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TRINTA E UM - CALLIE

Eu me despeço dos meus sonhos quando a luz do sol passa pelas cortinas e atinge meus olhos. Puxo minha mão para perto do meu rosto e percebo que ela está presa – ou algo assim.

Abro meus olhos e me deparo com Noah sentado no chão, sem camisa e com a cabeça apoiada no colchão, segurando a minha mão. Ele se move e olha para mim.

– Bom dia – digo e um sorriso surge no seu rosto.

– Bom dia, Callie – ele passa a mão pelo cabelo e boceja. – Só para sua informação, eu não estava dormindo.

– Acordou faz muito tempo?

– Eu acho que não. Dormiu bem?

Quero dizer que não dormi. Mal consegui fechar os olhos. A nossa conversa na praia ficava se repetindo na minha mente como um filme. Se eu caí no sono, deve ter sido um cochilo de quinze minutos a cada uma hora.

– Posso tentar dormir mais tarde, não se preocupe. – Jogo o cobertor de lado e me sento. – Acho que vou tomar banho. Se você quiser fazer o mesmo, tem o banheiro do quarto de visitas.

– Eu estou indo para minha casa. – Anuncia.

– Eu vou com você.

– Mas, Callie...

– Eu não vou demorar.

Não deixo ele falar. Levanto-me e entro no banheiro o mais rápido que posso. Minha ideia não era tomar um banho rápido depois de ontem, mas se eu quero ter Noah ao meu lado, vou ter que fazê-lo. Parte porque eu senti falta dele e porque ainda não estou convencida com essa história de sobriedade.

Visto uma roupa limpa e encontro Noah sentando na janela do meu quarto, atenção perdida em alguma parte da rua.

– Estou pronta – digo.

– Seus pais acabaram de sair com seus irmãos – aponta para a garagem e eu noto que falta um carro.

– Não se preocupe com eles.

– Eu coloquei o colchão de volta no outro quarto – ele sai da janela e passa por mim.

– Noah, não precisava – sigo-o.

Ele para de andar e se vira para mim. Não perco o meu tempo. Eu sinto um clima estranho entre nós e não vejo mais necessidade em nos tratarmos como dois estranhos. Jogo meu corpo contra o de Noah, passo meus braços ao redor do seu pescoço e o beijo. Ele me coloca contra a parede e me tira do chão.

Aí está o meu Noah Young. Penso aliviada.

Assim que acabamos com nosso lábios, Noah me leva em seus braços até o andar debaixo. Enterro meu rosto no seu pescoço e sorrio contra seu corpo.

Eu tenho ele de volta. E não é um sonho.

Noah é a minha música predileta, que eu ouviria até meu último minuto. Doce melodia, acordes harmoniosos, vocais únicos. Eu senti falta de ser dele.

– Suco? – ele me pergunta.

– Aham.

– Infelizmente, eu tenho que te soltar.

Ele me deixa sentada no balcão e me entrega um copo de suco rapidamente. Puxo Noah para perto antes que ele se afaste. Ele me assiste beber o suco em silêncio. Quando termino, deixo o copo de lado e sorrio.

– Você é linda – ele beija minha bochecha.

– Você também é muito bonito, Noah Young.

– Obrigado.

– Mas você precisa de um banho – torço no nariz para ele.

– Vamos logo para a minha casa, não sei o que estamos esperando.

Noah e eu deixamos o carro de Annie na casa dela – a chave ficou com quem atendeu a porta, um desconhecido tanto para mim quanto para Noah – e fomos andando para a casa dele.

Ele abre a porta e deixa que eu entre primeiro. Aperto mais forte a mão dele e tento me controlar. Noah passa por mim e vai direto para o seu quarto, mas eu fico paralisada na sala.

– É sério? – ouça a voz de Amy no corredor e segundos depois ela está bem a minha frente.

– Ei, Amy – é tudo o que consigo dizer.

– Callie! – ela grita e me abraça. – Eu sabia!

– Bom te ver também, baixinha – abraço-a mais forte.

– Quando vocês voltaram? Foi uma conversa decente?

– Nós conversamos como dois adultos ontem – sussurro para ela. – Sua mãe está em casa?

– Plantão. E Harold está no trabalho.

– Obrigada por guardar segredo sobre aquele dia que eu vim aqui.

– Ao seu dispor. Ele te disse que eu coloquei-o na linha? – ela soa orgulhosa.

– Aham. Obrigada por isso também. Mas eu preciso saber se ele está mesmo sóbrio.

– Nem uma gota desde sexta, Callie.

– Bom ouvir isso – beijo o rosto de Amy e afasto-a. – Eu estou te devendo uma.

– Podemos ver isso depois – ela ri. – Quer esperar ele aqui na sala? Vou te avisar logo que aquele quarto dele tá uma zona.

– Pode ser. Tem algo de bom na televisão?

– Eu ia perguntar se você pode cantar.

– Não, Amy, eu não canto.

– Mentirosa. Você canta muito bem.

