Capítulo 15 - Xuxinhas
Aviso - neste capítulo pode ocasionar gatilho.
É abordado sobre TEPT (transtorno de estresse pós-traumático).
Arco 2 - A missão e os Irmãos
Hannah
Já faz mais de um mês desde que retornei, segui à risca todo o processo da recuperação, com isso recebi alta e fui liberada para voltar a fazer as missões e continuar meus estudos de medicina.
Hotaru, Allysson e Dustin foram enviados para uma missão, no entanto a mesma demonstrou ser mais complicada do que parecia. Por causa disso, pediram que eu fosse lá e os ajudassem. A missão deles não é a mesma da Camicazi, eles foram enviados para resgatar os animais que foram capturados pelos Caçadores. Há muitos para serem resgatados e poucos Lendários para resgata-los.
Sempre odiei esse sistema, os poderosos no comando visando em como ficar mais poderoso ou qual outro bem pode trazer a eles. Missões como essa não são consideradas tão importantes assim, porque não há nada deles em perigo, por isso apenas escala as pessoas sem dar importância, mas se questionar eles, ficam ofendidos e dizem estar fazendo o possível para ajudar.
Chego para ajudá-los, é uma situação um tanto complicada. Não posso agir na pressa porque corre o risco de algum animal sofrer mais ainda, mas tenho que ser rápida para ajudar meu irmão. Não vai adiantar contar agora a eles que temos que ser rápidos, pode acabar piorando as coisas, é melhor um enlouquecer do que quatro.
Não demora muito tempo para finalizar a missão, eles estavam indo muito bem e mais da metade já tinha sido realizada. Estão um pouco cansados devido ao grande esforço, mas não há tempo para isso. Explico a situação do Thomas e da Camicazi, a gente entrega os animais aos Lendários veterinários e vamos imediatamente para lá.
O local não é tão longe da onde estamos, não passa de um terreno baldio utilizado para troca de animais e Lendários. É repugnante. Devemos chegar lá em meia hora ou um pouco mais.
Durante o percurso o silêncio predomina, não há o que ser falado, não há clima para ficar feliz por ter finalizado a missão.
Quanto mais perto chegamos, mais rápido bate meu coração, mais nervosa e com medo fico. Já faz um tempo que o Banguela não mandou mais nenhum recado.
Terminamos de atravessar as construções inacabadas – todas já empoeiradas – e posso vê-los. Ignoro o que estão falando e foco no Thomas.
Minhas lágrimas já estavam caindo antes mesmo de chegar aqui, posso notar o olhar de todos em mim, mas pouco importa. A pessoa que eu mais queria que estivesse me olhando, está com os olhos fechados e pálida.
Eu o abraço forte, muito forte, como se esse abraço conseguisse trazer ele de volta, mas é impossível.
Escuto passos e a voz do Banguela, ele aparenta estar gritando. Não presto atenção em nada disso, apenas na pessoa em que estou abraçando com todas as minhas forças.
Dói.
Está doendo muito.
Uma dor que não cabe dentro de mim.
- Hannah, temos que ir. Eles só chegaram agora, vão cuidar do resto. – disse Theo ao pousar sua mão em meu ombro.
Olho para trás e vejo outros Lendários, então o maldito reforço chegou agora, depois que toda merda aconteceu.
Eles sempre fazem isso, sempre chegam quando tudo acabou e falam que fizeram muita coisa para ajudar. É por isso que Banguela estava gritando.
Estou com raiva.
Meus poderes são de sangue, eu poderia, facilmente, fazer o sangue deles saírem de seus corpos. Cada gota saindo devagar, uma morte lenta e agonizante.
- VOCÊS TEM A CARA DE PAU DE APARECEREM SÓ AGORA? AGORA, DEPOIS QUE TUDO ACONTECEU! O THOMAS MORREU E A CULPA É DE VOCÊS, VOCÊS SÃO OS ASSASSINOS, PORQUE SE RECUSARAM A VIR ANTES!!
- O que queria que gente fizesse?? Só conseguimos chegar agora, fala que somos os errados, mas onde vocês estavam? Porque não veio até aqui para salva-lo, sou tão assassino quanto você. – disse o infeliz que faz parte da merda do reforço.
Avanço no primeiro nele, seguro-o pela gola de sua camisa e o pressiono contra uma parede próxima. Ele arregala os olhos sem saber ao certo o que fazer.
- NÃO OUSE SE COMPARAR COMIGO, VOCÊS FAZEM PARTE DA EQUIPE DE EMERGÊNCIA! SABE O QUE É ISSO? PARA O QUE SERVE? SERVE PARA EVITAR QUE SITUAÇÕES COMO ESSA ACONTEÇAM! SERVE PARA AJUDAR E EVITAR MAIS MORTES! NÃO VENHA DIZER QUE ESTAVAM EM MISSÃO, VOCÊS SEMPRE TEM QUE ESTAREM LIVRES PARA LIDAR COM SITUAÇÕES COMO ESSA! EU ESTAVA EM MISSÃO, SÓ PODIA SAIR DE LÁ QUANDO ACABASSE E MESMO ASSIM CHEGUEI PRIMEIRO QUE VOCÊS!
É possível notar que sangue está escorrendo de seu nariz e se depender de mim continuará, além de começar a escorrer através de outras partes do corpo.
- Hannah, pare com isso, só irá piorar pra você. Eles são os protegidos e queridos, vão fazer questão de te entregarem. – explica Théo e põe a mão no meu ombro.
Respiro fundo, o solto com relutância e paro o sangramento. Não vai adiantar nada em continuar o ataque, na verdade isso poderia fazer com que eu perdesse a bolsa da faculdade. Théo está ao meu lado, olho para trás e vejo os demais, junto com os Caçadores desacordados.
Banguela se aproxima de mim, nos encaramos por um tempo e depois volta a olhar para os "reforços".
- Ele está morto e vocês são os responsáveis, sempre são os assassinos porque nunca chegam quando pedimos por ajuda! Só se importam consigo mesmos, fingem serem os herói que nunca serão! Não há mais nada para fazerem aqui, tivemos que nos virar quando mais precisamos, vão embora. Diga a todos o quanto tentaram ajudar, mas infelizmente resultou na morte de um Lendário. Não é isso que sempre fazem? – fala o Banguela.
Os Lendários não respondem, não sabem o que responder, porque Banguela tem razão.
Hoje, três de setembro, faz três anos que o Bernardo morreu e agora Thomas se juntou a ele.
Meus pais não eram Lendários, nem sabiam da existência disso. No entanto eu sou e descobrimos por acaso numa consulta, porque o mesmo era Lendário e do mesmo elemento que o meu. Acontece que para ser um Lendário, você só precisa que alguém da sua árvore genealógica seja um. Situações como a minha são raras, mas não impossíveis.
Eu tinha seis anos nessa época, não lembro muito bem como o médico contou e como os meus pais reagiram e tinham decidido fazer, afinal eu era apenas uma criança, tudo era mais interessante do que ficar escutando adultos conversando sobre algo desconhecido.
Depois desse dia as consultas se tornaram algo constante, o médico sempre me examinava, pedia para que eu fizesse algumas atividades, anotava os resultados e conversava com os meus pais. Isso durou dois anos.
Aos oito anos, os Caçadores descobriram sobre mim e invadiram minha casa. Eu acabei despertando porque queria fazer qualquer coisa para proteger meus pais, minha casa e a mim mesmo, cheguei a machuca-los. Usei tanto poder numa intensidade tão grande que a cor do meu cabelo mudou e perdi a consciência logo em seguida. Quando acordei estava dentro de um armário que ficava no porão, meus pais me esconderam lá para que eu sobrevivesse. Fui a única que sobrou da minha família. Os pais do Thomas apareceram, derrotaram os Caçadores e me encontraram.
Um Lendário passou informações minhas para eles, o primeiro suspeito foi o médico, mas não era ele e sim um amigo seu. O amigo dele passou todas as informações e dias após a invasão na minha casa, o médico descobriu e pretendia contar a verdade, mas aí o "amigo" o matou.
Tudo isso só foi possível saber por causa do interrogatório que fizeram com os Caçadores.
Os pais do Thomas optaram por cuidar de mim e iniciei o treinamento.
" – Hannah, você vai adorar a nova casa! Terá um quarto só seu e poderá enfeita-lo do jeito que quiser!
Ela continua segurando minha mão, eu apenas concordo com a cabeça e volto a olhar para o chão.
- Sim, ela tem razão! E os meninos, você vai adorar!
Vejo uma casa muito grande e chique, a minha era bem pequena ao ver essa.
Não estou sorrindo, não estou feliz, não quero conhecer ninguém, não quero nada disso, quero meus pais e minha casa.
Quero muito meus pais.
Eles abrem a porta.
- SEJA BEM VINDA! – dois garotos gritaram e um deles veio na minha direção para abraçar.
Estou muito assustada com isso, não sei se estou segura. Meus pais sempre falaram para não andar com estranhos, para não conversar com desconhecidos. Tento segurar o choro.
- Thomas cuidado, pode acabar assustando ela. Hannah, está tudo bem, veja aqui é a sala.
Olho para a frente, há dois sofás marrons no meio da sala virados para o lado esquerdo ficando de frente para uma estante com tv. No lado direito, há um corredor e uma escada. Atrás da sala, há uma mesa grande e depois uma cozinha.
Nada se parece com a minha casa, nem a cor das paredes – aqui é vermelho claro, em casa era azul.
Em cima da mesa grande há um bolo e algumas bandeirinhas estão penduradas no teto. Eles me guiam até lá.
- Hannah, esse é o Thomas – disse apontando para o garoto menor. – e esse é o Bernardo. – apontou para o garoto maior.
- Na escola, você terá o Bernardo na sua sala, afinal ele tem a mesma idade que a sua. Já o Thomas é dois anos mais novo, mas estará lá também.
- Não importe o que aconteça, você pode pedir ajuda para o Bernardo, ele irá te ajudar na hora. – disse o pai deles.
- Agora vamos comemorar a sua chegada! – disse a mãe deles.
- EBA! – falou o garoto mais novo e começou a bater palmas.
Sentamos à mesa e eles voltam a falar de novo.
Um tempo se passa e eles continuam falando, apenas fico escutando e tentando não chorar.
- Hannah, querida, você tem que comer, nem que seja um pouco. Está muito gostoso, essas comidas não são as suas preferidas? Pelo menos, foi o que tinha me falado quando perguntei, você tinha dito que adorava.
Mas não são mais desde que aconteceu tudo aquilo, desde que perdi meus pais.
- Ela é muda?
- Thomas! – respondeu a mãe, o pai e o irmão dele.
- Hannah não é muda, é apenas muita coisa acontecendo de uma vez só.
...
- Quer ir para o seu quarto? – perguntou o pai deles.
Concordo com a cabeça.
Levantamos da cadeira, andamos até às escadas e subimos. O corredor de cima dá para três quartos e dois banheiros. Meu quarto é o que fica no lado esquerdo, vamos até ele e a porta é aberta. É grande. Tem uma janela em cima da cama.
Há uma cama branca, uma mesinha branca do lado dela, um guarda roupa branca com detalhes em rosa claro, uma cômoda branca com detalhes em rosa claro e uma escrivaninha rosa claro.
Tudo é rosa e essa não é a cor que mais gosto.
- Pensamos em deixar você decorar do jeito que quiser, inclusive se quiser mudar a cor das paredes! – disse a mãe deles.
- Todas as suas coisas já estão aqui, falta só as arrumar. Vamos fazer isso juntos! Mas primeiro descanse bastante, hoje foi um dia bem agitado. Amanhã pensamos em como arrumar tudo.
Eles me acompanham até a cama, sento nela e os encaro.
- Ah é! Já estava esquecendo, aqui pra você! – Thomas falando estende a mão.
Um conjunto de xuxinhas pretas.
