Capítulo 27
De olhos fechados, Luan agradecia a Deus, por ter Açucena em seus braços, graças a Deus que ela conseguiu dormir, estava esgotada física e emocionalmente, ainda mais depois de doar sangue, abriu os olhos ao ouvir a porta sendo aberta, os pais adotivos dela entraram, Jefferson fechou a cara e Paola sorriu.
- Ela não está machucando seu ferimento? - perguntou Paola.
- Não senhora.
- Devemos acorda-la. - resmungou Jefferson indo na direção deles.
- Amor, ela estava esgotada, deixe-a descansar. - disse Paola pegando em seu braço. - Tem certeza Luan que está tudo bem? Quero que minha filha descanse, mas não quero que você se machuque.
- Eu estou bem. Vejam, o ferimento é do outro lado.
Paola se aproximou examinando o rapaz, aparentemente estava tudo ok, suspirou aliviada.
- Qualquer coisa é só me mandar uma mensagem. - Disse sorrindo.
- Garoto tenha juízo, eu sou um sogro gente fina, mas não sei se posso falar o mesmo do outro.
- Isso é verdade, ele é capaz de sair do coma para defender a filha. - disse Paola.
- Eu já imaginava isso. - respondeu Luan sorrindo. - Não se preocupem, vou cuidar muito bem dela.
O casal saiu e ele ficou ali, olhando-a dormir tão serenamente, voltou a encostar a cabeça e fechar os olhos, acariciando seus cabelos.
...
Açucena acordou sentindo a mão de Luan acariciando seus cabelos, constrangida levantando a cabeça.
- Devo estar horrorosa!
- Não está não! Está linda, como sempre. - respondeu tocando de leve seu rosto.
- Eu vou procurar meus pais, você precisa descansar.
- Fica aqui, o dia está amanhecendo.
- Preciso saber como o Héctor está, e ver a Samara. - resmungou correndo porta afora.
Luan franziu o cenho, ela nunca era tímida, o que ele fez de errado.
Com o coração acelerado Açucena encostou na parede.
- Oi minha filha. - disse Paola a assustando. - Por que será que minha princesa está tão assustada? - perguntou a deixando extremamente corada.
- Não estou assustada! - replicou aproximando escondendo o rosto no peito da mãe. - A senhora estava vindo ver o Luan?
- Sim. Seu pai estava incomodado com você dormindo sossegadamente em um braço masculino que não seja o dele. - disse risonha, Açucena ficou ainda mais corada.
- Vocês viram isso? - perguntou envergonhada.
- Com certeza meu amor, depois que o Eric nos falou sobre seu pai, você veio falar com o Luan e não voltou mais, seu pai ficou preocupado e viemos até aqui, e você dormia tranquilamente.
- E o Luan? - perguntou se afastando. - Ele deveria estar repousando.
- Eu te conto depois, vamos até seu pai antes que ele venha até aqui. Quer saber? Eu acho que toda aquela história de pai desapegado e que não tem ciúmes da filha, é história para boi dormir. - disse rindo.
Jeferson veio encontra-las, abraçando a filha.
- Como você está? Estou bem. - respondeu sentando entre eles.
Ela deitou a cabeça no ombro da mãe, mas não voltou a dormir, viu o dia amanhecer, e orou para que Luan tenha conseguido dormir depois que ela saiu do quarto.
- Bom dia. - Eric os cumprimentou. - Pensei que tivessem ido embora.
- Ficamos aguardando notícias. - respondeu Jefferson.
- O Héctor está na mesma, mas o Luan está de Alta.
- Graças a Deus, vou falar com ele. - disse Açucena empolgada.
- Seria bom levá-la para casa. - ouviu Eric dizer, voltou-se para ele o ignorando. - A Samara já acordou? - perguntou, na noite anterior não a vira, pois estava dormindo devido aos medicamentos que aplicaram nela.
- Ainda não a vi, mas já vou libera-la também.
A porta estava entreaberta e ela ouviu a voz da mãe do rapaz.
- Eu espero que você vá para casa comigo, precisa descansar, depois você corre atrás dessa moça. - dizia Olga.
- "Por onde ela passou que eu não vi?" - pensou Açucena intrigada.
- Mãe, já conversamos sobre isso.
- Sim. Mas você não me disse nada sobre ela dormir aqui contigo, você está convalescendo e, além disso, você tem um chamado, cuidado meu filho com a tentação.
- Ela não é uma tentação e, por favor, eu estava debilitado em uma cama de hospital, o que a senhora pensa que poderia acontecer?
Açucena não ouviu a resposta saiu sem ser vista, os pais e o médico não estavam onde ela os deixou, então ela seguiu para a UTI. A mãe do Rafael a ajudou a entrar.
