Capítulo 34 - Ele Acordou...
- Ó meu amor, agora eu nunca mais te vou deixar ir embora. Eu amo-te Madalena, eu amo-te "Minha Rainha da Noite".
- E eu amo-te a ti meu Príncipe.- e assim acabamos por nos deixar levar, abraçamo-nos como se não houvesse mais nada ao nosso redor, até que ele se afastou.
- Tens que voltar...- eu fiz que não com a cabeça...- Rainha, eles devem estar preocupados. Diz-lhes tudo o que me disseste a mim, conta-lhes o que sentes, os teus medos, tudo.- eu voltei a negar...- Faz isso por mim, por favor.
Acabei por concordar, mas com medo. Muito medo.
Nunca conseguiria negar algo ao Diogo, como é que eu conseguiria alguma vez deixar de concordar ou fazer alguma coisa que ele me pedisse com tanto carinho. Eu faria tudo por ele eu amo demais o "Meu Amor" o "Meu Príncipe".
Ele levou-me até ao portão, e despedimo-nos com um leve beijo, dizendo que nos falaríamos mais tarde. Entrei e parei à porta, conseguia ouvir os gritos do meu avô e o choro da minha avó, arranjei coragem e abri a porta. Todos pararam: uns olharam para mim com raiva, outros com preocupação, outros surpresos. Virei-me de costas para fechar a porta, aqueles olhares estavam a fazer com que as lágrimas mais uma vez caíssem.
- Madalena. O que raio é que tens nessa cabeça? Eu dei-te uma oportunidade, eu tentei fazer o que a tua avó me pediu, mas tu...- e nessa altura eu virei-me cheia de lágrimas, já não conseguia evitar mais, eu já não queria evitar.
- Desculpa. Desculpa...- e deixei-me cair de joelhos no chão, chorei. Chorei muito e alto. Mais parecia um bebé a chorar.
- Madalena. Nena, fala comigo. Desculpa, desculpa o avô.
Sinto o meu avô a abraçar-me e retribuo. O Diogo tem razão eu tenho que tirar tudo o que está cá dentro para fora, preciso que a minha família perceba o que eu estou a sentir. Talvez, talvez só assim eles me percebam.
- Eu tenho medo avô.- começo por dizer...
- Medo. Medo de quê Madalena, já passou, o teu pai vai ficar bem.
- Eu tenho medo que o pai me culpe, como todos vocês o fazem.
- Nena ninguém te culpa minha querida...
- Culpam sim. Podem não dizer, como a Ana, mas eu sinto aqui...- e coloco a mão no meu peito...- que me culpam por tudo.
- Madalena, ouve-me.- agora é a minha tia...- Eu não sei o que a Ana te disse, mas nada do que se passou foi culpa tua. Nós já te dissemos: foram acidentes diferentes. Os teus pais estavam sozinhos no carro.
- E eu não vou aguentar, eu não vou aguentar sentir que ele me odeia por tudo o que se passou. Não do pai...
- Nena, ninguém te culpa de nada. E muito menos o teu pai.- eu olho para ele como se não acreditasse.- Ele pediu para te ver, foste a primeira pessoa pela qual ele chamou, bem depois da tua mãe.
- Ele já sabe da mãe?- as lágrimas continuavam a cair, mas eu estava mais calma.
- Sim querida, ele já sabe. Eu acho que antes de perguntar ele já sentia que a tinha perdido. Depois perguntou por ti.
- Eu não sei se consigo...não sei...
- Vamos fazer uma coisa, vamos todos dormir. Amanhã vemos como te sentes, eu não te vou forçar a nada. Mas, Nena ele é teu pai e vai sempre amar-te...sempre.
Fomos todos deitar-nos, a minha avó esteve comigo até eu conseguir adormecer. Foi difícil pegar no sono, fiquei um bom bocado a pensar se iria ou não ao hospital para o ver. O medo da rejeição ainda estava dentro de mim, contudo, saber que ele me tinha chamado fez-me ter uma réstia de esperança que talvez ele me perdoasse.
E nessa noite sonhei pela primeira vez com a minha mãe, coincidência? Não, eu acredito que aqueles que amamos e que já partiram nos observam lá de cima (seja o lá em cima onde for: no Céu, nas nuvens, no horizonte...) e que nos guardam, protegem e de vez em quando sem quase nos apercebemos nos aparecem.
