Capítulo 21 - Festa de Pijama
Eu nem acredito que o meu avô me ia deixar ir, a sério eu ainda estava meio que parva. Sei que provavelmente tem a ver com o facto de ter tido boas notas, mas nunca pensei que autorizasse,.
Afinal tudo o que se passou em Lisboa ainda me persegue, apesar de eu não me lembrar de nada, sei que de alguma forma os meus avós, os meus tios e até o Pedro me culpam. Acho que até eu me culpo de certa forma, e nem sei exactamente do que é que me culpo.
O meu telemóvel dá o toque de uma nova mensagem, olho e vejo que é a Margarida no whatsapp, quando estou a preparar-me para abrir a mesma e ler a mensagem da minha BFF, alguém me liga: Rute.
- Oi "fujona", o meu pai está agora mesmo a falar com o teu avô. Eu não te disse que ele te ia deixar vir. Vai ser super fixe a minha mãe já preparou vários jogos e também já escolheu vários filmes para vermos e...
- Ei! Podes respirar por um bocado, se continuares a falar acho que te vai dar um treco...- e sorriu com toda a empolgação da minha mais nova amiga.
- Desculpa mas é que estou tão feliz, a sério. Tu és tipo a primeira amiga que trago cá a casa e tipo se eu estou feliz, e se eu estou assim nem imaginas a minha mãe.
- Rute! Tu nunca levaste uma amiga para tua casa?
- A verdade é que até hoje nunca tive uma amiga assim como tu. É que, bem digamos que nunca fui muito popular.
- Não precisas de ser popular para teres amigas...
- Diz isso a PirAna da tua prima, ela sempre me vez a vida negra, desde que me lembro. e olha que as lembranças que me vêm são de há quase 14 anos.
- Nada dramática. Estou a arrumar a mochila para ir, o teu pai vem me buscar? Ou será que é o meu avô que me vai levar?
- Não, pelo que estou a perceber da conversa, o meu pai é que te vai buscar. Eu vou tentar ir com ele.
- Ok, vou fazer a mochila. Já continuamos esta conversa, até já.
- Até já. A sério vai ser o melhor fim de semana da minha vida...- desliga o telemóvel que nem me dá tempo de dizer mais nada.
Fico a pensar, Rute disse que nunca levou nenhuma amiga para casa dela, e também não deve ter ido para casa de ninguém. Deve se sentir muito sozinha, eu sempre tive o Guga, e depois a Magui e o Richi. Éramos inseparáveis, e não consigo imaginar a minha infância sem eles.
A Rute não é, nem nunca vai ser a minha Magui. Porque ninguém nunca a poderá substituir, nós somos muito mais que amigas, somos irmãs mesmo. Sabemos tudo uma da outra ou quase tudo, porque existe algo que nem eu nem ela sabemos: o que aconteceu no dia do acidente dos meus pais. Mas que a Rute é uma verdadeira caixinha de surpresas, e meio maluca, isso não posso negar. Com toda a certeza sei que ganhei uma grande Amiga também.
Depois de arrumar a mochila, decido ligar para a Magui. Podia simplesmente responder *A mensagem do Whatsapp mas tenho saudades daquela doida e do Guga, e do Richi. Talvez não devesse, mas o que é que posso fazer estivemos juntos quase dois anos, e sei lá talvez ainda estivéssemos juntos se nada tivesse acontecido.
A minha mãe costumava dizer que não mandamos no coração, e que ele não tem um botão On e Off em relação ao amor.
As coisas não estavam bem entre mim e o Richi. Desde aquela noite que saí com o Guga e com a Magui e encontrei aquele rapaz que tudo ficou meio estranho. Conheci-o durante as férias de Verão desde ano, Quando o Ricardo descobriu ficou zangado, muito zangado e até lhe dou alguma razão pois se a situação fosse ao contrário também tinha ficado zangada.
Contudo, a verdade é que não passou de uma troca inofensiva de mensagens, e de alguns beijinhos na bochecha. Tudo bem confesso houve uns beijos mais quentes e umas mensagens um pouco mais atrevidas.
Mas nunca iria passar de uma aventura, de uma brincadeira, ou será que não? O importante é que nunca se passou mais nada. E houve um dia em que o dito rapaz mistério simplesmente deixou de me responder e nunca mais o vi.
Bem, hora de deixar de pensar nele e ligar à Magui, e como sempre ao primeiro toque ela atende.
- Oi, finalmente pensei que me tivesses esquecido de vez. Nem me respondes no Whatsapp?
- Desculpa estava a falar com a doida da Rute, ela ligou mesmo na hora que me enviaste a mensagem e...
- Espera tu estás aí há três meses e já me substituístes? Não posso acreditar.
- É impossível substituir-te. A Rute...espera tu estás com ciúmes Margarida? Não acredito! A grande Magui com ciúmes.
- Não, não estou com ciúmes. Mas tudo bem já percebi não queres mais saber de mim, a tua BFF desde sempre.
- Magui podes parar, a sério deixa de ser dramática. Porque é que me ligaste?
- Para saber de ti? E...porque...porque estou mal. - e começa a chorar, e eu conheço-a desde sempre, e aquele choro era real, algo se passava, e era sério.
- Margarida? O que é que se passa? O que é que aconteceu?
- Eu e o Guga nós zangamo-nos. Ele está no hospital ,teve um acidente na porcaria daquela mota.
- Como assim está no hospital? Mas ele está bem? Magui, não me escondas nada, foi grave?
- Ele está bem, tem uma perna e umas costelas partidas...mas...
- Mas? Por quê esse drama todo? Pensei que fosse algo muito mais grave.- dei um suspiro e sentei-me na cama...- Bolas Magui que susto, podias ser menos dramática a dizer as coisas.
- Mas é grave! Ele não fala comigo. Fui ao hospital para o ver assim que soube, e o idiota do teu amigo pediu à mãe para me dizer que não me queria ver mais.
- Meu amigo? Pensei que era teu namorado também. Conta-me lá o filme todo, por quê é que vocês se zangaram afinal?
- Foi uma estupidez, um mal entendido. Ele viu o Richi agarrado a mim durante a aula de Educação Física, mas foi...
- O Richi agarrou-te? - e não sei porquê mas o meu corpo arrepiou-se, um calafrio percorreu-me da cabeça até aos pés...- Mas ele não estava com a Erica?
- Sim, eles estão juntos, mas não foi nada. Nós estávamos a jogar ao mata e ele começou a agarrar-me e eu estava a tentar libertar-me.
- Ok e depois, tem que haver mais qualquer coisa porque até agora não há razão para o Guga se chatear contigo.
- O Richi de repente começou a fazer-me cócegas, e sabes como eu sou. No meio do ataque de cócegas ele dá-me um beijo no canto da boca. Foi aí que percebi que ele estava a olhar para a porta, e quando olhei vi o Guga a olhar para mim furioso. E o Richi com um olhar de gozo...
- Ele sabia que o Guga se ia passar...- típico do parvo do meu ex-namorado, ele fez de propósito. Eu conheço-o bem e é o género de coisa que ele faz. Mas só não percebo uma coisa, o que é que eles lhe fizeram? Porque para ele ter feito isso foi porque o provocaram.- Magui o que é que se passou? Conheço a peça do meu ex-namorado, alguma vocês aprontaram...
- A culpa foi minha, mas eu não aguentei. Tu sabes como eu fico quando ofendem alguém que amo, e ele começou a falar mal de ti e a dizer umas coisas menos bonitas, eu não aguentei e dei-lhe um pontapé naquele sitio.
- Magui! Eu agradeço o facto de me defenderes, a sério. Mas não o devias ter feito, conheces o Richi, sabes como ele é.
- Sei, mas o Guga também o conhece, alías conhece-o melhor que nós as duas porque era amigo dele muito antes de tu andares com ele. Então devia no minimo dar-me o benifício da dúvida, mas não ela saiu furioso, pegou naquela coisa e...ele podia ter morrido. - Nesta altura a Rute entra no quarto com a Lu, e eu percebo logo que iriam ficar amigas, têm as duas o mesmo espírito aventureiro e comediante.
- Tudo bem, ouve Magui, eu agora tenho que ir. Mas eu prometo-te que vou falar com o Guga. Vou tentar abrir-lhe os olhos, ele sabe bem o amigo que tem. Se bem que antes vou-lhe furar os tímpanos de tanto gritar com ele, ele sabe bem que odeio que ele ande naquela coisa, e ainda mais furioso.
- Prometes? A sério? Obrigado Mada, eu sabia que podia contar contigo.
- Sempre, vou estar aqui para vocês. Assim que falar com ele digo-te alguma coisa. Beijos.
Assim que desligo vejo uma Rute e uma Lu numa galhofa pegada, estas duas juntas iam ser o fim de qualquer professor e foi quando me lembrei de todos os momento com a Magui e com o Guga, e por vezes até com o Richi. Nós éramos horríveis, fazíamos com cada uma e bateu uma saudade daqueles tempos...o que nós aprontávamos.
Olhei para as duas que riam nem eu sei de quê e peguei no saco com as roupas que tinha separado e na mochila, pois pretendia estudar alguma coisa durante o fim de semana.
- Vocês podem parar. Vamos embora, o teu pai daqui a pouco vai-se embora sem nós.
- Ele não se ia atrever a fazer isso, a minha mãe punha-o na rua e a pão e água.
- Como é que ela o punha a pão e água se ele estava fora de casa?- pergunta a Lu um pouco confusa mas com um sorriso.
- Não sei, mas com a minha mãe tudo é possível.- responde uma Rute a rir à gargalhada.
E assim saímos do quarto e fomos ter com o pai dela que falava com os meus avós. Depois de todas as recomendações, obrigações e proibições lá fomos para casa da minha nova Amiga.
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