- Obrigada senhora. - agradeceu feliz.
- Você é filha dele, tem o direito de vê-lo. - respondeu estranhamente, Açucena franziu o cenho, entrando onde ela indicou e ouviu a voz de Samara.
- ... de ontem para cá só tenho sido sensível, espero que essa fonte de lágrimas seja esgotável, caso contrário vou chorar até minha quarta geração. Perdoe-me, se eu não tivesse sido tão intrometida e invadido sua vida como fiz, aquele lá que se denomina meu progenitor não teria ido atrás de você. - dizia chorando.
- Eu particularmente acho que ele teria ido sim. - resmungou Açucena atrás dela, ela se virou abraçando-a, ambas estavam emocionadas.
- Por que você acha isso? - perguntou Samara secando as lágrimas.
- Não sei ao certo, mas eu acho sinceramente que seu pai biológico o odeia pelo simples fato de ele ter te salvado naquele incêndio no hospital, e pelo que eu soube, ainda que você não o ama, ele ainda teria te salvado. - disse Açucena sorrindo. - Mana eu sempre soube que você o queria muito bem, mas você realmente o ama, não é? Você o chamou de pai. - Samara ficou corada.
- Desculpa. Eu sei que o pai é seu. - Açucena pegou suas mãos.
- Não se desculpe por ama-lo assim, de imediato fiquei confusa pensando que você estava falando do seu pai, mas eu admito que fiquei feliz por estar se referindo a ele.
- Não entendi! - disse confusa.
- Se vocês estiverem certos e ele de fato não tiver matado a minha mãe, pelo menos eu vou ter o consolo de que você estava com ele nestes momentos.
- Eu soube que você doou sangue, obrigada.
- Ele fez isso por mim primeiro. - Disse olhando o pai que dormia serenamente. - Eu fico imaginando por que ele nunca jogou na minha cara que eu devo minha vida a ele, não apenas uma, mas duas vezes.
- Você vai jogar na cara dele que salvou a vida dele? - perguntou curiosa.
- Claro que não! Mas ele não está me chamando de assassina.
- Quem permitiu a sua entrada dona Açucena? - perguntou Eric franzindo a testa. - E você dona Samara, eu disse para você ser rápida e se comportar e não fazer a UTI de confessionário. - Disse sorrindo olhando de uma para a outra. - As duas precisam sair, você sabe como funciona Snow.
- Eu sei. - disse virando e beijando a testa de Héctor. - Obrigada pai.
Açucena e Luan, Samara e Rafael tomaram café na Confeitaria Ana, os pais adotivos da moça estavam cansados e foram ao apartamento descansar, depois do café, Rafael foi chamado à delegacia, Luan foi para sua casa, Samara para a casa de Héctor ver Virgínia e Açucena foi para casa.
Ela sentia-se revigorada depois de um banho e ouvia atentamente a preocupação dos pais.
— Estamos muito preocupados. Não podemos abandonar a clínica por muito tempo, mas também não posso deixar meu amigo desse jeito, sozinho. Os funcionários cuidam da casa, não podem estar no hospital para cuidar dele o tempo todo. Eu tenho meus afazeres em São Paulo. Alguns animais dependem de cirurgias sérias que eu vou ter que fazer. — Jefferson falava coisa com coisa.
Ela sacudiu a cabeça para dispensar os pensamentos contraditórios que insistiam em incomodá-la desde a noite anterior, que variavam da possível inocência do pai, à ter dormido nos braços de Luan, ele não dissera nada sobre isso, mas eles não estavam sozinhos.
— Pai, se esse é o caso, volte para casa. Os médicos estão cuidando do Héctor e o senhor não vai ajudar em nada ficando aqui. — Disse Açucena, compreendendo o lado do pai. - Além disso, tem a Samara, ela parece um cão de guarda, o senhor acha mesmo que ela vai deixá-lo sozinho?
- Não, ela vai deixá-lo sozinho, mas você que deveria cuidar do seu pai. - disse Jefferson gentilmente.
- Por que eu? Ele tem um monte de gente que trabalha para ele. - resmungou engolindo em seco.
— Filha, você pode não gostar do que vou te dizer agora, mas, bem ou mal, ele cuidou de você. Você está completamente desprotegida agora e nós temos que ficar aqui, mesmo que nosso trabalho exija a nossa presença, ainda tem a história do assassino da sua mãe e ele pode vir atrás de você — Paola disse nervosa.
— Isso se o assassino não for ele. — Paola abaixa a cabeça sem dizer nada, e Açucena muda o tom de voz. — Mãe, se quisessem me matar, já teriam feito isso. Não se preocupem, eu não estou sozinha, vejam eu fiz mais amigos nessas últimas semanas do que em uma vida em São Paulo.
- Isso é verdade. - concordam sorrindo.
- Eu vou ficar bem, e prometo me comportar com o Héctor até ele se recuperar cem por cento. - disse travessa e os pais a abraçam fazendo-lhe cócegas.
Açucena os deixou no aeroporto e foi ver Samara na casa do pai biológico, na verdade queria ver a irmã da mãe.
...
Virgínia descobriu o que ocorreu com Héctor da pior forma, pela televisão, sendo transmitido em jornais. Em menos de 24 horas, não apenas os jornais locais, mas de todo o País e até de fora dele, noticiaram sobre o ocorrido, todos estavam curiosos para saber a razão para dois empresários de renome internacional atirar um no outro.
— Por que você não me contou, Jéssica? — perguntou Virgínia chorando.
— Quando eu e o Patrick soubemos, era tudo muito recente e nós não sabíamos dos detalhes, então preferimos não contar, para não preocupá-la com antecedência. — Jéssica mentiu, na verdade não lhe disseram nada para não deixá-la pior do que já estava, sem notícias . — Dona Virgínia, todos nós estamos em oração por ele, o seu Héctor se tornou alguém muito querido e especial.
Virgínia engoliu em seco, não queria ter Héctor associado a um credo religioso, enquanto quem deveria protegê-lo era a justiça.
— O Héctor precisa da proteção da Justiça, isso sim. Como se apenas essas orações que vocês estão fazendo, fossem ajudar alguma coisa. — disse rispidamente, imediatamente sentiu-se envergonhada, e se pôs a chorar. — Desculpa, eu não queria ser grossa, mas Jéssica eu já tentei apelar para Deus e sabe o que aconteceu comigo? Nada. Pensa que Ele me ouviu? Não. Olhe para mim, eu sou a prova viva de que isso não adianta, essa história de que cuida de todos é lorota. Vocês sabem o que vai acontecer? Ele vai morrer e, mais uma vez, todos vão sair impunes. A Samara coitada sofrerá por que o pai biológico matou o homem que ela ama como pai, e eu? Vou perder a única pessoa que me faz lembrar do passado, de um passado feliz da minha vida, e a única esperança de um futuro decente. — Ela não tinha nada para oferecer além da própria amargura.
Jéssica não sabia o que fazer ou falar, finalmente o irmão apareceu e ela pediu para ele fazer companhia a ela, e correu ao seu quarto e ligou para dona Rebeca, que prontamente concordou em ir até lá, ela voltou para o lado da mulher que ainda chorava e falava coisa com coisa, decididos a não contrariá-la, os jovens apenas confortaram a mulher como puderam.
Para alívio dos dois, dona Rebeca não demorou, aliviado Patrick se despediu delas, dizendo à irmã que tinha um assunto pendente para resolver na rua, frustrada e nervosa ela nem percebeu que ele evitava olha-la nos olhos.
- Como ela está? - perguntou Rebeca preocupada.
- Muito nervosa, não fala coisa com coisa.
- Tudo bem querida, eu cuido dela. - disse à Jéssica que aceitou de bom grado indo à cozinha.
- Eu vou preparar alguma coisa para ela comer, está o dia todo sem comer nada, desde que vira o jornal não saiu mais da frente dessa televisão. - resmungou indo à cozinha.
- Virgínia querida se lembra de mim? - perguntou carinhosamente.
- Sim. Você é a esposa do pastor das meninas, a sua voz lembra a da minha mãe. - Disse voltando a chorar compulsivamente.
Rebeca a abraçou embalando-a como se faz a uma criança, algum tempo depois ela parecia mais calma, ainda assim não quis comer nada, com muita insistência ela bebeu o suco.
- Eu quero ir para o meu quarto. - sussurrou.
- Eu te ajudo. - olhou nos olhos de Jéssica pedindo autorização para subir com ela, a moça assentiu triste.
Chegando ao quarto ela sentou na cama passando as mãos na cabeça, e os puxou violentamente, imediatamente Rebeca segurou suas mãos.
- Não faça isso consigo mesma, nada disso vai aliviar a sua dor e preocupação, fala comigo, sobre o que você quiser.
- Não sinto mais dor, se puxar meus cabelos, eu queria sentir. - Rebeca franziu o cenho intrigada, Virgínia sorriu. - O meu marido gosta de puxar meus cabelos naquelas horas, no início eu sentia doer, e doía muito, mas com o tempo acredito que acostumei.
