Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 16 - Avô Carlos

O meu nome é Carlos Fernandes, sou advogado de profissão. Reformei-me há cerca de dois anos. Sou casado com a Cândida há quase 50 anos. Uma vida. Nascido e criado em Coimbra, cidade do conhecimento, dos estudantes, das tradições e dos amores.

Temos dois filhos: a Cátia e o Pedro. A minha princesa manteve-se sempre perto, estudou arquitetura e fez a sua vida por aqui. Casou e deu-me três netos (Afonso, Ana e Catarina). O meu rapaz no final dos estudos, acabou por voar para longe do seu ninho.

Apaixonou-se por uma rapariga de Lisboa, que veio como bolsista para Coimbra. Maria era uma rapariga bonita e muito educada. Apesar de eu achar cedo demais, antes de Maria voltar para Lisboa, Pedro decidiu pedi-la em casamento. Tive 5 netos do Pedro (Pedro, Madalena, Luísa, Sofia e Clara)

As férias de verão eram sempre uma grande animação juntávamos filhos, netos, compadres, cunhados, sobrinhos. Tínhamos casa cheia, e eu amava ter a família toda junta.

Infelizmente, há dois meses atrás depois de um acidente, Maria faleceu e o meu Pedro ficou em coma. Os médicos dizem que ele está estável, e que depende apenas dele reagir. Pedimos a transferência dele para o hospital de Coimbra, sendo que nos foi autorizada. Não faria sentido ele estar em Lisboa e nós aqui.

Os meus cinco netos vieram para Coimbra, tinham que ficar perto do pai. Para além disso concordámos mesmo que custasse para os pais e irmã de Maria, que a Madalena teria que se afastar de Lisboa depois do que aconteceu.

Cândida não fala comigo, sei que ela está magoada. Fui duro no que disse, fui até cruel. Não me vou esquecer do olhar dela quando ouviu as palavras que me saíram "Se ela não se tivesse saído de casa sem dizer nada a ninguém não se tinha metido em confusões, eles não teriam tido o acidente e estavam aqui connosco: os dois. Ela é que devia ter morrido..."

Madalena sempre foi a minha menina, a minha alegria, a minha companheira e aliada em tantas brincadeiras. Apesar de morarmos longe, quando nos juntávamos a casa vinha abaixo, como dizia a minha Cândida.

Sempre percebi que a Ana sentia ciúmes, mas estava tão pouco com a Madalena que quando nos juntávamos o tempo parecia correr depressa demais, e depois a Ana nunca se interessou por futebol ou cultura, para ela tudo se resumia a roupas e aparelhos electrónicos.

Desde que vieram para Coimbra, eu sentia a Madalena diferente, ela nunca fora uma menina rebelde, nem desobediente. Pelo contrário sempre foi uma menina calma, amável, adorava os pais e tinha uma paixão imensa pelas irmãs.

No dia em que ela desapareceu, depois de gritar com a minha Candi, o Padre Ricardo acalmou-me um pouco, e ao falar com o ele percebi que talvez a minha esposa tivesse razão: se eu continuasse a tratar a Madalena desta forma, como se ela tivesse a culpa de tudo, eu ia perder não só a minha neta, mas a minha família.

Percebi que talvez a culpasse um pouco por tudo o que aconteceu. Se ela não tivesse saído, se ela não namorasse aquele...talvez nada disto tivesse acontecido e a Maria e o Pedro estivesse connosco. Mas como me disse o Padre Ricardo nessa noite: a vida não é feita de "ses".

Dizer que queria que a Madalena deveria ter morrido, foi cruel, foi horrível...nem há palavras para descrever o que saiu da minha boca. Nada que ela tenha feito seria tão grave assim para que eu sequer pensasse numa coisa destas.

Fui ter com a minha esposa, e quando entrei percebi que ela ainda chorava agarrada à Cátia.

- Filha. Podes deixar-me sozinho com a tua mãe, por favor?

- Claro Pai. Nós hoje ficamos por cá de novo, vou buscar os miúdos, mais tarde. Se precisarem de alguma coisa avisa. - dou-lhe um beijo na testa e sento-me ao lado da minha mulher.

- Candi, perdoa-me, por favor. Eu sei que disse coisas que nunca deviam ter saído da minha boca...mas...

- Ela não teve culpa do acidente, nós sabemos o que aconteceu. Nós vimos o Pedro sair daquele hospital desnorteado, com raiva nos olhos. Nós sabemos o que aconteceu com a Madalena, eu rezo todos os dias para que passe o tempo que o médico nos deu e que ela não se lembre de nada.

- Eu sei, eu no fundo sei.- relembro então aquele dia...

"Ninguém sabia o que lhe tinha acontecido naquele dia, apenas nós os avós, tios e os pais, para todos as outras pessoas ela tinha sido assaltada e acabou num semi coma no hospital. A polícia informou-nos que ela tinha sido espancada à porta de uma discoteca pelo suposto namorado, e que este a tinha violado. Sim aquele filho de uma...violou a minha neta.

