Capítulo 15 - "Romeu e Julieta"
"Naquela mesma noite meti conversa com ela, disse que se chamava Natália e tinha 18 anos. Falamos durante um tempo mas logo voltou para os amigos e assim que lá chegou ouvi um verdadeiro coro de gargalhadas."
- Então conheceste-a em Lisboa?- assenti...- Mas ela mentiu-te? Diogo tu envolveste-te com ela?
- Não. Não da forma como estás a pensar. Posso continuar?- assim continuei a contar a minha história com a "Rainha da Noite/"Minha Anja".
"Saímos umas outras vezes, ás vezes com as duas "crianças" outras só nós os três. E se bem que estava sempre com alguma esperança de a encontrar nem sempre isso acontecia. Mas uma noite tive a sorte do meu lado, e quando entramos na discoteca lá estava ela no meio da pista a dançar como se não houvesse amanhã, aquela miúda era verdadeiramente um ser do outro mundo.
De repente ela e mais dois outros miúdos, um rapaz e uma rapariga, vieram ter com o meu primo e perguntaram pela Gabi. Fiquei algo surpreso como é que eles a conheciam, eles eram com certeza mais velhos que a minha prima. Ouço o meu primo dizer que ela não tinha vindo e afastamo-nos deles indo para o bar para pedir as nossas bebidas, apesar de ter ficado curioso não perguntei nada. Eles os três continuaram na pista de dança muito animados.
Passado algum tempo o meu primo e o meu irmão, foram para a pista dançar. Como não estava com muita vontade de abanar o capacete, como dizem os mais novos, deixei-me ficar junto ao bar olhando para aquela "criatura" que me fascinava, até que ela se aproximou de mim.
"- Oi, és amigo dele?" Disse ela apontando para o meu primo.
"- Sou, e tu, também és amiga dele?" Não sei porque não lhe disse que era meu primo, mas este mistério todo estava a ser fascinante e excitante.
"- Podes dizer que o conheço por aí. E então vais ficar aí ou queres ir dançar um pouco?"
"- Isso é um convite ou uma provocação?"
"- O que achas? Mas se não aceitas, tudo bem, há muito homem por aqui que não vai dispensar isto...- e dá uma volta sobre si fazendo um ar de safada.
A forma como ela me convidou foi engraçada e algo "sexy" e acabei por ir. Dançamos imenso , trocamos alguns piropos nada de especial nem romântico. Ela tinha um lado algo sarcástico que eu adorei. Quando se foi embora deu-me um guardanapo, colocou-o no bolso da minha camisa, aproximou-se de mim deu-me um beijo na cara e segredou-me algo como "Não o percas...é algo precioso" .
Na altura não percebi como é que um simples guardanapo podia ser precioso, mas assim que o abri percebi o que é que ela quis dizer: tinha um número de telemóvel escrito. Nessa mesma noite quando chegámos a casa enviei uma mensagem para o número que ela me tinha dado espero sinceramente que seja o dela...
"- Boa noite, Rainha da Noite, espero que este seja o teu número mesmo, e que nenhuma "avozinha" me ligue a dar um sermão. Não seria muito agradável. O teu Precioso D."
Passado algum tempo o telemóvel começa a vibrar, coloquei no vibratório já que eu partilhava o quarto e não queria incomodar ninguém, vejo que é uma mensagem que acaba de entrar e depressa logo a abro.
"- Boa Noite. Rainha da Noite!? Estou mais para princesa, mas gostei da alcunha. Boa Noite para ti também precioso ou será que serás um sapo disfarçado?"
O sarcasmo desta rapariga deixava-me louco, nunca me tinha acontecido escrever mensagens a uma rapariga que mal conhecia às tantas a manhã, este não era eu. Em relação a este tema de raparigas e namoros sou talvez tímido e bastante reservado.
Não sou de namoricos breves, e para namorar tenho que conhecer muito bem a rapariga, acho que por causa deste meu feitio é que só tive uma namorada. Acabo por lhe responder também com algum sarcasmo...