- Ninguém deveria acostumar-se com a dor. - comentou gentilmente.
- Ele não foi sempre assim, no início ele era atencioso e carinhoso, eu até gostava dele! - disse a encarando. - Me esforcei para ama-lo, mas tudo mudou quando a Olívia abandonou o Héctor, só depois de sua morte que ele me contou que sempre foi amante dela, e que por minha causa não poderia ir atrás dela. - Rebeca sentou ao seu lado segurando suas mãos.
- Virgínia, você está dizendo que sua irmã tinha um caso com o seu marido? - perguntou incrédula.
- Não. Eu estou dizendo que minha irmã fez o amante dela se tornar meu marido.
As duas ficaram alguns segundos se encarando, ambas com os olhos cheios d'água se abraçaram.
- Eu sinto muito querida que você tenha passado por você isso, mas não se preocupe com isso, Deus tem a recompensa para ti.
- Eu não acredito em Deus.
- Não? E porquê? - perguntou arqueando a sobrancelha.
- Por que eu sei que Ele não ouve todo mundo da mesma maneira.
- Entendo! Querida eu não sei o que houve para que você ficasse tão cética a respeito de Deus, mas eu te faço um desafio aqui e agora, porque você não fala a Ele tudo o que está entalado na sua garganta?
- Sério isso? Eu posso mesmo falar o que eu quiser? - perguntou duvidosa.
- O que você quiser, Deus é um Pai, que gosta de ouvir seus filhos, eu vou fazer assim, vou sair e te deixar à vontade, depois é só me chamar, combinado assim? - confusa ela assentiu, Rebeca beijou seu rosto e saiu a deixando sozinha.
— Eu vou falar o quê? Faz tanto tempo! Não sou mais jovem e sonhadora e tenho tanta dificuldade em acreditar no Senhor. Precisamos tantas vezes do Senhor e não tivemos nada, minha mãe morreu acreditando que o homem que amava havia abusado da própria filha, ele coitado! - seu coração doeu com as lembranças. - Coitado do meu pai, morreu implorando para que acreditássemos nele e nem eu nem minha mãe acreditamos, preferimos acreditar naquela cobra. Não vou colocar a culpa no Senhor por eu ter me casado com o Caetano, isso foi uma escolha minha e me arrependo até hoje, se bem que a escolha de não acreditar no papai foi nossa também, não foi? Mas, Deus e as minhas sobrinhas? Por que as levou? A minha pobre Lírio, não teve sequer a chance de viver, nem pudemos ver seu rostinho, pega-la em nossos braços, e a pequena Dália? Oh, Senhor, por que permitiu que a Olívia a matasse? Como pode uma mãe matar a própria filha? Se bem que a mãe em questão era a cobra que acusou o próprio pai de tê-la estuprado, Deus por que uma pessoa assim vive, se casa com um homem maravilhoso como o Héctor e tem ainda o privilégio de ter três filhas? Eu não entendo Deus. E agora, o senhor não sente pena do Héctor? Depois de tudo que passou, vai morrer sem ter conseguido nada na vida? Não estou falando de bens materiais, estou falando da filha, veja se tem lógica o tratamento que aquela filha lhe dá depois de ele ter salvo sua vida? Deus eu lamento, mas preciso de uma prova de que o senhor se importa comigo e o Héctor, ou nós dois somos como a minha mãe e o pai? Que morreram sem paz e esperança? Eu sei que o Senhor existe, sabe, o problema não é exatamente acreditar na Sua existência e sim ver o tempo todo o seu total desinteresse pelo meu sofrimento de todos que eu amo. Deus se o Senhor se importa, um pouquinho que seja, não o deixe morrer, o guarde, o proteja e, se algum sinal de que o Senhor fez isso, chegar à mim, garanto que vou lhe servir por toda minha vida. Se puder, por favor, coloque um fim nesse casamento, nessa tortura que eu entrei por conta própria. — pediu ela numa oração silenciosa e despretensiosa. - Eu nem sei porque me dei ao trabalho, não sei como isso funciona e nem entendo nada desse negócio de Agir de Deus. - resmungou irritada.
- "E quem disse que você precisa compreender alguma coisa? Você só precisa crê".
- Pastor Tiago! - Chamou olhando para a porta, mas não havia ninguém ali. - "Será que estou ficando louca de verdade e ouvindo coisas?" - pensou preocupada.
...
Rafael chegou à delegacia e o delegado e o aguardava ao lado de Patrick estranhamente Rafael achou o sorriso do rapaz familiar, apertou a mão do rapaz.
— Bom dia rapaz.
— Eu peço desculpas por atrapalhar o trabalho de vocês dois, meu assunto é um tanto banal. — Disse ele baixando a cabeça. — Meu patrão quase morrendo e eu inventando de descobrir coisas que, no momento, são irrelevantes.
— Teu patrão não está morrendo, é capaz de ele enterrar a todos nós, forte do jeito que é. — o delegado se permitiu brincar.
— Meu irmão disse que ele é Silvio Santos de Granville. Vai acabar vivendo muito pela bondade e por ser pioneiro em muitas coisas, vai acabar sendo muito conhecido — Rafael sorriu e Abraão arregalou os olhos.
— De onde o Thiago o conhece? — perguntou curioso, Rafael piscou.
— Os dois não se conhecem, mas bom, é uma coisa anônima. As únicas pessoas que podem contar isso são os dois.
— Estranho ! A Rosa me falou que o Bernardo também está fazendo todo um mistério e suspense envolvendo sua recente admiração pelo Héctor, por alguma razão ninguém entende ainda. O que vocês e ele estão aprontando? — Abraão sabia que era coisa boa, mas estava curioso demais para botar um sorriso falso no rosto por isso, usou a autoridade.
— Chefe, eu não estou aprontando nada, mas infelizmente não posso comentar nada, as palavras do meu irmão, foram: "Se você contar para alguém, sua amada Samara vai ficar viúva, antes mesmo de começar a namorar, você quer isso? Quer que seu pobre irmão cometa um crime assim que sair dessa clínica? Não, né? Então fecha a matraca" - repetiu as palavras do irmão, o imitando. — O senhor não quer que meu cometa fratricídio, quer?
- Não. Principalmente se isso significa deixar a Samara infeliz, porque meu filho também vai ficar, pensando bem, vamos focar no problema do Patrick que é mais tranquilo.
— E, além disso, em breve, todos vão saber, inclusive o Héctor, que ainda não sabe que o nome dele está envolvido nisso.
— Seu irmão deve estar preparando um retorno triunfal à civilização. O seu Héctor se preocupa muito, porque usaram a empresa dele para prejudicar esses jovens. - disse Patrick tranquilamente
- Nada disso foi culpa dele e compreendemos. - disse Rafael encarando o garoto. - E aí, Patrick, em que podemos ajudá-lo?
Ignorando a agonia que sentia, Patrick relatou toda a sua história familiar do princípio ao fim.
— Quero saber se esse tal de Ciro Teixeira tem outro filho vivo, porque eu soube que ele estava com outra mulher e a minha mãe ao mesmo tempo, e tinha um filho que era mais velho que nós, aliás, foi por isso que minha mãe o deixou. Quero saber se ele sofreu tanto quanto eu e a Jessie, pensei que talvez pudéssemos nos tornarmos uma família, obviamente que isso se ele quiser. - concluiu tímido.
Rafael finalmente compreendeu a familiaridade com o sorriso, era igual ao do Luan, ele e Abraão entreolharam-se com uma concordância mútua no olhar.
— Patrick, volte para casa, nós vamos conversar com o seu irmão, imaginamos que ele vai gostar muito de saber que tem um casal de irmãos, mas para evitar traumas maiores do que os que vocês já viveram, falaremos com ele primeiro, tudo bem? - perguntou o delegado.
- Tudo bem! - respondeu empolgado.
- Tudo bem. Patrick, e para tirar qualquer dúvida que venha a existir, é melhor vocês fazerem um teste de DNA.
- Também acho bom. - respondeu tenso. - Delegado, não nos interessamos pelo Ciro Teixeira, mas existe alguma possibilidade de meu irmão ficar contra nós por causa dele? Ele exerce alguma influência sobre meu irmão?
- Não, meu filho. Se for o mesmo Ciro Teixeira que estamos pensando, infelizmente seu pai biológico foi muito pior do eu imagino que sua mãe tenha ao menos ficado sabendo, e jamais seu irmão ficaria contra vocês por causa dele, o Ciro morreu numa briga de bar depois de fugir da cadeia. E quanto ao seu irmão, não se preocupe, ele é uma ótima pessoa e está mais perto de você do que imagina, tenho certeza de que vocês se darão muito bem. — Afirmou Abraão, enquanto Rafael permanecia em silêncio.
— Graças a Deus. Eu vou conversar com a Jessie sobre isso e agradeço a vocês desde já. - Com uma reverência, saiu.
- Por que você está tão calado? - perguntou o delegado sorrindo.
- Só estava pensando. Como esses monstros humanos têm filhos tão bons? - perguntou em resposta, pensativo olhava a porta por onde o rapaz saiu.
- Como você e seus irmãos, meu filho. - Rafael o encarou grato.
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