– Não, não canto – me jogo no sofá e cruzo os braços. – Você que deveria treinar para ser cantora, tenho certeza que Noah adoraria te dar aulas.

– Eu não quero a ajuda dele – ela me dá a língua e se senta ao meu lado. – Ele é mandão.

– Ele só é assim porque você fica emburrada quando ele tenta te ajudar – aperto o nariz dela.

– Não, ele é mandão sim!

– Para com isso, Amy.

– Vem viver com ele todo dia para ver se ele não adora ser folgado e ficar pedindo as coisas para você – ela fica emburrada e eu rio.

– Estão falando de mim? – Noah aparece no corredor.

– Aham. – Digo rindo. – Amy disse que você é mandão.

– Eu? Mandão? Não sei de onde ela tirou isso. – Ele diz apertando os olhos para Amy.

– Você é sim mandão – ela protesta. – Quantas vezes você me pediu para pegar algo para você só porque estava com preguiça? E eu estou falando para você contar isso a partir do momento que eu comecei a entender o que as pessoas falavam comigo.

– Eu peço para pegar algo. Não mando. E não tem nada a ver com preguiça, eu peço quando estou exausto, Amy.

– Então comece a pedir usando a palavra por favor – ela cruza os braços e eu rio ainda mais.

Noah revira os olhos e desiste daquela discussão. Ele se senta do meu outro lado e me puxa para perto.

– O que mais ela te falou?

– Nada – digo e olho para Amy, que entende que é para ela ficar quieta quanto ao resto da nossa conversa.

– Eu vou estar no meu quarto – ela faz uma cara de nojo para nós e sai da sala. – Só me chamem se estiverem em chamas.

– Você queria me contar alguma coisa. – Noah vira meu rosto para ele. – Não precisa me contar exatamente agora se não quiser.

– Você quer ouvir? – digo mais para me preparar do que deixar ele fazê-lo. Eu que vou terminar essa conversa em lágrimas.

– Eu quero, mas no seu tempo.

– O que você quer que eu explique primeiro? O beijo que eu escondi ou o relacionamento?

– O relacionamento com aquele cara.

– Era como qualquer relacionamento no início. Ele era legal, dizia coisas legais e me levava para lugares que eu gosto. Era perfeito demais para ser real, isso até as férias começarem. Ele já tinha o costume de me levar para uma ou duas festas no final de semana, mas nas férias, era festa quase todo dia. E todo dia ele tentava me deixar bêbada e me levava para um quarto.

"Ele conseguiu o que queria na décima festa para qual me arrastou. Eu mal me lembro do que aconteceu, é um borrão na minha mente, eu estava muito bêbada mesmo, ou talvez tinha alguma droga na minha bebida.

"Eu demorei muito para perceber, porém eu estava mais esperta. Eu jogava fora o que ele me servia, não ia mais sozinha, sempre carregava alguma amiga ou arranjava alguém para me vigiar durante a festa.

"Então em uma noite, quando eu me recusei a beber qualquer coisa e insisti para ir embora, Mike me largou. Ele simplesmente me deu as costas e procurou outra vítima. Não foi a Bella, teve uma outra garota antes dela.

"Só que não foi fácil para mim aceitar o que estava acontecendo. Eu gostava do Mike, mesmo sabendo que tudo não passou de uma farsa. Eu estava mal, Annie me ajudou, deu um jeito de tirar aquele canalha da minha cabeça e fiz ela prometer que não contaria nada para ninguém. As pessoas do nosso círculo de amizades sabiam que eu era namorada do Mike, mas ninguém se lembrava do que acontecia nas festas.

"E então teve você com um violão. Depois de eu ter jurado milhares de vezes que nunca mais me apaixonaria por alguém até terminar a faculdade, eu não consegui tirar você da minha cabeça. Eu mal lembrava do pior verão da minha vida. Você me ajudou a jogar todas as lembranças ruins fora e me ensinou que os momentos e sentimentos mais bonitos estão nas coisas mais simples.

Escondo meu rosto com as minhas mãos. Eu estou chorando e Noah está me olhando com pena. Eu previ isso. Quando eu conto essa história para alguém, eles me encaram como se eu fosse realmente uma santa e odiasse o fato de que o Mike queria mais do que beijos. Eles não enxergavam toda a agressão por trás disso.

– Callie, eu sinto muito que teve que passar por isso. Eu nem sei o que eu faria se o visse na minha frente. – Noah envolve os braços ao meu redor, puxando-me para um abraço. – Irei te ajudar a se livrar dessas lembranças de vez.

– Eu sei que vai, você já faz isso sem nem mesmo perceber. – Não escondo a minha dor, deixo que ela saia com as lágrimas e os soluços.

– Não vamos mais pensar no Sloan, ok? Estamos bem agora. Ele não nos trará mais problemas.

– Eu nunca mais quero esconder nada de você. – Estou tremendo e Noah me abraça mais forte.

– E eu não quero mais dias como aqueles sem você.

Eu me ajeito nos braços de Noah. Deito em seu peito e ele se inclina no sofá para que eu me acomode melhor. Ele me deixa chorar sem perguntar nada mais. Ele me deixa aceitar o meu passado que eu joguei para o canto, mas não aceitei. Eu era ingênua e fraca.

– Está melhor?

– Aham. – Enxugo meu rosto com as costas das minhas mãos. – Eu preciso lavar meu rosto.

Levanto-me e vou para o banheiro. Jogo água no meu rosto e enxugo com a toalha. Tento não olhar para o meu reflexo porque eu tenho medo de me ver pior do que já fiquei. Volto para sala, Noah me entrega um copo de água e me leva para o quintal.

– Eu tenho que dizer uma coisa. – Ele me olha sério. – Estou começando a sentir fome.

– Não acredito, Noah – começo a rir.

– Você tomou café, se é que dizer que um copo de suco mantém alguém em pé, e eu não como nada desde a noite passada.

– Eu não vou a lugar algum – aponto para a mesa. – Vou ficar aqui te esperando.

– Já volto. – Ele beija minha bochecha e vai para a cozinha.

Eu fico entediada com muita facilidade. Ando pelo quintal e sinto falta de um peso nos meus ombros. Por que eu não dividi esse verão horrível com alguém antes? Por que não com Noah? Porque eu vivo com medo dos pesadelos voltarem.

Entro na cozinha e me deparo com Noah lavando a louça.

– Quer alguma coisa?

– Não, obrigada. Posso pegar o seu violão?

– Eu levo lá para fora. Você quer que eu toque?

– Você poderia me ensinar a tocar?

Ele fecha a torneira e enxuga as mãos. Há um pouco de animação e surpresa no seu rosto.

– Claro que eu posso. Eu te encontro lá fora.

Ele não me deixa dizer algo e vai para o seu quarto buscar o violão. Volto para ao quintal e me sento a mesa com as mãos servindo de apoio para o meu queixo. Noah aparece minutos depois com o violão pendurado nas costas, a guitarra branca dele em uma mão e o amplificador na outra.

– Precisava disso tudo? – vou ajudá-lo e pego o violão.

– Melhor eu te mostrar o que é para fazer do que só falar.

– Já vou avisando que eu nunca toquei antes.

– Você vai aprender fácil, tenho quase certeza disso.

Ele liga o amplificador na tomada, conecta à guitarra e regula o som. Tento me acostumar com o violão e o jeito que eu tenho que pegá-lo e segurá-lo contra meu corpo. Sento-me de costas para a mesa e Noah me acompanha, sentando-se a minha esquerda.

– Eu vou pular a parte chata que não vai te ajudar em nada agora – ele diz e sorri. – No braço do violão – aponta para a estrutura comprida – temos as cordas, ordenadas de baixo para cima, e as casas. Cada pequeno pedaço representa uma casa – ele conta até quinta para mim. – Me empresta sua mão esquerda.

Levo-a para perto dele.

– Dedo um, dois, três e quatro – nomeia desde o indicador até o mindinho. – Parece bobeira, mas depois fica mais fácil de entender o que eu estou falando.

– Só vá com calma – alerto-o.

– Ok. – Ele se ajeita de modo que fique quase de frente para mim. – Vamos lá, primeiro acorde. Dedo um, corda dois, casa um.

– Dedo um, corda dois, casa um – repito para mim e o faço.

– Dedo dois, corda três, casa dois.

Demoro um pouco para me localizar, mas também consigo.

– Por último: dedo três, corda cinco, casa três.

– Isso é humanamente possível? – a distância entre meus dedos parece enorme.

– Tem acorde piores. – Ele confere se fiz certo. – Agora toque.

Agora toque? Encaro-o meio perdida.

– Assim, Callie – ele desliza a outra mão nas cordas da guitarra. – Tente.

Repito o que ele acabou de fazer. O som não é muito claro, mas consegue roubar um sorriso do rosto de Noah. Ele me ensina mais três acordes e diz para eu tentar uma pequena sequência com ritmo.

– Isso é muito difícil – reclamo depois de errar a sequência diversas vezes. – Quando não são meus dedos que erram as cordas, eu erro a batida.

– Você vai precisar treinar um pouco até se tornar automático – Noah coloca a guitarra de lado e sorri. – Eu também era muito ruim quando comecei.

– Não consigo imaginar isso. – Balanço a cabeça e insisto em tentar mais uma vez. – Não vai dar certo, desisto.

Noah chega mais perto de mim e passa seu braço ao meu redor. Ele segura meu pulso com uma mão e toma espaço no braço do violão. Ele faz os acordes e me guia pela batida. Quando me dou conta, ele está cantando ao meu lado e eu passei a tocar sozinha.

– Tome – ele tira a outra mão do violão e eu assumo.

Então eu consigo. Claro que alguns erros ou atrasos ocorrem, mas soa melhor do que das outras vezes. Concentro-me naquilo até sentir que posso parar. Meus dedos correm pelas cordas uma última vez e não prossigo.

– Então, como foi? – coloco o violão apoiado no banco e viro meu rosto para ele.

– Você vai tocar melhor do que eu se continuar assim – Noah ajeita meu cabelo e descansa sua mão no meu rosto.

– Obrigada.

– Você precisa de mais aulas – ele sorri.

– O meu professor é ótimo, mas eu sou uma péssima aluna.

– Não é não.

– Pare, Noah, eu vou ficar com vergonha assim.

– Não tem motivos para ficar com vergonha. Estou sendo sincero. Você é bastante atenciosa, não tem como ser uma péssima aluna desse jeito.

– Se você diz – beijo-o rapidamente. – Esqueci de te falar, essa noite nós vamos sair com nossos amigos.

– Onde iremos?

– Eu não sei, ainda vamos decidir. Pizza ou sushi, não está certo.

– Prefiro pizza, você sabe.

– Eu sei. O pessoal vai ficar bem feliz em saber que você vai se juntar a nós.

– Vai ser bom ver todo mundo.

– Vai ser ótimo ter você de volta – meus dedos se entrelaçam aos dele. – Todo mundo sentiu a sua falta, quem não admitiu isso, escondeu muito bem. Acho que eles ainda nem se tocaram que nós voltamos e vamos deixar assim para que seja uma ótima surpresa à noite.

– Só espero que ninguém esteja com raiva de mim por ter me afastado e tal.

– Ninguém está com raiva de você, talvez confusos, mas ninguém te odiou pelas suas escolhas.

– Eu estava sentindo falta de estar com o pessoal de novo.

– Nós sentimos falta de você.

Abraço-o mais forte que posso. Não sei mais quantas vezes eu vou ter que fazer isso até a saudade passar. Foi pior do que passar duas semanas a milhares de quilômetros de Noah. Eu via que ele estava ali, mas não podia tocá-lo, como uma miragem no deserto.

As mãos do Noah estão no meu cabelo e eu descanso meu rosto no seu ombro.

– Você quer ir para algum lugar? – ele me pergunta.

– Não, aqui com você está ótimo.

– É realmente ótimo estar aqui com você. Eu estou começando a achar que não deixarei você ir embora mais.

– Eu não ligo – fico feliz com a ideia de ter que passar mais tempo com Noah. – Pode me prender aqui, se quiser. – Afasto-me dele e estendo minhas mãos com os pulsos juntos.

– Não tenho nada aqui para te prender agora, mas pode ficar tranquila. Eu irei arranjar algo. – Ele segura meus pulsos. – Não deixarei que você saia da minha vista.

Coloco meu rosto perto do dele e o beijo sem pressa.

– Por me proteger. – E beijo-o de novo. – Por tudo o que você já fez por mim.

– Eu faria tudo de novo.

– Tenho certeza que faria. – Não canso de levar meus lábios para os seus.

Noah não deixa que eu me afaste dessa vez e solta as minhas mãos para me prender perto de si. Respiro fundo quando ele permite e volto de onde paramos. Enterro minhas mãos no seu cabelo e tomo seus lábios para mim.

Eu não sei dizer por quanto tempo continuamos assim, parece uma eternidade. Não somos interrompidos por ninguém, nós mesmos decidimos parar porque não querermos enjoar dos beijos do outro rápido demais. Passamos muito tempo longe para querermos matar tudo de uma vez só.

– O que você quer fazer agora?

– Não tenho nada em mente. – Admito. – Talvez ouvir você cantando.

– E o que quer que eu cante? – ele pega o violão que está atrás de mim.

– O que você acha de uma apresentação daquelas músicas que você tocou no Seaside e eu não estava presente?

– Tudo bem, mas quero que cante comigo.

– Eu não sei a letra de todas elas, tem problema?

– Claro que não.

– Então o que você está esperando? – ele ri e começa a tocar. E eu sinto cada parte de mim entrando nos eixos antigos. Eu o vi em pedaços naquele dia que Amy deixou que eu entrasse, mas o que eu não tinha percebido até agora, é que eu também me parti em vários pedaços.

Depois de passar um dia inteiro com Noah e ter que deixar ele me trazer em casa, ainda tenho que esperá-lo para irmos juntos. Não contei para nossos amigos que Noah se juntará a nós essa noite e espero que ninguém ligue os pontos e descubra que nós voltamos.

– Callie, que horas você volta? – meu pai passa por mim no corredor.

– Eu não faço ideia. Mas não deve ser muito tarde.

– Noah vai dormir aqui?

– Não, eu acho que não – respondo e desço as escadas.

– Pegou dinheiro, Callie? – minha mãe pergunta da cozinha.

– Sim. E as chaves e o meu celular. – Jogo-os dentro da minha bolsa.

– Se divirta!

A campainha toca e eu calço meu sapato rapidamente.

– Até mais, mãe! Não aprontem, baixinhos!

