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TRINTA E TRÊS - CALLIE

Estou tendo aulas de violão com Noah faz uma semana. Ele diz que eu estou evoluindo – eu discordo mentalmente para evitar seus discursos. Só que eu não entendo como ele avalia meu desenvolvimento sendo que passa a maior parte do tempo no estúdio improvisado que montou no quarto de visitas.

Com um pouco de ajuda, Noah e eu conseguimos equipamento necessário para ele gravar as músicas para a demo. Até passamos uma tarde inteira revestindo as paredes com forro acústico. Ficou ótimo, mas ele me proibiu de entrar lá enquanto grava.

Desisto de ser excluída. Coloco a guitarra de lado – Noah está com o violão no estúdio – e saio de seu quarto. Bato na porta impaciente e chamo por ele.

– Callie – ele abre a porta só um pouco.

– Eu acho que chega disso por hoje – tento puxá-lo para fora, mas ele mal se move.

– Mal comecei.

– Então eu vou embora – checo a hora no meu celular. – Estou treinando há duas horas.

– Fica mais um pouco. Não vou demorar.

– Ou você sai daí ou eu entro.

Ele pensa um pouco e abre mais a porta para mim.

– Talvez você possa me ajudar – ele diz e eu entro antes que desista da ideia.

– Como?

– Preciso de alguém para cantar um pequeno trecho da música, só para a voz ficar de fundo. – Ele fecha a porta e aponta para o microfone no pedestal. – Eu só preciso acertar a base da música.

– Tudo bem – olho ao redor e vejo a bagunça que ele conseguiu fazer. Tem fio por todos os lados, o violão está no chão e a mesa onde ele colocou o computador está cheia de papéis e copos de café vazios. – Noah, tá na hora de limpar isso daqui, não acha?

– Mesmo que eu limpe agora, voltará a ficar assim enquanto eu não terminar.

– E quanto falta para você terminar?

Ele se aproxima, me entrega uma folha com alguns versos escritos à mão e beija meu rosto.

– Estou quase terminando. Você vai me ajudar?

– Vou. Só me mostre como eu tenho que cantar isso – aponto para o papel.

– Ouça isso – ele coloca o fone de ouvido próximo a minha orelha e canta junto. Repete isso e faz com que eu o acompanhe. – Você consegue?

– É só isso? – encaro o papel.

– Sim. Eu só não vou cantar com você porque quero só a sua voz, mas não se preocupe, no final, quase não dará para te ouvir.

– Eu vou tentar. – Sorrio.

– Fique perto ao microfone e coloque os fones para você ter algo para seguir. – Ele volta para o computador e acerta mais algumas coisas.

Eu estou nervosa, nunca fiz algo do tipo antes. Cantar em uma roda de amigos ou num palco dá menos medo que em frente ao microfone e sendo gravada. Noah faz uma contagem regressiva e dá play no áudio. Eu espero alguns instantes para me acostumar com o violão e seu ritmo, só depois começo a cantar.

Canto mais algumas vezes esse trecho até ter certeza que um deles ficou bom. Noah faz sinal para eu parar e os meus pensamentos retornam para o pequeno estúdio.

Aproximo-me de Noah – que já está trabalhando com a minha voz – e o abraço por trás.

– Eu vou indo, então – beijo seu rosto e ele nem pisca, está concentrado demais.

– Ah, minha mãe te convidou para jantar aqui em casa.

– Hoje?

– Aham.

– E você só me fala agora?

– Ela mandou uma mensagem faz pouco tempo.

– Que horas? – apoio-me na mesa, bem ao lado do computador.

– Oito.

– Noah!

Ele finalmente me olha.

– Desculpe, Callie. Estou tão focado nisso que não estou te dando a atenção que merece.

Noah fica de pé, frente a frente comigo e segura minha cintura. Ele parece cansado. Ele está trabalhando nessa demo sem parar, eu evito lhe perguntar sobre quantas horas ele está dormindo porque sei que são poucas e não quero brigas.

Suas mãos deslizam até as minhas coxas e ele me pega no colo. Meu coração dispara, borboletas parecem invadir meu estômago, eu me agarro a Noah e ponho-o mais perto.

– Amy saiu – digo.

– Eu ouvi. Mas minha mãe pode chegar a qualquer momento.

– Pelo menos Amy não está aqui para nos interromper.

Beijo Noah e ele me beija de volta. Ele me segura com mais força, seus lábios buscam no meu forças para terminar isso logo, porque ele realmente não deve estar se aguentando dentro desse estúdio minúsculo.

Ele me leva para o seu quarto, mas em momento algum para de me beijar. Fecha a porta e me coloca contra a parede. Eu posso senti-lo respirar com dificuldade e seu coração acelerado. Está levando seus lábios para o meu pescoço enquanto eu me controlo.

Puxo seu rosto para o meu e o beijo no meu ritmo lento. Ele não tenta ir mais rápido. Quando percebo, Noah me deitou em sua cama e nossos corpos estão colados. Ele se afasta de mim com um sorriso no rosto.

– O que foi, Noah? – sorrio de volta.

– Nada, não. Queria apenas olhar para você.

– Você parece tão cansado – acaricio seu rosto.

– Não estou tanto assim. Só um pouco.

– Eu preciso ir e você precisa dormir um pouco.

– Ainda preciso terminar as coisas no estúdio. – Ele fecha os olhos. – Tem mesmo que ir?

– Eu preciso ir para casa tomar um banho e preparar algo para trazer.

– Callie, você não precisa trazer nada além da sua presença – ele sai de cima de mim.

– Minha avó me ensinou como faz a torta de maça dela, se eu for agora, dá tempo de prepará-la – sento-me ajeitando o meu cabelo.

– Te vejo à noite então – ele beija minha testa e sorri.

– Descanse um pouco, Noah – jogo a minha bolsa no ombro e fico de pé.

– Callie...

– Você está nisso há dias, descansar um pouco vai te ajudar a finalizar o trabalho. – Vamos para a sala e Noah abre a porta para mim.

O carro da senhora Young estaciona na garagem e ela abre a porta com um sorriso no rosto.

– Callie, que bom te ver aqui – ela abre o porta-malas e pega algumas sacolas. – Você vai jantar conosco hoje?

– Claro – sorrio.

– Mãe, diz para a Callie que ela não precisa trazer nada para o jantar – Noah resmunga.

Julia fica um pouco sem graça e entrega as sacolas para Noah.

– Bom, ela pode trazer algo, mas não é necessário. – Ela sorri para mim. – Você tem algo em mente, querida?

– A torta de maçã, receita da minha avó.

– Eu não vejo problemas – ela conclui. Noah ainda não se moveu um metro com as compras e eu guardo para mim a vontade de repetir o que a mãe dele disse.

– Eu estou de saída, nos vemos mais tarde – saio do caminho e aceno. – Se cuida, Noah!

Ele acena de volta e entra com as compras. Antes de ir para casa, eu passo no mercado para comprar o que eu acho que falta para a torta e perco um bom tempo lá.

Chego em casa e faço a torta correndo. Minha mãe aparece para me ajudar e me dispensa para que eu vá tomar um banho e me arrumar. Ela tem razão, porque eu estou com massa e pedaços de maçã na minha roupa.

– Obrigada, mãe – beijo seu rosto.

– Vai lá se arrumar. Aliás, o que você está pensando em usar?

– Aquele vestido vermelho que a vovó comprou para mim – coloco a louça suja na pia.

– Você fica linda com ele.

– Eu sei. Vou tomar meu banho.

– Eu não vou vigiar a torta para sempre! – ela grita.

– Eu sei! Te amo, mãe! – grito de volta, enquanto subo as escadas.

Tomo um bom banho e só saio debaixo do chuveiro quando sinto que não há mais trigo nas minhas mãos ou cabelo. Enrolo-me na toalha, coloco a roupa que vou usar em cima da cama e visto meu pijama.

Desço para olhar a torta e esbarro nos meus irmãos correndo pela cozinha.

– Quantas vezes a mamãe disse que cozinha não é lugar de correr? – entro no caminho deles e encaro-os.

– Mas... – Alex começa.

– Nada de mas, Alex. Mamãe disse que correr aqui é perigoso. Na verdade, ela disse que é proibido correr dentro de casa. – Rebato.

– Desculpa, Callie – ele abaixa a cabeça.

– Por que vocês não vão para a sala e procuram algum filme para vocês? Eu posso fazer pipoca – sugiro.

– Nós não jantamos ainda – Hannah me informa.

– Um balde de pipoca nunca matou ninguém. O que vocês acham?

– Callie, melhor irmã do mundo! – eles gritam juntos e correm para a sala.

Eu preparo a pipoca e deixo com eles. Ouço meus pais discutindo no escritório e prefiro não interromper. Volto para o meu quarto, faço meu rosto ficar apresentável e me visto.

– Callie, você desligou a torta? – minha mãe grita do andar debaixo.

– Sim! – pego a minha bolsa no chão. – Já estou descendo.

Calço as sapatilhas e desço correndo. Minha mãe coloca um pano debaixo da forma da torta e me olha atentamente. Vejo um sorriso em seus lábios e passo a bolsa pelo ombro.

– Papai pode me dar uma carona? – pego a torta e sinto o cheiro maravilhoso que ela exala.

– Ele está resolvendo um problema muito importante. Tem problema se eu te levar?

– Não, claro que não há problema. – Confiro as horas no relógio acima da geladeira. – Eu estou levemente atrasada.

– Ou, como eu gosto de chamar, atraso para fazer charme. – Ela beija meu rosto. – Vamos?

– Sim.

Saímos da cozinha, passamos pelos meus irmãos na sala – distraídos demais com a pipoca e o filme – e vamos para o carro. Minha mãe puxa uma conversa agradável sobre meus planos para a faculdade e diz que vai apoiar a graduação que eu escolher – ela fica aliviada quando descobre que não vai ter mais um engenheiro na família.

– Divirta-se – ela diz quando eu desço do carro.

– Obrigada, mãe. Eu ligo se precisar de uma carona.

– Eu deveria ter deixado você vir de carro...

– Não mãe, não precisa, você sabe que eu não gosto muito de dirigir.

– Tudo bem. Não chegue muito tarde.

– Pode deixar. Tchau, mãe.

– Boa noite, filha. – Ela liga o carro e some na primeira curva.

Eu confiro se eu trouxe celular e chaves de casa mentalmente enquanto vou até a porta da casa de Noah. Toco a campainha e não aguardo muito até alguém aparecer a abrir para mim.

– Ei, Callie! – Noah me recebe com um sorriso no rosto. Sinto que ele me olha dos pés à cabeça.

– Desculpa o atraso. – Digo sem graça.

– Nem percebi que você está atrasada – ele me deixa entrar e fecha a porta. – Callie chegou!

– Onde posso colocar a torta?

– Deixa que eu levo isso para a cozinha para você. – Noah coloca as mãos no recipiente quente e faz uma cara de dor.

– Você não percebeu que está quente e é por isso que eu estou segurando com uma toalha?

– Não esperava estar tão quente assim. – Então ele pega do jeito certo.

– Obrigada.

– Eu já volto. – E me deixa na sala. Mas Amy aparece logo em seguida.

– Callie! – ela abre os braços e vem me abraçar.

– Como você está? – aperto-a contra mim.

– Bem. E você? Noah disse que você estava com problemas. – Ela me olha com preocupação.

– Não se preocupe, já está tudo resolvido.

– Está mesmo?

– Sim, Amy, confie em mim.

Harold aparece na sala vestindo jeans e uma camisa azul. Ele parece bem mais amigável sem o terno.

– Callie, que bom que você veio! – ele me cumprimenta. – Como você está?

– Muito bem, Harold. Como vai o trabalho?

– Bem, muito bem. E os seus pais, como estão?

– Eles estão bem, meu pai está com alguns problemas em um projeto, mas ele vai dar conta disso.

– Tenho certeza que vai. Soube que está tendo aulas de violão com o Noah.

– Sim, ele está tentando me ensinar. – Digo desanimada.

Nesse momento, Noah aparece e não parece muito satisfeito com a minha resposta.

– E estou conseguindo. – Ele olha para Harold. – Callie fica melhor a cada dia.

– Tá, Noah, falar que eu estou progredindo não muda nada – torço o nariz para ele.

– O que quer que eu diga?

– Que eu não tenho jeito. Ou seja, a verdade. – Cruzo meus braços.

– Eu teria lhe dito se não tivesse jeito, Callie.

– Callie, para essas coisas, você tem que ter paciência – Harold tenta me convencer de que Noah está certo. – Você precisa praticar, não é de um dia para o outro que se aprende a tocar bem.

– Eu não sei, acho que o violão não gosta de mim.

– Você está se saindo muito bem para quem começou há pouco tempo. – Noah diz.

– Callie! – Julia aparece e me abraça. – Você está linda!

– Obrigada. – Ela está de jeans e camiseta e eu me sinto um pouco deslocada por estar tão bem arrumada.

– Você que fez aquela torta? – ela acena para nos sentarmos no sofá.

Noah fica ao meu lado o tempo todo e seus pais se sentam do outro lado. Eles parecem bem felizes, mas há um pouco de preocupação em suas palavras.

– Sim. Receita especial da minha avó. – Sorrio.

– O cheiro está divino.

– Espero que o sabor também esteja.

– Vamos saber disso daqui a pouco. – Julia olha para os lados como se procurasse algo. Ela respira fundo e me olha como uma mãe faz quando seu filho está com algum problema. – Callie, a respeito do julgamento do Michael, como você está?

– Eu me sinto bem melhor sabendo que ele nunca mais vai fazer isso com outra garota. – Engulo o choro que surge de surpresa. – O julgamento terminou na quinta-feira passada, ele pegou trinta anos de prisão.

– Me sinto melhor também sabendo disso. – O sentimento no seu olhar vai embora e ela parece mais tranquila. – A justiça foi feita.

– Eu acho que é pouco tempo. – Noah resmunga.

– Bom, foi o que o júri decidiu. – Dou de ombros. – As outras garotas tiveram problemas menores com Mike, por isso a pena não é mais longa.

– Noah, trinta anos é melhor que nada. Pelo menos ele está preso. – Julia se levanta. – Harold, venha me ajudar a arrumar a mesa.

Eles nos deixam na sala e Amy aparece.

– Vocês não vão se beijar nem nada do tipo? Eu posso virar de costas. – Diz.

Eu rio envergonhada e Noah percebe.

– Não precisa, Amy. Muito obrigado. Eu posso fazer isso a hora que quiser.

Noah segura meu rosto e me beija suavemente. Deixo um suspiro fugir e não consigo não sorrir quando ele se afasta. Amy nos encara mal humorada, mas algo me diz que ela não vai gritar pela mãe.

– Eu estou fome – ela diz e vai para a cozinha.

– Noah – falo.

– O que foi? – ele nota minha preocupação. – Não se preocupe, minha mãe não disse nada sobre nos beijarmos essa noite. Aliás, não estamos estudando, então não vejo nada que nos impeça.

– Só não quero causar problemas para você.

– Não causará problema algum. Minha mãe não é tão rigorosa assim.

– Como eles ficaram sabendo sobre o caso do Mike?

– Eles não me falaram, mas achei que seus pais tivessem contado.

– Meus pais não contaram para ninguém, o advogado pediu para que fossemos discretos.

– Então eu não sei. Vou perguntar a minha mãe depois sobre isso.

– Não hoje, ok? – seguro sua mão.

– Tudo bem.

– A comida já está na mesa! – Julia anuncia.

– Vamos então – levanto-me e Noah me segue até a sala de jantar.

Ele me coloca mais perto com a mão na minha cintura e eu sorrio. Olho para ele e vejo que levou meu pedido em conta. Ele aparenta ter dormido um pouco e tomado um bom banho, seu perfume já está grudado no meu vestido.

Noah puxa uma cadeira para mim e senta-se ao meu lado. Amy fica do lado oposto à mesa e seus pais se sentam nas pontas.

– Já posso me servir? – Noah pergunta e todos nós rimos. Tão típico dele.

– Claro – sua mãe responde.

Eu me sirvo com um pouco de cada coisa. Salada de batatas, espaguete e cozido de carne com legumes. E a comida está ótima. Eu digo isso para Julia quando dou uma pausa porque eu não consigo parar de comer. Ninguém troca uma palavra por vários minutos, ficamos ocupados demais comendo.

– Quero a sobremesa! – Amy é a primeira a largar os talheres e resmungar.

– Só um minuto, querida – Julia descansa os talheres e eu vejo seu prato vazio.

– Eu quero um pedaço da torta da Callie – ela me olha. – Espero que esteja bom.

– Eu também – digo antes de tomar um pouco de suco.

– Você se importa se eu servir com sorvete? – Julia sugere. – Tenho um pote de sorvete de baunilha no congelador e li em algum lugar que fica ótimo.

– Com certeza você leu em uma daquelas revistas que tem no hospital quando não está trabalhando – implica Harold e recebe um olhar fuzilante dela.

Noah ri.

– Bom, melhor assim, se dependesse de você, Harold, eu e Amy morreríamos de fome. Até bacon você queima. – Rebate Noah e eu seguro o riso.

– É por isso que eu nem me atrevo a entrar na cozinha e fico com a parte do trabalho no hotel – ele não é rude, só diz a verdade.

– Você não pode ser tão ruim assim – digo. Acho que eles estão exagerando sobre Harold.

– Uma vez, ele quase colocou fogo na casa – os olhos de Noah encontram os meus. – Ele estava assando um peru para o natal e esqueceu do tempo. A cozinha ficou cheirando a peru queimado por semanas.

– Alguns não nasceram para a cozinha – concluo. – Julia, você precisa me dar a receita desse cozido.

– Talvez eu possa dar algumas aulas para você, querida. Posso achar um tempo para te ensinar os melhores pratos para minha nora. – Ela sorri, satisfeita com a ideia.

Engasgo com o suco que estou bebendo e Noah fica alerta.

– Você está bem? – ele afasta o cabelo do meu rosto.

– Estou, eu só engasguei – descanso o copo na mesa e rezo para não estar vermelha como o meu vestido.

– Noah, você poderia me ajudar a tirar a mesa? – Harold pergunta se pondo de pé e começando a recolher os pratos.

– Posso ajudar? – intrometo-me. – Você parece cansado, Harold. Dia agitado no hotel?

– Reuniões demais – ele volta a se sentar e eu me junto a Noah.

Recolhemos os pratos e levamos para a cozinha. Deixamos a louça na pia e quando estou prestes a começar a lavá-la, Julia diz para eu não tocar em nada sob circunstância alguma.

– Sua mãe está realmente disposta a não me deixar lavar nada mesmo – viro-me para Noah.

– Você sabe como ela é. E bem, não precisa lavar nada, Callie.

– Eu não gosto de jantar na casa de alguém e não ajudar na limpeza. Parece até que eu não tenho educação – apoio-me de costas para o balcão. – Eu vou ter que me acostumar com essa sensação de ficar envergonhada toda vez que a sua mãe fala de mim como nora.

– Vai por mim, você nunca vai conseguir se acostumar. – Noah para bem na minha frente e se inclina para que seu rosto fique mais perto do meu. – Eu quero te dizer uma coisa.

– Sou toda ouvidos.

– Eu quero que você vá comigo até San Diego semana que vem, quando eu for conversar com a empresária da gravadora.

– Você não precisa nem perguntar se eu quero ir. Só me diga o dia e que horas nós vamos.

– Seus pais não verão problemas?

– Tenho certeza que não. Vamos voltar no mesmo dia?

– Isso mesmo.

– Eles não vão nem se importar se eu for – passo meus braços ao redor de Noah. – Eu adoro os seus pais.

– Mesmo com minha mãe te chamando de nora?

– É sinal que ela gosta de mim e que não vê problemas se um dia... nós nos casarmos. – A ideia me assusta quando eu digo. Nós ainda somos jovens demais para decidirmos se queremos passar o resto das nossas vidas com o outro.

– É. Uma prova disso é que ela vai te ensinar os melhores pratos dela.

– Bom, pelo menos eu não vou ter concorrência quando você estiver sentindo falta da comida dela. – Ajeito a camisa do Noah para espantar meu nervosismo. – Eu odeio ter que competir pela sua atenção com a comida, imagina então se é a da sua mãe.

– Eu acho que a sua torta nem me fará pensar na comida da minha mãe.

– Você vai ter que provar a que a minha avó faz depois – meus dedos sobem seguindo os botões da camisa do Noah e eu encontro os seus olhos. – Nós vamos a Nova Iorque no seu aniversário e nem tente cancelar comigo dessa vez.

– Eu não seria louco de cancelar de novo.

– Bom saber disso.

Beijo Noah. E não me importo se podemos ser interrompidos. Eu não posso ficar me a segurando a noite toda esperando um pouco de privacidade. Seus pais já foram adolescentes apaixonados, eles deveriam entender.

Ele não vê problemas com minha decisão. Mantemos o ritmo sob controle, até Noah se afastar rapidamente.

– Eu acho que interrompi algo – Julia está na porta da cozinha.

– Mãe – Noah resmunga chateado.

– Da próxima vez, eu anuncio que estou vindo – ela tira a torta da geladeira.

Eu me afasto de Noah e tento não ficar com mais vergonha que já estou.

– Noah, você pode me ajudar pegando os pratos de sobremesa no armário? – ela pede.

Noah me olha e eu indico que vou me juntar aos outros.

Deixo-os na cozinha e vou para o banheiro ver o meu estado. Não estou tão desarrumada quanto imaginava. E nem vermelha. Volto para a sala de jantar e me junto a conversa de Amy e Harold sobre planos para o final de semana.

– Callie, você vai levar seus irmãos ao Píer de novo? – Amy me pergunta.

– Não sei, não combinei nada, te ligo se for – respondo.

– Callie, como foi sua viagem para Nova Iorque? – Harold parece interessado.

– Foi divertida e bem legal, eu pretendo voltar lá esse ano ainda. Se vocês permitirem, pretendo levar Noah nem que seja na minha mala.

Amy ri com a ideia e Harold assente.

– Eu não vejo problemas. – Sorri.

Noah e Julia aparecem com os pedaços da torta, acompanhados com uma bola de sorvete, e entregam um prato para cada um de nós. Eu nem toco no meu, espero todo mundo provar para saber se realmente ficou bom.

– Meu Deus, Callie. Eu nem tenho palavras. – Noah fala com a boca ainda cheia e eu rio.

– Se você ficou sem palavras, é porque está bom – olho para os outros tentando descobrir o que eles acharam.

– Bom? Isso está maravilhoso.

– Callie, eu quero a receita – Julia diz.

– Tenho que admitir, está muito bom mesmo – Harold também elogia.

– Você não vai provar, Callie? – Amy já devorou quase todo o pedaço.

Encaro a torta no meu prato, pego um pedaço com a colher e levo a minha boca. Eles estão me observando. Quando mordo, eu sinto o sabor da maçã perfeitamente e entendo os elogios. Está quase melhor que a torta da minha avó.

– Tenho que reconhecer, está ótimo – sorrio e eles comemoram.

– Mãe, posso pegar outro pedaço? – Amy mostra o prato vazio.

– Nem vem, Amy, o resto da torta é meu – Noah impõe. – Minha namorada, minha torta.

– Não acredito que vocês vão brigar por isso – rio da situação. Amy e Noah estão quase lutando pela torta.

– Meninos, sem brigas – Harold tenta controlá-los, mas eles estão deixando os pratos na mesa e se aproximando.

– Vamos ver quem vai ficar com a torta – Noah estala os dedos e acena para Amy partir para cima.

E ela vai. Grita como um guerreiro e tenta derrubar o irmão. Sem sucesso, Noah tira Amy do chão e ela começa a espernear. Ele a leva para a sala e a joga no sofá. Ela tenta escapar, mas ele a segura e faz cócegas nela.

– Pare, Noah! – Amy não para de gargalhar.

– Diga que a torta é minha.

– Noah, eu estou ficando sem ar! – ela diz com longas pausas entre as palavras.

– Noah, pare com isso! – sua mãe pede, mas ele continua.

Eu paro de comer, deixo meu prato na mesa e vou até Noah. Amy está vermelha e se contorce no sofá. Seguro os braços de Noah e tento afastá-los dela. Ele não se move e eu insisto.

– Noah, por favor, depois eu faço outra torta para você – faço minha proposta. – Vocês não precisam brigar por isso.

– Vai fazer mesmo? – ele me olha.

– Sim, eu faço uma torta para você.

Ele solta Amy e ela respira fundo para recuperar o fôlego.

– Eu vou cobrar. – Ele se afasta e ajuda Amy a se sentar. – Desculpa, linda.

– Eu te odeio, Noah – Amy cruza os braços.

– Não, não odeia. – Ele arruma o cabelo dela e beija seu rosto. – Mais um pedaço de torta com sorvete?

– Aham.

– Eu vou buscar então.

– Não precisa, Noah. – Julia aponta para a mesa de jantar. – Mais fácil a gente se servir. Quem quer mais um pedaço?

Antes de Noah me trocar pela torta, ele beija o canto da minha boca e depois a minha bochecha. Seus dedos vão do meu rosto até a minha cintura e eu deixo que ele perceba o quanto fico feliz por ele estar comigo.

– Esse vestido ficou ótimo em você – ele sussurra.

– Eu sei que você quer dizer. Eu não vou tentar me esconder dessa vez.

– Você é linda, Callie.

– Acho melhor você pegar seu pedaço de torta antes que acabe. – Indico a disputa que acontece na mesa.

Sento-me no sofá e espero eles acabarem de comer. Quando me chamam para mais um pedaço, nego educadamente e digo que estou cheia. Noah se senta ao meu lado e até me oferece o seu pedaço, mas eu não aceito e ele dá de ombros como se dissesse Sobra mais para mim.

Amy passa e pega o prato vazio de Noah. Julia e Harold vão para a cozinha lavar a louça e Amy liga a televisão. Noah deita a cabeça nas minhas coxas e eu fico mexendo no seu cabelo. Ele está cantando algo que eu não reconheço, mas a melodia é familiar.

– Noah, que música é essa? – indago.

– Nenhuma – ele diz.

– Noah, eu não vou perguntar de novo.

– É uma das músicas que eu compus.

– É a minha música?

– Talvez sim, talvez não.

– Vai me contar quando?

– Quando eu me sentir pronto.

– Vou ter que esperar muito?

– Acredito que não.

– Espero que ela supere as minhas expectativas, Noah Young.

– Eu me dediquei bastante a ela.

Ele se senta e me abraça de lado. Meu corpo se inclina até eu estar deitada em seus braços, o rosto de Noah se ilumina quando ele se aproxima do meu e eu mal consigo respirar. Então nós deixamos de ser Charlotte Lewis e Noah Young para nos tornarmos Callie e Noah. Puxo-o para perto e não digo nada. Nós já sabemos o que vai acontecer.

– Eu estou aqui – Amy tosse. Eu entendo que ela não se sente confortável perto de nós e eu ergo meu corpo até estar sentada.

– Noah, você pode me levar para casa?

– Claro, podemos ir andando. Você já quer ir?

– Está na minha hora. – Eu não queria ir, mas está ficando tarde e Noah realmente precisa descansar.

– Tudo bem. Vou só avisar a minha mãe.

– Até mais, Amy. – Despeço-me dela com um abraço e sigo Noah até a cozinha para dizer o mesmo aos seus pais. Paro na porta e sorrio. – Foi um prazer jantar com vocês. Obrigada, Julia e Harold.

– Temos que marcar mais vezes. – Julia avisa.

– E nós que temos que agradecer. Sua torta estava incrível. – Harold diz.

– Da próxima vez, pode ser lá em casa, meus pais adorariam recebê-los. – Sugiro.

– Só combinar. – Julia olha para Noah. – Você vai levá-la?

– Vim dizer isso a vocês. – Ele responde.

– Vá com o carro. – Harold oferece. – Você sabe onde a chave fica.

– Obrigado. Eu volto logo – Noah me leva para o carro, parando apenas para pegar a chave.

Noah abre a porta para mim, fecha-a e entra do lado do motorista. Liga o carro e sai da garagem. Ele dirige abaixo do limite de velocidade porque não quer me deixar em casa. Desligo a rádio e canto a primeira música que vem a minha cabeça.

E os versos da música que cantamos no show de talentos enchem o carro. Noah se concentra na rua e não me acompanha. Olho para as casas passando lentamente ao meu lado. Será que um dia nós vamos rir desse verão?

Será que um dia Noah vai me perdoar completamente? Quando nós conversamos sobre isso, quando colocamos todas as cartas na mesa, eu estava disposta a ouvir Noah dizer um adeus decente. Mas eu não estava preparada para deixá-lo em momento algum, estaria mentindo se dissesse que poderia deixá-lo para trás.

Mesmo se eu pedisse que ele me tratasse só como uma amiga, falasse comigo como seu eu nunca tivesse sido dele, para ele poder voltar a falar com nossos amigos, eu não conseguiria não lembrar do que nós fomos juntos.

Eu vi que ele não estava disposto a fazer isso. Eu senti quando ele me abraçou sem intenção de soltar.

E não foi justo da minha parte pedir que ele dissesse que me amava. Era como forçá-lo a fazer algo que detesta. Naquele momento, ele não sabia se podia confiar em suas palavras porque tinha medo de si mesmo, do que tinha se tornado. Ele não queria que aquele Noah falasse algo tão importante.

– Callie, chegamos – Noah me puxa dos meus pensamentos delicadamente.

– Obrigada pela carona e pelo convite. – Saio do carro, mas fico parada no meio da rua, ainda perdida.

Com certeza vocês rirão disso. Tire isso da sua mente enquanto há tempo, Callie. Se você deixar os fantasmas do passado tomarem conta de você, a situação vai piorar. E você vai rolar escada abaixo até um lugar pior que a tristeza e a culpa.

– Callie, há algo errado? – Noah surge na minha frente.

– Eu só estava pensando. – Desvio meu olhar para o chão.

– Boa noite, Callie – ele beija meu rosto e eu passo meus braços ao seu redor.

O abraço o pega de surpresa, mas ele faz com que eu me acomode contra seu corpo. Ele sussurra que vai ficar tudo bem, que eu não preciso me preocupar com nada.

– Deixe-me entender o que está acontecendo com você, Callie. É tão doloroso te ver assim.

– Desculpe-me, Noah, é que eu estou tentando deixar o que aconteceu para trás e, às vezes, dói mais do que eu imagino. – Mordo meu lábio.

– Não se preocupe com isso. Você precisa descansar – seus braços se soltam de mim, mas eu continuo presa a ele.

– Te vejo amanhã?

– Pode ter certeza que sim.

Ele me acompanha até a porta de casa e me espera entrar antes de ir embora. Eu o assisto ligar o carro, olhar na minha direção, sorrir e voltar para casa.

Subo as escadas no escuro, passo para o meu quarto, fecho a porta e visto meu pijama. Encolho-me na cama. Encosto minha testa nos joelhos e choro baixinho. Deixo a dor continuar indo embora em forma de lágrimas, como fiz todas as noites desde a briga.

Aquela sensação escorre pelo meu rosto e pinga na minha cama.

É o único jeito que consigo tirá-la de dentro de mim.

Espero não desidratar antes de me livrá-la dela completamente.

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