Capítulo 31 - Finalmente Juntos
Já nem evitava que as lágrimas caíssem dos meus olhos, e de repente sinto um abraço. Não é um abraço qualquer, é aquele que nos protege, que nos segura, que nos sustem perante tudo o que possamos atravessar pelo caminho.
Levanto os seus olhos e encontro aqueles olhos lindos que me encantaram desde que os vi pela primeira vez, baixa de novo o seu olhar parece com vergonha, a minha menina timida, quero tanto beja-la, mas não posso, não devo. Puxo o seu queixo, de forma a poder ver os olhos verdes mais lindos desde mundo.
- Nós não devíamos estar a fazer isto, mas tudo o que mais quero é poder sentir o que está dentro do coração.
- E o que é que sentes?
- Uma necessidade enorme de te proteger, de te abraçar, de te beijar e nunca mais largar.
- Então porque não o fazes?- pergunta Madalena com aquela cara de anjo.
- Porque nada disto que sinto está certo...
- Não está certo!? E posso saber por é que não está certo?
- Madalena tu e eu...nós...
- Nós o quê? Diogo eu sou livre, e tu...- apenas aceno com a cabeça confirmando que não tenho ninguém, o que me faz sorrir.- Então qual é o impedimento aqui?
- Madalena, tu tens a idade da Rute...
- Sim tenho, e é por isso que é errado? Por causa da nossa idade? Por que é que isso tem de ser um impedimento?
- Porque eu possa ser preso, porque o teu pai me mata, ou o teu avô. Ou mesmo antes disso o meu pai o faça.
- Podemos manter o nosso amor em segredo, não contamos a ninguém.
- Madalena.- nem acredito que ela me propôs um namoro às escondidas.
- Se mantivermos tudo isto que sentimos apenas entre nós...
- Madalena, eu não te quero magoar. E eu sinto que já sofreste demasiado.
Quando ela se lembrar de tudo, souber quem eu sou, eu vou perde-la. Ela não me vai perdoar por eu saber o que se passou em Lisboa e simplesmente não lhe contar.
Mas todos me dizem o mesmo: ela tem que se lembrar por ela. Por um lado quero estar ao seu lado quando se lembrar ser o seu apoio. Mas por outro lado vê-la sofrer, nao sei se aguento. Odeio ver o meu amor a chorar.
Contar metade da história pode ser também uma má ideia, porque isso pode levar a que ela se lembre de tudo o que aquele animal lhe fez, e não quero vê-la mal por causa dele.
- Porque é que pensas que me podes magoar?
- Porque eu sei que um dia tudo isto pode virar-se contra nós.
- Pois eu não acho, o amor se for verdadeiro nunca pode magoar. Se negares tudo isto que sentimos, aí sim vais estar a magoar-me. Porque eu, mesmo conhecendo-te apenas há umas horas, já gosto muito de ti.
- Bolas Madalena.- afasto-me dela, não posso ceder, não posso mas quero.- Foi apenas um beijo, não dificultes as coisas.
- Não foi apenas um beijo para mim. Mas se é assim que pensas, então talvez tenhas razão e será melhor voltarmos para junto dos teus pais.
Vira costas e caminha em direcção ao local onde almoçámos, dou alguns passos e abraço-a mesmo de costas e aperto-a nos meus braços. Podia ficar assim neste abraço para sempre, simplesmente porque sinto que aqui é o meu lar, aqui neste momento em que estamos ligados nada nos pode alcançar.
- Não foi só um beijo para mim, nunca é só um beijo contigo Rainha...- viro-a e de novo e perco-me naqueles lábios doces e leves, apesar do beijo ser intenso e vigoroso.
E assim vamos nos perdendo neste sentimento que emana dentro de nós. Não há pressa, não há culpa, nem ressentimentos, apenas nos deixamos levar. Estamos numa bolha só nossa, sem possibilidade de ninguém mais entrar.
- Rainha? Porquê Rainha?
- Talvez um dia te conte.- Olho para aqueles olhos e perco-me de novo...- Eu vou dar em doido.
- Que tal endoidecermos os dois juntos? Sozinho é muito triste...- e dá um sorriso meio torto.
- Madalena, eu não acredito que ainda estás a brincar com toda esta situação. Isto é grave, se formos para a frente com isto temos que ter muito cuidado.
- Eu não estou a brincar. Eu sei o que sinto, apenas estou a tentar amenizar o ambiente. Diogo, eu sou assim, quando estou nervosa, triste, angustiada ou mesmo feliz eu brinco.
- Madalena, eu não consigo brincar com isto.- afasto-me um pouco dela e viro-me para o lago onde estamos...- Eu posso ir preso, e desta vez não vou apenas para o reformatório.