Saio e fecho a porta. Topo com Noah e ele me segura para que eu não caia.

– Isso sempre acontece. – Ajeito-me antes de olhar para ele.

– Tenho que aprender a ficar mais distante da porta.

– Não, eu que tenho que olhar se não tem ninguém antes de sair com toda essa pressa. – Ajeito o meu cabelo pela milésima vez. Estou nervosa e não sei o porquê.

– Tem alguma coisa errada? – ele faz com que as minhas mãos parem de voltar a mexer no meu cabelo.

– Eu me sinto nervosa, mas eu não entendo. Está tudo como deveria na minha vida, então por que estou assim, como se estivesse me preocupando com algo?

– Não precisamos ir se não estiver se sentindo bem.

– Não, eu estou bem, eu vou ficar bem – damos as mãos e passamos a caminhar. – Isso vai passar.

– Vai sim, mas se não passar, você me fala.

– Com certeza – respiro fundo. – Eu estava pensando: por que não fazer uma pegadinha com o pessoal?

– O que tem em mente?

– Eu pensei em chegarmos separadamente. Eu nem avisei que você iria comigo, nada desse tipo. Eu encontro eles primeiro e depois você aparece. Pensei num estranhamento nosso, quase como se a gente fosse se matar ali mesmo.

– Não sei se vou conseguir convencer alguém, mas gostei dessa ideia.

– Você pode chegar como quem não quer nada, me ver e falar algo tipo "Além de mentir para mim, roubou meus amigos". Eles vão cair e se vacilar vão defender um de nós dois.

– Eles vão ficar loucos quando descobrirem a verdade.

– Ou vão comemorar, ou vão nos matar. Caso seja a segunda opção, a gente corre.

– Ficarei preparado.

– Eles decidiram que vamos nos encontrar numa pizzaria. – Quase deixo esse detalhe passar quando estamos na metade do caminho.

– Fiquei na torcida para ser pizza mesmo.

– Eu sei que ficou – tento beijar sua bochecha enquanto andamos, mas não tenho muito sucesso.

– Callie, você quer ir ao Píer depois da pizza?

– Eu adoraria.

– Ótimo. Quero ficar mais um pouco com você antes de te levar para casa.

– Ainda temos três semanas de férias e não podemos desperdiçá-las.

Deixamos as casas para trás e entramos no centro comercial de Santa Mônica. Posso ver a placa da pizzaria daqui e sei que é hora de me separar do Noah.

– Precisamos nos separar – aponto qual a pizzaria que vamos. – Eu vou andando do outro lado da rua, assim que eu entrar, você conta até dez, atravessa a rua e entra.

– Tem certeza disso? – ele me beija.

– Aham. Você verá, o teatro vai valer a pena.

– Nos falamos daqui a pouco.

Atravesso a rua e caminho ansiosa. Olho para o lado e vejo Noah alguns metros atrás e com seus olhos em mim. Ele sorri sempre que nossos olhares se cruzam. Eu confiro as horas no celular, estou no horário e Jessie, Tommy, Annie, Bella e Ty disseram que já estão na pizzaria. Ótimo, só falta eu.

Empurro a porta do estabelecimento e os encontro na entrada, conversando enquanto me esperam. Abro meu melhor sorriso e abraço-os.

– Onde você estava? Está atrasada. – Reclama Ty.

– Não estou atrasada, estou no horário. Eu tive uns probleminhas lá em casa. – Respondo.

– Bom, seremos só nós seis? – Bella conta mais uma vez.

– Aparentemente sim – dou de ombros como se não tivesse nada em mente.

– Achei que você e Noah tivessem feito as pazes – diz Annie. – Vocês conversaram ontem à noite e tudo mais.

– Eu tentei conversar com ele, mas foi um pouco difícil. Minha conclusão final é de que não nos resolvemos e talvez isso nunca aconteça.

O sino na porta indica que alguém chegou e todos nós olhamos para ver quem é. Noah estar ali pega todo mundo de surpresa. Ele para de andar e nos encara – seus olhos param exatamente em mim.

– Então quer dizer que além de mentir para mim, rouba meus amigos? – ele me convence com essa raiva.

– Você não quis conversar, não quis resolver as coisas de maneira adulta. – Melhoro minha postura.

– Não fui eu quem mentiu.

– Não é mentir se você não pergunta sobre – rebato quase que instantaneamente.

Noah se aproxima de mim. Estamos a poucos centímetros.

– Escondeu a verdade. Isso para mim é o mesmo que mentir.

– Eu te ofereci a verdade...

– Depois que eu já sabia!

– Você que não quis ouvir.

Eu não percebo, mas lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto. Annie e Bella me abraçam, Ty e Thomas afastam Noah de mim. Jessie fica parada, ela está sem reação alguma.

– Ei, gente, nada de brigar aqui – Tyler pede. Sinto que metade do restaurante está olhando para nós.

– Callie, você está bem? – Annie pergunta.

– Viu? É disso o que eu estava falando! – Noah aponta para mim e depois nos dá as costas.

– Noah, cara, relaxa, vocês podem resolver isso depois. – Thomas tenta esfriá-lo.

Noah afasta os garotos de perto dele, se aproxima e faz o mesmo com as meninas. Ele me pega pelo braço e me empurra para trás. Eu vejo Annie e Bella se assustarem pelo canto de olho e encaro Noah.

Então nós dois começamos a rir e eles nos olham sem entender. Abraço Noah de lado porque não me aguento em pé de tanto rir.

– Vocês tinham que ver as suas caras – eu digo sem fôlego.

– Isso foi uma brincadeira de mal gosto horrível – Annie me fuzila.

– Eu não estou entendendo nada – Ty se apoia na parede. – Vocês são ótimos atores.

– Então quer dizer que vocês voltaram? – Jessie está confusa.

– Isso mesmo. – Noah responde e me beija e eu não sei se nossos amigos estão felizes por isso ou se querem nos matar.

– Nunca mais façam isso – Bella respira fundo e sorri. – Eu estou tão feliz em vê-los juntos! – e vem nos abraçar.

– Bom, eu estou feliz porque vocês não querem nos matar – sorrio. – Admito que a ideia foi minha e não me arrependo nem um pouquinho.

– Então se quiserem matar alguém, já sabem por quem começar – Noah me incrimina ainda mais e não consegue parar de rir. Segundos depois, esquecemos aquela encenação e pedimos uma mesa.

Sentamos eu, Noah, Ty, Bella, Annie, Jessie e Thomas – nessa ordem – em uma das cabines no fundo do restaurante. Decidimos pedir uma pizza gigante de pepperoni e uma grande metade vegetariana – Bella e suas dietas – e queijo – para fazer aquela variação.

– Sinto que estou segurando vela aqui – Annie olha para os dois casais. – Ainda bem que tenho a Bella aqui – ela abraça-a e eu mordo meu lábio.

– Callie, o que foi? – Thomas me encara. – Você está escondendo alguma coisa.

– Eu? Não, eu só estou pensando. – Tento disfarçar.

Bella abaixa a cabeça rindo e depois nos olha.

– Eu tenho algo para contar para vocês – ela anuncia e abraça Ty. – Nós estamos namorando.

– E você contou para Callie? – Ty pergunta.

– Desculpa, saiu sem querer – Bella responde.

– Não acredito que eu vou segurar vela para todos vocês! – Annie cruza os braços e se joga contra o estofado. – Não é justo. Vocês vão pagar – então ela percebe como estamos sentados em casais e ela fica quase no meio. – Podem começar a levantar e misturar isso daí, eu que não quero ficar sozinha.

– Você não está sozinha, muito menos entre um casal – Jessie observa. A expressão no rosto de Annie suaviza, mas ela não está totalmente convencida.

– Hoje eu deixo passar, mas só hoje. – Ela finaliza e nós caímos na risada.

O garçom deixa nossos refrigerantes e informa que as pizzas podem demorar um pouco mais que o estimado porque o restaurante está cheio. Concordamos que não havia problemas e aproveitamos esse tempo para colocarmos nossas vidas em dia.

– Noah, como você está se sentindo? – Tommy pergunta. Ele tem esse jeito meio preocupado com as pessoas e parece meio culpado por ter apresentado Noah aos amigos do irmão.

– Melhor agora – Noah sorri ligeiramente.

– Cara, desculpa por te apresentar aos amigos do meu irmão, eu achei que fosse te ajudar...

– Ei, não precisa se desculpar. Você tentou me ajudar, eu que estraguei todo o resto. Vai dar tudo certo agora – Noah soa confiante. Eu procuro sua mão sob a mesa e a aperto forte.

– Você ainda tem algumas apresentações marcadas, Noah? – Ty pega o celular para checar esse detalhe. – Eu desmarquei as que iam acontecer naquele período, mas não lembro se ainda tem alguma de pé.

– Não, não tem. Mas eu tenho algo importante quanto a música para contar para vocês.

– Então fale – digo surpresa.

– Eu sei o que é! – Tyler exclama.

– Depois daquela apresentação no Seaside, a representante de uma gravadora me procurou porque gostaram da minha voz. Eles pediram por uma demo de músicas autorias, eu ainda não tenho muitas, mas estou trabalhando nisso. Só que eu não contei para vocês antes porque eu queria ter certeza de tudo.

– Noah, parabéns! – comemoramos essa surpresa como velhos amigos. Nada parece ter acontecido entre nós e isso é ótimo.

Puxo Noah para um abraço.

– Por que você não me contou antes? – sussurro.

– Porque isso levaria ao assunto da sua música e eu não queria comentar sobre ela.

– Estou orgulhosa de você.

– Garotos, as pizzas – anuncia o garçom e Noah me larga no mesmo momento.

– Fala sério Noah! – Abro os braços. – Já vai me trocar por pizza?

– É de pepperoni. Desculpa, hoje a pizza ganha.

Finjo estar chateada com a troca, mas eu não me importo. Seguimos com as conversas descontraídas, risadas e toda aquela experiência de vida de um adolescente. Sair com os amigos e se divertir para esquecer um pouco os problemas.

Porém o nervosismo que eu senti algumas horas atrás permanece nos meus pensamentos. Não consigo tirar isso da minha cabeça e está me incomodando. Largo um pedaço de pizza no final e fico só no refrigerante. Meu estômago está embrulhado e eu não quero passar mal.

– Loirinha, tem algo errado? – Annie repara.

– Não precisa se preocupar, não é nada muito grave. – Respondo.

– Callie, você está mal? – Noah me encara.

– Realmente, eu não sei. – Massageio as minhas têmporas. – Vou tomar um ar, já volto.

Levanto-me e saio do espaço confinado da pizzaria. As vozes se tornam sussurros distantes e eu respiro fundo algumas vezes. Ando de um lado para o outro tentando entender o que eu estou sentindo antes de voltar e falar qualquer coisa, só que não muda nada.

– Você não sabe mesmo o que está te preocupando? Eu quero te ajudar. – Noah surge do meu lado.

– Eu não quero te envolver nisso também, Noah.

– Não posso te ver desse jeito sem saber o que está te angustiando. E nós não vamos mais esconder nada um do outro – ele está com as mãos nos meus ombros.

– É o Mike.

– Callie...

– Não, me deixe terminar. Amanhã é a audiência para o caso dele e eu vou testemunhar perante um júri e Mike.

– Então é isso o que está te deixando assim?

– É. A ideia de ter que ficar quase frente a frente com ele e reviver aquela história está mexendo comigo.

– Sinto muito por isso, Callie. – Ele me abraça. – Você não pode decidir não testemunhar ou algo assim?

– Não tenho escolha. É quase como se eu fosse uma prova para acusá-lo – enterro meu rosto em seu peito. – Você poderia ir comigo.

– Callie, eu não sei se é uma boa ideia.

– Só meu pai estará lá, mas eu não sei se só a presença dele vai me acalmar.

– Eu não sei como irei reagir quando vê-lo, Callie. Tem certeza que quer que vá com você?

– Meus pais ainda não sabem detalhes do que aconteceu entre eu e Mike. Eu tenho medo de como meu pai vai reagir, de como eu vou reagir. – Passo meus braços ao redor de Noah. – Eu tenho certeza que você vai se controlar Noah, ele já está pagando pelo que fez.

– Eu te dou uma resposta até o final da noite, pode ser?

– Por favor, vá comigo.

Solto-me dele e tento forçar um sorriso. Ele não parece convencido.

– Melhor você contar para eles – Noah sugere.

– Se eu falar, eles vão querer ir. Será gente demais, Bella também prometeu ao advogado de acusação que não contaria sobre o julgamento.

– Então por que você me contou?

– Porque eu não quero mais mentir.

– Melhor entrarmos.

Ele me guia até a mesa e nossos amigos fazem perguntas sobre como eu estou me sentindo, o que está acontecendo e por que estou assim.

– Por que não marcarmos de ir à praia amanhã à tarde? – sugiro com esperanças de acabar com o assunto.

– É uma ótima ideia – Annie se empolga. – Por que não vamos para o Seaside? Eu soube que eles inauguraram umas cabanas na beira da praia, eu posso reservar uma para nós.

– Eu levo a música – Noah sabe que nós vamos perguntá-lo se pode tocar para nós e decide logo dizer que o fará.

– Eu, com certeza, vou. – Bella cutuca Tyler com o ombro.

– Claro que eu vou – ele diz. Essa coisa de relacionamento, ter uma namorada e sair com ela é novidade para Tyler e ele se perde nisso às vezes.

– Nós não vamos poder – Tommy diz. – Vamos fazer uma viagem até São Francisco. Desculpa, pessoal.

– Não tem problemas, todo mundo tem seus planos – Annie ainda me olha preocupada. Ela sabe que eu marcaria a praia de manhã, isso significa que eu tenho um compromisso que eu não contei para ela.

– Vocês só podem estar brincando. Quem comeu o último pedaço da pizza de pepperoni? – Noah estreita os olhos. Ele só está assim porque é a pizza favorita dele.

– Noah, você comeu o último pedaço antes de sair – Tyler relembra.

– Sério? Eu não lembro disso! – ele não acredita no que o amigo diz e nós rimos tão alto que chamamos toda a atenção para nós.

– Ai, Noah, eu não te mereço mesmo – apoio minha cabeça no seu ombro e talvez, por um breve momento, sinto o nervosismo sumir assim como a pizza.

Terminamos de conversar, dividimos a conta e tomamos nossos caminhos. Eu e Noah pegamos um táxi até a praia – estava chuviscando quando saímos da pizzaria, mas não abandonamos a ideia de ouvirmos o som das ondas quebrando na areia – e descemos num ponto onde podemos ver as luzes brilhantes e coloridas do Píer de Santa Mônica.

– Está se sentindo melhor?

– Aham – tiro meus sapatos e enterro meus pés na areia úmida. Ando em direção ao mar e Noah me segue.

– Eu já tenho uma resposta sobre ir ou não ir com você amanhã.

– O que vai ser?

– Eu irei com você. Não quero que se sinta sozinha.

– Obrigada, Noah – abraço-o de lado.

– Vai dar tudo certo, Callie. Você verá.

– Afinal, para que você queria me trazer aqui? – desvio do assunto. Não quero mais pensar no que vai acontecer amanhã.

– Eu te disse. Quero ficar mais um pouco com você.

– Quer entrar na água? – pergunto.

Noah tira o tênis e o casaco – Como ele aguenta andar de casaco em pleno verão? – e coloca-os na areia. Pega o meu sapato da minha mão junto com a minha bolsa e junta as suas coisas.

– Isso é um sim, então – sorrio.

Ele não diz nada. Viro-me para o mar, sinto Noah passar os braços ao redor da minha cintura, tirar-me do chão e me levar até a água. As ondas batem nos meus joelhos e eu peço para ele me soltar, só que ele continua me levando cada vez mais para o fundo.

– Noah! Por favor! Não era isso o que eu imaginava quando eu perguntei se você queria entrar na água.

– Me deu vontade de fazer isso.

– Precisava de me molhar tanto assim? – olho para a minha roupa encharcada. Ele parou de me levar para o fundo, mas as ondas estão altas.

– Não me culpe, culpe as ondas.

– Não vou culpá-las porque se nós estivéssemos lá na beirada, como eu pensei, eu estaria seca! – meus braços desabam ao meu lado.

– Você não disse nada sobre ficar na beirada. – Ele me solta e ficamos frente a frente.

– Eu estou vestida para dar um mergulho, Noah Young? – as ondas se chocam contra as minhas costas e eu sinto frio.

– Não devia ter perguntado se eu queria entrar na água.

– Eu te odeio – soco seu peito.

– Não, não odeia. – Ele ri.

– Eu poderia ter sido mais clara – passo meus braços ao redor do seu pescoço.

– Agora não pode reclamar.

– Maldade, Noah.

– Eu acho que, bem lá no fundo, você está gostando. – Ele beija minha bochecha.

– Na verdade, não estou não.

– Quer voltar, então?

– Não, não quero – puxo-o para beijá-lo. Seus lábios são salgados mesmo sem ter contato com a água.

Noah me põe mais perto e melhora o beijo. Ele não precisa se esforçar muito para me pegar no colo. Eu não planejo soltá-lo pelo resto do nosso tempo juntos. O vento joga meu cabelo no meu rosto e eu tenho que ficar puxando-o para trás toda hora.

– Deixe-me te ajudar com isso. – Noah prende meu cabelo com uma das mãos e eu me seguro mais firme. – Callie, eu não vou deixar você cair.

– Eu sei, é só que...

– Callie, por favor, esqueça tudo o que estiver te preocupando nesse momento – nossos rostos estão tão próximos para esse tipo de conversa. – Feche seus olhos. – Faço o que ele pede. – Concentre-se nas ondas e ignore todo o resto.

Deixo o meu nervosismo de lado e sou invadida pelo conforto de estar com Noah. Ele não me trouxe aqui à toa, dá para perceber que é o lugar preferido dele quando precisa pensar.

Quando eu o segui, na noite passada, eu não sabia para onde ele estava indo. E ficar observando-o de longe me fez pensar. Por que a praia? Nesse momento, ele está me fazendo entender o porquê.

– Melhor agora? – ele diz tão baixinho que as ondas quase escondem a sua voz.

– Posso abrir meus olhos agora?

– Pra que você quer abri-los?

– Eu quero te ver, Noah.

– Você não me respondeu ainda.

– Bem melhor. Obrigada.

Digo adeus a escuridão e agradeço por Noah ser a primeira pessoa que eu vejo. Ele está sorrindo. E seus olhos estão em mim com um pouco de preocupação e alívio. Seguro seu rosto. Ele está me carregando para fora da água.

– Você está com frio? – pergunta.

– Um pouco. – Coloco meus pés no chão.

– Pode pegar – ele me entrega seu casaco e eu o visto.

– Acho que nós vamos ter que ir andando – analiso nosso estado. Nenhum táxi vai querer parar para nós.

– Andar nunca foi um problema.

Abaixo-me, calço meu sapato e passo minha bolsa pelo ombro. Noah se senta na areia para colocar o tênis e eu afasto as memórias de quando nós conversamos aqui. Eu vou ter que conviver com essas lembranças por um bom tempo, ainda me sinto culpada pelo que aconteceu.

Caminhamos em silêncio até a minha casa. Noah se despede com um abraço e eu informo que horas será o julgamento. Ele me diz para dormir bem e não me preocupar. Então ele vai embora, desaparece nas sombras da rua com a promessa de aparecer amanhã.



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