QUATRO - NOAH
Ainda está escuro quando me levanto da cama. Definitivamente é um daqueles dias em que quase não vejo motivo para sair de casa, mas é só fechar os olhos para ver o rosto de Callie.
Callie. Mal nos falamos desde que a deixei em casa na sexta à noite. Fiquei repassando aquela noite na minha cabeça direto para saber o que eu fiz de errado, mas não encontrei nada. Quer dizer, eu deveria ter me mantido calado quando ela falou sobre eu poder ficar na casa dela. Claro que várias coisas vieram à minha mente, mas eu não precisava ter dito nada. Sou absolutamente um idiota.
Trocamos algumas mensagens, mas não pareceu a mesma coisa. Eu nem tenho certeza se ela estará me esperando para irmos juntos para escola.
Depois de um bom banho demorado, apronto-me e pego minhas coisas antes de ir à cozinha procurar algo para comer. Sirvo-me com algumas torradas e fico esperando o tempo passar enquanto as como.
– Já acordado? – Harold, meu padrasto, pergunta abrindo a geladeira.
Ele está vestido para o trabalho com seu terno escuro e o cabelo castanho claro penteado para trás.
– Sim. – Dou de ombros e vejo Amy entrando na cozinha. – Ei!
– Bom dia, Noah! – ela força um sorriso, mas percebo que mal consegue manter os olhos abertos.
– Bom dia, linda. – Digo.
Ela dá um abraço em seu pai e rouba uma torrada de meu prato. Tento pegar dela de volta, mas ela consegue fugir.
– Você parece péssimo, Noah. – Harold diz se servindo com suco. – Quer uma carona para a escola? Estou saindo agora. Só esperando Amy terminar de se arrumar.
– Não precisa. Vou com a Callie. – Me levanto e pego minha mochila no chão. – Mas obrigado de qualquer forma. – Ele apenas sorri e dá de ombros. – Eu acho que já vou, então. Bom trabalho!
– Boa aula!
Aceno para Amy que termina de calçar os tênis, pego meu violão que deixei encostado no sofá e saio de casa. Minha mãe deve estar dormindo ainda por conta do plantão de ontem.
Chego à casa de Callie no mesmo horário de sempre e a encontro sentada na varanda. Ela está vestindo a minha jaqueta, jeans e camiseta. Ela se levanta sorrindo e vem me abraçar.
Só agora percebo o quanto meu peito se aperta por não tê-la visto no final de semana.
– Senti sua falta. – Deixo escapar.
Ela sorri.
– Eu também senti a sua. – Ela me beija rapidamente.
Callie parece animada com algo. Tão diferente da Callie de sexta-feira de manhã. Isso é bom. Odeio vê-la preocupada.
– Segunda de manhã e você já está pronta. – Comento a olhando de cima abaixo. – E parece estar entusiasmada.
– Desculpa por sumir no final de semana, mas eu precisava acertar algumas coisas para essas férias. Pensei que não sairíamos daqui como no último ano. Agora não consigo parar de fazer planos para nós dois. Temos muitos lugares para ir... – Ela fala tudo tão rápido e mal respira.
– Ei, calma. – Sorrio e seguro seus ombros. – Acho que falou mais do que consegui registrar. – Ela respira sorrindo, mas então percebo. – Calma aí! Nós dois? Quis dizer, você e eu?
– Sim, é isso que significa. Nós dois, eu e você.
– Eu vou com você?
– Sim. – Ela quase grita e só falta pular. Mas logo percebe que ainda não estou entendendo direito. – Eu realmente espero que você queira ir conosco.
– Bom, eu ainda nem sei para onde vai.
Finalmente começamos a andar. Eu não consigo acompanhar o ritmo de Callie, ela está saltitando e não andando como uma pessoa normal.
– Desculpe, é que estou tão animada! – Callie segura minha mão quando eu a alcanço. – Vamos para Nova Iorque, onde meus avós maternos moram.
– Nós vamos para o outro lado do país?
Eu estava esperando que ela me dissesse o nome de alguma outra cidade daqui da Califórnia mesmo.
– É. A última vez que eu fui lá, eu nem me lembro. Eu sei que é lindo como nas fotos e filmes, Noah. Precisamos ir a todos os pontos turísticos. Talvez podemos conseguir ingressos para algum show ou irmos até algum clube ouvir...
Eu ainda não consigo digerir a ideia. Ela quer que eu vá com ela. Eu quero ir com ela, mas quero porque não será legal ficar aqui sem ela. Se não suportei um final de semana, aguentarei as férias inteiras?
– Callie, eu não sei se...
– Meu pai mandou eu te chamar. – Ela diz de uma só vez, até me assusto. – Eu não quero ficar longe de você e ele sugeriu que eu te chamasse. Ele gosta de você.
Passo a mão no cabelo e respiro fundo. Isso é algo grande. Viajar para o outro lado do país com a família de sua namorada. Não, não é grande. É enorme.
– E a sua mãe?
– Noah, ela também gosta de você. Do jeito dela, mas gosta. Ela disse que não vê problema você ir com a gente, só precisa falar com sua mãe e está tudo certo.
Eu nunca nem saí da Califórnia. Isso só deixa as coisas ainda maiores.
Estamos chegando no portão da escola e então Callie entra na minha frente, me parando. Não parece mais animada e feliz quando segura meus braços.
– Você não quer ir, é isso? – sua voz soa meio insegura. Eu não demonstrei animação alguma com a ideia dela.
– Não é isso – asseguro-a. – É só uma coisa grande para pensar numa segunda de manhã.
Quase digo que passei o final de semana pensando ter dito algo errado na última vez que nos vimos e essa notícia de viagem para Nova Iorque simplesmente me pegou de surpresa, mas acho melhor deixarmos o que aconteceu sexta para lá.
– Me desculpe. – Ela sai da minha frente. – Eu sou uma péssima namorada. – Ela joga os braços para cima e deixa com que eles caiam e batam em sua perna. – Nem perguntei se está tudo bem para você, ou se não tem planos com a sua família.
Puxo-a para mim e a beijo com um sorriso em meu rosto.
– Não. Você está longe de ser uma péssima namorada. – Murmuro e ela abre um sorriso enorme que só me deixa melhor. – Eu quero ir com você e sua família. Minha mãe não estará de férias, então não temos planos. Mas está tudo bem para você? Quer mesmo que eu vá?
– É claro que quero, Noah. – Ela revira os olhos, mas está rindo. – Eu nem acredito que vamos para Nova Iorque juntos.
Callie pula e me dá um abraço.
– Só não posso confirmar nada. Não falei com a minha mãe ainda. – Lembro.
– Sua mãe vai deixar. – Ela diz confiante. – Eu sei que vai. Hoje é um ótimo dia para começar a trabalhar meu otimismo.
Nem pergunto como ela pode ter certeza porque Annie está acenando para ela, que acena em resposta.
– Nos falamos mais tarde, ok?
Faço que sim com a cabeça e a puxo para mais um beijo antes de deixá-la ir.
– Callie, minha jaqueta! – falo quando ela está se afastando.
Ela olha para baixo e ri porque percebe que ainda está vestindo-a. Callie joga a bolsa no chão, tira-a e me entrega. Eu passo sua bolsa e ela ajeita sua camiseta.
– Boa aula! – digo.
Ela sorri e anda em direção a Annie sem tirar os olhos de mim. Faço sinal para ela olhar para frente e ela ri. Aceno e sigo em direção a meu armário.
– Noah Young!
Tyler aparece do meu lado de repente.
– Cooper! – cumprimento-o batendo em sua mão.
Sou amigo de Tyler desde que me entendo por gente. Ontem fui à casa dele e passamos o dia jogando videogame como nos velhos tempos.
– Você está estranho. Comeu algo estanho hoje de manhã? – ele observa tirando os óculos escuros e apertando os olhos para mim. – Ontem você parecia péssimo, mas agora está diferente.
– Eu estou bem. – Afirmo. Pego os livros que preciso para hoje.
– Não está.
Vejo-o guardar seus óculos escuros e seu boné em seu armário ao lado do meu. Ele vem para a escola como se estivesse se escondendo de alguém, mas ele apenas gosta de andar assim mesmo. Pelo menos hoje não veio com o capuz do casaco na cabeça.
– Callie me chamou para passar as férias com ela e com a família dela. – Coloco para fora de uma só vez.
Viro-me e vejo Callie em seu armário conversando com Annie no final do corredor.
– Qual o problema? – Tyler pergunta.
– Nova Iorque.
Os olhos de Tyler quase saltam para fora.
– Sério? – faço que sim com a cabeça. – É tipo... Bem longe.
– Eu sei.
– Você vai, é claro.
– Quero ir, apesar de estar preocupado e tudo mais. Mas ainda tenho que ver com minha mãe.
– Sua mãe vai te liberar, com certeza.
Franzo a testa.
– Não é qualquer lugar, Ty. É Nova Iorque.
– É. O filho precioso dela em uma cidade como aquela, ela deve ficar com o pé atrás mesmo. Mas e aí? A Callie vai sem você e eu não estou pronto para ver sua cara péssima todos os dias se lamentando com saudades dela, não.
Fecho o meu armário.
– Eu nunca fiz isso. – Olho para ele, que está rindo de mim. – Você é ridículo. – Viro-me para ir para a sala de aula. – Se ela tiver que ir sem mim, tudo bem. Não tem problema, não nascemos juntos.
– Se está dizendo... – Ele faz uma continência. – Te vejo depois!
Entro em minha sala de aula que ainda está vazia e mando uma mensagem para minha mãe. Peço para ela me ligar assim que puder.
Fico no pátio com meu violão, tocando alguns acordes até perceber que há uma galera prestando atenção em mim. Todo mundo resolve deixar o refeitório quando o verão está chegando. É bem mais agradável ficar aqui fora, sentir-se livre por alguns minutos antes de voltar para a prisão.
Tyler aparece de repente, cantando uma música que só ele conhece e isso afasta a maior parte das pessoas.
– Quando não quiser plateia, é só me chamar. – Ele diz rindo e acenando para os que se afastavam.
– Eu não me preocupo com eles, Tyler. – Sacudo a cabeça e meus olhos encontram Callie. Ela se despede de Annie e corre até mim. – Ei, não tem nenhum outro lugar para ir, não? – pergunto a Tyler.
– Na verdade, não. – Ele responde mexendo em seu celular. Pigarreio e ele nota Callie vindo. – Ah, entendi.
– Oi, Tyler! – Callie sorri para ele ao chegar.
– Senhorita Lewis! – ele a cumprimenta e se afasta.
– Por que ele foi embora? – Callie estranha. Ela vira a cabeça para Tyler, olha-o confusa e depois deposita sua atenção em mim.
– Eu tenho que falar com você. – Coloco o violão para trás e a puxo para sentar ao meu lado. – Minha mãe me ligou e eu falei com ela. – Callie me observa atenta. – Eu acho que você sabe a resposta dela.
Minha mãe já sabia. Ontem a senhora Lewis ligou para ela e contou da viagem, mas ela não pode me falar nada porque quando chegou eu estava dormindo. E, apesar de estar preocupada comigo indo para o outro lado do país, ela disse que eu posso ir se for isso o que eu quero.
– Então vamos para Nova Iorque? – ela pergunta histérica. Eu já consigo imaginá-la saltitando e batendo palmas.
– Vamos!
– Você quer mesmo isso? – ela se contem por um segundo, logo após encarar minha face preocupada.
– Callie, acho que eu não aguentaria ficar aqui sem você. – Murmuro vendo seus olhos castanhos se iluminarem. – Só espero que esteja tudo bem para você e seus pais. Não quero ser um intruso.
– Você jamais seria um intruso, Noah. – Ela me abraça e beija meu rosto. – Vamos viajar juntos! – sorrio observando a felicidade dela. – Vão ser as melhores férias da minha vida!
Não consigo mais me controlar. Eu a beijo. Não a beijo decentemente desde sexta à noite. Sinto as mãos de Callie correrem pelo meu cabelo enquanto as minhas apertam sua cintura. O beijo começou lento, mas agora está me tirando o fôlego. Sei que temos que parar. Estamos na escola.
Encosto a testa na dela e tento controlar minha respiração. Callie demora a abrir os olhos.
– Foram apenas dois dias mesmo que não nos vimos? – ela pergunta respirando fundo.
– Foram dois dias cruéis. – Sussurro. Seus lábios se esticam num sorriso. – Tenho que ir para a aula agora.
– Eu também. – Ela se afasta ajeitando a mecha de cabelo que caía na frente de seu rosto atrás da orelha. – Até mais! – ela me dá um beijo rápido e vai embora depressa.
Fico sorrindo como um idiota durante todo meu caminho para a próxima aula.
Depois de uma aula complicada de pré-calculo, corro para trocar de roupa. Aula de educação física, a última do dia. Chego no ginásio procurando por Callie. Ela faz essa aula comigo.
– Sua camiseta está pelo avesso. – É a primeira coisa que ela diz com um sorriso no rosto.
Olho para minha camiseta e vejo que está tudo certo. Callie está rindo.
– Engraçadinha. – Beijo seu rosto e procuro pelo professor. – Nada do Keller ainda?
– Eu cheguei aqui agora.
Vejo Mike se alongando. Ele nem precisa fazer essa aula. É da equipe de futebol americano e por isso tem isenção em educação física. Eu não o vi quando Callie e eu ganhamos o show de talentos. Ele e Bella não deram as caras depois. Pergunto-me se estão irritados como costumam ficar quando não conseguem o que querem.
Senhor Keller aparece ajeitando o boné na cabeça e avisa que irá fazer a chamada. Em seguida começa a falar de tudo que fizemos no semestre e que hoje irá nos avaliar por uma partida de basquete. Ele mesmo separa os times, jogando coletes vermelhos e azuis para nós. Fico com o vermelho.
– Garotas, vocês vem depois. – Ele diz segurando a bola de basquete. – Garotos, para a quadra!
Mike – de colete azul – está no centro da quadra praticamente me fulminando com os olhos. Isso tira minha dúvida. Ele está irritado.
Thomas Whitaker se aproxima de mim e aponta para o centro da quadra.
– Você vai lá. É o mais alto do nosso time. – Diz.
Olho para os outros e vejo que é verdade. Sou o mais alto. Porém, não tão alto quanto Mike.
– Tudo bem. – É só o que digo. Vou até Mike e paro na frente dele. – Ei, Sloan.
– Young – ele me cumprimenta com um aceno de cabeça insatisfeito.
Procuro Callie e a vejo sentada nas arquibancadas, próxima às grades. Ela acena para mim e acho que me deseja sorte. Não posso ter certeza.
– Young, Sloan! – o professor nos chama. Olho para ele. – Jogo limpo.
– Sempre – sorrio.
Basquete não é meu esporte favorito, mas amo assistir aos jogos e estive atento em todas as aulas até agora. Acho que consigo jogar o suficiente para conquistar alguns pontos.
Senhor Keller apita primeiro para que todos prestem atenção nele e em seguida joga a bola para o alto. Pulo antes de Mike, mas ele me empurra e consegue dar um tapa na bola em direção à alguém de seu time.
– Senhor Keller! – Thomas aponta para Mike.
– O que foi, Whitaker? Preste atenção aí! – Keller grita irritado.
Não ligo. No fundo, eu sabia que Mike faria aquilo.
Com toda distração, o time de Mike faz uma cesta de três pontos.
– Relaxa, cara – falo para Thomas quando passo a bola para ele.
Aponto para outro de nosso time que está livre e corro para até ele. Clay – eu acho que esse é seu nome – pega a bola de Thomas e a joga para mim. Passo por Mike me protegendo com um braço e devolvo para Thomas que a atira para cesta de uma só vez.
– Isso! – comemoro. Cesta de dois pontos, é um começo.
Preparo-me para marcar Mike e com isso consigo pegar a bola que jogaram para ele. Dou a volta em seu corpo e me dirijo à cesta. Chegando perto do garrafão, vejo Thomas próximo e jogo para ele. Thomas dribla um jogador do outro time e arremessa em direção a cesta, porém a bola bate no aro e volta. Com agilidade, consigo pegá-la e salto no mesmo momento para marcar o ponto. Antes que eu solte a bola, sinto uma mão nas minhas costelas me empurrando para o lado. Caio no chão e a bola sai da quadra.
Ouço o apito do senhor Keller quando levanto a cabeça.
– Você não está com sua equipe de futebol americano, Michael Sloan. – Ele diz duramente. Thomas me ajuda a levantar. – Lance livre!
Mike resmunga alguns palavrões.
Clay me entrega a bola. Posiciono-me e foco meus olhos na cesta.
Não vou ficar nervoso porque Mike está de implicância. Não dou a mínima para ele.
Arremesso e permaneço na posição. Cesta. Ouço os meninos comemorarem ao meu lado, mas nem sorrio. Pego a bola outra vez. Respiro fundo, dobro os joelhos e miro na parte de trás do aro. Arremesso com precisão, meus olhos seguem a bola durante todo percurso e enfim... Cesta.
Comprimento Thomas do meu lado e corro de costas para o nosso lado da quadra. Afinal, o jogo continua e Mike está cada vez mais irritado. Olho rapidamente para Callie e ela está sorrindo e torcendo. Pisco para ela e volto a atenção para o jogo.
Mike tenta fazer uma cesta de três pontos, mas Clay salta alto e soca a bola na minha direção. Junto a bola na frente do meu corpo e a toco para Thomas que passa depressa na minha frente. Ele também tenta uma de três pontos, mas erra por milímetros.
Respiro fundo e corro para tentar pegar a bola. Quando consigo, Mike entra na minha frente. Pelo canto do olho, vejo Clay passando. Jogo para ele, fazendo com que a bola toque no chão antes de chegar a sua mão. Tento passar por Mike, mas ele me empurra mais uma vez.
– Qual o seu problema? – pergunto. Ele me dá as costas. – Não tenho culpa se perdeu, Sloan. – Sim, agora ele me tirou do sério. Finalmente conseguiu. – Não desconte sua raiva em mim se não foi bom o suficiente no palco. – Ele olha para mim trincando o maxilar. – No palco e pelo visto também não é muito bom na quadra.
– Olha com quem você fala, Young! – ele me empurra mais uma vez.
Acho que o Senhor Keller nem sequer notou que nós não estamos mais no jogo. Nem ele, nem os outros alunos. Quer dizer, uma aluna nota. Callie está do meu lado, e eu não faço ideia de como chegou tão rápido.
– Fique longe, Mike! – ela diz com tanta autoridade que me assusta
Mike solta uma gargalhada.
– É isso mesmo, Young? Precisa da sua namoradinha para te defender?
Um músculo salta em minha mandíbula. Não costumo me irritar ou arranjar brigas. Na verdade, nunca me meti em nenhuma. E mesmo que Mike esteja pedindo, eu não posso.
Coloco Callie para trás e o encaro.
– Não preciso que ninguém me defenda. – Respiro fundo. Eu não posso me meter em brigas. – Por que não voltamos para o jogo e terminamos isso como duas pessoas decentes?
Agora sinto que todos estão olhando para nós. Senhor Keller fala alguma coisa que não escuto e nem me importo. Não tiro os olhos de Mike.
– Agora você quer continuar o jogo?
– Mike...
Callie já está do meu lado outra vez. Noto seus punhos fechados e no mesmo instante agarro seu braço.
– É bom nos deixar em paz, Mike. Não tenho paciência para pessoas como você.
Mike dá um sorrisinho.
– Vamos, Callie. – Eu a puxo e nos viramos de costas. – Não vamos nos irritar por conta de um babaca como Michael Sloan, ok?
Mike diz alguma coisa que não entendo e no mesmo instante Callie se solta de mim com facilidade. Ela vai até ele e dá um soco em seu nariz.
– Meu Deus! – grito indo até ela.
– Caramba, isso dói. – Ela geme apertando a mão.
Acho que foi seu primeiro soco na vida.
Ouço o apito do senhor Keller e olho para Mike. Ele está com as mãos no nariz e se contraindo de dor.
– Sloan, Lewis e Young! – Senhor Keller grita. Abraço Callie e olho para ele. – Enfermaria, depois diretoria. Agora!
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