- Tu estiveste num reformatório? Diogo, o que...
- Não fiz nada. Só estava no lugar errado, na hora errada.- ela fica a olhar para mim, e sei que quer saber.- Fui a uma festa com o André, mas o que eu não sabia é que haveria alccol e drogas, e nós éramos menores. Junta as peças...
- Foste apanhado com droga?
- Estava a tentar que o André não acabasse em coma. Ele já tinha misturado álcool com droga, estava completamente chapado. Eu só guardei a droga, para ele não tomar mais...
- E como eras tu que tinhas a droga, acabaste tu por ser acusado.
- Sim. A Tia Teresa estava grávida da Amélia, entrou em trabalho de parto naquele dia só porque viu o André quase sem vida. Eu não podia fazer com que ele fosse parar àquele lugar. Então deixei que me culpassem.
- Isso só me faz admirar-te mais. Desculpa, eu sei que talvez, às vezes, sou meio confusa de entender, que parece que brinco com coisas sérias.
- Já tinha percebido...
- Diogo, neste momento a única certeza que tenho é que não quero ficar sem isto que estamos a sentir, seja isto o que for. Não sei se é atracção, se é paixão ou se o que sentimos é algo mais profundo...
- Amor.- digo interrompendo-a, porque para mim já está tão nítido que o que sinto é amor.
- Talvez. Eu nunca senti isto que estou a sentir. Namorei durante dois anos...- quando a ouço falar desse namoro, dá-me vontade de ir a Lisboa e partir os ossos todos daquele animal. Pensar que ela pode a qualquer momento lembrar-se do que aconteceu naquele dia...-...mas nunca em dois anos eu senti o que sinto neste momento.
- Graças a Deus...- digo baixo, mas percebo que falei mais alto do que queria, Madalena olha para mim com um ar desconfiado, mas resolve ignorar o meu comentário o que agradeço.
- Sei que vai ser difícil, muito difícil mesmo. Vamos ter que nos ver às escondidas, e até com tempo contado para que ninguém desconfie. Vamos ter que alimentar o nosso amor longe um do outro. Mas Diogo, eu sinto aqui...- e aponta para o seu coração...- que tudo isto é verdadeiro, é real e eu quero vivê-lo. Por favor vive comigo?
- Não seria eu que deveria pedir-te em namoro? Afinal eu é que sou o homem...
- Estamos em pleno século XXI, por isso acostuma-te. Mas não me respondeste à minha pergunta.- ela olha para mim, e eu fico meio perdido.
Será que podemos viver este amor? Eu quero, eu quero muito. Se disesse que não amo esta menina-mulher estaria a mentir. Eu já a amo, desde aquele dia na discoteca. Desde o dia que ela se apresentou como Natália, que se tornou a minha "Rainha da Noite". Eu tentei, eu juro que tentei afastar-me, esquecer que ela existia.
Contudo, de que vale a pena lutar contra o destino? De que vale combater contra o inevitável?
O destino é como se fosse o dealer num jogo de cartas, ele dá as cartas e nós apenas as jogamos. Passamos tanto tempo a tentar construir o nosso futuro, o nosso destino. O que não percebemos é que ele já está traçado. É como lançar uma moeda ao ar e ficar a olhar ela cair sempre com o mesmo lado para cima.
Sei que ela está ansiosa, com medo do que eu possa responder, ela só não sabe que ela já me conquistou há meses atrás. Que o nosso destino está ligado um ao outro, e nada nem ninguém vai conseguir separar-nos.
- Que se lixe, eu vivo contigo esta loucura toda, porque tu és e sempre serás a dona do meu coração, desde que te vi pela primeira vez. Nunca consegui tirar-te da minha cabeça e principalmente do coração.
E entregámo-nos ao que sentíamos, finalmente deixámos todos os nossos medos, todas as nossas dúvidas para trás. Seriamos felizes pelo tempo que fosse, mas iríamos aproveitar todos os dias, horas, minutos, segundos para nos amarmos.
Porque afinal o que é o amor senão o sentimento mais bonito do mundo, que nos leva a proteger a pessoa talvez mais importante da nossa vida.
Amar quer dizer que nos importamos mais com a felicidade da outra pessoa do que com a nossa própria. Não importa o quão dolorosas sejam as escolhas que tivermos que enfrentar.
Amar é doar-nos mutuamente, contudo é preciso doar o direito de receber amor. Amar é fazer todos os dias o dia para declarar o nosso amor.
Esquecer, definitivamente, todas as dúvidas e todos os conflitos, para poder fazer hoje e todos os dias o dia do amor. Amar é olhar para quem amamos e dizer com palavras, com os olhos e com o coração: "Eu te amo".
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