Capítulo 16.
Luan não estava infeliz com o novo emprego, porém não estava feliz também, sentia falta da farmácia. Sentia-se útil fornecendo informações às pessoas sobre o que elas estavam ingerindo.
- Boa tarde Luan, tudo bem? — surpreendeu-se ao ver Jefferson. Os dois tiveram uma conversa fluída na manhã anterior quando visitaram a confeitaria.
- Boa tarde, tudo bem? – perguntou empolgado, independente de sua animação com o novo trabalho era o que tinha então daria o seu melhor.
- Sim, tudo bem. Podemos conversar um minuto?
- Você chegou bem na hora, estamos no horário de almoço então, por favor, sente-se comigo em uma mesa. - grato Jefferson ocupou uma das mesas com Luan.
- A história que eu vou te contar é extremamente pessoal, infelizmente não poderemos ficar aqui, e precisamos de alguém que cuide da nossa menina, tememos que ela faça coisas das quais ela vá se arrepender profundamente, mas não há nada que possamos fazer para evitar, a não ser nos preparar para quando isso acontecer e ajuda-la da melhor maneira possível. Observamos que vocês dois se deram muito bem, e você é um garoto muito especial e determinado, por isso quero te pedir para ajudar minha filha enquanto ela estiver nessa empreitada.
- O senhor pode contar comigo. – respondeu corado, mas determinado e firme, faria o que pudesse para ajudá-lo.
- Tudo começou quando percebi que havia um homem estranho me perseguindo, o investiguei e descobri que era um homem que tinha negócios com o meu pai, isso por si já foi motivo para eu ficar com um pé atrás com ele, meu pai não era uma boa pessoa. Um dia, ao chegar a minha casa eu o encontrei conversando com minha esposa, e esse sujeito muito esquisito me fez a proposta mais estranha que alguém poderia receber, ele me entregou a sua maior riqueza. Esse cara depois de alguns meses se tornou mais que um amigo ou um bem feitor ele se tornou meu irmão, em algumas situações era como meu pai se formos analisar as circunstâncias, - disse sorrindo lembrando de tantas situações em que ele o ajudou como um pai ajudaria um filho. – Mas de tudo o que ele fez por mim o mais importante foi a confiança depositada em mim para que eu cuidasse do seu mais puro e verdadeiro tesouro, tesouro este que durante o tempo em que eu cuidei me fez a pessoa mais feliz desse mundo. Ele pensou que estava me pagando para deixá-lo tranquilo enquanto eu cuidava dela, quando na verdade quem me fez o favor foi ele, me dando o meu maior amor. — Luan sorriu.
- Açucena! — Luan concluiu com os olhos brilhando, brilho este que não passou despercebido a Jefferson.
- Sim, ela mesma. Existe uma história muito extensa e terrível sobre a vida da Açucena que ela não quer aceitar. Aquele homem sofreu muito, um sofrimento que nem eu e a Paola conhecemos completamente e talvez, justamente por ter sofrido é que ele tem esse sentimento de que precisa proteger a filha da cidade, como se ela ainda fosse um bebê. E mesmo sabendo de tudo isso, e mesmo me preocupando muito, eu conversei com a minha esposa e tomei uma decisão muito arriscada, pois estou contrariando o homem que me fez o homem que sou hoje, nós vamos deixar a Açucena encontrar esse passado por ela mesma, entrar nesse mato e descobrir os monstros que existem nessa floresta. Nós tentamos conversar com ela, revelar essa verdade cruel que na verdade gostaríamos que ela nunca viesse a conhecer, mas na real, ela não nos ouviu, pensa que estamos sendo iludidos por um assassino, então concluímos que talvez tudo isso seja uma intervenção divina na vida de outra pessoa na qual nós não pensamos em toda essa equação.
- É muito forte comparar você e o Héctor com Davi e Jonatas? — a pergunta de Luan o surpreendeu.
- Eu não sei o que ele sente por mim, mas da minha parte é o mesmo amor que Davi tinha por Jonatas e vice-versa. Ele é muito fechado, não sei se sente o mesmo carinho por mim e pela Paola, mas ele foi uma das melhores coisas que aconteceu a nós. Ele nos ensinou muito profissionalmente, e pessoalmente também, e o mais importante de tudo ele nos deu o nosso projetinho de Mefibosete. — os dois sorriram.
- Você com certeza é o Davi da relação, não consigo imaginar o Héctor segurando uma harpa! — Jefferson sorriu.
- Ele é tão fechado que eu não consigo imaginar ele sequer jogando pedras no gigante, com certeza ele o chamaria para uma conversa racional sobre o quão imbecil era por desafiar a Deus, 'sejamos racionais, Golias! Estatisticamente você tem mais chances de perder, analisando os feitos de Deus no passado'. — disse tentando imitar a voz do amigo mesmo sendo péssimo. — Nós vamos voltar para casa em São Paulo, retornaremos quando tudo for esclarecido. E, é aí que você entra. Eu quero te pedir que em nenhum momento abandone a minha filha, conheço a Açucena e sei o quanto ela vai precisar de você.
- Vocês não precisam abandoná-la! É só não tocarem mais no assunto.
- Não é tão simples meu filho, infelizmente ela precisa trilhar esse caminho que ela escolheu sem nós, acabaríamos interferindo e tudo ficaria ainda mais complicado. – disse como se para si mesmo. - E quem disse que ela estará abandonada? Não Luan, ela jamais estará sozinha, nós vamos continuar dando apoio à distância, mas se continuarmos vamos atrapalhar mais do que ajudar. Sem contar que temos nossa vida em casa, ela veio morar aqui por escolha própria e não podemos acompanhá-la nesse momento, ela sempre nos terá na vida dela, mas chegou o momento de deixarmos que a nossa pequena voe rumo a sua própria história, a vida que sempre deveria ter vivido ao lado do pai biológico.
- Você sabe que ela não quer nem ouvir falar sobre ele ser o pai dela.
- Mas ele é o pai dela, é a vida dela Luan por mais que ela não queira aceitar, a origem dela está nessa cidade. Ela viveu conosco sempre, mesmo quando a mãe ainda era viva, e terá a mim e a Paola para sempre, mas chegou o momento dela conhecer a vida que deveria ter tido aqui. Ela voltou para casa, apesar de sempre ter outra ao nosso lado!
Luan abaixou a cabeça triste, às vezes se perguntava como seria se por milagre a mãe estivesse viva e voltasse a sua procura, como ficaria com a Olga, como seria ter outra opção de escolha que não fosse a mãe adotiva, mesmo agora que os dois estavam distantes ele sentia a falta dela, ela fora a única mãe que conhecera, compreendia a dificuldade de Açucena para aceitar outro pai que não fosse o Jefferson, o que ele não compreendia era a dificuldade de ela compreender que o pai poderia ser inocente.
- Não precisa ficar triste. – disse Jefferson pegando sua mão. - Vocês não irão se livrar de nós nunca, nem que eu tenha que deixar uma casa comprada aqui e passar um mês em cada cidade. – disse sorrindo. - Você faz parte dessa nova vida dela, e dá para ver o quanto se importa, logo já é da família, por isso meu filho, por favor, não a deixe sucumbir ao orgulho e aos pré-julgamentos, alerte-a quando for longe demais, seja firme quando necessário, mas também saiba consolá-la. Você faz minha filha feliz, então ignore toda a pressão das palavras anteriores e seja você, simplesmente você. — disse ele.
Luan experimentou uma sensação estranha, de acolhimento e afeto por parte de Jefferson, sentindo um calor familiar, que só sentira depois que conhecera o pastor Tiago e a esposa, de certa forma estava entrando naquela família, e esperava para que não saísse nunca mais!
- Jefferson, conte comigo! – disse emocionado. – Eu agradeço muito pela confiança depositada em mim. Vocês vão quando?
- No próximo voo, às cinco da tarde.
- Mas já? E ela já sabe?
- Sim, ela já sabe que vamos para casa, mas não conhece as razões. Na verdade ela sempre soube que não ficaríamos por muito tempo, se fosse assim teríamos vindo com ela quando veio para cá. — respondeu ele.
- Verdade. – respondeu distraído.
- Obrigado por tudo o que você vem fazendo por ela e pelo que eu sei que ainda fará. – disse deixando Luan encabulado.
- Nós manteremos contato né? Gostei muito de você e da dona Paola.
- Sempre, meu filho!
...
O casal exigiu a presença de Luan na hora da despedida, então passaram o caminho até o aeroporto conversando.
- A ordem de mantermos contato segue de pé querida, então não se esqueça de falar comigo, a mamãe não dorme sem saber que você está bem. — na entrada da sala de embarque, Paola relembrou.
