Capítulo 92: Para Cima.

Nami encarou seus nakamas com preocupação, já faziam alguns dias que eles haviam começado essa jornada e as coisas iam de mal a pior.

Luffy não comia nada a dias, mesmo que ajudasse a pescar e, as vezes, ficasse na cozinha com Trafalgar enquanto as refeições eram preparadas. Por isso Chopper havia desenvolvido um fortificante para que não afetasse tanto a saúde do capitão, porém a doença de Luffy era aparente.

Se a situação do capitão Mugiwara já não fosse complicada, era notável a do imediato.

Zoro não vinha treinando nem dormindo, era notável a bolsa de baixo de seu olho bom e o claro cansaço, sequer buscava suas espadas para as limpar e polir e não parecia ter energia para mais nada além de ficar no ninho do corvo, observando o horizonte.

Ninguém conseguia sequer conversar com eles e isso estava afetando toda a tripulação, Nami sabia que era ela quem devia estar cuidando de tudo, como tripulante mais antiga depois deles, mas ver seus nakamas mal estava mexendo com sua sanidade.

Tudo que queria era que as coisas se resolvesse o quanto antes.

- Como eles estão? - A voz de Pedro a fez se virar soltando um longo suspiro.

- Luffy teve um colapso essa madrugada, Trafalgar o levou para ser tratado no submarino já que Chopper estava em pânico - A alaranjada sentiu os olhos arderem enquanto olhava o horizonte - N-não tem nem um mês que nos unimos e, ainda sim, já estamos como naquele dia...

O mink a encarou antes de soltar um longo suspiro ao se apoiar na batente perto do leme.

- Zou já passou por muita coisa, eu ainda era jovem e, ainda sim, nossos líderes brigavam sempre, como cão e gato, levando a muitas guerras civis e desavenças, até mesmo o elefante ficava incomodado causando grandes dilúvios - Pedro fechou os olhos ao recordar-se daquela época - Eu costumava pensar que em breve tudo iria ruir, mas isso não aconteceu, sabe por que?

Silenciosamente, a navegadora negou fazendo Pedro sorrir.

- Porque confiávamos em nossos líderes, porque sabíamos que, por nós, eles iriam superar tudo e se erguer cada vez mais fortes, porque quando nosso povo precisa eles conseguem ficar acordados ao mesmo tempo e lutar lado a lado, confie um pouco mais neles, as coisas estão difíceis agora, mas quando chegamos no fundo só há uma direção a seguir.

- Pra cima - Nami sussurrou, um sorriso surgindo.

Pedro estava certo, eles passaram por muita coisa nos últimos dois anos, todos eles sofreram sozinhos, porém estavam juntos e juntos permaneceriam. Iriam superar isso também e então tudo ficaria bem!

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Law suspirou ao terminar de checar os sinais vitais e então puxou um banco sentando-se ao lado da cama. Ele já tinha visto Luffy em seu pior estado, completamente colapsado depois de perder os nakamas e enfrentar praticamente sozinho uma guerra para salvar o irmão.

Tinha o visto tentar se matar, se machucar de inúmeras formas e sabia que ele havia literalmente morrido com uma perfuração no pulmão, se tinha alguém que o acompanhou em seus piores dias esse tinha sido Law, porém... aquele não foi o fim.

Da mesma forma que o viu cair no fundo do poço e cavar ainda mais, Law o viu usar as pedras e lama para construir uma escada, o viu fazer amizade com os insetos que habitavam o poço. O viu se erguer lentamente, reconstruir o próprio sorriso e criar esperanças de que dias melhores viriam.

O viu se desenvolver e ficar cada vez mais forte, o viu ser doce e gentil com simples animais, ser uma porta completa em relação a Imperatriz Pirata e seu desejo de tê-lo como irmãozinho, e o ouviu falar sobre cada um de seus nakamas.

Luffy era como luz e todo o mundo era como mariposa que seguia em direção a ele de forma inconsciente e Law foi apenas mais um ao redor de alguém tão caloroso, por tudo isso, o Cirurgião sabia que esse jovem, deitado na maca, com um acesso em seu braço, sobrevivendo de soro e esperanças iria se erguer e lutar pelos seus.

Ele sabia que Luffy iria levantar, com ou sem comida, e lutar por seus nakamas, que seria capaz de fazer o impossível possível para trazer seu nakama de volta e concertar as coisas e, por isso, Law não temia (e talvez isso devesse o preocupar), porque sabia que, no fim, tudo ficaria bem.

Porque Luffy era assim e, pela primeira vez desde que se conheceram, o Trafalgar estava feliz em ele ser assim.

- Acorde logo, Luffy-ya - Sussurrou enquanto segurava a mão do outro capitão - Sua tripulação precisa de você bem para os guiar, então melhore logo, enquanto isso, eu vou cuidar de tudo.

Apesar de inconsciente, Luffy apertou os dedos contra os de Law, seus batimentos serenos começando a aumentar gradativamente no peito do Trafalgar e isso o fez sorrir antes de levantar e sair.

Em breve tudo estaria em seu devido lugar e Big Mom entenderia o porque de precisar temer a pior geração.

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Zoro entornou uma garrafa enquanto olhava o horizonte ignorado completamente a mink sentada do seu lado.

A coelhinha era uma coisa inquieta que parecia não se conter enquanto esperava Zoro a notar para conversarem. Depois da terceira garrafa, Carrot pareceu desistir e, enfim, começou a falar.

- Ele era importante para você - A mink comentou alternando seu olhar entre Zoro e a paisagem - Vocês eram muito amigos?

"Ele é importante pra você?" Outra voz feminina soou em seu ouvido, a voz de Perona "É seu namorado?"

Zoro resmungou antes de voltar a beber, ele havia odiado Perona nos primeiros quinze dias que se conheceram, porém, o tempo isolados naquela ilha, com apenas Mihawk de companhia, fez os dois acabarem próximos.

Depois de quase um ano, Zoro recebeu uma carta de Sanji, o cozinheiro parecia extremamente diferente naquela carta enquanto falava sobre como estava treinando com um revolucionário e já havia dominado o Haki de Observação.

Foi a primeira vez que teve notícias de qualquer um de seus nakamas depois da mensagem de Luffy no jornal e Zoro realmente ficou feliz com isso, lendo e relendo diversas vezes além de escrever de volta.

Perona zombou por dias, dizendo que eram namorado e que Zoro era um idiota por não notar isso.

- Namorados - Murmurou amargo, ignorando completamente que Carrot ainda falava - Aquele desgraçado resolveu casar sem nem me dar a chance...