"- Não, não gosto de bichos. Estou mais para um príncipe disfarçado de servente."
"- Um príncipe disfarçado de servente? Não será mais o contrário, um servente disfarçado de príncipe?"
"- Não sei, terás que ser tu a descobrir."
"- Pois acho que a conversa vai ter que acabar por aqui precioso. A Rainha aqui não fala com subalternos."
"- Hum! Uma Rainha Orgulhosa..."
"- Não apenas cautelosa..."
"- Prometo que nunca lhe faria mal..."
Ela não me responde mais, achei que seria o fim. E não sei porquê fiquei com uma sensação de vazio depois desta nossa troca de mensagens. Acabei por adormecer sonhando com ela. Acordei com o vibrar do telemóvel, era cedo umas 08h00 da manhã, a sério quem quer que seja vai ouvir-me, estou de férias, e isso significa acordar o mais tarde possível.
"- Bom Dia Precioso. Então vemo-nos logo à noite? Ou tens que engraxar os botins do rei, ou será do príncipe? Não espera tu és o príncipe. Então deves ter muitos duelos a combater."
A sério esta miúda estava a deixar-me louco, nem sei o que sinto, mas sei que não era normal, o que se estava a passar comigo! Se tinha vontade de sair e ir ter com ela? Tinha. Mas hoje seria o último dia do Miguel em Lisboa e aposto que os meus pais me iriam obrigar a ficar em casa e fazer alguma cena em família (tipo um jogo de Pictonary ou de Cluedo, qualquer coisa desde género, como odiava estes jogos neste momento).
"- Hoje o servente não pode, um príncipe de um reino longínquo vai se amanhã embora. E já sabe o servente tem alguns afazeres."
"- Hum! Acho que a Rainha da Noite vai arranjar outro precioso hoje para dançar. Que pena, perdeste a tua oportunidade. Xau"
"- Como é que o servente pode remediar a situação à Rainha da Noite? Por favor dê-me mais uma chance.- eu decididamente não estava no meu juízo perfeito."
"- Humm! Tentador, a Rainha vai pensar no seu caso e já o informo..."
"- Estarei às suas ordens minha Rainha..."
O dia foi passando e nada de mensagens, nunca me tinha sentido assim: nervoso, ansioso, frustrado, o que esta miúda me estava a fazer, o tempo passava e nada. Já estávamos a jogar um jogo de Party quando ouço o som de uma mensagem a chegar.
"- A Rainha informa que esta noite também não poderá estar presente na sessão de dança, assim marcaremos outra sessão, terá apenas mais uma chance. Saudações."
Está miúda estava realmente a gostar desde jogo de Rainha e Precioso, e o mais estranho é que eu também. Mas pelo menos consegui aproveitar o resto do serão sem ter a sensação de vazio.
Nas semanas seguintes continuamos com a troca de mensagens e sempre que saía com o meu primo conseguíamos falar um pouco, mas apenas quando ela via que o meu primo estava longe e distraído. Ainda não tinha percebido o porquê dessa atitude, parecia que tinha medo."
- Nunca desconfiaste dessa atitude dela?
- Sinceramente achei estranha, mas nunca pensei que fosse algo muito grave. Podia não ir com o Simão, ou simplesmente querer ficar sozinha comigo.
- E o teu primo? Ele nunca te disse nada? Quer dizer se a Madalena era amiga da Gabriela?
- Eu acho que ele no início nem se apercebeu da nossa aproximação, mas quando percebeu ele veio falar comigo.
"Cada vez que nos encontrávamos: falávamos, riamos, dançávamos, e sim trocamos algumas caricias e alguns beijos. Eu estava completamente envolvido por toda esta maluquice. Uns dias antes das férias acabarem o meu primo percebeu que se passava alguma coisa entre nós.
Na mente dele passava-se muito mais do que realmente se passava, sim houve troca de carícias, de beijos alguns mais atrevidos que outros, mas nada mais que isso. Uma noite a caminho de casa revelou-me algo que me fez querer desaparecer, que me fez querer atirar no primeiro poço que encontrasse: afinal a minha Rainha era apenas uma Princesinha e se isso não bastasse era colega da minha prima Gabi.
Nem podia acreditar no que ele me disse, ela tinha a idade da Rute ela era menor. Enganou-me. Como é que eu caí na lábia dela? Entrei em casa e fui-me deitar. Fingi que dormia mas a verdade é que passei a noite toda acordado, desliguei o telemóvel pois ela começou a mandar mensagens e naquele momento tudo o que eu menos queria era falar com ela. Acabei por adormecer.
No dia seguinte tinha a caixa das mensagens cheia, apaguei todas as mensagens dela sem as ler e bloqueei o número. Não queria ter problemas, ela era menor e fosse o que fosse que eu sentia por ela estava determinado a esquecer.
Assim e ao contrário do que normalmente eu sou, saia todas as noites, dançava como um doido, e sim bebi e muito. Bebia para conseguir esquecer e para me libertar, porque era a única coisa que me fazia esquecer dela.
Numa das últimas noites a Gabi e a Rute quiseram sair à noite. Contudo, o meu pai não foi na conversa, o que eu em silêncio agradeci, não queria de forma nenhuma encontrá-la. Tinha a certeza que se a Gabi fosse era provável que ELA lá estivesse.
O meu tio, para meu desespero, acrescentou que a Gabi só iria se eu e o meu primo fôssemos, e claro que tive uma gaiata em cima de mim quase a implorar-me para vir, e o que acham que fiz? Acabei por ceder, contrariando a minha vontade, mas lá fui.
E foi nessa noite que tudo aconteceu. Quando chegámos à porta ela já lá estava, e foi nessa noite que eu conheci o "namorado". Foi também nessa noite que ela percebeu o porquê de eu simplesmente ter deixado de responder.
Quando estava no bar a minha Rainha tentou falar comigo, tentou explicar-se. Uma coisa eu não podia negar ela era esperta e logo entendeu que eu sabia quem ela era, e que ela era menor. Mas também foi nessa noite que eu a beijei pela primeira vez, que a beijei com a certeza que ela seria para sempre a minha "Rainha da Noite", naquele hospital, depois do que aquele animal lhe fez, antes dos pais aparecerem no quarto de hospital...eu beijei-a como nunca antes o tinha feito."
- E foi isto mãe, quando percebi que afinal ela era menor, decidi esquecê-la. Só que acho que não fiz um bom trabalho.
- Achas que se ela não tivesse vindo para Coimbra a terias esquecido?
- Sinceramente, acho que não. Nunca mais consegui olhar para alguém sem pensar nela. É mais forte que eu, que nós. Cada vez que a vejo sinto algo aqui dentro, cada vez que me afasto algo nos junta.
- Como assim Diogo?
- Mãe! Quais são as probabilidades de ela vir para Coimbra morar depois do que aconteceu em Lisboa? De ter sido eu a encontra-la naquele dia? Do caloiro que eu ajudei ser irmão dela?
- Diogo talvez tudo isso seja um sinal. Talvez vocês esteja destinados a estar juntos. Não agora, mas talvez num futuro próximo.
- Mãe não me estás a ajudar. Só me estás a confundir mais...
- A única coisa que eu sei filho, é que tu estás apaixonado, estás a sofrer porque não podes estar com ela. Deixa a poeira passar, quando ela se recuperar falas com ela.
Talvez a minha mãe tenha razão, ela ainda nem sabe que eu vivo em Coimbra. Vou deixá-la recuperar e depois falo com ela. Os meus olhos pareciam que tinham levado um murro, sentia-os inchados e cansados.
A minha mãe não me disse mais nada, deixou-se apenas estar ali a massajar os meus cabelos e eu acabei por adormecer. Sim e a sonhar com ela, afinal nos sonhos tudo é possível e ninguém manda nos sonhos.
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