"Estou a caminhar num espaço verde lindo. Vejo um baloiço e caminho até lá, parece aquele que tínhamos na nossa casa em Lisboa, que o meu pai montou para as meninas. De súbito olho para o lado e vejo-a, é a minha mãe.
- Mãe. Meu Deus mãe, és mesmo tu. Porquê? Porque é que te foste, nós precisamos de ti, eu preciso de ti.
- Shiuuu!! Eu vou estar sempre aqui contigo minha princesa. Posso não estar fisicamente mas sempre que precisares eu vou estar contigo e com os teus irmãos.
- Mãe, eu não sei o que fazer estou com medo. E se o pai me odiar por tudo, eu sei que fiz algo errado, apesar de não me lembrar, mas...
- Madalena, o teu pai não te odeia amor. Tu és e sempre serás a sua Princesa, por muito que aprontes, por muito que erres nós seremos sempre os teus pais e estaremos sempre junto de ti para te corrigir.
- Tu não estás.- e uma lágrima cai-me.
- Eu estou aqui. Pode ser em sonhos mas eu estou aqui contigo.
- Mas eu quero-te ao meu lado mãe. Não em sonhos...
- Eu sei, mas a vida é assim. E a minha hora tinha chegado, não me arrependo de nada, eu fui feliz meu amor. Casei com o amor da minha vida, tive cinco filhos lindos, o que é que eu podia pedir mais.
- Mais tempo? Quem é que vai falar com a Luísa e as mais novas sobre coisas de mulheres, sobre rapazes? Quem é que me vai dar conselhos sobre o que é o amor?
- As tuas irmãs têm-te a ti.
- Mãe, e se...se o pai...
- Nena, o que aconteceu comigo e com o pai foi um acidente, tu não tiveste culpa. Por favor deixa de te martirizar por isso. E eu vou ter uma conversa de pé de orelha com o teu pai, não te preocupes. Vai vê-lo, prometes?
- Por ti eu vou. Por favor não te vás embora. Fica comigo, só mais um bocadinho.
- Não posso Princesa. Mas aquele rapaz...- fico a olhar para ela, e agora será que me vai proibir? Será que...- Ele ainda te vai fazer muito feliz minha querida, mas vão passar também por muitos problemas. Lembra-te sempre que o amor só se descobre uma vez.
- Como assim? Mãe...- mas quando olho já não a vejo."
Abri os olhos, o dia já tinha clareado olho para a cama das meninas e elas já se tinham levantado, deviam estar desejosas por ir ver o pai. Alguém abre a porta e vejo os meus avós, os dois. Sentam-se cada um de um lado da cama. Parece que vou para o tribunal ou qualquer coisa assim, mas eles estão ambos calmos.
- Bom Dia. Então mais calma?- pergunta-me a minha avó dando-me um beijinho e eu aceno com a cabeça que sim.
- Bom Dia Nena, já decidiste se vais...- eu interrompo o meu avô.
- Vou.- ambos olham para mim, como se de repente eu tivesse tido a coisa mais absurda do mundo.- Eu acho que sonhei com a mãe.- continuam a olhar para mim e consigo perceber que a minha avó deixa cair uma lágrima...- Ela pediu-me para ir ver o pai, para falar com ele.
- Fico feliz Nena, e o teu pai vai adorar ver-vos aos cinco.- interrompo de novo o meu avô.
- Eu quero entrar em último, não quero ninguém lá dentro. Vai ser uma conversa apenas entre mim e o pai.
E assim fica combinado, acabo por me levantar e vestir, vou tomar o pequeno-almoço com todos. A Sofia e a Clara não param quietas, nem caladas enquanto que a Luísa está demasiado calada, mas talvez seja apenas ansiedade. O Pedro, bem é impossível perceber o que ele sente, quando ele coloca aquela máscara de insensibilidade nem vale a pena tentar. E assim depois de arrumarmos a cozinha, fomos todos para o hospital.
Se estou com medo? Petrificada. Se estou nervosa? Sim, e muito, mas vou fazê-lo eu prometi à minha mãe apesar de ter sido em sonhos. Eu prometi e vou cumprir.
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