ela teve alta o médico não nos disse nada...ele...
- Calma Marta. O facto do médico naquela altura ter tido que estava tudo bem, não era sinal que não estivesse de facto. Mas como sabes, a Madalena ainda estava em recuperação.- vira-se para mim e coloca-se à minha frente...- Madalena, eu não vou escolher palavras, vou ser o mais sincera e directa possível, tudo bem?
- Sim.- eu respondi, mas toda eu estava a tremer, a Tia Luísa estava com uma cara. Não podia ser coisa boa.
- Então, tu sabes que depois de um estupro a mulher pode ficar com algumas sequelas, quer na vagina, quer no próprio útero.- apenas aceno com a cabeça...- Quando saíste do hospital ainda tinhas alguns ferimentos, então não foi possível perceber se ficarias com algum problema. Como tu não te lembravas de nada, o teu avô nunca me deixou fazer a reavaliação. Quando descobriste, o teu pai também não quis, ele disse que podia ser um gatilho e que poderias ficar ansiosa ou...
- Ter um surto e fugir?
- No fundo o medo dele era esse. O importante é que foste tu a querer fazer esta avaliação que foi até feita um pouco tarde demais.
- Então eu...
- Calma, antes dos resultados, eu quero saber uma coisa, Mada tens namorado?- eu olho para a Tia Marta, e de novo para a Tia Luísa e aceno com a cabeça afirmativamente...- Vocês já fizeram alguma...
- NÃO. O Diogo...sabe de tudo o que aconteceu...- acho que melhor que eu, pensei baixo...- Foi ele que me salvou nessa noite. Na verdade salvou-me várias vezes já. Ele é literalmente o meu Príncipe de cavalo branco.
- Príncipe de cabelo branco!?
- Literalmente. Tia, se fosse por mim já tínhamos avançado, mas ele não quer, diz que não estou preparada...
- Já gostei desse rapaz. Bem então tiraste-me algumas dúvidas que eu ainda tinha. Madalena, tu...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro