
VINTE - NOAH
Hoje é aniversário de Callie. Provavelmente ela acha que eu não lembro, por não ter comentado nada. É bom que ela ache isso, assim a surpresa se torna bem melhor.
Estou no aeroporto, olhando fixamente para o portão de desembarque, só esperando Callie passar por ele. Percebo que as pessoas ao meu lado – que também esperam por seus familiares ou amigos – não param de me encarar. Não sinto vergonha ou algo assim, estou começando a ficar nervoso mesmo. Não sei se o voo atrasou ou se é a hora que não está passando.
Callie nem imagina que estou esperando por ela. Eu disse que tinha dois turnos no hotel quando, na verdade, hoje é meu dia de folga. Quero tanto ver o sorriso de felicidade em seu rosto. A saudade já estava me matando.
Quando menos espero, o portão se abre e as pessoas começam a sair. Mas Callie não aparece. Nem sua família. Meu nervosismo aumenta. Até que vejo Alex e Hannah puxando a senhora Lewis pela mão. Atrás deles aparecem o senhor Lewis e Callie com as malas em dois carrinhos.
Com certeza todos eles me veem, mas Alex e Hannah são os primeiros a se manifestar. Alex grita meu nome e Hannah aponta para mim dando pulinhos. Sorrio para os dois e olho para Callie. Ela está boquiaberta.
– Não acredito. – Diz quando se aproxima.
Passo meu braço livre ao redor dela e a puxo para mim num abraço desajeitado. Parece que não a vejo há meses e não apenas duas semanas.
– Não acredito, Noah. Pra que isso tudo? – ela não está olhando para mim e sim para o que eu trouxe comigo.
Estou segurando vários balões de cores diversas comigo. Antes minha ideia era vir apenas com um balão azul para que ela se lembrasse do nosso jantar no Seaside, mas depois decidi que vários no lugar de apenas um seria bem mais divertido. Enfrentar as pessoas me olhando como se eu fosse um louco foi a única parte difícil.
– Um só balão seria sem graça. – Explico-me. – Feliz aniversário, Callie.
Callie abre o sorriso que tanto amo e me abraça outra vez.
– Você lembrou.
– Eu jamais esqueceria algo importante assim. – Sorrio e a beijo no rosto.
Não, não quero beijá-la apenas no rosto. Puxo os balões para que formem uma espécie de barreira entre nós e seus pais e deslizo minha boca contra a dela. Senti tanta falta disso e acho que ela também sentiu. Suas mãos seguram meu rosto para que eu não me afaste – como se eu pensasse em fazer isso.
– Olha só! Callie está beijando o Noah! – Alex grita.
Afasto-me de Callie com calma. Tiro os balões da minha frente e vejo os olhares sem jeito dos pais dela. Cumprimento-os todos.
– Você tem que voltar correndo para o hotel agora? – Callie me pergunta de repente.
– Não, não. Hoje é minha folga e pretendo passá-la com você. Sei que deve estar cansada por causa do voo, mas pode ir num lugar comigo agora?
– Agora? – ela estranha.
Faço que sim e ela olha para seus pais pedindo consentimento.
– Tudo bem. – Diz seu pai abrindo um sorriso.
– É seu aniversário. – Diz sua mãe. – Divirtam-se.
Ela se despede de seus pais e de seus irmãos e então saímos dali.
Levo-a para o carro que minha mãe me emprestou por hoje. Coloco os balões na parte de trás e abro a porta do carona para ela.
– Aonde nós vamos? – Callie pergunta assim que entro no carro.
– Você vai ver.
Coloco o cinto e verifico se Callie colocou o dela antes de dar partida.
– Espero que não esteja muito cansada porque o dia será longo.
– Eu dormi no avião e ontem foi um passeio bem tranquilo. Como você está?
– Um pouco animado. E você?
– Muito animada. Totalmente animada. Tem tanta animação em mim que eu acho que vou voar. Ou explodir. Mas voar seria mais legal.
– Só não será legal se for para longe de novo.
– Eu levaria você comigo, Noah Young.
– Ah, aí sim.
Sorrio para ela e continuo dirigindo.
Callie me conta dos lugares que mais gostou de visitar em Nova Iorque e fala de seus avós. Posso notar a felicidade dela ao dizer, mas também percebo um pouco de tristeza. Sentirá falta dos avós, é claro. Eu conto a ela mais sobre o hotel, sobre Jason e Jackie e as palhaçadas do Tyler.
– Não terá problema em aparecer lá para me visitar. – Aviso.
– Tem certeza? Porque eu irei mesmo.
– Eu vou adorar.
Chego em frente à minha casa e Callie estranha.
– Estamos na sua casa?
– Calma. Só quero deixar o carro aqui. – Paro com o carro na garagem e desço. Corro para o lado de Callie e abro a porta para ela.
– Obrigada.
Sorrio e fecho a porta.
– Callie! – Amy grita da varanda.
– Amy! – Callie vai até ela e a abraça.
Mando uma mensagem para Tyler.
Noah: Cheguei em casa agora. Passe aqui em cinco minutos.
Espero não estar mais aqui com Callie quando ele chegar.
Pego os balões e vou atrás das meninas.
– Como você está? – Callie pergunta a minha irmã.
– Bem. E você? – ela arregala os olhos e nem deixa Callie responder. – É seu aniversário! Parabéns!
Elas se abraçam novamente e não consigo não sorrir.
– Obrigada, Amy.
– Espera. – Amy coloca a mão no bolso do short. Ela tira dali um colar. – Isso é para você.
O sorriso de Callie se abre aos poucos ficando enorme. Posso ver a emoção em seu rosto. Ela nem deve fazer ideia do quanto é linda.
– Amy, eu nem sei o que dizer.
– Noah me ajudou a escolher. – Amy diz olhando para mim.
– Eu sugeri. Você decidiu. – Explico.
Callie olha de mim para Amy e nos puxa para um abraço.
– Eu amei. Muito obrigada.
– Não há de que. – Amy diz se afastando primeiro.
Callie beija meu rosto antes de me soltar.
– Coloque em mim. – Ela me entrega o colar e põe o cabelo para frente, por cima do ombro. Em seguida segura os balões que estão comigo.
Passo o colar em seu pescoço e levo minhas mãos para o fecho em sua nuca. Não tiro os olhos dos dela que parecem ler os meus. Coloco o colar, mas não recolho minhas mãos.
– Vocês não vão fazer isso na minha frente. – Amy avisa.
Desço minhas mãos para os ombros de Callie e olho para o pingente de coruja em seu colar.
– Obrigada, Noah. – Ela diz.
– Pare de me agradecer. – Peço e pego os balões de volta. Estico a mão para ela e entrelaço nossos dedos. – Vamos?
– Você vai levar os balões? – ela está rindo.
– Sim. São seus. Não posso deixar aqui. – Falo com toda seriedade que tenho. Olho para Amy. – Até mais!
Callie olha para mim e para os balões a cada minuto. Pelo canto dos olhos posso ver que está sorrindo.
– Você só está chamando mais atenção para mim. – Murmuro.
– Aonde vamos, Noah?
– Andar por aí. – Dou de ombros.
– Diz, por favor.
– Eu estou dizendo. Vamos andar por aí para que eu seja visto carregando esses balões por toda Santa Mônica.
Rio, mas Callie não.
Ela solta minha mão e entra na minha frente. Franzo a testa sem entender o que ela está fazendo, até que sua mão agarra meu pescoço e me puxa para baixo. Callie beija-me suavemente, subindo a mão para o meu cabelo. Levo minha mão para a sua cintura e sorrio durante o beijo. Respondo com mais emoção, deixando a suavidade para trás.
Callie recua o suficiente para estudar meu rosto. Sinto seus olhos passarem por cada parte dele.
– Senti tanto a sua falta, Noah. – Seus olhos param nos meus.
– Eu também. Você nem imagina o quanto. – Sussurro e encaixo a boca na dela outra vez.
Cada beijo faz com que eu me sinta mais vivo. Não sei como consegui ficar sem Callie por tanto tempo. Levo minha mão para suas costas, puxando-a cada vez mais para mim, e aprofundo aquilo.
Eu não quero parar. Callie não quer parar. Mas com muita luta, ignoro meu desejo e afasto-me beijando o canto de sua boca, em seguida sua bochecha.
– Temos que ir.
– Temos hora marcada? – ela pergunta entrelaçando os dedos nos meus novamente.
– Mais ou menos isso.
Seguimos sem mais distrações. Callie insiste querendo saber para onde vamos, mas não digo nada. Vê-la curiosa assim só me deixa mais animado.
Chegamos ao Píer. Aponto para a ciclovia, onde um grupo de hóspedes do Pacific Coast passa de bicicleta.
– Essa é a área do Tyler. – Explico e olho ao redor, procurando por ele sem que Callie perceba.
– Eu não estou vendo ele. – Ela diz.
Olho para trás e o encontro acenando para mim.
– Ele deve ter ficado para trás. – Digo a Callie. – Já volto.
Ela continua observando os hóspedes. Vou até Tyler e ele me entrega a cesta de piquenique que pedi mais cedo por mensagem. Pegou com minha mãe depois que Callie e eu viemos para cá.
– Sua mãe disse que arrumou tudo do jeito que você queria. – Ele me diz. – Eu tenho que voltar para o meu grupo agora. A gente se vê mais tarde.
– Obrigado, Ty.
Volto a ficar ao lado de Callie.
– Ele não estava naquele grupo, Noah. – Ela olha para mim parecendo entediada. – Viemos aqui para ver Tyler trabalhando?
Ergo a cesta para ela.
– Sei que parece clichê e que não temos o Central Park aqui para que isso seja mais divertido, mas nunca fizemos isso antes. Achei que devíamos experimentar.
– Um piquenique? – ela sorri. Isso significa que gostou.
Bem lá no fundo eu tinha um pouco de medo de parecer bobo. Porém, Callie gostou. Ela gostou. Isso importa.
– Vamos descer para a praia.
A praia está quase vazia – há apenas algumas pessoas correndo, outras arriscando as ondas. Amarro os balões a alça da cesta e forro uma toalha na areia. Callie se senta e olha para o céu. Hoje não está fazendo tanto calor. O tempo está bem mais fresco e o sol não está queimando, por isso escolhi a praia para ser o nosso Central Park.
Abro a cesta e tiro as coisas de dentro dela.
– Não trouxe muita coisa. – Aviso. – Você não come muito.
– Mas você, sim.
– Não é o meu aniversário. Nada aqui é para mim. – Sorrio e entrego um sanduíche a ela. – Minha mãe que preparou. Você gosta bastante do sanduíche dela. – Callie aceita e confirma com a cabeça. Pego um copo descartável para ela e o encho com suco de laranja. – Esse eu mesmo que fiz.
– Devo ser muito sortuda mesmo por ganhar um suco preparado por Noah Young. – Ela brinca e leva o copo a boca.
– Sortuda, não. Amada. – Estico-me sobre a cesta e beijo sua testa. – Tem algumas frutas aqui também. E biscoitos.
Pego uma maçã para mim e a mordo.
– Os sanduíches da sua mãe são mesmo incríveis. – Callie diz limpando a boca com o guardanapo. – Seu suco também está ótimo, Noah.
– Eu sei que está.
Ela ri para mim e é perfeito.
Observamos uns turistas entrando na água e reclamando do quanto está gelada.
– Por que a coruja? – Callie pergunta mexendo no pingente de seu colar.
– Ela representa sabedoria. Eu acho que combina com você – respondo.
– Eu amei – ela sorri sem me olhar.
– De verdade? – não duvido dela. Consigo ver em seu sorriso que amou mesmo.
– Sim. Eu mal posso esperar para saber o que vamos fazer depois.
– Acho que nem passa por sua cabeça.
– Realmente, eu não consigo nem imaginar o que você planejou – ela encosta a cabeça no meu ombro. – Obrigada, Noah. Você disse para eu não te agradecer mais, mas eu não consigo.
– Eu estava com um pouco de medo de você não gostar. – Acabo confessando.
– Eu ia ficar feliz com um abraço seu tanto como estou feliz agora. Porque foi algo que você fez, que você escolheu e pensou. Eu amo tudo o que você faz. – Ela se serve com mais suco.
– É, você me deixou sem palavras. – Sorrio para ela e pego um biscoito. – Você feliz é o que quero, então... Missão cumprida.
– O nosso dia mal começou – ela ri contra meu corpo –, mas nós temos que ser otimistas e pensar que tudo vai dar certo. E eu pensei algo melhor do que te agradecer a cada surpresa.
– E o que é?
– Eu vou fazer isso – ela me puxa para mais perto e me beija.
Correspondo saboreando a sensação de seus lábios gelados, por conta do suco, contra os meus. Meu coração se acelera e Callie percebe. Sinto seu sorriso e suas mãos deslizando pelo meu pescoço e se enterrando em meu cabelo. Envolvo-a em meus braços e deposito beijos por cada parte de seu rosto.
– Desse jeito farei surpresas para você todos os dias. – Murmuro beijando seu queixo.
– Você não precisa me surpreender para ganhar meus beijos, Noah Young. Você pode roubá-los quando quiser.
– É muito bom saber disso. – Beijo seus lábios outra vez, mas logo me afasto. – Não vai querer comer mais nada?
– Eu não comi nada no avião, então espero que você não se importe de ficarmos um tempinho aqui na praia – ela ri envergonhada.
– Claro que não me importo. Fique à vontade.
Bebo um pouco de suco e a observo. Callie pega outro sanduíche e o elogia a cada mordida. Como alguns biscoitos enquanto espero-a terminar.
Eu poderia ficar aqui com ela pelo resto do dia se já não tivesse planos. Confirmo minhas suspeitas. Não importa o lugar ou o que eu esteja fazendo, se eu estiver com Callie, eu estarei bem.
Caminhamos por boa parte da cidade atraindo olhares de todos. Não tem como não chamar atenção com todos esses balões e a cesta de piquenique. Callie se oferece para carregá-la, mas não deixo.
– Seu aniversário. Não tem que carregar nada.
– Não parece justo. – Ela reclama.
– Não será justo se eu te deixar carregar alguma coisa.
Não me incomoda carregar nada disso. Nem os olhares me inquietam. Só um olhar importa para mim e esse está bem feliz.
Chegamos a Santa Mônica Café – cafeteria favorita de Callie. Paro na entrada.
– Andamos bastante, quer entrar e beber alguma coisa? – questiono-a tentando soar inocente, como se trazê-la para cá não estivesse em meus planos.
– Sim, vamos entrar.
Percorro o olhar por toda cafeteria. Puxo Callie pela mão e a levo para a mesa do canto próxima a janela. Liguei mais cedo para cá e falei com o gerente amigo de Tyler para que ele reservasse essa mesa para mim. Não há nada nela que indique que foi reservada e fico feliz por isso. Assim Callie não desconfia de nada.
Coloco a cesta com os balões no banco.
– Cappuccino de chocolate e mais o que? – confirmo o pedido de Callie e fico de pé.
– Só isso.
Beijo o alto de sua cabeça e vou até a barista. Peço o cappuccino de chocolate de Callie e o expresso para mim. Volto para a mesa com nossos copos. Callie está olhando para os balões.
– Aqui. – Entrego o copo a ela e sento-me ao seu lado.
Callie me dá um beijo em agradecimento e sorri.
– Estou sentindo falta do seu violão.
– Ele está em casa. Seria exagerado andar com tudo isso mais o violão.
– E você pode tocar para mim qualquer dia – ela pensa alto. Puxo-a mais para perto e a mão dela procura a minha. – Eu te amo, Noah Young.
Beijo as costas de sua mão e viro seu rosto para mim.
– Eu também te amo, Callie. Você me faz muito feliz. E eu tocarei para você quando quiser, basta pedir.
– Eu tenho meu cantor particular, eu não poderia ter pedido mais nada. – Ela fica ainda mais bonita quando sorri desse jeito, repleta de alegria e espontaneidade.
– Quando você pensa nessa cafeteria aqui, o que lhe vem em mente? – pergunto e baixo os olhos para a mesa.
– O melhor cappuccino de chocolate de toda cidade. – Ela ergue seu copo para mim e começo a rir. – Não, não. – Ela olha ao redor e para a janela antes de parar os olhos em mim. – Eu não imaginei que se lembrasse. Foi proposital?