- sim senhora, mãe! — depois do longo abraço dado nela, aproximou-se de Jefferson. — O senhor sabe que sempre vai ser o único pai para mim né? — os olhos dela lacrimejaram.
- Que Deus possa te guiar por esse caminho complicado que é o passado minha filha, você me pediu para não tocar no assunto e eu não vou tocar, mas posso orar?
- Por favor, pai sempre! — os dois embarcaram. Luan resolveu confortá-la com um abraço, não havia nada demais em abraçar uma amiga que acabara de se despedir dos pais.
- Eles são maravilhosos! — disse ele, adentrando o carro.
- Incríveis! — disse ela, emocionada. – Eu sou muito privilegiada.
- Você está bem?
- Por que está me perguntando isso? – perguntou tensa.
- Você parecia estar tentando esconder algo. – disse olhando para fora.
- "Ele acabou de me conhecer e consegue ler minha alma". – Pensou encarando seu perfil. – Depois eu te falo, pode ser? Eu preciso pensar um pouco.
- Tudo bem. – disse voltando o olhar para ela, e aquele sorriso que a deixava toda boba.
- Obrigada.
Em silencio seguiu até a casa dos pastores onde deixou Luan e voltou ao apartamento, deparando-se com uma caixa na porta. Olhou para os lados não havia ninguém franzindo o cenho tentou levanta-la, mas era pesada, com grande esforço conseguiu empurrar porta adentro.
- Encontrei uma caixa na minha porta, você sabe quem a deixou aqui? — ligou para o porteiro.
- Não senhora. Não sei quem é o remetente, o entregador trouxe e como tem seu nome resolvi deixar aí. Algum problema?
- Não. – respondeu intrigada. – Apenas achei estranho, da próxima vez se eu não estiver, por favor, deixe as encomendas na recepção a té eu retornar.
- Sim senhora. – respondeu constrangido.
Ainda intrigada desligou dirigindo à caixa para abri-la. A princípio não havia nada demais, apenas algumas roupas infantis e femininas enroladas de qualquer jeito e jogadas dentro da caixa, pelo tamanho da caixa e pelo peso se surpreendeu, tirando as roupas rapidamente.
Inconscientemente soltou um grito que se fez ouvir em todo o prédio quando viu o que de fato se escondia ali debaixo das roupas infantis, um esqueleto!
O alvoroço dos gritos de Açucena provocou especulações não apenas no prédio, mas fora dele também, um morador ou outro repassava nos grupos de amigos e família, enquanto a chegada da polícia era cercada por curiosos, depois de explicar ao delegado Abraão o que acontecera ela ficou a um canto aguardando a polícia pegar toda aquela traia da sua sala.
- Açucena o que aconteceu? — ela não sabia de que modo Luan tinha chegado ali, mas correu para seus braços assim que o viu. - Delegado eu posso tira-la daqui?
- Pode sim Luan, estamos terminando aqui, mas ela está muito nervosa.
- O senhor me liga para pegarmos a chave quando terminar, por favor! – o delegado concordou e os dois deixaram o apartamento discretamente. – O movimento aqui fora está maior do que quando explodiram a porta da Samara.
- Explodiram a porta da Samara? – perguntou curiosa.
- Vocês duas vivem de tititi e nunca conversaram por que ela está na casa do Eric? – perguntou intrigado.
- Ela só me disse que estavam tentando mata-la e por isso ela estava morando lá. – disse envergonhada, ficava tanto tempo falando de seus próprios problemas que não a deixava falar sobre os seus talvez ela também quisesse alguém para desabafar.
Ele a levou até a praça, e contou a ele o que aconteceu. Nervosa chorou compulsivamente enquanto falava, ele apenas a abraçou até que se acalmasse.
- Você acha que eu poderia ter evitado esse susto se tivesse ficado com você? — Luan perguntou cheio de remorso.
- Como você poderia prever que eu encontraria na porta do meu apartamento uma caixa com um esqueleto dentro?
- Verdade, ainda assim eu poderia estar contigo e te apoiar, eu sinto muito, sinto muito mesmo! – disse sentindo-se inútil prometera ao pai dela naquela mesma tarde que cuidaria dela e ali estavam com a polícia no apartamento dela.
- Açucena, por favor, venha comigo! — exigiu Norma assustando-os.
- Dona Norma! – exclamou surpresa se afastando dos braços de Luan. – Como a senhora me achou aqui?
- O meu genro viu vocês vindo nessa direção. – disse encarando Luan. – O que você está fazendo agarrado na minha neta?
- Eu não sou sua neta. – respondeu antes que Luan dissesse alguma coisa. - A propósito ninguém sabia da minha existência? A senhora ajudou a minha mãe a fugir e não sabia que ela estava grávida?
- Eu soube de você, mas pensei que não fosse filha do Héctor, ela não estava grávida quando saiu daqui, pensei realmente que ela tivesse seguido em frente.
- Não te incomodava que sua nora seguisse em frente enquanto seu filho ainda esperava por ela? - perguntou Luan tomando as dores do homem que salvara. As duas mulheres o encararam cada uma com um olhar distinto, ele apenas ergueu as mãos.
- Quem você pensa que é para se meter nos nossos assuntos? A aliás, como você sabe disso? - perguntou intrigada olhando interrogativamente para Açucena.
- Eu disse a ele, confio nele mais que na senhora.
- Eu entendo, só espero que você não se arrependa, afinal você não conhece a origem desse rapaz.
- Eu não conheço nem a minha origem. - resmungou com desdém. - E então, afinal como a senhora soube de mim?
- Encontrei-me com sua mãe logo depois do seu nascimento e ela me confirmou que havia tido uma despedida com o seu pai e em consequência a esse ato mal pensado ela terminou grávida de você, mas que nunca mais tinham se visto, e eu também não voltei a vê-la, pensei que finalmente ela o havia esquecido e seguido em frente, ela merecia isso e seu pai, bem, ele se trancou naquele laboratório, depois que ela se foi, muito raramente a gente o via. - disse entre ressentida e chateada por estar falando sobre esse assunto. - Mais por que você está preocupada com isso agora?
- Conheci uma das amigas da minha mãe, e ela me disse que ninguém sabia sobre mim.
- Eu sei que o Fernando e a Cintia sabiam sobre você se os outros sabiam ou não, sinceramente eu não faço ideia.
- E agora a senhora não se importa se todo mundo ficar sabendo que é a mãe do Héctor? - perguntou curiosa.
- Desculpa minha filha, eu sei que as pessoas não sabem e prefiro que não saibam que eu sou a mãe do seu pai, mas você precisa se cuidar e não cair na lábia de qualquer um, você é uma das pessoas mais ricas dessa cidade o que terá de pessoas interesseiras atrás de você, você não faz ideia! – disse encarando Luan novamente.
- O Luan... – começou sendo interrompida por Norma.
- Açucena depois nós falamos sobre isso, agora eu quero te mostrar uma coisa, sei que você está apavorada, mas precisa vir comigo antes que a polícia leve tudo aquilo para a delegacia. – disse puxando o braço da moça.
- Espera! A senhora não pode sair puxando ela desse jeito. – disse Luan indignado, mais pela posição da mulher com Açucena do que pelas desconfianças dela para com ele.
- Tudo bem Luan. Eu vou com ela vê o que tanto ela quer me mostrar. – respondeu nervosa, estava mesmo curiosa.
- Tudo bem, se você quer assim. Qualquer coisa eu estarei na casa do pastor. – beijou sua cabeça saindo.
- Esse garoto não é uma boa companhia para você. – disse Norma voltando a puxar seu braço. O sangue de Açucena ferveu.
- Luan! –gritou ela. Ele se virou. - Você pode, por favor, me acompanhar?
- Mais Açucena, isso é coisa de família. - resmungou Norma irritada.
- Eu não tenho coragem de entrar naquele apartamento sozinha e ver aquela cena de novo! — pediu puxando o braço da mão da avó e indo até ele apertando-lhe o braço com força.
- Eu não vou sair de perto de você! — prometeu sorrindo. A seguiria a qualquer lugar.
Irritada Norma os seguiu de braços cruzados, chegando ao apartamento o cenário caótico ainda estava do mesmo jeito.
- Pensei que vocês já haviam tirado isso daqui. - disse Luan a Rafael.
- Precisamos etiquetar todas as peças de roupas. E a descompensada da sogra do Luciano só nos atrapalhou, e vejo e te encontrou. - respondeu Rafael irritado. Norma arrastava Açucena até onde estavam as roupas infantis.
- Sim. E deixou bem claro que não sou uma boa companhia para a neta dela.
- Oh! A boa companhia seria a vovó que nunca se importou com o próprio filho imagina então com a neta? - perguntou Rafael sorrindo.
- Afinal o que ela quer?
- Ela cismou que as roupas são da pequena Dália. Os dois cruzaram os braços encarando-as.
Açucena se deixou ser levada, sentia um calafrio conforme atravessava a sala ao encontro das roupas infantis espalhadas como ela havia deixado.
O esqueleto havia sido retirado pela polícia de dentro da caixa, e algumas pessoas mexiam nele, todos as observavam, constrangida olhou para porta onde Luan e Rafael as olhavam de braços cruzados, Norma pegou um vestido e o policial tentou impedi-la, mas ela a ignorou.
- É um problema familiar, as deixe em paz. - disse Luciano puxando o colega.
- Você está vendo esse vestidinho, com esse ursinho de pelúcia desenhado? - perguntou Norma horrorizada.
- Sim. - disse confusa.
- O Héctor. — ela não o chamaria de filho na frente dos policiais, Açucena conteve a necessidade de gritar concentrando-se na mulher a sua frente. — Uma vez ou outra ele mandava fazer roupas especificamente para sua irmã, de coisinhas que ela gostava, e ela amava dormir ao lado da pelúcia desenhada nesse vestidinho. - disse entretida. - Eu lembro que uma vez eu visitei a casa e vi ela usando esse vestido, quando voltei no outro dia ela estava usando de novo a mesma roupinha, porque tinha amado o presente do papai, como falou para mim. — o rosto de Açucena chegou a esquentar de tanta fúria!
- Como que eu não pensei nesse homem, meu Deus! Que tola que eu fui? — travou o maxilar antes de falar.
Apesar da semelhança física com o genitor, Açucena sabia que os dois possuíam uma diferença gritante, a personalidade, enquanto ele aparentava ser um freezer humano, sem nenhuma emoção ela era uma chama ardente se deixando guiar pelas emoções.
Tomada pela certeza de que era ele o responsável por tal ato horrendo, deu as costas aos ocupantes do apartamento sem se importar com quem estivesse lá ou mesmo com Luan chamando por ela, saiu sem olhar para trás, descendo os lances de escadas sem paciência para a longa espera pelo elevador.
Correu para a garagem evitando olhar para trás, se olhasse, veria Luan e desistiria do que precisava fazer, entrou no carro saindo a toda velocidade.
Exasperado Luan voltou-se para o apartamento irritado com a tal Norma por colocar aquele tipo de ideia na cabeça de Açucena, mas por enquanto não havia nada que ele pudesse fazer, ao ser esperar.
- Luan o que aconteceu com Açucena? - perguntou o delegado se aproximando.
- Espírito de Pedro delegado, tem a ilusão de poder resolver tudo com as próprias mãos. — lamentou ele.
...
Açucena dirigiu freneticamente até o hospital, saindo correndo do carro por pouco não deixa a porta aberta tamanho o desespero misturado com raiva e medo. Empurrou a porta do quarto bruscamente, sem se importar se havia alguém com ele ou não, nervosa passou as mãos na cabeça tentando ajeitar alguns fios soltos do penteado.
- Que você é um louco desvairado isso todo mundo na cidade já sabe, que foge dos seus sentimentos como um covarde isso eu aprendi em relação a você. — ela falava tão rápido que não conseguia parar para recuperar o fôlego. — Agora, fazer isso comigo? Usando uma das filhas que você diz amar? Sinceramente! Por que você está fazendo isso comigo? Podia ignorar minha existência e tocar sua vida, afinal de contas o pai que eu esperei encontrar não foi você, criei minhas expectativas e se frustraram. nós poderíamos manter o respeito da biologia, afinal de contas eu levo seu sangue, mas você está fazendo questão de tornar minha vida impossível! - Gritou. - Se não bastasse inventar que minha mãe matou a Dália ainda me manda aquela caixa? - estava quase às lágrimas, mas se recusava chorar na frente dele.
A indiferença dele ao que ouviu foi notória. Héctor não alterou a expressão ao ouvir as acusações da filha, sequer fez menção de dizer algo, não que não estivesse curioso para saber do que ela estava falando, mas por que não importava o que fosse, ela já decidira que ele era culpado.
- Açucena o que está acontecendo aqui? — perguntou Samara preocupada, as lágrimas provocadas pela raiva desceram incessantemente pelo rosto dela assim que ouviu a voz da amiga, tentando oculta-las saiu correndo.
Estava novamente naquela posição, sem saber o que dizer ou fazer para acalmar uma filha.
- Por favor, vá atrás dela. - pediu.
- Sim senhor, eu voltarei com notícias.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro