TRÊS - CALLIE
Há um misto de emoções em mim. Na verdade, eles sempre estiveram aqui, mas eu os jogava de lado, pois achava besteira deixá-los correndo livremente por mim.
Eu fiquei nervosa o dia todo, agora, depois da apresentação, isso parece bobeira. Idiotice. Perca de tempo. E o pico dessa bagunça foi quando Noah disse que me amava. Eu juro que quis matar ele ali mesmo.
Eu disse que o amo. Eu me sentia tão insegura e tão assustada com a ideia de só eu cultivar esse sentimento dentro de mim. Eu não sou a melhor pessoa do mundo na maior parte do tempo, mas eu estou muito feliz que conseguimos cantar mesmo com todo o meu pessimismo.
Deixamos o palco de mãos dadas e Olivia tem que lidar com a plateia e chamar o próximo participante. Quando chegamos ao camarim improvisado, eu abraço Noah mais uma vez – e mais forte – e ele me tira do chão.
– Eu lhe disse que você iria bem.
– Vou acreditar em você mais vezes – sussurro.
– Vamos trabalhar isso – ele responde com otimismo e suas palavras fazem cócegas na minha bochecha.
– Parabéns, casal – Bella surge do nada batendo palmas. Eu me afasto de Noah.
– O que você quer? – digo antes que Noah pense em responder.
Bella e seu ego preenchem toda a sala. O vestido lilás de saia rodada, tomara que caia e brilhante, destoa da vestimenta desleixada de Mike – ele aparenta ter saído correndo do treino e ter vestido a primeira roupa que achou.
– Você sabe que nós todos estamos sendo julgados, não sabe?
– Acho que todo show de talento tem juízes – disparo.
– Vocês foram bem, mas o público gostou mais de nós. – Ela joga o cabelo loiro para trás.
Noah segura meu braço. Ele me conhece o suficiente para reconhecer quando eu vou explodir e partir para uma briga.
– Deixe-os – ele diz só para mim.
– Controle sua namorada, Young. – Mike mantém seus olhos em mim.
– O prêmio dessa noite poderia ser um vale presente no pet shop – Bella chama a atenção do namorado. Alguns curiosos estão ao nosso redor. – Eu iria comprar uma coleira para você – ela inclina a cabeça para trás como se tivesse pena de mim.
Eles riem do comentário ofensivo. Eu fecho meus punhos e mordo meu lábio.
– Callie, vamos – Noah me puxa gentilmente para longe daqueles dois.
Eu me solto dele e volto correndo até o grupo falante.
– Isabella Summers, você não vale uma advertência. Eu tenho pena de você, pisando nos outros para ser "a melhor" – faço as aspas com os dedos. – Espero que um dia você se toque que as melhores memórias, prêmios, não importa o que seja, vêm com esforço, não com trapaças e ofensas.
Ela não responde. Eu lhe dou as costas, jogo meu cabelo para trás e caminho para a saída. Noah me segue.
– Fico feliz que você não tenha batido nela.
– Se eu batesse, nós seríamos desclassificados.
– Sério?
– Aham.
Nós estamos muito longe do camarim agora. Paro de andar, apoio minhas costas nos armários vermelhos e olho para o teto com a pintura velha. Respire bem fundo, Charlotte.
– Você quer alguma coisa? – Noah afasta os fios longos e rebeldes que persistem cair na frente do meu rosto.
– Eu vou ficar bem.
– Tem certeza?
Encaro-o. E eu tenho certeza de alguma coisa? Bom, eu tenho certeza de que amo ele.
– Callie? – ele estala os dedos na minha frente.
– Desculpa – eu pisco demoradamente.
– Vou buscar água para você – ele diz.
– Não. Por favor, fique aqui comigo. – Eu soo esgotada e o ar bobo que ele tem naturalmente abandona seu rosto. – Não me deixe sozinha.
– Não vou.
Ele se apoia ao meu lado e segura minha mão. Inclino minha cabeça até o ombro dele e fecho meus olhos. Hoje parece um sonho e eu não quero acordar. A não ser que eu acorde numa realidade melhor do que a que vivo.
– Noah, Callie – Olivia grita da porta do camarim – hora dos resultados, venham!
– Já estamos indo! – Noah grita de volta. – Callie, se você não quiser voltar para o palco, eu entendo, mas eu não vou te deixar sozinha aqui.
– Eu vou com você. Eu tenho que parar de me afetar com o que as pessoas dizem.
– Você nunca ligou, mas hoje você está nervosa demais e qualquer coisinha vai te incomodar – ele belisca a ponta do meu nariz. – Vamos.
Fazemos o caminho de volta, encontramos o camarim vazio e corremos para o palco. As luzes dos holofotes me cegam e Olivia está agradecendo a participação de todos. Nós ficamos atrás dos nossos colegas porque eu não faço questão ir para frente.
– Para os vencedores de cada categoria, não importa se foi uma apresentação solo ou um grupo, o Seaside Club vai presenteá-los com um jantar à beira da praia para degustar o novo cardápio de verão deles. – Olivia sabe como manter a plateia envolvida. – Agora vamos aos resultados.
Ela abre o primeiro envelope.
– Na categoria Diversos, a vencedora é Julie com seu contorcionismo – ela recebe aplausos e assobios. Presumo que ela pegou o prêmio e voltou para o seu lugar porque eu não consigo vê-la e os gritos cessam.
Aperto a mão de Noah. Ele está procurando por alguém no meio dos participantes porque ele nem me dá atenção.
– O vencedor no quesito Dança é – pausa de suspense, especialidade da Olivia – o trio de sapateado Tyler, Jessica e Thomas!
– Isso! – Noah comemora.
Tyler, amigo de Noah, participa do show com um número de sapateado todo ano, mas ele conseguiu se juntar com outros dois dançarinos para essa apresentação. Montaram uma coreografia engraçadinha e conquistaram a plateia.
– Agora o resultado mais esperado da noite. Os jurados pediram que eu dissesse que foi um pouco difícil desempatar os primeiros colocados e que todas as bandas, cantores e duplas...
– Para de enrolar, Olivia – grita alguém na plateia.
– Tudo bem, tudo bem. Os vencedores dessa noite são – ela limpa a garganta – Charlotte e Noah!
– Eu te disse que venceríamos! – Noah me abraça no meio dos outros participantes sem ligar para as comemorações dos nossos amigos e colegas.
– Onde estão os vencedores? – Olivia é a voz do público, com certeza eles querem nos cumprimentar com aplausos e gritos, talvez vaias se eles forem amigos do casal da escola e não tiverem medo da diretora Rivers.
Saímos de onde estamos e buscamos nosso prêmio. Olivia parece satisfeita com o resultado. Noah desce do palco e vai abraçar Amy na primeira fileira. Todo mundo resolve fazer o mesmo enquanto Olivia se despede.
– Parabéns, Charlotte – meus avós são os primeiros a me abraçar e me beijar no rosto.
– Obrigada, gente – eu agradeço levemente envergonhada.
– Eu quero ter a chance de abraçar a minha filha também – meu pai me puxa e me abraça forte. – Você canta muito bem, eu estou impressionado.
– Papai, papai – Hannah puxa a mão dele. – Callie tem um namorado e ele beija ela.
– É, eu sei – meu pai diz envergonhado. Ele quase nunca fica sem jeito, mas Noah está perto de nós e Hannah pode ser um pouco desbocada.
– Vocês foram muito bem – minha mãe nos parabeniza.
Quem olha de longe, acha que meu pai é o ranzinza da família, mas esse papel é o da minha mãe. Não que ela não goste de mim, só que ela vive cansada de tanto cuidar dos meus irmãos e tentar trabalhar – ela é designer de móveis quando sobra tempo, porque há uma lista de espera de clientes que querem que ela desenhe os quartos e salas das mansões de verão deles.
– Obrigada a todos por virem me ver, foi muito importante para mim.
– Callie, você estava muito linda – Amy surge de trás do Noah. – E canta muito bem.
– Graças ao seu irmão – bagunço o cabelo dela e ela não gosta. Igualzinha ao irmão.
– Charlotte, quem é esse moço bonito que cantou com você? – minha avó aponta para Noah.
Ele ri envergonhado e eu sorrio.
– Meu namorado, vó. Noah, Elizabeth. Elizabeth, Noah. – Apresento-os. – E meu avô, Charles.
– Prazer em conhecê-los – Noah aperta as mãos deles e faz o mesmo com os meus pais.
Minha avó me puxa para perto – eu sei que ela vai fazer algum comentário sobre Noah só para mim, porém ela fala alto demais.
– Você deveria fazê-lo cortar o cabelo.
– Não mesmo! – eu rio. – Nunca que eu pediria para ele fazer isso.
Noah arregala os olhos. Ele mal me deixa tocar no cabelo dele. E eu não vejo problemas do jeito que ele o arruma. Mas todo mundo que o vê pela primeira vez estranha o estilo.
– Mãe – Alex esperneia –, eu quero deixar meu cabelo igual do Noah!
– O que? – minha mãe o encara.
Todo mundo começa a rir quando meu irmão tenta bagunçar o cabelo para ficar parecido com Noah. Eu tento ajudá-lo, no entanto ele não tem tanto cabelo assim. Olho para cima e Noah não está mais ali, nem Amy.
– Mãe, eu volto para casa sozinha – digo. Não me caberia no carro nem se eu fosse no teto.
Ela não fica muito satisfeita, só que não me proíbe. Meu pai me dá dinheiro para um táxi caso eu precise e meus avós dizem que eu preciso ensaiar algumas músicas para cantar no próximo natal da família.
Procuro Noah pelo auditório. Olho no camarim. Ele não desapareceu assim do nada. O violão dele ainda está aqui, sobre uma mesa. Eu o pego e vou para a saída.
Callie: Você esqueceu seu violão.
Noah: Eu ia voltar para buscar.
Callie: Onde você está?
Noah: Estacionamento.
Callie: Estou indo aí.
Há um mar de parentes, alunos e professores para atravessar e eu tento ser o mais cuidadosa o possível para que ninguém esbarre na capa do violão e quebre algo acidentalmente.
Muitas pessoas me parabenizam pelo caminho e eu lembro que o nosso prêmio está com Noah. Não, nós não entramos pelo jantar, foi Amy que viu um panfleto cair do meu caderno quando eu estava na casa de Noah estudando e falou que nós deveríamos cantar juntos.
– Callie, aqui! – Noah me chama quando eu saio do prédio e chego ao estacionamento.
Ele e Amy conversam com alguém dentro de um sedan preto. É o carro da mãe do Noah. Mas ele não disse que ela estava no plantão? Ok, talvez ela tenha fugido para nos assistir.
– Boa noite, senhora Young – me aproximo deles e vejo o quão cansada ela está.
– Olá Callie, tudo bem com você? Eu cheguei a tempo de ver vocês tocando, foi muito lindo, vocês estão de parabéns.
– Obrigada. Noah, seu violão – eu entrego a bolsa para ele.
– Você quer carona? – ele me pergunta. – Seu carro deve estar lotado.
– Eu estava pensando em ir andando.
Noah olha para a mãe dele pedindo permissão para me acompanhar e ela ri.
– Tudo bem, eu levo a sua irmã. Você vai ficar com seu violão? – a senhora Young é um amor de pessoa. – É claro que você vai levá-lo, eu acho que você não esqueceu o que aconteceu com seu ukulele.
– Boa noite, mãe – Noah ajuda Amy a colocar o cinto.
– Boa noite, meninos. Noah, não chegue tarde.
– Tá bom!
Ela manobra o carro e vai embora.
– O que aconteceu com seu ukulele?
– Isso é uma história velha – ele ajeita a alça da bolsa no ombro. – Ela acidentalmente quebrou o meu ukulele preferido. Claro que eu já perdoei ela, mas ela continua lembrando disso. – Ele olha para o céu estrelado. – O que você falou com Mike que ele comentou mais cedo lá no camarim?
– Ah, eu basicamente o chamei de ignorante quando o assunto é música atual. – Dei de ombros.
– Ele deve ter merecido isso.
– Você não faz ideia.
– Melhor nós irmos andando – ele segura a minha mão. – Não quero esbarrar com eles por aqui e, você sabe, nós temos que chegar em casa logo.
Nós o fazemos. Eu deixo que Noah me abrace de lado.
– Quando nós vamos usar esse jantar que acabamos de ganhar? – eu beijo o ombro dele.
– Semana que vem, sexta-feira, o que acha?
– Por mim está ótimo.
– Só na quinta que eu tenho uma apresentação naquele café que você gosta de ir – ele bate a mão na testa. – Esqueci de te falar isso.
– Quinta à tarde?
– É.
– Você se importa que eu vá te ver?
– Acho que me importo se você não for me ver.
– Tem mais alguma coisa que você esqueceu de me contar?
Ele para de andar e respira fundo.
– Não. Acho que hoje eu te falei tudo que eu tinha que ter dito faz tempo.
– Você se sente melhor agora? – conecto nossos olhos.
– Com certeza.
– Eu não posso negar, o mundo parece ter mais sentido agora. Eu me sinto mais... como é a palavra?
– Leve?
– Não, mas isso também. Eu me sinto mais viva. Isso! Viva é a palavra. Você já sentiu ao acordar que você não tem um motivo muito bom para pensar "Nossa, esse dia vai ser maravilhoso"? Pode ser aquele dia que você nem quer levantar da cama. Eu me sentia meio assim, mas você começou a mudar isso e eu só me dei conta agora de como você me faz bem.
Noah fica apenas me olhando como se não tivesse palavras para me responder. Ele deve estar impressionado.
– Você não vai dizer nada? – cruzo meus braços.
– Não. Quer dizer, sim. – Ele passa a mão no rosto parecendo totalmente nervoso. – Me desculpe. Eu não esperava que fosse dizer isso, mas é como me sinto com você. Mais uma razão para sair da cama. Porque eu sei que quando eu te ver, tudo ficará melhor.
– Own, você é tão fofo – eu tento bagunçar seu cabelo, mas Noah corre e eu vou atrás dele. – Existe alguma música que eu possa cantar agora?
– Não entendi.
– Acho que nós podemos melhorar isso de conversar sobre como a gente se sente cantando algumas músicas. Claro que eu vou sair no lucro porque eu amo te ouvir cantar.
– Bom, eu não sei se você vai sair no lucro, já que não sabe como eu me sinto te ouvindo cantar.
– Noah, eu não quero dormir – eu olho para ao céu estrelado de primavera, quase verão. Nem uma nuvem no céu, a lua mais cheia do que eu já vi antes. – Eu poderia andar a cidade toda só para ficar conversando com você. Ou te ouvindo cantar. Ou fazendo nada. Eu realmente te amo. Meu Deus, como é bom poder dizer isso em voz alta.
Ele solta uma risada.
– Estou pensando realmente em gritar isso.
– Não é necessário – eu rio. – Não quero ser culpada de você ir parar na delegacia por ter incomodado a vizinhança.
– É, não é uma boa ideia. – Ele se aproxima de mim. – Mas seria bom toda a vizinhança saber como me sinto.
– E depois você vai mandar colar cartazes pela cidade? Alugar um carro de som? Fazer um site?
– Você acaba de me dar várias ideias. – Ele ri e depois sacode a cabeça. – Não, estou brincando. Eu não faria isso com você.
– Obrigada – respiro aliviada. – Como eu ia explicar para os meus pais toda essa divulgação de amor pela cidade?
– Eles entenderiam, eu acho.
– Eu não ligo se eles entenderiam ou não.
– Eu também não.
Tiro minha atenção da conversa com Noah e me toco que nos distraímos demais conversando e esquecemos de virar no começo da minha rua.
– Acho que passamos do caminho – digo.
– Com certeza passamos. Ficamos tão envolvidos na nossa conversa que não prestamos atenção.
– É, e deve estar tarde agora – cruzo meus braços e esfrego minhas mãos neles. – Você está sentindo frio?
– Você está? – ele não me responde e já vai me entregando seu violão. – Segure aqui para mim, por favor.
Pego o violão enquanto ele tira sua jaqueta. Entrega-a para mim e eu a visto. Seu perfume está grudado nela. Uma mistura de hortelã e limão, é fresco e agradável, eu mal me incomodo em usar o capuz para conseguir sentir a fragrância.
– Obrigada – puxo um pouco as mangas para que elas cubram as minhas mãos. Uma das vantagens de ser uma garota pequena.
– Eu acho que devo te levar para casa. Ou não quer voltar agora?
Eu não consigo pensar numa resposta. Eu quero mesmo ir para casa?
Não me preocupo em dizer algo naquele momento. Dou um jeito de fazer Noah parar de andar, fico na ponta dos pés e o beijo. Minhas mãos no seu rosto, meus lábios no dele. Noah me puxa para perto gentilmente e apoia minhas costas contra o tronco de uma árvore.
– Minha resposta para a sua pergunta – eu sussurro bem próxima a ele. Não quero me afastar.
– Assim você me complica. Eu deveria ser o responsável aqui.
– E desde quando você é responsável, Noah Young?
– Ei, eu tento ser.
– Eu vou fingir que acredito nisso. – Beijo-o mais uma vez.
– Desse jeito fica difícil fazer com que acredite em mim. E não me dá vontade alguma de te levar para casa.
– Você sabe que pode ficar lá em casa essa noite, o quarto de visitas está lá mofando.
Ele respira aliviado.
– O que foi? – pergunto.
– Achei que você fosse dizer outra coisa.
– Sério, Noah? – eu não consigo segurar a risada nervosa que brota em minha garganta. – Você não acha que nós estaríamos indo rápido demais?
– Sim, acho. Eu só... Esquece. Não vamos falar sobre isso agora.
– É, melhor não – afasto a ideia da minha cabeça. Não sei como esse assunto começou, mas quero que ele termine, pois as minhas bochechas podem ficar vermelhas a qualquer momento.
– Melhor darmos a volta agora – ele ajeita o violão no ombro para esconder a sua vergonha.
Por que eu continuo estragando esses momentos que nós criamos? Talvez eu deva ser uma idiota sem coração que tenta como pode amar alguém, só que falha mais do que consegue sucesso.
Fazemos o caminho certo em silêncio. Não trocamos palavras ou olhares. Não fizemos nada errado, mas a ideia de mudarmos o objetivo do nosso relacionamento assustou a nós dois.
As luzes da entrada da minha casa estão acesas, assim com a luminária da sala do meu pai. Ele ainda está acordado, trabalhando para adiantar algum projeto. Eu paro de andar em frente ao caminho de pedra que leva até a porta de entrada. Viro-me para Noah.
– Obrigada por hoje – eu sorrio e o abraço. – Cada ensaio valeu a pena.
– Não tem de que, eu que agradeço por tudo – ele parece bem agora.
– A gente se fala amanhã – eu o solto, sentindo meu coração partir-se em meu peito.
– Callie – ele segura a minha mão.
– O que foi?
Ele parece estar prestes a chorar.
– Fique bem – ele me beija mais uma vez antes de partir.
Quase pergunto se ele pretende sumir. Porque isso foi uma despedida como nos filmes: logo após o casal dizer tchau – que muitas vezes é um adeus – algo de ruim acontece. Nós acabamos de dizer que não temos só uma paixonite de escola. Por que isso continua acontecendo?
– A gente se fala amanhã – eu digo mais para me acalmar do que para informa-lo. Porque ele sabe que eu vou mandar uma mensagem, ligar para ele, passar em sua casa, marcar algo.
Dou-lhe as costas, caminho até a porta, abro-a com minha chave, olho para trás e sorrio para Noah. Ele acena e vai embora sob a luz da rua. Eu entro antes que cogite a ideia de ir atrás dele.
– Callie? – meu pai me chama.
– Sim? – tiro meus sapatos e penduro o casaco de Noah no gancho da parede.
– Você já vai dormir?
– Sim. – Jogo minha chave na mesa.
– Ah, ok. Eu converso com você amanhã.
– Boa noite, pai. – Subo as escadas correndo, mas ainda consigo ouvi–lo de sua sala.
– Boa noite, filha.
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