– Aham.
– Nosso primeiro beijo – ela morde o lábio inferior. – Ainda odeio biologia.
– Eu sei que odeia, mas nunca mais precisou da minha ajuda.
– Depois daquele dia, nunca mais colou a desculpa de que eu estava indo estudar com você, então eu tive que me virar.
– E todo dia eu esperava que pedisse minha ajuda. Podemos estudar agora para tentar recriar aquele dia.
– Essa não foi a melhor ideia que você teve hoje e eu me recuso a estudar. – Ela me puxa pelo queixo e me beija rapidamente. – Estamos de férias.
– Eu estava pensando em chegar na parte do beijo, apenas isso.
– Bom, se formos direito para a parte do beijo, eu não me importo.
Callie me leva para mais perto e não se move. Encaixo minhas mãos na sua cintura e fecho os olhos. Ela segura meu rosto e faz movimentos leves com os dedões nas minhas bochechas. Quero falar que nosso primeiro beijo não foi exatamente assim, porém eu não quero estragar o momento.
Ela toma meus lábios para si com tal intensidade e eu aperto sua cintura com mais força. Nós não continuamos com um beijo feroz, nossas bocas diminuem o ritmo até que o contato seja demorado e apaixonado.
Meus movimentos são lentos, afinal, não é preciso pressa. No dia em que nos beijamos pela primeira vez, nem passava pela minha cabeça que ela se tornaria parte da minha vida desse jeito. Agora só quero estar com ela todos os dias.
Parece que horas se passaram quando Callie, infelizmente, afasta os lábios dos meus. Demoro a abrir os olhos e quero protestar.
– Precisamos terminar nossas bebidas. – Ouço-a dizer.
Ainda quero protestar, mas ao abrir os olhos e vê-la me olhando como se eu fosse tudo para ela, qualquer reclamação vai pelo espaço.
– Tem razão. – Pego meu copo e bebo. Não desvio o olhar em momento algum.
Callie faz o mesmo. Leva seu copo a boca, mas não desconecta o olhar do meu.
– O que foi, Noah? – pergunta depois de um tempo.
– Não posso ficar olhando para a minha namorada? – ergo as sobrancelhas. Ela ri. A luz do sol do fim de tarde refletindo em seu cabelo a deixa ainda mais maravilhosa. – Eu já te disse hoje que você é linda?
Ela cora um pouco e eu não esperava por isso.
Beijo seu rosto e seguro sua mão. Nossos dedos ficam brincando uns com os outros.
– Eu não tenho mais nada planejado. – Conto a ela olhando para nossas mãos.
– Devo acreditar nisso?
– Sim, é sério. Eu só queria te trazer aqui para nos lembrarmos do nosso primeiro beijo. – Ergo o olhar para ela. – Mas não quero te levar para casa agora.
– Podemos ficar aqui.
– Ou podemos assistir ao pôr do sol. – Sugiro. – Se quiser voltar para a praia, claro.
– Não tem problemas para mim. – Ela termina de beber seu cappuccino. – Vamos?
Registro Callie distraída olhando para o sol desaparecendo no horizonte com a câmera de meu celular. Agora é a minha foto favorita dela. O vento tira seu cabelo do lugar, mas ela não se importa. Sorri para o sol como se fosse a coisa mais bonita que viu na vida – sorri como eu sorrio para ela.
– Nunca irei me cansar de ver o pôr do sol aqui. – Ela diz. – É simplesmente lindo.
– Eu sei. Aqui é a minha parte favorita da cidade. – Confesso a ela. – Assistir o sol se pôr aqui do Píer. Ver as ondas quebrarem a noite quando não há nenhum barulho vindo da cidade. É maravilhoso.
Callie se vira para mim ainda com seu sorriso e não diz nada, apenas me abraça. Fecho os olhos aproveitando aquilo.
Esperamos escurecer para irmos embora. Faço o caminho mais longo para a casa de Callie. Quanto mais tempo com ela, melhor.
Levo-a até sua varanda.
– Obrigada pelo dia de hoje, Noah. Foi incrível. – Ela agradece com um sorriso sincero. – Obrigada pelos balões, pelo piquenique, pelo colar e pela lembrança do nosso primeiro beijo na cafeteria.
– Eu faria tudo isso de novo por você. – Digo. – Você merece o melhor, Callie.
– Já tenho o melhor namorado de todos, com certeza.
Ela me beija com as mãos em meus ombros, mas se afasta antes que eu possa soltar a cesta e puxá-la para mim.
– Me ligue amanhã quando tiver tempo. – Ela pede e abre a porta bem devagar.
Fico ao seu lado.
– Tome seus balões. – Entrego a ela e empurro mais a porta.
Assim que Callie coloca os pés para dentro de casa – ajeitando os balões para que passem na entrada – as luzes se acendem.
– Feliz aniversário, Callie! – gritam.
Vejo Annie de frente com uma galera. Ela não chamou muita gente. Consigo identificar algumas líderes de torcida, colegas de turma de Callie e Bella, Tyler, Thomas e Jessica. O teto está cheio de balões, cada um de uma cor.
Callie primeiro arregala os olhos, em seguida cobre a boca com a mão. Levo minha mão a suas costas e a incentivo a entrar mais.
– Você disse que não tinha mais nada planejado. – Sussurra para mim.
– Eu não planejei isso. – Explico-me.
Eu sabia do plano de Annie e meu papel foi apenas trazer Callie para cá depois que escurecesse.
– Callie! – Annie a abraçou.
Deixo-as a sós e cumprimento as outras pessoas.
– E aí, cara? – Tyler me pergunta.
– E aí, o que? – pego um salgadinho. – Cadê os pais de Callie?
– O pai dela está no escritório, eu acho. – Ele responde. – Mas a mãe dela estava aqui com a gente nos ajudando a arrumar tudo. Subiu faz pouco tempo. Os gêmeos estavam exaustos e ela foi colocá-los na cama.
Vejo cada um ir abraçar Callie que está com um extenso sorriso no rosto. Tyler lhe dá um abraço apertado, tirando-a do chão.
– Obrigada, gente. – Ela diz ainda parecendo chocada. – Eu não esperava mesmo.
– Por isso se chama festa surpresa. – Annie diz abraçando-a novamente. – Se esperasse, não teria graça.
Elas conversam ali durante o abraço, mas assim que Annie a solta, Callie vem até mim.
– Não está me escondendo mais nada não, ou está?
– Não que eu me lembre. – Sorrio e beijo sua testa. – Aproveite sua festa.
– Vou guardar isso aqui. – Ela aponta para os balões que segura e corre para as escadas.
Tyler liga o som em uma altura suficiente para todos nós ouvirmos e não acordar os irmãos de Callie. Os móveis da sala foram arrastados para o canto e ali no centro é onde as pessoas estão se mexendo no ritmo da música.
Sento-me no sofá e como alguns salgadinhos. Callie não demora a voltar e fica colocando o assunto em dia com Annie e Jessie. Permaneço conversando com Tyler e Thomas.
– Parece que sua garota está te chamando. – Thomas diz.
Procuro por Callie. Ela está mesmo me chamando. Passo a cesta para Tyler.
– Cuide para mim.
Vou até Callie e seguro suas mãos.
– Está gostando?
– A presença de todos vocês me deixa muito feliz. – Ela diz me abraçando. Enterra o rosto em meu peito e eu apoio meu queixo no alto de sua cabeça. – Mais feliz que eu já estava.
– Estou muito feliz também. – Abaixo a cabeça para falar em seu ouvido. – Você está de volta. Posso te abraçar e te beijar quando eu quiser, não te ver apenas por uma chamada de vídeo ou ouvir sua voz só através do celular.
Callie não diz mais nada. Nos mexemos devagar conforme a música que toca. Pego sua mão e me afasto. Eu a giro e ganho sua risada maravilhosa. Puxo-a contra meu peito outra vez, passando meus braços ao redor de seu corpo. Callie levanta a cabeça para olhar para mim e segura meu rosto com gentileza. Nossos lábios se tocam com calma. Quero que ela saiba com esse beijo o quanto eu a amo, o quanto ela merece ser feliz e o quanto ela me faz feliz.
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