- Thomas, foi pra isso que pediu dinheiro? Pra comprar xuxinhas pra ela? – falou o pai surpreso.
- A culpa é do Bernardo! Ele pegou o mais legal! – ele diz enquanto cruza os braços.
- Ninguém mandou ser lerdo. – disse Bernardo.
Pego as xuxinhas.
- Obrigada.
- Ooh, ela fala mesmo!
- Sim. – respondo.
- Não ligue pra ele. – responde Bernardo.
- Hm. – respondo.
- Boa noite. Se precisar de algo, nos chame, está bem?
- Sim...boa noite.
Eles saem e fecham a porta.
Olho ao meu redor encarando o quarto, meu dragão não está aqui, deve estar nas minhas coisas e elas estão no canto da parede que fica a porta. Saio da cama e vou até lá.
Demoro um pouco para achar, mas assim que o encontro, pego imediatamente. Volto para a cama.
É um bichinho de pelúcia, um dragão preto com alguns detalhes em roxo. Ganhei quando fui com os meus pais num parque, meu pai conseguiu na barraca de acertar o alvo. Fico encarando-o por algum tempo enquanto choro.
- Quero eles de volta...- digo baixinho.
Escuto umas batidas na porta, enxugo as lágrimas.
- Posso entrar? – disse um dos irmãos.
- Sim...
Era o Bernardo, ele me encara durante um tempo e depois começa a andar na minha direção.
- Eu acabei deixando no quarto, mas estou com ele agora! Aqui, é pra você. Bem vinda a nossa família!
Ele estende, pego e vejo que é um colar com uma lua azul e um cordão preto.
- Pode contar comigo para o que precisar! Estou bem aqui com você, não precisa chorar sozinha. A gente vai cuidar muito bem de você! – ele diz e me abraça.
Levou um tempo para que eu me acostumasse com a nova casa e com os habitantes dela, mas foi através disso que entendi que família não precisa ser de sangue, também pode ser de laços. Posso não os chamar de pais e eles de filha, mas sei exatamente que se preocupam comigo, querem o meu melhor e me amam, assim como sinto o mesmo para eles. Pude ver no Thomas aquele irmão mais novo que todo mundo quer ter. Já com o Bernardo era diferente, eu o via mais que um amigo, mas descobri tarde demais que ele também sentia o mesmo.
Ele falou que gostava de mim momentos antes de morrer e depois me entregou seu casaco azul claro, desde então visto-o com o colar de lua e assim como uso as xuxinhas que recebi do Thomas.
Quando cheguei aonde o Bernardo estava, o Caçador continuava lá rindo como se estivesse presenciando a melhor coisa do mundo. Nunca esquecerei aquela cara. Ele conseguiu fugir e eu prometi a mim mesma que irei mata-lo, será minha vingança.
Como prometi a mim mesma que queria impedir mais mortes, por isso dei início a faculdade de medicina. Aprendi do pior jeito que não posso salvar todos, mas farei o meu melhor para salvar todos que forem possíveis.
Camicazi
Sinto um peso sobre minha barriga e um leve ronco, decido abrir os olhos.
É uma bola grande e cheia de pelos pretos ou em outras palavras é o Banguela.
- Banguela?
Ele acorda e olha para mim.
- Finalmente acordou, já faz quatro dias que está desacordada.
Ele se levanta e se senta ao meu lado na cama.
- Eu fiquei desacordada por quatro dias?!?!?
- Não, minha vó que ficou e olha que ela nem está mais aqui. – ele fala debochado.
- Quatro dias é muito...
- Você perdeu sangue, estava com vários machucados e dois deles eram praticamente graves, o das costas e do braço, além da energia que quase esgotou tudo. Tu quer o que? Ninguém é de ferro não. E estamos em um hospital, não sei se notou.
Respiro fundo e olho ao meu redor. Estou em um quarto, no lado direito há um sofá preto encostado na parede e a mesma possui uma janela, sem cortina, centralizada. Já no lado esquerdo, há uma cadeira perto de mim e atrás dela há uma porta – talvez seja onde fica o banheiro – e outra só que é a principal. Na parede à minha frente há uma tv e no canto direito um armário marrom escuro.
O branco das paredes não ajuda em animar o local, na verdade só sinto mais tristeza. Eu lembro exatamente de tudo o que aconteceu há quatro dias atrás, lembro do que vi e do que senti, seguro o cobertor com mais força e meus olhos estão marejados.
-... O enterro já aconteceu, a família dele queria seguir os costumes italianos, mas não foi possível. Você deve receber alta amanhã, podemos ir até lá.
- Não. – digo de imediato.
Banguela ameaça falar algo, mas hesita como se estivesse procurando as melhores palavras.
Não quero ir até lá, não quero vê-lo daquele jeito, não quero dizer o adeus final, quero as coisas como eram antes. Mas a cena aparece como se fosse um filme que não tem fim.
Tento impedir minhas lágrimas, mas algumas acabam escorrendo pelo meu rosto e caem no cobertor, eu o aperto com mais força e vejo algo vermelho em minhas mãos.
É sangue.
"Ele está ficando cada vez mais gelado e pálido, olho para as minhas mãos e vejo sangue.
Sangue.
Sangue dele.
Sangue do Thomas."
Como se eu estivesse revivendo esse momento, essa cena não sai da minha cabeça. Minhas mãos estão tremendo e parece que quanto mais olho para elas, mais vejo o sangue escorrendo entre meus dedos.
"Sangue espirra na minha cara e quando foco no que aconteceu, vejo a mão dele atravessando a barriga do Thomas, criando um buraco muito grande, arregalo os olhos e as lágrimas brotam. Thomas olha para o ataque, depois olha para mim com um sorriso como se tudo fosse dar certo e volta sua atenção para o Caçador de Elite. Ele segura a mão do outro, chamas começam a rodear os dois e então o incinera, restando apenas as cinzas."
Eu sou fraca demais, sou idiota, sou a responsável pelo o que aconteceu e não sei como lidar com isso.
"Noto suas mãos escorregarem pelas minhas costas, desfazendo o abraço. Um aviso de que a morte chegou e o levou."
- Ah! Camicazi acordou!
Sou puxada para fora dos meus devaneios por causa dessa voz suave, viro em direção ao som e me assusto com quem está lá.
Não imaginei que a veria aqui, é a minha mãe Sayaka.
Olho para o Banguela em busca de explicação.
- Bom, muita coisa aconteceu naquela missão e você ficou desacordada por alguns dias. É claro que ela iria saber. A Runa também sabe, mas como é humana não pode vir, no caso nem ela e nem o Takeshi. As chances de serem pegos pelo guarda são grandes. – ele explica.
- E o Vitor?
- Ele foi embora agora a pouco, tinha umas coisas pra resolver. – diz minha mãe ao caminhar até mim.
Já posso imaginar a bronca que vou receber, afinal dei vários motivos para isso. No entanto, tudo o que eu mais gostaria era de ser abraçada por ela, pois faz todas as dores e problemas desaparecerem por um momento, te faz pensar que as coisas possam ficar bem. Mas não sou merecedora disso, ainda mais agora ao saber que a mãe do Thomas não poderá mais fazer isso.
- Me desculpa, e-
Sou pega de surpresa novamente.
Ela está me abraçando com força e sinto um carinho em meus cabelos.
- Não há motivo para pedir desculpas. Banguela mostrou as gravações da sua luta e você foi incrível filha, foi maravilhosa. Você é tão corajosa, nunca que eu faria isso.
Não, eu não sou incrível, maravilhosa e corajosa, sou a responsável pelo o que aconteceu. Não mereço nada disso, há sangue em minhas mãos e é do Thomas.
- Nada disso foi culpa sua, você não fez nada de errado. Tanto você e o Thomas foram vítimas da cagada que eles fizeram, mas está tudo bem agora.
Não está nada bem.
Não consigo mais conter minhas lágrimas, elas escorrem pelo meu rosto, um aviso de que será um choro longo.
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