A polícia já tinha os dados do tal miúdo e já tinha ido até casa do mesmo. Infelizmente o dito não estava em casa, ou pelo menos foi o que os pais lhes disseram. Para além de terem dito que o filho nunca fariam nada do que o acusavam, e que apenas iriam falar com o mesmo com provas válidas.

Quando o meu filho ficou a saber o que esse tal de "Richi" tinha feito, e que os pais ainda o estavam a proteger, saiu furioso do hospital. A Maria ainda tentou impedir que ele fosse atrás do miúdo, ela sabia que nervoso como ele estava ainda faria alguma asneira. Mas ele não a ouviu, e para que ele não fosse sozinho foram os dois, porque a minha nora nunca o deixaria sozinho.

Passado algumas horas, estávamos nós já com os meus outros netos recebemos um telefonema da Marta, irmã da Maria, a informar-nos do acidente dos dois. Ela chorava e quase nem consegui perceber o que ela dizia. Foi o Luís, o marido, que acabou por nos contar que eles tinham tido um acidente de carro: a Maria estava muito mal, e o meu filho também. Estavam a caminho do hospital, o mesmo onde estava a Madalena."

Eu sei que no fundo, o acidente dos dois não foi culpa da Madalena. Mas, cada vez que eu olho para ela lembro-me que se ela não tivesse saído nada daquilo tinha acontecido. Mas a verdade é que todos nós um dia já saímos de casa às escondidas para ir namorar, ou apenas para uma saída entre amigos. E usar os amigos para ludibriar os pais era tão normal na nossa adolescência.

- Eu nunca devia tê-lo deixado sair daquela forma...eu devia tê-lo impedido...eu...

- Se nem a Maria o conseguiu convencer. O nosso filho é igual a ti, cabeça dura.- Cândida fez-me um carinho cheio de ternura e amor.

- Se acontecer alguma coisa à Madalena eu não me perdoou, a culpa é minha. Tenho sido tão frio com ela, tão...

- Carlos, a Madalena está a sofrer muito. Ela não se lembra de nada do que lhe aconteceu. Acordou e viu-se num hospital, para logo depois saber que a mãe morreu e o pai está em coma. Achas que ela já não carrega a culpa de tudo, mesmo não se lembrando de nada?

Olho para Candi, será que a minha neta se culpa por algo que realmente não tem. Nunca me coloquei no lugar dela, apenas consegui ver a minha dor. Talvez a minha esposa tenha razão, talvez ela seja a que sofre mais de todos nós. Porque não sabe o que aconteceu, ela não se lembra de nada, e os médicos pediram-nos para não lhe contar nada. Que nestes casos de perda de memória, o melhor é o doente lembrar-se no seu tempo.

- Será?- pergunto para mim, mas falando alto.

- Carlos, a nossa neta é esperta ela sabe que nós lhe escondemos alguma coisa. E o pior é que para além da dor e da culpa que sente, ela acha que nós a culpamos.

- Mas, eu nunca disse que a a culpa era dela.- e fico a pensar, posso não ter tido por palavras, porém por vezes um gesto pode fazer isso muito melhor que uma palavra...

"Quando a Madalena teve alta, eu fiz questão de trazer os meus netos para Coimbra. Seria uma forma de garantir que a Madalena não ficasse perto daquele rapaz. Se bem que ela não se lembrava do que tinha acontecido naquele dia e noite, eu não a queria perto daquele miúdo.

Falei com os pais de Maria, e se bem que para eles fosse difícil, perceberam qual o meu propósito. Já Marta foi mais difícil, ela e Maria eram muito chegadas e ela tinha uma ligação especial com a Madalena. Porém, depois de a fazer ver que seria melhor até para a Madalena nunca se lembrar do que lhe tinha acontecido, ela concordou.

Assim vieram os meus cinco netos para a minha casa, no início foi complicado: a Clara só chamava pela mãe e apenas a Madalena a conseguia acalmar; a Sofia não falava com ninguém e a Luísa tinha perdido aquele sorriso único que ela sempre tinha na sua face tão parecida com a do pai.

E o Pedro, bem ele tentava manter-se firme, e ser o homem da casa, mas eu sabia que aquilo era apenas uma máscara, ele era igual ao pai e a mim: ninguém nos conseguia decifrar quando colocávamos a nossa máscara de imparcialidade. Apenas as mulheres das nossas vidas o conseguiam fazer: a minha esposa e a minha nora."

- Talvez eu a tenha culpado sim, pelo menos inconscientemente. Mas, aqui dentro...- e aponto para o meu coração...- eu sei que ela não tem culpa. Mas é tão difícil suportar a dor sem conseguir culpar alguém. Perdoa-me por favor.

- Tens é que conversar com a Madalena, tens que lhe pedir perdão a ela Carlos.

- Eu falo...- olho para a minha esposa...- Estou com medo Cândida, e se ela não voltar, se lhe aconteceu alguma coisa...eu...

Abraço a minha esposa chorando como ainda não chorei desde que tudo aconteceu. Tenho me mantido forte por tanto tempo pela minha família que me esqueci de fazer a minha dor sair, aos poucos fui cedendo ao cansaço.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro